Blogue do jornalista Frederico Duarte Carvalho, com coisas que tanto faz que se saibam porque em nada servem para o que sabemos. e-mail: paramimtantofaz@gmail.com
Desta vez, não é necessário qualquer comentário a negro para "decifrar" o que disse Cavaco Silva. Desta vez, ele foi mesmo directo...
Declaração do Presidente da República Presidência da República, 29 de Setembro de 2009 1. Durante a campanha eleitoral foram produzidas dezenas de declarações e notícias sobre escutas, ligando-as ao nome do Presidente da República e, no entanto, não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante.
Desafio qualquer um a verificar o que acabo de dizer.
E tudo isto sendo sabido que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que só o Presidente da República fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar.
2. Porquê toda aquela manipulação?
Transmito-vos, a título excepcional, porque as circunstâncias o exigem, a minha interpretação dos factos.
Outros poderão pensar de forma diferente. Mas os portugueses têm o direito de saber o que pensou e continua a pensar o Presidente da República.
Durante o mês de Agosto, na minha casa no Algarve, quando dedicava boa parte do meu tempo à análise dos diplomas que tinha levado comigo para efeitos de promulgação, fui surpreendido com declarações de destacadas personalidades do partido do Governo exigindo ao Presidente da República que interrompesse as férias e viesse falar sobre a participação de membros da sua casa civil na elaboração do programa do PSD (o que, de acordo com a informação que me foi prestada, era mentira).
E não tenho conhecimento de que no tempo dos presidentes que me antecederam no cargo, os membros das respectivas casas civis tenham sido limitados na sua liberdade cívica, incluindo contactos com os partidos a que pertenciam.
Considerei graves aquelas declarações, um tipo de ultimato dirigido ao Presidente da República.
3. A leitura pessoal que fiz dessas declarações foi a seguinte (normalmente não revelo a leitura pessoal que faço de declarações de políticos, mas, nas presentes circunstâncias, sou forçado a abrir uma excepção).
Pretendia-se, quanto a mim, alcançar dois objectivos com aquelas declarações:
Primeiro: Puxar o Presidente para a luta político-partidária, encostando-o ao PSD, apesar de todos saberem que eu, pela minha maneira de ser, sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias.
Segundo: Desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos.
Foi esta a minha leitura e, nesse sentido, produzi uma declaração durante uma visita à aldeia de Querença, no concelho de Loulé, no dia 28 de Agosto.
4. Muito do que depois foi dito ou escrito envolvendo o meu nome interpretei-o como visando consolidar aqueles dois objectivos.
Incluindo as interrogações que qualquer cidadão pode fazer sobre como é que aqueles políticos sabiam dos passos dados por membros da Casa Civil da Presidência da República.
Incluindo mesmo as interrogações atribuídas a um membro da minha Casa Civil, de que não tive conhecimento prévio e que tenho algumas dúvidas quanto aos termos exactos em que possam ter sido produzidas.
Mas onde está o crime de alguém, a título pessoal, se interrogar sobre a razão das declarações políticas de outrem?
Repito, para mim, pessoalmente, tudo não passava de tentativas de consolidar os dois objectivos já referidos: colar o Presidente ao PSD e desviar as atenções.
5. E a mesma leitura fiz da publicação num jornal diário de um e-mail, velho de 17 meses, trocado entre jornalistas de um outro diário, sobre um assessor do gabinete do Primeiro-Ministro que esteve presente durante a visita que efectuei à Madeira, em Abril de 2008.
Desconhecia totalmente a existência e o conteúdo do referido e-mail e, pessoalmente, tenho sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações nele contidas.
Não conheço o assessor do Primeiro-Ministro nele referido, não sei com quem falou, não sei o que viu ou ouviu durante a minha visita à Madeira e se disso fez ou não relatos a alguém.
Sobre mim próprio teria pouco a relatar que não fosse de todos conhecido. E por isso não atribuí qualquer importância à sua presença quando soube que tinha acompanhado a minha visita à Madeira.
6. A primeira interrogação que fiz a mim próprio quando tive conhecimento da publicação do e-mail foi a seguinte: “porque é que é publicado agora, a uma semana do acto eleitoral, quando já passaram 17 meses”?
Liguei imediatamente a publicação do e-mail aos objectivos visados pelas declarações produzidas em meados de Agosto.
E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas.
7. Mas o e-mail publicado deixava a dúvida na opinião pública sobre se teria sido violada uma regra básica que vigora na Presidência da República: ninguém está autorizado a falar em nome do Presidente da República, a não ser os seus chefes da Casa Civil e da Casa Militar. E embora me tenha sido garantido que tal não aconteceu, eu não podia deixar que a dúvida permanecesse.
Foi por isso, e só por isso, que procedi a alterações na minha Casa Civil.
8. A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: “será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?”
Foi para esclarecer esta questão que hoje ouvi várias entidades com responsabilidades na área da segurança. Fiquei a saber que existem vulnerabilidades e pedi que se estudasse a forma de as reduzir.
9. Um Presidente da República tem, às vezes, que enfrentar problemas bem difíceis, assistir a graves manipulações, mas tem que ser capaz de resistir, em nome do que considera ser o superior interesse nacional. Mesmo que isso lhe possa causar custos pessoais. Para mim Portugal está primeiro.
O Presidente da República não cede a pressões nem se deixa condicionar, seja por quem for.
Foi por isso que entendi dever manter-me em silêncio durante a campanha eleitoral.
Agora, passada a disputa eleitoral, e porque considero que foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência, espero que os portugueses compreendam que fui forçado a fazer algo que não costumo fazer: partilhar convosco, em público, a interpretação que fiz sobre um assunto que inundou a comunicação social durante vários dias sem que alguma vez a ele eu me tenha referido, directa ou indirectamente.
E sabendo todos que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que, sobre as suas posições, só o Presidente se pronuncia.
Uma última palavra quero dirigir aos portugueses: podem estar certos de que, por maiores que sejam as dificuldades, estarei aqui para defender os superiores interesses de Portugal.
Estou a ler o novo livro de Dan Brown, "The Lost Symbol". Ao contrário do que aconteceu com o livro anterior, ainda não descobri qualquer código, mas há lá pequenas coisas como, por exemplo, esta referência que pode interessar aos rapazes do 31 da Armada...
Confirmou-se que Cavaco ganhou as eleições. Sócrates diz que quer estabilidade e vai negociar. O PP diz-se disposto a negociar. A imagem da noite é Paulo Portas a falar depois de Sócrates com as cadeira vazias do PSD... A solução está na direita e não na esquerda...
O e-mail dos jornalistas do "Público" é falso! (e explico porquê com todos os detalhes)
Estive a ler a transcrição do alegado e-mail dos jornalistas do "Público" que o "DN" tornou hoje "público". Cheguei à conclusão de que aquele e-mail é completamente falso, fabricado por alguém totalmente alheio ao ofício de jornalista. Deixo aqui a cópia da transcrição com os comentários que explicam a razão de tal conclusão(comentários a negro):
De: Luciano Alvarez Enviado: quarta-feira, 23 de Abril de 2008 14:18 (Dia 23 de Abril de 2008, uma quarta-feira, dois dias antes do feriado do 25 de Abril, data em que Cavaco Silva discursou na AR e apresentou um inquérito encomendado por Belém sobre os jovens não ligarem nada à política. Logo, o assessor tinha mais do que fazer. Diga-se também que nenhum jornalista que se preze está numa redacção a esta hora, pois estão ainda a almoçar. Muitos deles com assessores...)
Para: José Tolentino Nóbrega
Assunto: Lê (O assunto... "Lê" é uma ordem, um comando. Deveria ser acompanhada, no mínimo, por um "S.F.F.")
Caro Tolentino Vou fazer esta conversa por e-mail e não por telefone porque a situação é tão grave que é melhor não correr riscos de ser escutado (Ok. Não vai por telefone, nem via fax ou por sinais de fumo. Mas, hoje em dia, também há maneiras de ter acesso a e-mails... Se o caso era assim tão importante e implicava riscos de escutas, não seria melhor fazer uma viagem à Madeira ou pedir ao correspondente que fosse até Lisboa para uma reunião pessoal?...).
Como verás mais à frentenem os homens do Presidente da República arriscam a falar dela por telefone. Pode ser paranóia da parte deles, mas a verdade é que é melhor não correr riscos. (Ah! Os paranóicos são os outros, mas aqui o jornalista, que não é paranóico, também acha melhor não falar ao telefone e, por isso, conta tudo, tintin por tintin, em e-mail. E, repara-se, é para evitar riscos. Mas, quais riscos? Será que é para depois não haver dúvidas sobre o que ele disse em vez de contar com uma qualquer transcrição telefónica, ilegal e cheia de gralhas de um qualquer tipo do SIS ou lá que o valha? Aliás, viu-se bem para que serviu não correr riscos...)
Primeira advertência: lê este mail sentado. (Esta tirada faz lembrar a carta que Otelo Saraiva de Carvalho mandou a Vasco Gonçalves pedindo-lhe que se sentasse antes de ler a missiva e que depois meditasse sobre o assunto. Mas, desta vez, acho que não foi o Otelo quem escreveu a mensagem)
Secunda advertência: a história não vai ser fácil de fazer, mas se a conseguir-mos pode ser a bomba atómica. (As gralhas e os erros juvenis de ortografia são indicadores de que este e-mail nunca poderia ter sido concebido por um jornalista. E, novamente, se o assunto era assim tão "explosivo" e secreto, o que impediu o jornalista de ir à Madeira falar pessoalmente com o camarada ou por que não chamaram o correspondente a Lisboa? Contenção de despesas? Pois, como o Belmiro anda a cortar nas despesas, depois acontecem estas confusões...)
Vamos por partes 1- Na noite de terça-feira o Fernando Lima, do PR, telefonou-me a dizer queprecisava de falar comigo hoje de manhã num local discreto. Encontramo-nos hoje às 9 h da manhã num café discreto na avenida de Roma (Aqui é de ir ao tecto! Lima, a dois dias do discurso de Cavaco na AR pede um encontro de urgência para um assunto que ainda vai ter de ser investigado? E, depois, se Lima não confia nos telefones, por que marca o encontro pelo telefone? E por que foi escolhida a Avenida de Roma, uma das zonas mais movimentadas da capital, como local "discreto"? Lima e Alvarez não são propriamente a Luciana Abreu nem o Djaló, mas para alguém do mundo da política e dos serviços secretos, Lima é bastante conhecido e perfeitamente identificável. Depois, o encontro foi nessa manhã e o jornalista , às 14.18, já estava a mandar e-mails para a Madeira sem ter verificado com outras fontes o assunto que lhe foi passado?)
e foi logo direito ao assunto, estava ali a falar comigo a pedido do presidente da república, que o assunto era grave e que tinha escolhido escolhido falar comigo porque me achava um jornalista séria (isto seria a dar-me graxa) e porque o acha a presidência da república que o PÚBLICO é o único jornal português que não está vendido ao poder. (Mas, que necessidade tem o Alvarez de transmitir todos estes detalhes ao Tolentino por escrito? Que necessidade tem para a história estas explicações?)
2- O assunto era o seguinte (estás sentado?): o presidente da república acha queo gabinete do primeiro-ministro o anda espiar e que a prova grande disso tinha sido dada na Madeira onde o primeiro-ministro tinha enviado um tipo que trabalha para o MAI só para espiar os passos do Presidente e dos homens do seu gabinete. (mesmo que seja mentira o que não passe de uma paranóia do PR estás a ver a gravidade do facto do o presidente pensar que o PM o anda a espiar). Está a ver como estarão as relações entre eles e a opinião que o PR tem do PM) (Agora imagino o pobre do Tolentino, sentado, a ler este e-mail... Ele deveria ter pensado que não são só os tipos da Presidência da República que estão paranóicos: os seus camaradas em Lisboa também não devem andar a raciocinar bem... Então se o PM anda a espiar o PR, acham que isso comprova-se através de um tipo que vem para a Madeira, às claras, no seio de um comitiva presidencial, e que, ainda por cima, está perfeitamente identificado com o MAI?. Coitado do Tolentino se alguma vez teve mesmo de ler este e-mail...)
3- Depois entregou-me um dossier sobre um Rui Paulo da Silva Figueiredo que é adjunto jurídico do PM, trabalha para o MAI, já passou pelos gabinetes de diversos ministro e, segundo o Fernando Lima, terá tentado entrar para o SIS mas chumbou. (Prontos! Está aqui a "assinatura" de quem encomendou esta confusão. Foi alguém dentro do SIS, pois só alguém dentro do SIS é que poderia saber que determinada pessoa concorreu ao SIS e chumbou... Não é suposto que um assessor do PR saiba isto excepto se não tiver sido o SIS a dizer-lhe isto...)
4- Este tal Rui Paulo acompanhou a visita do PR, não se sabe como e e segundo o Lima “procurou observar”, o mais por dentro possível, os passos da visita do Presidente e o modo de funcionamento interno do satff presidencial”. Ao satff do PR terá percebido isso bastante cedo e redobrou os cuidados. (Mais uma vez, imagino Tolentino a interrogar-se sobre as capacidades mentais do Alvarez e a interrogar-se sobre o fundamento da história e o que, afinal, querem dele...)
5- Estou a contactar-te porque esta história, que pode ser uma bomba ou não dar em nada, tem de começar pela Madeira com todo o cuidado e porque sei que posso contar com a tua discrição e habitual profissionalismo (isto não é graxa). (Aqui o Tolentino deveria ter ficado doente do estômago...)
6- O Lima garantiu-me que Esta tal Rui Paulo foi colocado na mesa dos assessores do PR no jantar oferecido pelo Representante da República no Palácio da São Lourenço e foi também convidado para o jantar que o Jardim ofereceu no último dia na Quinta da Velga. Isto é verdade e facilmente confirmável. (Sim... E?)
7- O Lima sugere e eu acho bem duas perguntas para inicio do trabalho (até porque a eles também lhe interessa que isto começa na Madeira para não parecer que foi Belém que passou esta informação , mas sim alguém ligado ao Jardim) (Aqui o Tolentino, se é que alguma vez leu este e-mail, deveria ter pensado em mandar os camaradas de Lisboa às malvas, pois estaria a arriscar numa história que lhe passava completamente ao lado e que, ainda por cima, era sugerida pela Presidência da República. Por muito que isso até pudesse agradar ao PSD e ao presidente Jardim, seria sempre o nome do jornalista que, em última análise, estaria no cepo)
8- Perguntas sugeridas pelo Lima: Perguntar à dr. Helena Borges, chefe do gabinete do representante da república se o conhece e se é verdade que, no jantar oferecido pelo representante no Palácio de São Lourenço ele ficou na mesa dos assessores do PR (a gente já sabe que é verdade mas vamos fingir que não sabemos) e Porque ficou ele neste mesa sem antes ser dado conhecimento ao staff do PR. 2 Pergunta: Perguntar a Paulo pereira, responsável pela informação do gabinete do Jardim, em que qualidade o tal Rui Paulo foi convidado para o jantar que Jardim ofereceu no último dia na Quinta de Veiga. ("Pois", pensou Tolentino, "Vão mesmo às malvas")
9- Agora digo eu: quem meteu este tipo na visita e em que comitiva é que ele entrou. (E que tal, por exemplo, perguntar isso oficialmente ao Lima?)
10- Como já te disse isto tudo pode ser paranóia dos do PR e do Lima, mas, mesmo sendo paranóia, não deixe de ser grave que o PR pense isto e que ande a passar a informação ao PÚBLICO manifestando uma grande vontade de a história vir ao público (estás a ver a bronca). Acho também que se nós conseguirmos que houve um tipo do MAI e do gabinete do PM metido à sucapa na visita do PR já é um inicio da história. (Então por que razão é preciso ir meter o tipo da Madeira a fazer perguntas?)
11- O Lima sugeriu-me que tratasse com ele (Lima) desta história por e-mail porque estão com medo das escutas. (Mais uma vez, um conselho que uma pessoa com a experiência de Fernando Lima nunca poderia dar...)
12- Esta história só é do conhecimento do PR, do Lima, minha, do Zé Manuel Fernandes (que me pediu para não a contar a ninguém por enquento, mas que eu tenho que ta contar para tu te pores em campo com o conhecimento total do que estamos a falar). Peço-te por isso toda a discrição. (E, se algum dia alguém encontrar este e-mail, nega tudo. Aliás, engole esta mensagem se mesma não se auto-destruir em 10 segundos)
13- O Lima passou-me um dossier completo sobre este Rui Paulo. (Fixe. Fica com ele...)
14- Eu estou de folga, vim só ao jornal tratar disto e vou para casa. Estou sem computador em casa (a minha mulher levou-mo para o trabalho). Quando acabares de ler o e-mail pudemos falar por telefone. (Está de folga, mas às 14.18 ainda foi à redacção depois de ter tido um encontro às nove da manhã na Avenida de Roma e, como disse no e-mail, já falou com o director que, eventualmente, o mandou contar tudo, tintin por tintin, ao correspondente na Madeira. Já é mais de meio-dia de trabalho... Depois, no início do e-mail explica por que não devem falar pelo telefone, mas como lá em casa só há um computador - e pelos vistos o Alvarez não tem ainda e-mail no telemóvel nem um computador que possa pedir emprestado na redacção-, pede então para falarem mais tarde sobre o assunto explosivo pelo... telefone?!)
Um abraço e vai-te a eles (Esta última expressão, estilo exército, permite então concluir que o e-mail é falso e criado apenas com o intuito de deixar mal os jornalistas do "Público", pois eles nunca teriam tamanha falta de inteligência em lidar com matérias tão sensíveis. O que vale é que o director do "Público" vai sair para dar lugar à Bárbara Reis - esta última informação não me foi dita por e-mail. Logo, não há registos. Temos pena)
E, por fim, é também interessante que o director de um jornal que, em 2004, quando era acusado de conspirar contra o Governo defendia-se dizendo que isso eram acusações retiradas de um livro como o "Código da Vinci", venha agora apresentar uma teoria da conspiração contra si...
Para dar algo novo aos seus leitores, bastava fazer uma busca na Internet com o nome do General paquistanês e CNN. Teriam chegado a este vídeo como primeiro resultado...
Imaginemos que somos jornalistas e pedem-nos para escrever um texto sobre a “verdade” de Lockerbie. Não temos qualquer pista, não sabemos o que se passou, não temos os papéis do julgamento, não temos o telefone de ninguém relacionado com o caso e, se calhar, tínhamos cinco anos quando, a 21 de Dezembro de 1988, caiu o avião da Pan Am na cidade escocesa de Lockerbie. Tudo que sabemos veio recentemente nas notícias que lemos na Internet, sobre uma qualquer confusão de um agente secreto líbio, já julgado e condenado por um tribunal internacional e que, às portas da morte, a Justiça escocesa mandou para casa na base da “compaixão”. É claro que há rumores de uma contrapartida no negócio do petróleo líbio para o Reino Unido, mas isso é a "real política" e não cabe a nós duvidar que, obviamente, terá de haver contrapartidas. Contudo, há a possibilidade do tal agente líbio ter sido um "bode expiatório". Ele diz-se inocente e a Líbia, apesar de ter pago indemnizações às famílias das 270 vítimas, nunca assumiu a culpa. Como o ditado árabe diz "A verdade nunca morre", vamos então trabalhar na verdade de Lockerbie da melhor maneira que podemos, ou seja, através de buscas na Internet. Como a maior parte da informação é em inglês, utiliza-se o mais corriqueiro motor de busca da actualidade, o "Google" no qual escrevemos as palavras "Lockerbie" e "truth" – Lockerbie e verdade. A primeira entrada que nos aparecerá é precisamente o site "www.lockerbietruth.com". Como vêem, é simples começar… Vamos lá então pesquisar o site a ver se é de interesse e credibilidade: É feito pelo pai de uma das vítimas e porta-voz das famílias britânicas, o Dr. Jim Swire. Sim, deve ter algum interesse e credibilidade. Pelo menos, aqui não temos "Teorias da Conspiração", não é verdade? Mas, o que pensa o Dr. Jim Swire sobre a condenação do agente líbio? Isso está na biografia do Dr. Jim Swire, assim como uma foto deste homem a apertar a mão ao líder líbio Kadhafi, afinal aquele que, alegadamente, será o autor moral do atentado que matou a sua filha: "Apart from those in the court itself, he is one of very few to have heard and studied all the evidence presented at the trial, totalling 12,000 pages of transcript. He is among a growing number convinced that the full story of Lockerbie has not yet been revealed”. Agora, uma pergunta de polichinelo: Acham que o diário "Público" menciona o nome do Dr. Jim Swire em algum momento do texto "Será Megrahi o bode expiatório perfeito?".
Sei que José Sócrates sai mal nesta história, mas já vi este filme em 2004. Só que nessa altura ele estava do lado dos "bons"... Agora tudo indica que está a ser colocado à prova e pode ser "descartado". E, mais uma vez, o que se assiste em Portugal é uma luta de poder comandada por controle remoto pelos membros do Clube Bilderberg. Rapidamente e em poucas palavras: Pinto Balsemão, ex-primeiro-ministro social-democrata, empresário da Comunicação Social, dono do canal SIC e membro permanente do grupo Bilderberg, é "compadre" de Juan Luís Cebrián, empresário espanhol de Comunicação Social, dono da TVI, próximo dos socialistas espanhóis e presença frequente nos encontros do Clube Bilderberg. Santana Lopes e José Sócrates estiveram na reunião do Grupo Bilderberg em 2004, antes da saída de Durão Barroso (outro membro do grupo). Manuela Ferreira Leite esteve na reunião do grupo Bilderberg deste ano. Normalmente, a representar Portugal, só vão cada ano a estas reuniões dois portugueses a convite de Balsemão. Os dois que foram no ano passado são António Costa e Rui Rio, os nomes que estão na calha para um Governo de Bloco Central. Está já tudo escrito. O que ainda ninguém disse, e que agora é relevante, é quem foi a pessoa que Balsemão convidou para uma reunião deste grupo no longínquo ano de 1987?
Entretanto, a América criou uma nova palavra para os dicionários: "Obambush". Significa o embuste de Obama, que se parece cada vez mais com a continuação da política de Bush do que a tão prometida mudança...
Deste lado do Oceano, apesar do primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, negar, é cada vez mais óbvio que a libertação do agente secreto líbio condenado pelo atentado de Lockerbie não se deveu a um acto de compaixão ditado por relatórios médicos que garantiam restarem apenas três meses de vida ao condenado, mas sim pelas contrapartidas que o negócio do petróleo líbio poderá trazer à inglesa BP. Aliás, é de longe bem mais tranquilizador e preferível pensar que um governo está mais preocupado e empenhado a negociar petróleo do que propriamente a libertar terroristas por "compaixão". Por isso, quer seja Sócrates ou Leite a ganhar as eleições a 27, qualquer dos dois vai correr o risco de ser um embuste sem compaixão.
Texto originalmente publicado no blogue Eleições2009.