20110225
20110224
Carta aberta a Lumena Raposo, jornalista do "DN", que assinou o artigo "MINISTRO EM FUGA ACUSA KADHAFI DE AUTORIA DO ATENTADO DE LOCKERBIE"
Cara Lumena Raposo,
Não sei em circunstâncias escreveste este artigo "MINISTRO EM FUGA ACUSA KADHAFI DE AUTORIA DO ATENTADO DE LOCKERBIE"...
Sei, no entanto, que os jornais diários têm prazos apertados de fecho e não há muito tempo para analisar e questionar as histórias que nos chegam através das agências noticiosas. Na realidade, nada foi acrescentado a uma informação que, eu próprio, coloquei ontem no meu "Twitter" por volta das 20 horas com o comentário: "Será?". Hoje, ao ler o teu artigo, fiquei a saber o mesmo que já sabia ontem. Para mim, os jornais já não servem para dar novidades (há agora a TV, rádio e Internet), mas sim para "explicar" ou "contextualizar". Ou seja, cara Lumena, o que eu acho que deveria ter sido dito ao leitores do "DN" que compraram o jornal impresso - ou aqueles que pagam a assinatura para o lerem no Ipad - teria sido o seguinte:
A questão da autoria do atentado de Lockerbie ainda hoje continua a suscitar dúvidas. Os familiares das vítimas destacam o facto de que a bomba teria utilizado uma rota de tráfico de droga oriunda do Líbano - e não da Líbia -, havendo ainda indícios de que resultou de uma "encomenda" das autoridades iranianas - em retaliação ao derrube de um avião comercial iraniano com peregrinos para Meca por um míssil disparado desde um navio de guerra norte-americano. Defendem ainda que, mais tarde, durante a Guerra do Golfo, Bush-pai negociou com países árabes o apoio à intervenção contra o Iraque e, em consequência, as culpas foram atribuídas aos líbios. Kadhafi, que sempre se disse inocente, aceitou pagar às famílias e foi assim que passou a receber líderes europeus na sua tenda no deserto. Um ministro em fuga - aí sim, estiveste bem ao frisar esse facto no título -, não será, neste momento de instabilidade na Líbia, a fonte mais segura. Aguarda-se, portanto, a apresentação das provas para ver até que ponto estas terão dados substanciais. Até lá, este género de notícias apenas indiciam uma tentativa de formar a opinião pública menos atenta e mais desinformada para justificar uma possível intervenção dos EUA na Líbia.
E pronto.
Abraço
Frederico
Não sei em circunstâncias escreveste este artigo "MINISTRO EM FUGA ACUSA KADHAFI DE AUTORIA DO ATENTADO DE LOCKERBIE"...
Sei, no entanto, que os jornais diários têm prazos apertados de fecho e não há muito tempo para analisar e questionar as histórias que nos chegam através das agências noticiosas. Na realidade, nada foi acrescentado a uma informação que, eu próprio, coloquei ontem no meu "Twitter" por volta das 20 horas com o comentário: "Será?". Hoje, ao ler o teu artigo, fiquei a saber o mesmo que já sabia ontem. Para mim, os jornais já não servem para dar novidades (há agora a TV, rádio e Internet), mas sim para "explicar" ou "contextualizar". Ou seja, cara Lumena, o que eu acho que deveria ter sido dito ao leitores do "DN" que compraram o jornal impresso - ou aqueles que pagam a assinatura para o lerem no Ipad - teria sido o seguinte:
A questão da autoria do atentado de Lockerbie ainda hoje continua a suscitar dúvidas. Os familiares das vítimas destacam o facto de que a bomba teria utilizado uma rota de tráfico de droga oriunda do Líbano - e não da Líbia -, havendo ainda indícios de que resultou de uma "encomenda" das autoridades iranianas - em retaliação ao derrube de um avião comercial iraniano com peregrinos para Meca por um míssil disparado desde um navio de guerra norte-americano. Defendem ainda que, mais tarde, durante a Guerra do Golfo, Bush-pai negociou com países árabes o apoio à intervenção contra o Iraque e, em consequência, as culpas foram atribuídas aos líbios. Kadhafi, que sempre se disse inocente, aceitou pagar às famílias e foi assim que passou a receber líderes europeus na sua tenda no deserto. Um ministro em fuga - aí sim, estiveste bem ao frisar esse facto no título -, não será, neste momento de instabilidade na Líbia, a fonte mais segura. Aguarda-se, portanto, a apresentação das provas para ver até que ponto estas terão dados substanciais. Até lá, este género de notícias apenas indiciam uma tentativa de formar a opinião pública menos atenta e mais desinformada para justificar uma possível intervenção dos EUA na Líbia.
E pronto.
Abraço
Frederico
Etiquetas: "DN", al-Megrahi, Kadhafi, Lockerbie
20110223
Porque hoy és 23-F
Evocam-se hoje em Espanha os 30 anos da tentativa de golpe de Estado de Tejero Molina, conhecido desde então como o "23-F"...
E que terminou com "o discurso do rei"...
E, 30 anos volvidos, a história é outra...
Note-se ainda que, no domingo passado, o diário "El Mundo" fez uma edição especial com reportagens em BD. Um trabalho bastante eficaz para explicar o que esteve em causa há 30 anos...
E, já agora, é de salientar a referência à "pista portuguesa"... Há sempre uma...
E que terminou com "o discurso do rei"...
E, 30 anos volvidos, a história é outra...
Note-se ainda que, no domingo passado, o diário "El Mundo" fez uma edição especial com reportagens em BD. Um trabalho bastante eficaz para explicar o que esteve em causa há 30 anos...
E, já agora, é de salientar a referência à "pista portuguesa"... Há sempre uma...
Etiquetas: 1981, 23-F, 30 anos, memória, Tejero Molina
20110222
20110220
20110215
Johnny, já a bebeste toda?
Diz a história que quando o actor Johnny Depp esteve em Sintra para as filmagens de "A Nona Porta", ficou famosa a sua ida à loja de Vinho do Porto...
Uma das garrafas que levou consigo era um Quinta do Noval. Ano de colheita: 1963, por coincidência, é o ano em que Depp nasceu. Essa garrafa, dita um dos melhores vinhos do Porto, custa actualmente 4.000 euros. Quando estiver com ele tenho de lhe perguntar se já a bebeu toda...
Uma das garrafas que levou consigo era um Quinta do Noval. Ano de colheita: 1963, por coincidência, é o ano em que Depp nasceu. Essa garrafa, dita um dos melhores vinhos do Porto, custa actualmente 4.000 euros. Quando estiver com ele tenho de lhe perguntar se já a bebeu toda...
20110208
20110206
A revolução é dos parvos
Desde pequenino que fui habituado a não contestar o sistema. Afinal, para quê? Tínhamos tudo: televisão, carro, comida, liberdade de expressão, um primeiro-ministro democraticamente eleito, um Presidente da República que era "fixe" e os americanos eram nossos amigos e protegiam-nos dos russos. Em 1989, caiu o muro de Berlim e o mundo parecia que ia ficar ainda melhor, pois os meninos russos também iriam passar a ter tudo aquilo que nós já tínhamos: televisão, carro, comida, liberdade de expressão, um primeiro-ministro democraticamente eleito e um Presidente da República igualmente "fixe". E os americanos não iriam mandar fazer mais filmes do Rocky como aquele em que ele batia no russo mau. Nessa altura, andava a fazer fanzines de BD e era feliz. Tirava as fotocópias no escritório do meu pai e depois de os agrafar e dobrar, colocava-os à venda nas mais conhecidas livrarias do Porto. Às vezes, recebia encomendas de Lisboa. Nunca me esqueci da primeira morada lisboeta para onde mandei um exemplar do fanzine: Calçada dos Mestres e, anos mais tarde, por coincidência, fui morar para lá. Diziam então que a História tinha chegado ao fim e não iria haver mais guerras no mundo. Durou pouco tempo, pois os senhores mais velhos arranjaram uma guerra no Iraque, por causa de uma coisa qualquer no Koweit. Aquilo acabou com a vitória dos americanos, mas o pior era a gaivota presa no crude que os senhores da Benetton puseram na capa da revista que fui comprar à loja de Santa Catarina. O mundo começou a ficar mais complicado: a televisão passou a ter mais de 100 canais e assim não há vontade de ver um sequer. Os carros passaram a dominar as cidades e a gasolina é mais cara. A comida está mais cara e, por vezes, não comemos o que queremos. Dizem que continua a haver liberdade de expressão, mas vemos cada vez menos a expressão dessa liberdade, pois o semanário onde trabalhei durante quase dez anos, fechou. O primeiro-ministro é democraticamente eleito, mas a abstenção aumentou e os pequenos partidos ficam de fora do sistema. O Presidente da República é aquele que era primeiro-ministro. Está no jogo do poder desde 1981 - altura em que era ministro das Finanças - como senhor do Egipto. Dizem agora que somos todos parvos, por andarmos a estudar para sermos escravos, como aqueles que antes ergueram pirâmides - como se hoje os nossos engenheiros soubesse erguer pirâmides como aquelas do Príncipe do Egipto. Gostaria de dizer a quem sonha que é possível mudar o sistema e melhorar a nossa vida, gostaria de deixar uma mensagem de esperança. A minha esperança são aqueles que nasceram depois de 1989, os tais para quem já é uma sorte poderem estagiar. Guiem-nos, revoltem-se - com ou sem violência, de preferência sem (não caiam nessa armadilha), mas apareçam com ideias e propostas. Não se fiem nas "redes sociais", pois essas não tocam nas pessoas - antes pelo contrário. A revolução faz-se na rua, não será televisonada... Estarei lá para ajudar com a expiação dos meus erros, com a experiência daquilo que me custou a perder. Para que, juntos, ganhemos.
20110203
Para Maria
Dormi numa noite do Verão passado no mesmo hotel em Barcelona onde também esteve alojado aquele jornalista que por lá conheceste. Eras a mesma que tinha visto há anos, num último tango em Paris, com aquele americano. Ficaste depois abandonada, junto à praça de touros, enquanto matavam o repórter na cama, naqueles oito minutos de cinema de génio. Também sei que estiveste no bunker hotel palácio com o Bilal... Até sempre, Maria.
20110201
Uma BD de 1990
Encontrei no meio dos papéis esta BD que fiz, em 1990, com o João Cabrita...
Etiquetas: BD, João Cabrita