20101226

Incêndio em Lisboa

20101224

Salvé Luz de Belém que nasceste para o nosso bem!

20101220

Feliz 2011

Mais um ano em que aqui estivemos, vagabundos nesta nave espacial a viajar no limbo, em busca da nossa quimera. Razão tem o tipo na rádio ao dizer que nem sempre conseguimos o que queremos, mas, às vezes, se tentarmos, até que podemos obter o que necessitávamos... Por isso, Feliz 2011...

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20101214

Dias antes...

20101213

Vejam só este belo exemplo...

O diário espanhol "El País", publicou hoje nas páginas de abertura (2 e 3) um artigo sobre o telegrama diplomático norte-americano que refere a ligação do BCP ao Irão...



O artigo do "El País" citou então a seguinte informação que consta daquela comunicação diplomática dos EUA: "Early last year, the Iranian Embassy in Lisbon contacted Ferreira, who had previous contact with that embassy while serving as Chairman of the Board of Directors of Oeiras Foundation (1987-1989), a state entity that he says sold munitions to Iran more than 20 years ago"...



O jornalista espanhol do "El País" que assina o artigo, Francesc Relea, fez depois a "recolocação de factos" e informou os seus leitores que "el detalle no puede pasar desapercibido si se tiene en cuenta que la venta de armas lusas a Irán, antes y durante la guerra de aquel país islámico contra Irak (1980-88), levantó durante años gran polvareda en Portugal y sigue siendo un asunto con abundantes interrogantes. El hilo de aquellos suministros militares llega hasta la muerte del ex primer ministro portugués Francisco Sá Carneiro, el 4 de diciembre de 1980, conocida como el caso Camarate".
Comparem este artigo espanhol com o que escreveram sobre o mesmo assunto os jornalistas do "Público" e do "DN". Digam-me agora se ainda acham que vivem num país onde os jornalistas fazem o seu trabalho ou se, pelo contrário, estão a esconder debaixo do tapete a nossa História recente...

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20101212

Carta a um/a jovem jornalista nascido/a depois do dia 4 de Dezembro de 1980

Caro/a jovem jornalista,

Escrevo-te a ti, que tens 30/20 anos e ilusões sobre o jornalismo. Sou um pouco mais velho do que tu, pois nasci dois anos antes daquela outra data de que muito ouviste falar, o 25 de Abril de 1974. Se fores como eu era, as datas podem não te dizer nada, nem compreendes a importância das mesmas para os dias de hoje, já de si tão complicados com o desemprego, crise financeira mundial, guerras e perigos de doenças invisíveis.
Certamente que ouviste falar, há dias, da criação de uma nona comissão de inquérito parlamentar a um caso que aconteceu numa localidade por onde, provavelmente, nunca passaste e que se chama Camarate. Ouviste falar de um antigo primeiro-ministro, Sá Carneiro, sobre o qual muito se escreveu ultimamente. E ainda de um dirigente do CDS, Amaro da Costa, que citam como sendo um político exemplar. No entanto, nada conheces ou nada viste de concreto que pudesse fazer parte da tua História ou do teu futuro. Então, para quê perder tempo com o assunto? Para quê gastar dinheiro na Assembleia da República a investigar um caso com 30 anos, quando há tantos problemas mais imediatos e bem graves?
Não vou falar sobre os políticos que querem investigar o caso de Camarate ou qual o seu objectivo. Prefiro contar-te o que os jornalistas não fizeram nestes últimos 30 anos e como isso atrasou este País.
Quando caiu o avião em Camarate, especulou-se que teria sido atentado, mas as evidências apontavam para acidente, devido às más condições técnicas do aparelho: falta de gasolina num dos motores no momento da descolagem, perda de energia no avião e pouca experiência dos pilotos – que não conseguiram controlar o aparelho, acabando este por cair na zona de Camarate, mesmo à saída do aeroporto de Lisboa. Foi graças à insistência de um jornalista/caricaturista do semanário “O Diabo”, Augusto Cid – amigo de um dos pilotos –, que o caso não se ficou pela versão oficial do acidente. Para ele, havia um indício que apontava algo mais complicado: os corpos das vítimas não apresentavam fracturas, significando isto que estavam mortos ou sem sentidos no momento do impacto. A tese de atentado ganhava terreno e outros se juntaram a Cid. Ao longo destes anos, criaram-se várias comissões na Assembleia da República, ao mesmo tempo que a Polícia Judiciária investigava o caso. Ao fim de 15 anos, a Justiça mandou encerrar a investigação, pois já passara o tempo legal em Portugal para condenar eventuais culpados – 15 anos. Há países onde o crime de assassinato não prescreve, mas esse não é caso de Portugal. Isso foi há 15 anos, em 1995. Nessa altura, ainda era um jovem jornalista a começar a carreira e confiava nas investigações que, antes de mim, outros jornalistas – que eu admirava – teriam feito. Para mim, o jornalismo é uma espécie de sacerdócio da busca pela verdade, ou por uma aproximação à mesma. Não quis ser advogado, pois não acredito em apenas uma versão da verdade. Não quis ser juiz, pois não devo julgar sobre o que é ou não a verdade – e ainda hoje não compreendo como há seres humanos que acham que o conseguem fazer. Não fui detective policial, pois gosto pouco de segredos e tenho imensas dificuldades em os guardar. Queria contar histórias. A história de Camarate, infelizmente, é uma que não queria ter de contar, mas fui obrigado a tal. Digo-te infelizmente, pois chegou uma altura da minha vida profissional em que descobri que, mais do que jogos políticos, Camarate é um exemplo da total incompetência e irresponsabilidade jornalística nacional que, ainda hoje, se verifica. Sou adepto de uma coisa que se chama “jornalismo científico”, ou seja, colocar questões. Questões lógicas. De investigação. E, julgava eu, no início da minha profissão, que outros as tinham colocado antes de mim. Penso que deves pensar de igual forma. Que tens a confiança de que, até hoje, sempre foi assim e que tu também poderás agarrar e dar seguimento a essa responsabilidade. Mas, descobri mais tarde, não foi bem assim que as coisas se passaram. E dessa descoberta nasceu um livro que publiquei, em Novembro de 2003, intitulado “Eu Sei Que Você Sabe – Manual de Instruções para Teorias da Conspiração”. Está lá tudo que precisas de saber. A sério. O problema é que o livro está fora de circulação e não o deves conseguir encontrar nas livrarias. No entanto, vou-te contar o essencial nesta carta.
Os jornalistas mais velhos são hoje comentadores muito bem pagos em televisões e jornais, mas não citam aquela obra. Aliás, esperam que um dia nunca venhas a conhecê-la. Apostam em manter-te na ignorância, pois se descobrisses a fraude que eles sempre foram, deixarias de os respeitar e de comprar os livros de ficção que editam e vendem aos montes graças à exposição pública que conseguem – numa justa paga por te manterem no escuro da tua própria História.
Caro/a jovem jornalista, tenho amigos que dizem que sou o último jornalista em Portugal. Repara que não dizem que sou o “melhor”, pois isso implicaria existirem outros com quem me compararem. Não. Dizem-me que sou o “único”. A afirmação não me deixa contente. Na realidade, deixa-me triste, pois não quero, nem sei, nem consigo conceber a ideia de que sou o único a denunciar o que denunciei. Mas, sabes, a realidade dos factos comprova-o: até ao momento fui mesmo o único.
E o que denunciei? Nada de especial. Nada que não se pudesse saber numa investigação jornalística séria cinco minutos após a queda do avião em Camarate – faço aqui uma pequena ressalva: Augusto Cid, que sofreu pressões profissionais por causa da defesa da tese do atentado, não deve ser colocado no mesmo saco daqueles jornalistas incompetentes. Ele focou a sua energia na questão técnica sobre o que se teria passado ao avião. Queria limpar a imagem do amigo piloto, que muitos davam como o culpado da tragédia. Ficou, isso sim, sozinho na questão sobre o que estaria por detrás dos motivos do atentado. Ainda andou lá perto, mas os outros jornalistas falharam por completo a missão de informar.
Em 2000, estava eu na redacção do semanário “Tal&Qual”, no segundo andar de um prédio com o número 5 na porta, na Avenida 5 de Outubro – que, presumo, deve ser o de 1910 e não o de 1143… Através de uma troca de correspondência, via e-mail, com uma senhora na Califórnia, que nunca conheci pessoalmente, mas que me disseram que trabalhara com o realizador Oliver Stone, em 1989, no filme “JFK”, perguntei-lhe se alguma vez ouvira falar no nosso caso de Camarate. Disse-me que não e quis saber quando acontecera. Respondi com a data que todos conhecemos: 4 de Dezembro de 1980. Assim que viu a data, essa senhora mandou-me duas palavras que, de repente, passaram a fazer todo o sentido quando percebi o significado da mesma: “October Surprise”. Também tu, caro/a jovem jornalista – que tenho em boa conta – saberás perceber. A 4 de Novembro de 1980, um mês antes de Camarate, houve eleições nos EUA. O então presidente Jimmy Carter tentava ser reeleito, mas enfrentava uma grave crise política que o prejudicava nas sondagens, pois havia 52 diplomatas norte-americanos detidos no Irão, no seguimento de um assalto à embaixada que tivera lugar no dia 4 de Novembro de 1979 - exactamente um ano antes das eleições. Significa isto que, durante todo o ano de 1980, houve negociações para a libertação dos reféns norte-americanos em Teerão. Houve ainda uma tentativa frustrada de resgate dos mesmos numa acção militar – em Abril de 1980. E havia um embargo de armas ao Irão. Em Setembro de 1980, no dia 22, começou a guerra Irão-Iraque. O Irão precisava de armas e munições. Como o exército iraniano tinha armas de origem norte-americana – visto que o Xá do Irão fora um aliado dos EUA até ter sido deposto em Fevereiro de 1979 -, o único mercado onde se poderia abastecer era o dos “States” e aliados da NATO – Portugal incluído.
A expressão “October Surprise” é uma frase política muito vulgar nos EUA. As eleições presidenciais têm sempre lugar na primeira terça-feira de Novembro, de quatro em quatro anos. Sendo assim, uma surpresa política que aconteça em Outubro poderá mudar a intenção de voto e beneficiar ou prejudicar um candidato. Jimmy Carter era o candidato pelo partido Democrata e presidente em exercício. Raramente um presidente em exercício perderia uma reeleição, mas do lado do partido Republicano havia dois candidatos – a presidente e vice-presidente – que estavam convencidos que iriam conseguir derrotar Carter. Um era Ronald Reagan, ex-actor e ex-governador da Califórnia, e George Bush, multimilionário texano e antigo chefe da CIA – despedido precisamente por Carter, quatro anos antes.
Ainda hoje não se sabe nos EUA se emissários da candidatura Republicana tiveram ou não um encontro secreto, em Paris, no fim-de-semana de 18 e 19 de Outubro de 1980, para combinarem um dos mais sinistros negócios dos tempos modernos: o regime do Irão iria receber as armas que precisava para combater os iraquianos desde que se comprometesse a não libertar os reféns antes do dia 4 de Novembro de 1980, impossibilitando assim a reeleição de Jimmy Carter e permitindo a chegada à Casa Branca de um actor de filmes de “cow-boys” e de um ex-chefe da CIA. Caso este negócio viesse a ser descoberto, os seus responsáveis norte-americanos seriam presos por traição. E suspeita-se que George Bush – pai do presidente que conheceste agora entre 2001 e 2008 – seria um desses traidores dos EUA.
Acontece, caro/a jovem jornalista, que, em Novembro de 1980, dias antes de Camarate houve um jornal – “Portugal Hoje” -, ligado ao Partido Socialista que alertou para o facto de que havia rumores de que Portugal andava a vender material de guerra ao Irão, furando assim o embargo. O semanário “Expresso”, então dirigido por Marcelo Rebelo de Sousa, desmentiu a informação dias depois e disse que o material fora vendido ao Iraque – país sobre o qual não havia embargo. Ora, se passados uns dias morrem o primeiro-ministro e o ministro da Defesa em circunstâncias estranhas, por que razão nenhum jornalista foi capaz de escrever que tal poderia estar relacionado com a venda de material de guerra ao Irão? E por que não foram investigar essa pista? Afinal, por que não fizeram o “jornalismo científico”? E por que continuam hoje muitos deles a dizer que não há nada para investigar? Tiveram medo? É legítimo ter medo. Eu não sou corajoso, sou apenas irresponsável – ainda acredito em fadas…
A investigação que fiz em 2003 permitiu descobrir que, em 1987, houve uma grande cobertura de toda esta investigação e isso conduziu à primeira maioria absoluta de Cavaco Silva, o actual Presidente da República e o último ministro a ter estado reunido com as duas vítimas de Camarate. Essa cobertura foi o fim de uma comissão de inquérito parlamentar que iria investigar o papel de Portugal num esquema de venda de armas para o Irão durante a administração Reagan - e que ficou então conhecido como caso “Irangate” ou "Iran-Contra". Enquanto que nos EUA se discutia se o caso de venda de armas para o Irão só começara em 1982, a pista portuguesa poderia levar o caso para Outubro de 1980. No entanto, a Assembleia da República foi dissolvida pelo Presidente da República Mário Soares e o inquérito, aprovado dias antes, nunca chegou a funcionar. A legislatura seguinte, dominada pela primeira maioria absoluta do partido de Cavaco Silva, nunca quis investigar o caso. Foi só em 2004, um ano depois de o meu livro ter sido publicado, que a oitava comissão de inquérito de Camarate, liderada por uma pessoa que respeito imenso - Nuno Melo -, descobriu que Portugal andava mesmo a vender armas ao Irão em 1980 e que o ministro da Defesa quis investigar o caso. Foram 30 anos da minha vida jornalística desperdiçados com essa revelação. Não cabia a mim ter sido o responsável por ter dito isso um ano antes. Esse teria sido o trabalho da geração anterior a mim. Foram esses que me falharam.
Eu não quero falhar-te, caro/a jovem jornalista. Agora que vão andar a investigar mais coisas daqueles tempos, quero garantir-te que há muitos livros publicados fora de Portugal com toda a informação sobre o assunto e que ninguém nos diz. Podes encontrar alguns desses títulos nas lombadas exposta na minha biblioteca. Não é preciso ir muito longe, portanto. Os jornalistas que ainda existem por aí – não quero ser o único -, podem ir fazer buscas na Internet e comprar livros “on-line”. Não é preciso ir ao estrangeiro, como nos anos 80.
Vou estar atento ao que se vai dizer, agora que parece que querem desenterrar esta história, como se fosse uma grande novidade. Não sei ainda o que se pretende esconder. Quando souber, digo-te. Para já, deixo-te esta carta, para que, daqui em diante, possas perceber o que se passou e como isso afecta o teu futuro, pois são os mesmos de 1980 – e seus filhos e empregados - que ainda mandam no mundo de hoje. No teu mundo. No nosso mundo.

Do teu,

Frederico Duarte Carvalho

P.S. Tens ainda muita informação sobre esta história num blogue que criei em 2005 e que se chama O Fim da Democracia.

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Arrepiante

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20101208

Queremos alguma verdade

I gonna make a new brand start of it

A caso Assange



Nesta história tenho uma convicção: acho que os EUA deveriam também processar Assange pelas mesmas acusações das duas suecas...

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20101207

Contigo no Prater...

20101206

Agora n'O Diabo...

República das Conspirações - VI

20101202

O teu primeiro ano em Moscovo

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