Algumas perguntas ao "O Diabo"
Sendo este semanário uma publicação dita "independente" e com um historial democrático único na história da Imprensa nacional - que outro jornal agarrou de forma tão séria a questão de "Camarate" e contribuiu decisivamente para que o caso não caísse no esquecimento? - queria, à luz desse passado, deixar aqui algumas questões:
1 - Quando se diz que o Clube Bilderberg "não é secreto" - e, neste caso, tem toda a razão, pois o que é secreto é o que não se sabe que existe. Seria o mesmo que dizer que o SIS são os serviços secretos de Portugal quando toda a gente sabe que o SIS existe, logo, não pode ser um serviço secreto -, acrescenta que "as suas reuniões e a sua agenda são divulgados com abundância na Comunicação Social". A minha pergunta é: qual foi a Comunicação Social que "divulgou" com "abundância" as últimas reuniões? Consegue quantificar quantos órgãos noticiaram a agenda das últimas reuniões? Já agora, algum deles calhou ser, por exemplo, um canal de televisão? Pública ou privada?
2 - "E relatos pormenorizados do que lá se passa são anualmente publicados por jornalistas convidados para assistir"? Ah, sim? Mostre-me um artigo publicado por um jornalista que lá tenha estado a assistir. Basta um.
3 - "O Clube nada decide politicamente". Como sabe? Já esteve em alguma reunião? Então o que vão lá fazer os políticos? Turismo?
4 - "É, isso sim, um poderoso 'lobby' onde banqueiros e financeiros vão comunicar o que lhe convinha para o próximo ano, envolvendo à mistura uma dúzia de políticos e barões da Imprensa, para ouçam o que é preciso ouvirem". Então, acha democrático que políticos eleitos para cargos públicos aceitem convites de grande agentes financeiros para "ouvirem" o que estes têm para dizer em reuniões fechadas e longe de qualquer escrutínio público? Se sim, então libertem já Manuel Godinho, pois esse só ofereceu robalos e canetas de luxo. Não ofereceu empregos a políticos nem garantiu a "Boa Imprensa" necessária para os eleger.
5 - "Quanto a Rangel, já se viu o enorme 'poder oculto' de Bilderberg. Passos, o vencedor, é que nunca lá pôs os pés". Luís Filipe Meneses também já foi líder do PSD sem nunca ter ido a Bilderberg, mas não chegou a primeiro-ministro. Rangel ainda não foi à reunião deste ano. Quando for, logo veremos o que vai acontecer no país. Entretanto, tenho quase a certeza que a próxima reunião e a agenda da mesma vai ser "abundantemente" divulgada no semanário "O Diabo".
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