20031231
O meu telemóvel Nokia, que comprei em 2000, tem lá escrito "Made in Finland". E a bateria diz "Made in Japan". Um modelo mais recente, que recebi ontem, já tem outra indicação, que é comum tanto ao aparelho como à bateria: "Made in Hungary".
20031230
Onde estavam no dia 8 de Fevereiro de 2002?
Onde estavam na noite do dia 8 de Fevereiro de 2002? Era uma sexta-feira.
Quem se recorda? Façam lá um esforço de memória... Continuam sem se recordar?
Ah! Está ali ao fundo uma pessoa que se recorda... Aproxime-se, por favor, vá lá deixem-no passar para que nos diga a todos onde estava. Sim, estou a ver, estava na festa de aniversário da sua irmã, num restaurante do Bairro Alto. Assim, é natural que se lembre bem dessa data. E você aí, também quer falar? Diga-nos então onde esteve. Sim, bem lembrado, foi ver ao seu cartão de crédito e descobriu que estava a fazer compras numa livraria em Nova Iorque, muito bem, estou convencido.
Serve isto para dizer que sem referências precisas é muito difícil estabelecer uma data precisa...
Quem se recorda? Façam lá um esforço de memória... Continuam sem se recordar?
Ah! Está ali ao fundo uma pessoa que se recorda... Aproxime-se, por favor, vá lá deixem-no passar para que nos diga a todos onde estava. Sim, estou a ver, estava na festa de aniversário da sua irmã, num restaurante do Bairro Alto. Assim, é natural que se lembre bem dessa data. E você aí, também quer falar? Diga-nos então onde esteve. Sim, bem lembrado, foi ver ao seu cartão de crédito e descobriu que estava a fazer compras numa livraria em Nova Iorque, muito bem, estou convencido.
Serve isto para dizer que sem referências precisas é muito difícil estabelecer uma data precisa...
Houve aqui alguém que se enganou...
Um jovem acusou Herman José de o ter abusado sexualmente. Porém, de acordo com o que foi já divulgado do texto da acusação, isso ter-se-á passado em Alcântara, Lisboa, no dia 8 de Fevereiro de 2002, uma data que coincidirá com uma estadia de Herman José no Brasil. Segundo a explicação oficial do apresentador, a sua estadia do outro lado do Atlântico terá sido entre 6 e 13 de Fevereiro, quando, inclusive, esteve a gravar um programa de Carnaval para a SIC.
Como explicar esta falha da investigação?
Quer isto dizer que o rapaz mente deliberadamente ou, simplesmente, enganou-se na data?
Querem ver que nos vão querer fazer acreditar que, naquele dia 8, uma sexta-feira, Herman José foi até ao aeroporto do Rio de Janeiro, apanhou um avião privado a jacto para vir a Lisboa - para, por exemplo, tratar de negócios urgentes no restaurante, filmar umas coisas extras para o programa que iria ser transmitido no domingo, entre outras coisas e tal... -, e voltar pouco depois?!
Ista dava mesmo um filme!
Como explicar esta falha da investigação?
Quer isto dizer que o rapaz mente deliberadamente ou, simplesmente, enganou-se na data?
Querem ver que nos vão querer fazer acreditar que, naquele dia 8, uma sexta-feira, Herman José foi até ao aeroporto do Rio de Janeiro, apanhou um avião privado a jacto para vir a Lisboa - para, por exemplo, tratar de negócios urgentes no restaurante, filmar umas coisas extras para o programa que iria ser transmitido no domingo, entre outras coisas e tal... -, e voltar pouco depois?!
Ista dava mesmo um filme!
20031229
Memórias
Há dias, quando estava a pesquisar nos extras do DVD "Comandante", o documentário sobre Fidel Castro feito por Oliver Stone, vi uma entrevista com o antigo agente da CIA Philip Agee, que já há algum tempo vive em Cuba, onde explora uma agência de viagens.
Lembrei-me então do meu primeiro "post". Foi a 6 de Agosto. Por uma estranha razão - técnica, acredito -, o arquivo do mês de Agosto não pode ser acedido neste blogue.
É pena, pois tem lá textos que seriam interessantes para muita gente que só agora acedeu a este endereço (quem tiver mesmo muita curiosidade pode pedir-me que eu mando uma cópia por e-mail...). Contudo, vou aqui deixar esse primeiríssimo "post" do meu blogue, que data de 6 de Agosto. Consideremo-lo uma prenda de fim-de-ano... Ei-lo:
A fundação do PS há 30 anos
Querem saber como nasceu o PS há 30 anos, ou tanto faz?
Vejam o que escreveu Philip Agee, ex-agente da CIA e que vive agora em Cuba:
"One operation of the Friedrich Ebert Stiftung shows how effective they could be. In 1974, when the fifty-year-old fascist regime was overthrown in Portugal, a NATO member, communists and left-wing military officers took charge of the government. At that time the Portuguese social democrats, known as the Socialist Party, could hardly have numbered enough for a poker game, and they all lived in Paris and had no following in Portugal. Thanks to at least $10 million from the Ebert Stiftung plus funds from the CIA, the social democrats came back to Portugal, built a party overnight, saw it mushroom, and within a few years the Socialist Party became the governing party of Portugal. The left was relegated to the sidelines in disarray."
Podem consultar o ensaio original neste endereço (Aí, vão também encontrar uma crítica que Agee faz a José Saramago por este ter reagido contra o regime de Fidel Castro em relação à detenção dos 75 dissidentes cubanos e ao fuzilamento de outros três. Digo desde já que não defendo o regime comunista, mas também não gosto de saber que somos manipulados pela CIA): Cuba Linda.
Lembrei-me então do meu primeiro "post". Foi a 6 de Agosto. Por uma estranha razão - técnica, acredito -, o arquivo do mês de Agosto não pode ser acedido neste blogue.
É pena, pois tem lá textos que seriam interessantes para muita gente que só agora acedeu a este endereço (quem tiver mesmo muita curiosidade pode pedir-me que eu mando uma cópia por e-mail...). Contudo, vou aqui deixar esse primeiríssimo "post" do meu blogue, que data de 6 de Agosto. Consideremo-lo uma prenda de fim-de-ano... Ei-lo:
A fundação do PS há 30 anos
Querem saber como nasceu o PS há 30 anos, ou tanto faz?
Vejam o que escreveu Philip Agee, ex-agente da CIA e que vive agora em Cuba:
"One operation of the Friedrich Ebert Stiftung shows how effective they could be. In 1974, when the fifty-year-old fascist regime was overthrown in Portugal, a NATO member, communists and left-wing military officers took charge of the government. At that time the Portuguese social democrats, known as the Socialist Party, could hardly have numbered enough for a poker game, and they all lived in Paris and had no following in Portugal. Thanks to at least $10 million from the Ebert Stiftung plus funds from the CIA, the social democrats came back to Portugal, built a party overnight, saw it mushroom, and within a few years the Socialist Party became the governing party of Portugal. The left was relegated to the sidelines in disarray."
Podem consultar o ensaio original neste endereço (Aí, vão também encontrar uma crítica que Agee faz a José Saramago por este ter reagido contra o regime de Fidel Castro em relação à detenção dos 75 dissidentes cubanos e ao fuzilamento de outros três. Digo desde já que não defendo o regime comunista, mas também não gosto de saber que somos manipulados pela CIA): Cuba Linda.
20031228
O Valdir, do Crítica Lusa, tem a mãe doente e, desde já mando-lhe os mais sinceros desejos de melhoras. Agora, esta é também uma oportunidade para vermos como um blogue pode servir como diário e livro de reclamações de certos serviços públicos.
Ficam ali registadas as agruras da mãe em relação ao serviço do hospital, descritas pelo filho que as viveu de perto.
Força Valdir! O País precisa de mais gente como tu, que não encolhe os ombros, mas vai à luta pelos direitos de todos nós!
Ficam ali registadas as agruras da mãe em relação ao serviço do hospital, descritas pelo filho que as viveu de perto.
Força Valdir! O País precisa de mais gente como tu, que não encolhe os ombros, mas vai à luta pelos direitos de todos nós!
Marcelo Rebelo de Sousa
Muitas pessoas perguntam-me porque não mandei um livro para o Marcelo Rebelo de Sousa comentar na TVI. Eu respondo: "Quem diz que não mandei?". Então, depois, questionam-me porque é que ele ainda não falou do livro. Ao que eu digo: "Até parece que vocês ainda não o leram! Então acham que vai recomendar um livro onde ele é questionado acerca de certas conspirações? Vejam o episódio de Camarate, na página 126, a altura em que era director-interino do "Expresso", e vejam aquilo que, em Novembro de 1980, o jornal publicou na primeira página sobre o tráfico de armas de Portugal para o Irão, e que hoje sabemos que existiu e, inclusive, estava a ser investigado por Adelino Amaro da Costa..."
"Ahhh!...", respondem-me, finalmente.
P.S. Recebi um cartão de Marcelo Rebelo de Sousa a acusar a recepção do livro. Está datado de 25 de Novembro, mas aparentemente, Marcelo ainda não teve tempo de o ler, pois até agora ainda não recebi uma opinião pessoal ou uma resposta quanto às questões que sobre ele levantei na obra.
"Ahhh!...", respondem-me, finalmente.
P.S. Recebi um cartão de Marcelo Rebelo de Sousa a acusar a recepção do livro. Está datado de 25 de Novembro, mas aparentemente, Marcelo ainda não teve tempo de o ler, pois até agora ainda não recebi uma opinião pessoal ou uma resposta quanto às questões que sobre ele levantei na obra.
20031226
Ainda sobre os anarquistas...
Depois de já aqui ter apontado o exemplo de um texto de 1894, da autoria de Eça de Queiroz, onde o escritor analisa os resultados de um atentado anarquista - e que mais não são do que uma cópia a papel químico do que hoje vemos desde o dia 11 de Setembro de 2001 -, quero aqui lembrar umas palavras da pena de Fernando Pessoa, que consta na obra "O Banqueiro Anarquista":
"Não é de não criar tirania que se trata: é de não criar tirania nova, tirania onde não estava. Os anarquistas, trabalhando em conjunto, influenciando-se uns aos outros como eu lhe disse, criam entre si, fora e aparte das ficções sociais, uma tirania; essa é que é uma tirania nova.
Essa, eu não a criei. Não a podia mesmo criar, pelas próprias condições do meu processo. Não, meu amigo; eu só criei liberdade. Libertei um. Libertei-me a mim. É que o meu processo, que é, como lhe provei, o único verdadeiro processo anarquista, me não permitiu libertar mais. O que pude libertar, libertei."
Eu também já me libertei.
Sou o jornalista anarquista!
Escrevi um livro onde digo o pouco que fui sabendo...
Agora, quem quiser lê-lo, talvez se liberte também!
Eu já fiz o que tinha a fazer, e a mais não me sinto obrigado!
"Não é de não criar tirania que se trata: é de não criar tirania nova, tirania onde não estava. Os anarquistas, trabalhando em conjunto, influenciando-se uns aos outros como eu lhe disse, criam entre si, fora e aparte das ficções sociais, uma tirania; essa é que é uma tirania nova.
Essa, eu não a criei. Não a podia mesmo criar, pelas próprias condições do meu processo. Não, meu amigo; eu só criei liberdade. Libertei um. Libertei-me a mim. É que o meu processo, que é, como lhe provei, o único verdadeiro processo anarquista, me não permitiu libertar mais. O que pude libertar, libertei."
Eu também já me libertei.
Sou o jornalista anarquista!
Escrevi um livro onde digo o pouco que fui sabendo...
Agora, quem quiser lê-lo, talvez se liberte também!
Eu já fiz o que tinha a fazer, e a mais não me sinto obrigado!
O saber que ocupa lugar...
Desta vez tenho uma história diferente sobre o "Quem Quer Ser Milionário"...
Em vez de estar para aqui a apregoar contra a ignorância com que muitas vezes somos contemplados por parte de alguns concorrentes com um mínimo de obrigação de responderem a certas questões, tenho de me manifestar em defesa de um concorrente que acabei de ver no programa de hoje.
Apanhei a emissão já a meio e o concorrente em questão já estava a ganhar 750 euros. Percebi que era um rapaz novo, com raízes em Bragança, e que não sabia que livro é que o Paul Aster tinha escrito e ignorava que o "Twin Peaks" tinha sido realizado por David Lynch...
Nada que me espantasse.
Até que chegou a pergunta para 2.500 euros, onde foi confrontado com a questão "A primeira vez que Portugal assumiu a Presidência da União Europeia aconteceu em que ano?".
As hipóteses eram 1992; 1995; 2000 e 2001.
A resposta seria 1992, altura da Expo de Sevilha, também o ano em que foi concluído o Centro Cultural de Belém, construído de propósito para ser a sede da presidência portuguesa.
Eis que o rapaz me surpreendeu pela positiva: "Deve ser depois de 1992, pois esse é ano do tratado de Maastricht. Foi aí que deixou de ser CEE para passar a ser União Europeia".
O rapaz lembrava-se de ter estudado o assunto na escola!
Calculei logo que iria haver ali bronca, pois não estava a ver o Jorge Gabriel a dizer algo como "olhe que isso tanto faz, pois a mudança de nome não implica mudança de rotatividade de presidência entre os países membros e a pergunta não fez essa distinção"...
Mas, não.
O rapaz, convicto do seu raciocínio - superior aos dos autores das perguntas, saliente-se - atirou com a data da segunda presidência de Portugal: 2000.
E perdeu.
Levou só 500 euros para casa.
Porque, desta vez, até sabia demais...
Em vez de estar para aqui a apregoar contra a ignorância com que muitas vezes somos contemplados por parte de alguns concorrentes com um mínimo de obrigação de responderem a certas questões, tenho de me manifestar em defesa de um concorrente que acabei de ver no programa de hoje.
Apanhei a emissão já a meio e o concorrente em questão já estava a ganhar 750 euros. Percebi que era um rapaz novo, com raízes em Bragança, e que não sabia que livro é que o Paul Aster tinha escrito e ignorava que o "Twin Peaks" tinha sido realizado por David Lynch...
Nada que me espantasse.
Até que chegou a pergunta para 2.500 euros, onde foi confrontado com a questão "A primeira vez que Portugal assumiu a Presidência da União Europeia aconteceu em que ano?".
As hipóteses eram 1992; 1995; 2000 e 2001.
A resposta seria 1992, altura da Expo de Sevilha, também o ano em que foi concluído o Centro Cultural de Belém, construído de propósito para ser a sede da presidência portuguesa.
Eis que o rapaz me surpreendeu pela positiva: "Deve ser depois de 1992, pois esse é ano do tratado de Maastricht. Foi aí que deixou de ser CEE para passar a ser União Europeia".
O rapaz lembrava-se de ter estudado o assunto na escola!
Calculei logo que iria haver ali bronca, pois não estava a ver o Jorge Gabriel a dizer algo como "olhe que isso tanto faz, pois a mudança de nome não implica mudança de rotatividade de presidência entre os países membros e a pergunta não fez essa distinção"...
Mas, não.
O rapaz, convicto do seu raciocínio - superior aos dos autores das perguntas, saliente-se - atirou com a data da segunda presidência de Portugal: 2000.
E perdeu.
Levou só 500 euros para casa.
Porque, desta vez, até sabia demais...
20031223
Boas Festas
Quero aproveitar as facilidades comunicativas da Internet e, em particular, a deste blogue, para desejar a todos os meus amigos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!
(Assim, evito o peso de consciência por não mandar nenhum SMS. Depois de, há um ano, ter tido conhecimento dos números de SMS enviados por volta desta altura, não me apetece estar agora a contribuir, mais uma vez, para o enriquecimento de alguns operadores de telemóveis. Desta forma, fica aqui expresso este desejo natalício e, quem não o ler, é porque também não o merece!...)
Saúde a todos!
(Assim, evito o peso de consciência por não mandar nenhum SMS. Depois de, há um ano, ter tido conhecimento dos números de SMS enviados por volta desta altura, não me apetece estar agora a contribuir, mais uma vez, para o enriquecimento de alguns operadores de telemóveis. Desta forma, fica aqui expresso este desejo natalício e, quem não o ler, é porque também não o merece!...)
Saúde a todos!
20031222
Já estava escrito...
Aquilo que sucedeu depois dos ataques terroristas do 11 de Setembro já estava escrito há mais de 100 anos. O guião dos dias seguintes há muito que estava guardado, senão veja-se este extracto de um texto de 1894, analisando os possíveis efeitos de um atentado de um anarquista contra o Parlamento francês.
Vejam lá se não é exactamente isto que se vive hoje nos EUA:
"O governo decretaria terríveis leis de repressão, e, com o apoio entusiasta do país todo, os anarquistas seriam perseguidos, em montarias, como lobos. O Estado reedificaria o edifício do parlamento em condições mais seguras, e com linhas decerto mais belas. E finalmente de novo a câmara se reuniria no seu novo edifício, e o tempo que é um grande apagador iria apagando a impressão pungente da catástrofe, e os pobres sofreriam as mesmas necessidades, e Rothschild gozaria os mesmos milhões, e a sociedade burguesa e capitalista continuaria o seu movimento sem ter perdido um átomo do seu capital e do seu burguesismo. Do feito horrendo, só restariam, pelos cemitérios do Père-Lachaise ou de Montmartre, algumas viúvas chorando. E o proletariado anarquista que teria conseguido? O ódio insaciável dos egoístas, a desconfiança dos próprios humanitários. E teria ainda logrado criar, para sua confusão e maior humilhação, ao lado da classe já desagradável dos mártires da liberdade, a classe, ainda mais desagradável, dos mártires da autoridade."
O autor de tais sábias linhas é o escritor português Eça de Queiroz, cujo texto "Os Anarquistas", vem publicado na recente recolha "Eça de Queiroz - Jornalista", da responsabilidade de Maria Filomena Mónica.
O autor ainda acrescentou:
"De sorte que estas bombas arremassadas contra a sociedade, mesmo quando tivessem meios destrutivos que são hoje ainda inconseguíveis com a nossa limitada ciência, nunca passariam, relativamente à força e estabilidade dessa sociedade, de actos impotentes e tão inúteis como bolhas de sabão lançadas contra uma muralha".
Pois é. Se ao menos Bin Laden ou Bush tivessem lido Eça, teriam aprendido que nada do que estão a fazer vale a pena. A não ser para eles próprios...
Quanto a nós, se também tivessemos os clássicos em dia, e se houvesse hoje jornalistas a sério, como o foi Eça, então não teríamos o mundo como o que agora merecemos.
Vejam lá se não é exactamente isto que se vive hoje nos EUA:
"O governo decretaria terríveis leis de repressão, e, com o apoio entusiasta do país todo, os anarquistas seriam perseguidos, em montarias, como lobos. O Estado reedificaria o edifício do parlamento em condições mais seguras, e com linhas decerto mais belas. E finalmente de novo a câmara se reuniria no seu novo edifício, e o tempo que é um grande apagador iria apagando a impressão pungente da catástrofe, e os pobres sofreriam as mesmas necessidades, e Rothschild gozaria os mesmos milhões, e a sociedade burguesa e capitalista continuaria o seu movimento sem ter perdido um átomo do seu capital e do seu burguesismo. Do feito horrendo, só restariam, pelos cemitérios do Père-Lachaise ou de Montmartre, algumas viúvas chorando. E o proletariado anarquista que teria conseguido? O ódio insaciável dos egoístas, a desconfiança dos próprios humanitários. E teria ainda logrado criar, para sua confusão e maior humilhação, ao lado da classe já desagradável dos mártires da liberdade, a classe, ainda mais desagradável, dos mártires da autoridade."
O autor de tais sábias linhas é o escritor português Eça de Queiroz, cujo texto "Os Anarquistas", vem publicado na recente recolha "Eça de Queiroz - Jornalista", da responsabilidade de Maria Filomena Mónica.
O autor ainda acrescentou:
"De sorte que estas bombas arremassadas contra a sociedade, mesmo quando tivessem meios destrutivos que são hoje ainda inconseguíveis com a nossa limitada ciência, nunca passariam, relativamente à força e estabilidade dessa sociedade, de actos impotentes e tão inúteis como bolhas de sabão lançadas contra uma muralha".
Pois é. Se ao menos Bin Laden ou Bush tivessem lido Eça, teriam aprendido que nada do que estão a fazer vale a pena. A não ser para eles próprios...
Quanto a nós, se também tivessemos os clássicos em dia, e se houvesse hoje jornalistas a sério, como o foi Eça, então não teríamos o mundo como o que agora merecemos.
20031221
Fez-se uma revolução para isto...
O concurso "Quem Quer Ser Milionário" desta noite trouxe-me mais um momento de angústia.
Já lá vi perguntas que eu dificilmente conseguiria responder, contudo não podemos ficar indiferentes a casos como aquele de uma professora de português e inglês que não sabia que o "Po Sat" era o satélite português.
Entre opções como "Ariane", "Challenger" e "Spot", a concorrente pediu primeiro a opinião do público que, noutra demonstração de ignorância, votou mais no "Spot" do que no "Po Sat". Depois, como a professora hesitava, pediu a opção dos 50 por cento e ficou apenas o "Po Sat" e o "Challenger".
A concorrente ainda hesitou, mas como, ainda assim, o "Challenger" só tinha arrecadado 4 por cento na votação do público, acabou por finalmente escolher o "Po Sat". Poderia ser o nervosismo. Sejamos indulgentes...
O pior foi depois.
Ainda estávamos na pergunta para 750 euros, quando a concorrente foi confrontada com a questão qual dos seguintes discos era de Zeca Afonso.
O primeiro era o "Por Este Rio Acima", seguido de "Galinhas do Mato", "Festa no Bosque" e "Pano Cru".
Zeca Afonso, o cantor da Revolução do 25 de Abril. Já falecido.
Não podemos condenar as pessoas por não conhecerem as suas músicas. Mas, podíamos disfarçar um esforço.
A senhora professora de português e inglês pediu ajuda telefónica para uma amiga que também é professora. Mesmo no fim dos 30 segundos a amiga conseguiu, ainda assim, transmitir que poderia ser "Galinhas do Mato". A professora preferiu atirar-se ao "Por Esse Rio Acima", que, inclusive, até tinha inicialmente reconhecido que poderia ser de Fausto.
O resultado já se sabe...
Valeu a pena fazer a Revolução, mas agora acho que era preciso uma outra.
Já lá vi perguntas que eu dificilmente conseguiria responder, contudo não podemos ficar indiferentes a casos como aquele de uma professora de português e inglês que não sabia que o "Po Sat" era o satélite português.
Entre opções como "Ariane", "Challenger" e "Spot", a concorrente pediu primeiro a opinião do público que, noutra demonstração de ignorância, votou mais no "Spot" do que no "Po Sat". Depois, como a professora hesitava, pediu a opção dos 50 por cento e ficou apenas o "Po Sat" e o "Challenger".
A concorrente ainda hesitou, mas como, ainda assim, o "Challenger" só tinha arrecadado 4 por cento na votação do público, acabou por finalmente escolher o "Po Sat". Poderia ser o nervosismo. Sejamos indulgentes...
O pior foi depois.
Ainda estávamos na pergunta para 750 euros, quando a concorrente foi confrontada com a questão qual dos seguintes discos era de Zeca Afonso.
O primeiro era o "Por Este Rio Acima", seguido de "Galinhas do Mato", "Festa no Bosque" e "Pano Cru".
Zeca Afonso, o cantor da Revolução do 25 de Abril. Já falecido.
Não podemos condenar as pessoas por não conhecerem as suas músicas. Mas, podíamos disfarçar um esforço.
A senhora professora de português e inglês pediu ajuda telefónica para uma amiga que também é professora. Mesmo no fim dos 30 segundos a amiga conseguiu, ainda assim, transmitir que poderia ser "Galinhas do Mato". A professora preferiu atirar-se ao "Por Esse Rio Acima", que, inclusive, até tinha inicialmente reconhecido que poderia ser de Fausto.
O resultado já se sabe...
Valeu a pena fazer a Revolução, mas agora acho que era preciso uma outra.
20031219
"Fidel" a Castro
Acabei de ver o "Comandante", o documentário de Oliver Stone sobre Fidel Castro.
Tem lá umas coisas interessantes, mas deixa muito a desejar. Contudo, fez-me recordar aquela vez que Fidel Castro passou por Portugal, vindo da Líbia, em escala técnica por Lisboa (onde foi jantar a Belém com Sampaio, algures no início do Verão de 2001),
Fiz parte dos jornalistas que estiveram presentes na conferência de Imprensa que ocorreu depois da refeição.
A certa altura, mencionou-se o nome do ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, que estaria em Espanha a dar conferências, e Fidel disse que, ao norte-americano, pagavam-lhe no estrangeiro para falar e viajar, enquanto que ele, pelo seu lado, tinha de ser o seu povo a suportar as suas deslocações. Aproveitei a deixa e disparei a pergunta: "Então, porque não faz como ele? Abandona o poder em Cuba e começa a viajar e a cobrar como Clinton..."
Resposta pronta de Fidel: "Sim, mas o povo de Cuba ainda precisa de mim".
Hasta quando? Hasta siempre?!
Tem lá umas coisas interessantes, mas deixa muito a desejar. Contudo, fez-me recordar aquela vez que Fidel Castro passou por Portugal, vindo da Líbia, em escala técnica por Lisboa (onde foi jantar a Belém com Sampaio, algures no início do Verão de 2001),
Fiz parte dos jornalistas que estiveram presentes na conferência de Imprensa que ocorreu depois da refeição.
A certa altura, mencionou-se o nome do ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, que estaria em Espanha a dar conferências, e Fidel disse que, ao norte-americano, pagavam-lhe no estrangeiro para falar e viajar, enquanto que ele, pelo seu lado, tinha de ser o seu povo a suportar as suas deslocações. Aproveitei a deixa e disparei a pergunta: "Então, porque não faz como ele? Abandona o poder em Cuba e começa a viajar e a cobrar como Clinton..."
Resposta pronta de Fidel: "Sim, mas o povo de Cuba ainda precisa de mim".
Hasta quando? Hasta siempre?!
Cavaco só fica 5 anos?
A 20 de Agosto coloquei um "post", intitulado "Suores do Mário", onde dizia o seguinte:
"Mário Soares falou. Em Évora disse que o PS 'deve pedir maioria'. O que, de resto, até já deveria ter sido feito nas eleições de 1995 e de 1999. Guterres ficou com orelhas a arder. E disse ainda que, se houve receio de o fazer, então foi porque 'tiveram medo': 'Mas quem tem medo compra um cão, não faz política', acrescentou ainda.
Quer isto dizer que ele não vai apoiar Guterres numa eventual candidatura a Belém, em 2006?
Quer isto dizer que ele se prepara para ir de novo para Belém? Duvido, mas...
E aquele apoio que ele já deu a Cavaco Silva? Quer isto dizer que ele apoiará Cavaco?
Se o próximo presidente da República ficar 10 anos, isto quer mesmo dizer que Santana Lopes vai ter de esperar até 2016. Por onde andará até lá?
Mas, se o candidato do PS for Mário Soares, então creio que ele só ficaria 5 anos (teria quase 90 anos) em Belém. E Cavaco Silva, se calhar, também se contentaria por apenas 5 anos...
Assim, Santana Lopes já poderia ser o novo presidente em 2011.
Guterres, onde andas? Preparas-te para ires para a ONU? Substituir Sérgio Vieira de Mello no gabinete dos Direitos Humanos, ou nos Refugiados?
Porque estás calado?
Mário Soares falou. Há mais de 30 anos que anda a fazer o mesmo."
Serve isto para dizer que, hoje, o "Semanário", na primeira página, já colocou a circular aquela tal alternativa de que Cavaco Silva poderia candidatar-se apenas a um único mandato.
Dizem, porém, que Durão Barroso poderá avançar a seguir para a presidência e Santana Lopes e Paulo Portas fundariam um novo partido. De momento, sinto-me mais inclinado a considerar apenas a hipótese do único mandato de Cavaco Silva... A ver vamos.
"Mário Soares falou. Em Évora disse que o PS 'deve pedir maioria'. O que, de resto, até já deveria ter sido feito nas eleições de 1995 e de 1999. Guterres ficou com orelhas a arder. E disse ainda que, se houve receio de o fazer, então foi porque 'tiveram medo': 'Mas quem tem medo compra um cão, não faz política', acrescentou ainda.
Quer isto dizer que ele não vai apoiar Guterres numa eventual candidatura a Belém, em 2006?
Quer isto dizer que ele se prepara para ir de novo para Belém? Duvido, mas...
E aquele apoio que ele já deu a Cavaco Silva? Quer isto dizer que ele apoiará Cavaco?
Se o próximo presidente da República ficar 10 anos, isto quer mesmo dizer que Santana Lopes vai ter de esperar até 2016. Por onde andará até lá?
Mas, se o candidato do PS for Mário Soares, então creio que ele só ficaria 5 anos (teria quase 90 anos) em Belém. E Cavaco Silva, se calhar, também se contentaria por apenas 5 anos...
Assim, Santana Lopes já poderia ser o novo presidente em 2011.
Guterres, onde andas? Preparas-te para ires para a ONU? Substituir Sérgio Vieira de Mello no gabinete dos Direitos Humanos, ou nos Refugiados?
Porque estás calado?
Mário Soares falou. Há mais de 30 anos que anda a fazer o mesmo."
Serve isto para dizer que, hoje, o "Semanário", na primeira página, já colocou a circular aquela tal alternativa de que Cavaco Silva poderia candidatar-se apenas a um único mandato.
Dizem, porém, que Durão Barroso poderá avançar a seguir para a presidência e Santana Lopes e Paulo Portas fundariam um novo partido. De momento, sinto-me mais inclinado a considerar apenas a hipótese do único mandato de Cavaco Silva... A ver vamos.
20031218
Pensamentos árabes
Leio no Washington Post que correm várias teorias em Bagdade à procura de uma explicação para o facto de Saddam Hussein ter sido apanhado sem qualquer resistência.
A teoria de que ele teria sido drogado pela CIA parece ser a mais divulgada.
Há certas coisas que a mente de um europeu, ou norte-americano, não entende e que só os árabes parecem achar possível. A saber:
- Saddam escolheu refugiar-se perto da sua terra natal, porque era precisamente aí a última localidade onde qualquer um de nós se iria esconder. Daí que faça todo o sentido ele ter escolhido aquele local. Tem lógica não tem?
- Saddam mandou construir "bunkers", com três ou mais quilómetros de paredes de betão, por isso é que escolheu esconder-se naquele buraquinho, mais ou menos dissimulado e identificado por aquele respiradoiro. Também tem a sua lógica, não é verdade?
- Saddam escolheu deixar crescer a barba, não porque não tivesse material para a cortar ali à mão, mas porque assim disfarçaria a sua aparência (isto apesar de não lhe faltarem os meios financeiros para sair do país e fazer uma operação plástica...). Esta é outra coisa que para nós deve ser um pouco difícil de entender...
A teoria de que ele teria sido drogado pela CIA parece ser a mais divulgada.
Há certas coisas que a mente de um europeu, ou norte-americano, não entende e que só os árabes parecem achar possível. A saber:
- Saddam escolheu refugiar-se perto da sua terra natal, porque era precisamente aí a última localidade onde qualquer um de nós se iria esconder. Daí que faça todo o sentido ele ter escolhido aquele local. Tem lógica não tem?
- Saddam mandou construir "bunkers", com três ou mais quilómetros de paredes de betão, por isso é que escolheu esconder-se naquele buraquinho, mais ou menos dissimulado e identificado por aquele respiradoiro. Também tem a sua lógica, não é verdade?
- Saddam escolheu deixar crescer a barba, não porque não tivesse material para a cortar ali à mão, mas porque assim disfarçaria a sua aparência (isto apesar de não lhe faltarem os meios financeiros para sair do país e fazer uma operação plástica...). Esta é outra coisa que para nós deve ser um pouco difícil de entender...
20031217
De novo Saddam
Não pensem que tenho alguma espécie de estima por Saddam Hussein.
Não julguem que o pretendo defender.
Não.
Aliás, pouco depois dele ter sido apanhado, recebi uma mensagem no meu telemóvel que exprime um pouco o meu estado de espírito: "O Saddam já foi apanhado, agora só falta o Bush"...
Vejo na história de Saddam o outro lado da história da família Bush.
Não se esqueçam da história matemática: Saddam é um produto do início dos anos 60.
Chegou ao poder absoluto em 1979, mas o seu nome já era minimamente conhecido desde 1968. Antes até.
Quando Saddam chegou ao poder absoluto do Iraque, a 16 de Julho de 1979, o presidente dos EUA era o democrata Jimmy Carter, que, no ano seguinte, em 1980, iria lutar pela sua reeleição.
Jimmy Carter foi então o primeiro presidente dos EUA a não conseguir ser reeleito.
Porquê?
Porque, em Novembro de 1979, tinham sido feito reféns os 52 norte-americanos que estavam na embaixada dos EUA em Teerão, o país vizinho do Iraque.
Jimmy Carter nunca conseguiu a libertação desses reféns, que ficaram detidos durante 444 dias. Só foram libertados a 21 de Janeiro de 1981, dia da tomada de posse do novo presidente dos EUA, Ronald Reagan - o tal actor que tinha como vice-presidente o milionário texano do petróleo, George Bush, antigo director da CIA e pai do actual presidente.
Há quem defenda que existiu uma jogada por parte da candidatura dos republicanos Reagan e Bush no sentido de negociarem a não libertação dos reféns, fragilizando assim a posição de Jimmy Carter. Aliás, a morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa até estaria relacionado com uma investigação a esses supostos negócios secretos de tráfico de armas, pois algumas teriam passado por Portugal.
Não se esqueça igualmente o facto de que a invasão do Irão pelo Iraque de Saddam aconteceu em Setembro de 1980, ou seja, dois meses antes das eleições nos EUA. Foi uma invasão providencial, visto que aumentou nos iranianos a necessidade de armas, daí que a solução mais fácil para o regime iraniano tivesse sido negociar secretamente com a outra candidatura, em vez da humilhante negociação aberta com o lado de Jimmy Carter...
Por isso, quando os iranianos dizem que os norte-americanos são o diabo, nós só temos de nos perguntar como é que eles saberão isso.
Eu arrisco uma resposta: Eles já o viram com os próprios olhos. Estiveram a negociar em salões de Paris com o Diabo em pessoa...
Saddam não é o Diabo...
O Diabo é quem o carrega!
Não julguem que o pretendo defender.
Não.
Aliás, pouco depois dele ter sido apanhado, recebi uma mensagem no meu telemóvel que exprime um pouco o meu estado de espírito: "O Saddam já foi apanhado, agora só falta o Bush"...
Vejo na história de Saddam o outro lado da história da família Bush.
Não se esqueçam da história matemática: Saddam é um produto do início dos anos 60.
Chegou ao poder absoluto em 1979, mas o seu nome já era minimamente conhecido desde 1968. Antes até.
Quando Saddam chegou ao poder absoluto do Iraque, a 16 de Julho de 1979, o presidente dos EUA era o democrata Jimmy Carter, que, no ano seguinte, em 1980, iria lutar pela sua reeleição.
Jimmy Carter foi então o primeiro presidente dos EUA a não conseguir ser reeleito.
Porquê?
Porque, em Novembro de 1979, tinham sido feito reféns os 52 norte-americanos que estavam na embaixada dos EUA em Teerão, o país vizinho do Iraque.
Jimmy Carter nunca conseguiu a libertação desses reféns, que ficaram detidos durante 444 dias. Só foram libertados a 21 de Janeiro de 1981, dia da tomada de posse do novo presidente dos EUA, Ronald Reagan - o tal actor que tinha como vice-presidente o milionário texano do petróleo, George Bush, antigo director da CIA e pai do actual presidente.
Há quem defenda que existiu uma jogada por parte da candidatura dos republicanos Reagan e Bush no sentido de negociarem a não libertação dos reféns, fragilizando assim a posição de Jimmy Carter. Aliás, a morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa até estaria relacionado com uma investigação a esses supostos negócios secretos de tráfico de armas, pois algumas teriam passado por Portugal.
Não se esqueça igualmente o facto de que a invasão do Irão pelo Iraque de Saddam aconteceu em Setembro de 1980, ou seja, dois meses antes das eleições nos EUA. Foi uma invasão providencial, visto que aumentou nos iranianos a necessidade de armas, daí que a solução mais fácil para o regime iraniano tivesse sido negociar secretamente com a outra candidatura, em vez da humilhante negociação aberta com o lado de Jimmy Carter...
Por isso, quando os iranianos dizem que os norte-americanos são o diabo, nós só temos de nos perguntar como é que eles saberão isso.
Eu arrisco uma resposta: Eles já o viram com os próprios olhos. Estiveram a negociar em salões de Paris com o Diabo em pessoa...
Saddam não é o Diabo...
O Diabo é quem o carrega!
Ainda sobre a última vez que olhei para Portugal...
Foi ontem, a última vez que olhei para Portugal.
Jorge Ritto ainda estava detido, depois de muita gente ter perguntado porque é que nunca mais o prendiam.
Hoje, a pergunta é: "Porque esteve ele tanto tempo detido?"
Jorge Ritto ainda estava detido, depois de muita gente ter perguntado porque é que nunca mais o prendiam.
Hoje, a pergunta é: "Porque esteve ele tanto tempo detido?"
Pais "natais" e outros que tais
Quem acredita no Pai Natal?
Eu recordo-me do tempo em que acreditava.
Lembro-me de, uma noite de Natal, o meu avô ter-me levado até à sala de estar lá de casa e colocou-me a olhar para o prédio em frente. A ver se víamos o Pai Natal.
Na minha memória de sensações recordo-me das luzes dentro dos apartamentos em frente, e lembro-me de conjecturar como é que o Pai Natal entraria naquelas habitações num curto espaço de tempo e será que eu o conseguiria ver em algum lado...
Era já o início do pensamento lógico, racional e muito próximo do método científico da observação e experimentação. Porém, ainda muito longe da idade adulta.
Ainda me recordo que, depois, a campaínha de casa tocou, mandaram-me ir abrir a porta e vi, no patamar, um belo triciclo à minha espera. Tinha fitinhas nas manetes... ainda me lembro. Verdes, acho.
Noutros anos, o meu irmão mais velho vestia-se de Pai Natal e entregava prendas. Eu olhava assustado para aquele ser de vermelho e barbas. Até que um dia descobri onde a minha mãe guardava as falsas barbas do falso Pai Natal, interpretado pelo meu irmão mais velho. Como já desconfiava de algo, nem fiquei muito chateado com o facto de ter andado a ser enganado...
Anos mais tarde, quis ser eu o Pai Natal para os meus irmãos mais novos...
Nesse dia descobri a minha vocação: definitivamente não tinha jeito para Pai Natal.
No momento de entregar uma prenda, olhei olhos nos olhos o meu mano mais novo e senti a desconfiança. Não tive arte para o enganar e lembro-me que, quando estava a sair da sala, ele disse alto a toda a família: "Era o Frederico"...
Hoje sou jornalista e digo muita vezes aos adultos que não existe Pai Natal. Não sei mentir e continuo a fazer as mesmas perguntas que fazia quando era criança. O "porquê das coisas"...
Alguns ainda me ouvem a fazer perguntas e pensam comigo...
Outros, paciência...
Serve isto para dizer que amanhã, entre as 7h15 e as 7h30, na Antena1, deverá passar uma peça sobre o meu livro.
Pode ser que mais alguns adultos fiquem a saber que não existem pais natais...
Eu recordo-me do tempo em que acreditava.
Lembro-me de, uma noite de Natal, o meu avô ter-me levado até à sala de estar lá de casa e colocou-me a olhar para o prédio em frente. A ver se víamos o Pai Natal.
Na minha memória de sensações recordo-me das luzes dentro dos apartamentos em frente, e lembro-me de conjecturar como é que o Pai Natal entraria naquelas habitações num curto espaço de tempo e será que eu o conseguiria ver em algum lado...
Era já o início do pensamento lógico, racional e muito próximo do método científico da observação e experimentação. Porém, ainda muito longe da idade adulta.
Ainda me recordo que, depois, a campaínha de casa tocou, mandaram-me ir abrir a porta e vi, no patamar, um belo triciclo à minha espera. Tinha fitinhas nas manetes... ainda me lembro. Verdes, acho.
Noutros anos, o meu irmão mais velho vestia-se de Pai Natal e entregava prendas. Eu olhava assustado para aquele ser de vermelho e barbas. Até que um dia descobri onde a minha mãe guardava as falsas barbas do falso Pai Natal, interpretado pelo meu irmão mais velho. Como já desconfiava de algo, nem fiquei muito chateado com o facto de ter andado a ser enganado...
Anos mais tarde, quis ser eu o Pai Natal para os meus irmãos mais novos...
Nesse dia descobri a minha vocação: definitivamente não tinha jeito para Pai Natal.
No momento de entregar uma prenda, olhei olhos nos olhos o meu mano mais novo e senti a desconfiança. Não tive arte para o enganar e lembro-me que, quando estava a sair da sala, ele disse alto a toda a família: "Era o Frederico"...
Hoje sou jornalista e digo muita vezes aos adultos que não existe Pai Natal. Não sei mentir e continuo a fazer as mesmas perguntas que fazia quando era criança. O "porquê das coisas"...
Alguns ainda me ouvem a fazer perguntas e pensam comigo...
Outros, paciência...
Serve isto para dizer que amanhã, entre as 7h15 e as 7h30, na Antena1, deverá passar uma peça sobre o meu livro.
Pode ser que mais alguns adultos fiquem a saber que não existem pais natais...
20031216
A última vez que olhei para Portugal...
A última vez em que olhei para Portugal, o líder da Oposição, o socialista Ferro Rodrigues, estava metido até ao pescoço no caso da Casa Pia e Manuel Maria Carrilho pedia a sua demissão.
O primeiro-ministro, Durão Barroso, tinha sido vaiado na inauguração de um estádio de futebol e o ministro da Defesa andava calado enquanto se esperava a leitura da sentença do caso Moderna.
Esta foi a última vez em que olhei para o País.
Já foi há algum tempo atrás, confesso. Porém, ainda assim não posso deixar de notar que, hoje, tem-se a sensação de que foi há mais tempo do que aquele que realmente o foi...
A última vez que olhei para o País, o juiz Rui Teixeira era um corajoso justiceiro, mas agora parece um facínora que tem uma estranha fixação em querer deixar figuras públicas a apodrecer em celas frias sem culpa formada.
Esta foi última vez que olhei para o País.
Foi pouco depois de Jorge Sampaio ter dito, numa entrevista na RTP, que o caso da Casa Pia deveria passar para o oitavo lugar no alinhamento dos telejornais.
Foi mais ou menos antes de Ferro Rodrigues ter dado uma entrevista à "Visão", onde decidiu revelar que esteve ao telefone durante os encontros secretos do grupo Bilderberg em Versalhes (onde, supostamente, também estiveram Balsemão e Barroso).
Foi também por volta daquela altura que Durão Barroso teve um encontro de algumas horas com Ferro Rodrigues para discutirem a fusão dos serviços secretos portugueses.
Esta País está agora diferente, visto que, por exemplo, o caso da Universidade Lusíada foi considerado encerrado pelo líder da Oposição que, dentro do seu próprio partido, dizem que está finalmente a actuar de forma positiva.
Estranho Portugal.
País raro.
Pobre Portugal...
O primeiro-ministro, Durão Barroso, tinha sido vaiado na inauguração de um estádio de futebol e o ministro da Defesa andava calado enquanto se esperava a leitura da sentença do caso Moderna.
Esta foi a última vez em que olhei para o País.
Já foi há algum tempo atrás, confesso. Porém, ainda assim não posso deixar de notar que, hoje, tem-se a sensação de que foi há mais tempo do que aquele que realmente o foi...
A última vez que olhei para o País, o juiz Rui Teixeira era um corajoso justiceiro, mas agora parece um facínora que tem uma estranha fixação em querer deixar figuras públicas a apodrecer em celas frias sem culpa formada.
Esta foi última vez que olhei para o País.
Foi pouco depois de Jorge Sampaio ter dito, numa entrevista na RTP, que o caso da Casa Pia deveria passar para o oitavo lugar no alinhamento dos telejornais.
Foi mais ou menos antes de Ferro Rodrigues ter dado uma entrevista à "Visão", onde decidiu revelar que esteve ao telefone durante os encontros secretos do grupo Bilderberg em Versalhes (onde, supostamente, também estiveram Balsemão e Barroso).
Foi também por volta daquela altura que Durão Barroso teve um encontro de algumas horas com Ferro Rodrigues para discutirem a fusão dos serviços secretos portugueses.
Esta País está agora diferente, visto que, por exemplo, o caso da Universidade Lusíada foi considerado encerrado pelo líder da Oposição que, dentro do seu próprio partido, dizem que está finalmente a actuar de forma positiva.
Estranho Portugal.
País raro.
Pobre Portugal...
20031215
Julgamento
Saddam vai ser julgado e, muito provavelmente, no Iraque, onde foi criado um tribunal especial, quatro dias antes dele ter aparecido - isto é que se chama "sentido de oportunidade"!
Dou de barato que aquele até pode ser Saddam, ou o duplo que lá andaria desde Janeiro de 2001 (ver mais abaixo a tal história do duplo). Contudo, houve ali, nas imagens, uma coisa que não me convenceu totalmente: as imagens do vídeo não tinham data, não nos indicavam cabalmente que aquele Saddam estava a ser examinado no dia 13 ou 14 de Dezembro.
E reparem que até nem custava muito para corrigirem a situação, pois bastaria alguém filmar Saddam com um jornal do dia na mão e tudo ficaria resolvido.
Mas não.
Ninguém teve a preocupação de pensar nisso.
Por isso, agora levanto a questão.
Sendo assim, a minha dúvida em relação à captura é a de que, quem sabe, será que o senhor não estaria detido há já algum tempo atrás?
E o melhor momento para o fazer finalmente aparecer poderia até ser, estilo, sei lá, perto do Natal (em 1989, foi Ceausescu), estilo ainda, vamos lá, quando o tribunal especial para o julgar já estivesse criado, estilo também, se quisermos, menos de um ano para as eleições presidenciais norte-americanas de Novembro de 2004.
Sei lá, afinal parece que sempre há coincidências...
Dou de barato que aquele até pode ser Saddam, ou o duplo que lá andaria desde Janeiro de 2001 (ver mais abaixo a tal história do duplo). Contudo, houve ali, nas imagens, uma coisa que não me convenceu totalmente: as imagens do vídeo não tinham data, não nos indicavam cabalmente que aquele Saddam estava a ser examinado no dia 13 ou 14 de Dezembro.
E reparem que até nem custava muito para corrigirem a situação, pois bastaria alguém filmar Saddam com um jornal do dia na mão e tudo ficaria resolvido.
Mas não.
Ninguém teve a preocupação de pensar nisso.
Por isso, agora levanto a questão.
Sendo assim, a minha dúvida em relação à captura é a de que, quem sabe, será que o senhor não estaria detido há já algum tempo atrás?
E o melhor momento para o fazer finalmente aparecer poderia até ser, estilo, sei lá, perto do Natal (em 1989, foi Ceausescu), estilo ainda, vamos lá, quando o tribunal especial para o julgar já estivesse criado, estilo também, se quisermos, menos de um ano para as eleições presidenciais norte-americanas de Novembro de 2004.
Sei lá, afinal parece que sempre há coincidências...
20031214
A Hora Final de Kissinger
No início de 1994, na Venezuela, comprei o livro "La Hora Final de Castro", da autoria do jornalista de origem argentina Andres Oppenheimer, do "Miami Herald".
Era um livro sobre Fidel Castro, cujo subtítulo dizia ser a "história secreta por detrás da iminente queda do comunismo em Cuba".
O livro fora terminando em 1992 e, numa nota inicial, o autor alertava para o facto de, quando chegasse às mãos dos leitores, "novos acontecimentos tenham modificado significadamente a situação política cubana".
Já se passaram mais de 10 anos e Castro continua no poder, porém isso não tira nenhum valor à percepção do jornalista, pois mais cedo ou mais tarde alguma coisa poderá acontecer em Cuba. Quanto mais não seja, para que tudo fique na mesma.
Chamo agora a atenção para o facto deste jornalista do "Miami Herald" começar a manifestar dúvidas em relação a uma outra histórica figura: Henry Kissinger.
Há casos onde eu costumo dizer que mais vale nunca do que tarde, mas desta vez abro uma excepção a Andres e digo-lhe mesmo que mais vale tarde do que nunca...
Era um livro sobre Fidel Castro, cujo subtítulo dizia ser a "história secreta por detrás da iminente queda do comunismo em Cuba".
O livro fora terminando em 1992 e, numa nota inicial, o autor alertava para o facto de, quando chegasse às mãos dos leitores, "novos acontecimentos tenham modificado significadamente a situação política cubana".
Já se passaram mais de 10 anos e Castro continua no poder, porém isso não tira nenhum valor à percepção do jornalista, pois mais cedo ou mais tarde alguma coisa poderá acontecer em Cuba. Quanto mais não seja, para que tudo fique na mesma.
Chamo agora a atenção para o facto deste jornalista do "Miami Herald" começar a manifestar dúvidas em relação a uma outra histórica figura: Henry Kissinger.
Há casos onde eu costumo dizer que mais vale nunca do que tarde, mas desta vez abro uma excepção a Andres e digo-lhe mesmo que mais vale tarde do que nunca...
Rumores
O primeiro "link" da coluna ali ao lado é do site Rumor Mill News, que tem sempre uma versão alternativa das notícias, mas apoiada em factos menos divulgados, ou suficientemente debatidos, para os podermos considerar verdadeiramente rebatidos.
Uma das histórias que anda por ali a circular menciona a hipótese de Saddam Hussein ter morrido pouco depois do início do ano de 2001.
De acordo com os serviços secretos egípcios, ele já estaria morto antes dos atentados do 11 de Setembro.
Quem apareceria no seu lugar seria um dos muitos duplos, manipulado pelos filhos, visto que estes últimos sabiam que nunca seriam aceites pelos militares iraquianos.
Deste modo, o homem que os norte-americanos prenderam hoje seria precisamente esse duplo de Saddam.
Não sei se algum dia verei esta história no cinema, mas estou mortinho para ver o que os argumentistas de Hollywood vão afinal fazer com a história da salvação da soldado Jessica Lynch, que deixou de ser um conto de salvação para passar para um de manipulação...
Uma das histórias que anda por ali a circular menciona a hipótese de Saddam Hussein ter morrido pouco depois do início do ano de 2001.
De acordo com os serviços secretos egípcios, ele já estaria morto antes dos atentados do 11 de Setembro.
Quem apareceria no seu lugar seria um dos muitos duplos, manipulado pelos filhos, visto que estes últimos sabiam que nunca seriam aceites pelos militares iraquianos.
Deste modo, o homem que os norte-americanos prenderam hoje seria precisamente esse duplo de Saddam.
Não sei se algum dia verei esta história no cinema, mas estou mortinho para ver o que os argumentistas de Hollywood vão afinal fazer com a história da salvação da soldado Jessica Lynch, que deixou de ser um conto de salvação para passar para um de manipulação...
Correcção
Uma correcção: afinal havia muito mais dinheiro com as pessoas que acompanhavam o suposto Saddam Hussein. Não eram menos de dois mil dólares, mas sim 750 mil dólares. Assim faz muito mais diferença, e agora começo a ficar cada vez mais convencido de que era mesmo Saddam Hussein.
Espero então pelo seu julgamento.
Será que os crimes dos anos 80 já prescreveram? É que se ainda é possível julgar os cúmplices que alimentaram o regime iraquiano com o fornecimento de armamento, então o ditador sempre poderá chamar para testemunhar a seu favor o actual secretário de Estado Donald Rumsfeld, ou o pai do actual presidente, Bush sénior.
Ficaremos à espera dos próximos episódios.
Entrementes, do Osama é que continuamos ainda sem nada sabermos... Talvez lá para o início do Ano Novo.
Espero então pelo seu julgamento.
Será que os crimes dos anos 80 já prescreveram? É que se ainda é possível julgar os cúmplices que alimentaram o regime iraquiano com o fornecimento de armamento, então o ditador sempre poderá chamar para testemunhar a seu favor o actual secretário de Estado Donald Rumsfeld, ou o pai do actual presidente, Bush sénior.
Ficaremos à espera dos próximos episódios.
Entrementes, do Osama é que continuamos ainda sem nada sabermos... Talvez lá para o início do Ano Novo.
Saddam fora do buraco
Ahhh!!! Afinal ainda não falaram oficialmente no ADN... Deram-nos umas imagens de um homem que se parece muito com o Saddam.
Parece-se tanto, que até parece ser mais parecido com o que surge nas suas fotografias oficiais. Ou seja, parece que não mudou nada em cerca de um ano...
O homem que liderou o Iraque durante anos foi então encontrado num buraco, numa quinta no Iraque, com apenas dois homens a fazerem a sua segurança, com menos de 2 mil dólares em dinheiro na mão, um ou dois táxis cor-de-laranja parados à porta e duas armas AK-47 (que, pelos tiros de satisfação que se ouviam em Bagdade, toda a gente parece ter uma à mão).
Um jornalista italiano perguntou ainda se seria possível que ele estivesse a dirigir a guerrilha desde aquele buraco onde estava metido. O militar responsável pela conferência de Imprensa disse que ainda não sabiam...
Sobre os testes de ADN disse ainda o militar: "Estamos ainda a levar isso a cabo, mas como viram pelas imagens, temos Saddam Hussein e fizemos uma identificação positiva por parte de alguns prisioneiros que o conheciam".
Sendo assim, estou convencido.
Parece-se tanto, que até parece ser mais parecido com o que surge nas suas fotografias oficiais. Ou seja, parece que não mudou nada em cerca de um ano...
O homem que liderou o Iraque durante anos foi então encontrado num buraco, numa quinta no Iraque, com apenas dois homens a fazerem a sua segurança, com menos de 2 mil dólares em dinheiro na mão, um ou dois táxis cor-de-laranja parados à porta e duas armas AK-47 (que, pelos tiros de satisfação que se ouviam em Bagdade, toda a gente parece ter uma à mão).
Um jornalista italiano perguntou ainda se seria possível que ele estivesse a dirigir a guerrilha desde aquele buraco onde estava metido. O militar responsável pela conferência de Imprensa disse que ainda não sabiam...
Sobre os testes de ADN disse ainda o militar: "Estamos ainda a levar isso a cabo, mas como viram pelas imagens, temos Saddam Hussein e fizemos uma identificação positiva por parte de alguns prisioneiros que o conheciam".
Sendo assim, estou convencido.
Saddam?!?!?!?!?!?!?!?
Ok, dizem que apanharam Saddam Hussein. Ainda antes da conferência de Imprensa de Paul Bremer, ouvi dois jornalistas da SKY News a discutirem o modo como terá sido feita a identificação de Saddam Hussein através dos testes de ADN. Dizia então uma jornalista que, provavelmente, teriam utilizado o ADN dos filhos de Saddam para comparar com os do homem agora capturado a 15 quilómetros a Sul de Tikrit... Bem, se esses já tinham levantado algumas dúvidas em relação à real identidade dos corpos, só espero que nos digam oficialmente que tiverem uma fonte de ADN bem melhor do que a sugerida...
Táxis
Os taxistas são sempre uma boa fonte de frases memoráveis. Já aqui registei que, pouco depois de ter rebentado o escândalo da Casa Pia, um taxista saiu-se com esta: "Por isso é que esses senhores poderosos eram todos contra o aborto. Precisavam de material para se abastecerem!".
E hoje ouvi o seguinte de um outro taxista, desta vez sobre o estado da Nação: "Somos um povo de bananas, governados por sacanas".
E hoje ouvi o seguinte de um outro taxista, desta vez sobre o estado da Nação: "Somos um povo de bananas, governados por sacanas".
20031212
Quem realmente matou Holly e Jessica?
When British police arrested Ian Huntley and Maxine Carr during the early hours of Saturday 17 August, on suspicion of the abduction and murder of Holly Wells and Jessica Chapman, they did so in the certain knowledge that absolutely no hard evidence existed incriminating either suspect. The reason for the rapid arrests was very simple: Just hours earlier, two small bodies had been found near the perimeter fence at USAF Lakenheath, and the Prime Minister at 10 Downing Street was terrified of a massive political scandal involving American servicemen based in, or transiting through, the United Kingdom.
Para saber mais sobre a conspiração em volta do caso das duas meninas ingleses assassinadas no Verão de 2002, cujo julgamento dos presumíveis autores espera a sentença do tribunal de Old Bailey, em Londres, é só ver aqui.
Para saber mais sobre a conspiração em volta do caso das duas meninas ingleses assassinadas no Verão de 2002, cujo julgamento dos presumíveis autores espera a sentença do tribunal de Old Bailey, em Londres, é só ver aqui.
20031210
Jornalismo em Portugal
Encontrei hoje por acaso, ao início da noite, em Lisboa, um antigo alto responsável da Escola Superior de Jornalismo do Porto, onde estudei, assim como alguns conhecidos e outros menos conhecidos jornalistas portugueses também estudaram.
Eis uma coisa que ele me disse:
"Há jornalistas em Portugal. Não há é jornalismo".
Eis uma coisa que ele me disse:
"Há jornalistas em Portugal. Não há é jornalismo".
Livrarias II
Em relação ao meu livro e à sua exposição em certas livrarias portuguesas, já aqui disse que é preciso perguntar pela obra, pois algumas livrarias não o têm nas novidades (saiu no dia 20 de Novembro). Porém, recebi dois testemunhos de pessoas que o foram comprar à FNAC do Colombo e que mostram algo que não consigo compreender totalmente.
O primeiro, disse-me que o livro estava catalogado como Banda Desenhada e que foi preciso esperar (até terá dado tempo para almoçar) para que finalmente chegasse alguém que soubesse do seu paradeiro. Calculo que tal classificação de BD se deva ao facto da editora ser conhecida no meio como exclusivamente de BD.
O segundo testemunho, na mesma livraria, é que já foi mais preocupante, pois ter-lhe-ão dito que não havia (ou será que já não havia?) tal livro naquela loja.
Na FNAC do Chiado, em compensação, o meu livro estava relativamente bem colocado. Apesar de não estar nas novidades, encontrava-se na secção dedicada a livros de jornalismo, mesmo ao lado das confissões do director do "Expresso".
Na Bertrand das Picoas, ainda continua ao lado de livros de "Marketing", debaixo da secção de Economia e Gestão.
O primeiro, disse-me que o livro estava catalogado como Banda Desenhada e que foi preciso esperar (até terá dado tempo para almoçar) para que finalmente chegasse alguém que soubesse do seu paradeiro. Calculo que tal classificação de BD se deva ao facto da editora ser conhecida no meio como exclusivamente de BD.
O segundo testemunho, na mesma livraria, é que já foi mais preocupante, pois ter-lhe-ão dito que não havia (ou será que já não havia?) tal livro naquela loja.
Na FNAC do Chiado, em compensação, o meu livro estava relativamente bem colocado. Apesar de não estar nas novidades, encontrava-se na secção dedicada a livros de jornalismo, mesmo ao lado das confissões do director do "Expresso".
Na Bertrand das Picoas, ainda continua ao lado de livros de "Marketing", debaixo da secção de Economia e Gestão.
20031207
Pequenas histórias...
Comprei ontem o mais recente livro de Diogo Freitas do Amaral, "Ao Correr da Memória - Pequenas Histórias da Minha Vida".
Encontrei, na página 118, uma história com Cavaco Silva, onde Freitas do Amaral conta como, em Abril de 1985, quando o seu nome era muito falado como provável candidato à Presidência da
República, recebeu um telefonema do seu antigo colega do Governo AD que queria falar consigo a sós: "Perguntei-lhe onde queria que nos encontrássemos, e ele sugeriu que poderia ser no meu escritório, aonde se deslocaria para o efeito", conta o antigo líder do CDS.
E assim terá sido. Cavaco terá mesmo ido até ao escritório de Freitas do Amaral onde expôs "o seu grande desagrado com a forma como o PSD estava a actuar no governo do Bloco Central, e manifestou sérias preocupações com o rumor de que o PSD (então chefiado por Rui Machete, mas na linha de compromissos eventualmente assumidos antes por Mota Pinto) se estava a preparar para apoiar a candidatura presidencial de Mário Soares, então Primeiro-Ministro".
Cavaco manifestou o seu apoio a uma candidatura de Freitas do Amaral e terá, segundo o autor do livro, dito ainda que "independentemente do que se passar no próximo Congresso do PSD, quero-lhe dizer que, se avançar, terá o meu apoio (e também o do engº Eurico de Melo, que me pediu para lho transmitir). E quero que saiba que, se o PSD não o apoiar, eu serei seu apoiante nas eleições presidenciais, sejam quais forem as consequências disso para mim".
E concluiu assim Freitas do Amaral: "Gestos destes não se esquecem".
Quem não se lembra desta história parece ser o próprio Cavaco Silva que, na página 63 da sua autobiografia de Fevereiro de 2002, contou-nos apenas o seguinte: "No fim de Abril de 1985, antes do Congresso da Figueira da Foz, Diogo Freitas do Amaral, que tinha saído do CDS, apresentou a sua candidatura à Presidência da República. Comunicou-me antecipadamente a sua decisão durante um almoço no Hotel Sheraton e eu exprimi-lhe a minha simpatia".
Nota para os mais novos: O Governo de Portugal, neste ano de 1985, era encabeçado, desde o Verão de 1983, pelo Primeiro-Ministro Mário Soares, secretário-geral do PS e que estava coligado com o PSD, cujo presidente e ministro da Defesa, era Rui Machete, visto que Mota Pinto, o anterior líder social-democrata, e igualmente ministro da Defesa desde o início desta coligação (conhecida então como Bloco Central), se demitiu das suas funções em Fevereiro desse ano de 1985. Em Abril, altura em que Freitas do Amaral e Cavaco Silva têm estas conversas, estava marcado um congresso do PSD para a Figueira da Foz, que iria ter lugar entre 17 e 19 Maio. Freitas do Amaral anunciou a sua candidatura a 26 de Abril. Doze dias depois, o antigo líder do PSD e antigo ministro da Defesa, Mota Pinto, faleceu de ataque de coração e, dez dias depois, Cavaco Silva pegou no seu novo Citroën e foi fazer a rodagem do carro até à Figueira da Foz onde seria "inesperadamente" eleito presidente do PSD.
Encontrei, na página 118, uma história com Cavaco Silva, onde Freitas do Amaral conta como, em Abril de 1985, quando o seu nome era muito falado como provável candidato à Presidência da
República, recebeu um telefonema do seu antigo colega do Governo AD que queria falar consigo a sós: "Perguntei-lhe onde queria que nos encontrássemos, e ele sugeriu que poderia ser no meu escritório, aonde se deslocaria para o efeito", conta o antigo líder do CDS.
E assim terá sido. Cavaco terá mesmo ido até ao escritório de Freitas do Amaral onde expôs "o seu grande desagrado com a forma como o PSD estava a actuar no governo do Bloco Central, e manifestou sérias preocupações com o rumor de que o PSD (então chefiado por Rui Machete, mas na linha de compromissos eventualmente assumidos antes por Mota Pinto) se estava a preparar para apoiar a candidatura presidencial de Mário Soares, então Primeiro-Ministro".
Cavaco manifestou o seu apoio a uma candidatura de Freitas do Amaral e terá, segundo o autor do livro, dito ainda que "independentemente do que se passar no próximo Congresso do PSD, quero-lhe dizer que, se avançar, terá o meu apoio (e também o do engº Eurico de Melo, que me pediu para lho transmitir). E quero que saiba que, se o PSD não o apoiar, eu serei seu apoiante nas eleições presidenciais, sejam quais forem as consequências disso para mim".
E concluiu assim Freitas do Amaral: "Gestos destes não se esquecem".
Quem não se lembra desta história parece ser o próprio Cavaco Silva que, na página 63 da sua autobiografia de Fevereiro de 2002, contou-nos apenas o seguinte: "No fim de Abril de 1985, antes do Congresso da Figueira da Foz, Diogo Freitas do Amaral, que tinha saído do CDS, apresentou a sua candidatura à Presidência da República. Comunicou-me antecipadamente a sua decisão durante um almoço no Hotel Sheraton e eu exprimi-lhe a minha simpatia".
Nota para os mais novos: O Governo de Portugal, neste ano de 1985, era encabeçado, desde o Verão de 1983, pelo Primeiro-Ministro Mário Soares, secretário-geral do PS e que estava coligado com o PSD, cujo presidente e ministro da Defesa, era Rui Machete, visto que Mota Pinto, o anterior líder social-democrata, e igualmente ministro da Defesa desde o início desta coligação (conhecida então como Bloco Central), se demitiu das suas funções em Fevereiro desse ano de 1985. Em Abril, altura em que Freitas do Amaral e Cavaco Silva têm estas conversas, estava marcado um congresso do PSD para a Figueira da Foz, que iria ter lugar entre 17 e 19 Maio. Freitas do Amaral anunciou a sua candidatura a 26 de Abril. Doze dias depois, o antigo líder do PSD e antigo ministro da Defesa, Mota Pinto, faleceu de ataque de coração e, dez dias depois, Cavaco Silva pegou no seu novo Citroën e foi fazer a rodagem do carro até à Figueira da Foz onde seria "inesperadamente" eleito presidente do PSD.
20031204
Jornalismo III
Hoje fiquei ainda a saber que há jornalistas que não têm tempo para lerem livros onde podem descobrir notícias que os seus leitores muito provavelmente iriam gostar de saber. Mas, como eu não entendo nada de jornalismo, quem sou eu para dizer estas coisas?!
Jornalismo II
Hoje também é possível que os jornalistas portugueses escrevam sobre o envio de soldados portugueses para o Iraque e sobre a ida do socialista José Lamego para Bagdad, sem informarem os leitores que um inquérito parlamentar na Assembleia da República sobre os negócios ilegais de tráfico de armas no quadro do escândalo "Irangate", apesar de ter sido aprovado a 31 de Março de 1987, nunca chegou a funcionar.
E isso ocorreu porque, três dias depois de ter sido aprovado, o governo minoritário de Cavaco Silva caiu com a célebre moção de censura do PRD, pelo que Mário Soares - o então Presidente da República que iria ser investigado nesse inquérito em relação aos anos de 1983-1985, altura em que foi o primeiro-ministro do governo PS/PSD, o chamado "Bloco Central" -, convocou eleições antecipadas. Cavaco Silva ganhou então a sua primeira maioria absoluta e o inquérito ao "Irangate" caiu no esquecimento.
Conclusão: EU É QUE CONTINUO A NÃO ENTENDAR NADA DE JORNALISMO. DEVO ESTAR NA PROFISSÃO ERRADA...
E isso ocorreu porque, três dias depois de ter sido aprovado, o governo minoritário de Cavaco Silva caiu com a célebre moção de censura do PRD, pelo que Mário Soares - o então Presidente da República que iria ser investigado nesse inquérito em relação aos anos de 1983-1985, altura em que foi o primeiro-ministro do governo PS/PSD, o chamado "Bloco Central" -, convocou eleições antecipadas. Cavaco Silva ganhou então a sua primeira maioria absoluta e o inquérito ao "Irangate" caiu no esquecimento.
Conclusão: EU É QUE CONTINUO A NÃO ENTENDAR NADA DE JORNALISMO. DEVO ESTAR NA PROFISSÃO ERRADA...
Jornalismo
Hoje, é possível que os jornalistas escrevam sobre Camarate sem informarem aos leitores que Cavaco Silva, então ministro das Finanças, foi o último membro do governo a ter estado presente na última reunião de Sá Carneiro e Amaro da Costa em S. Bento. Uma reunião com todo o "staff" militar da época para discutir o orçamento das Forças Armadas, antes do célebre último almoço do primeiro-ministro no restaurante "Tavares".
E, aliás, até foi o próprio Cavaco quem contou isso na autobiografia de Fevereiro de 2002.
Conclusão: EU É QUE NÃO ENTENDO NADA DE JORNALISMO.
E, aliás, até foi o próprio Cavaco quem contou isso na autobiografia de Fevereiro de 2002.
Conclusão: EU É QUE NÃO ENTENDO NADA DE JORNALISMO.
20031203
Imaginem...
... como seria hoje o mundo se John Lennon não tivesse sido assassinado. Para ajudar a ter uma ideia do que lhe aconteceu, fica aqui uma Banda Desenhada com vários "links".
Livrarias
Nas livrarias a que temos direito em Portugal, para poderem comprar o meu livro (pelo menos em algumas delas que visitei pessoalmente) é preciso procurar. Mas, não nas novidades, como seria lógico... Ontem, por exemplo, na Bertrand das Picoas, o meu livro estava por debaixo da secção de Economia e Gestão, apesar de estar catalogado como jornalismo.
Em alternativa, para não se cansarem, perguntem directamente ao vendedor.
Em alternativa, para não se cansarem, perguntem directamente ao vendedor.