20031031

Contratos no pós-guerra

U.S. Contractors Reap the Windfalls of Postwar Reconstruction
(WASHINGTON, October 30, 2003) - More than 70 American companies and
individuals have won up to $8 billion in contracts for work in postwar
Iraq and Afghanistan over the last two years, according to a new study
by the Center for Public Integrity. Those companies contributed more
money to the presidential campaign of George W. Bush -- more than
$500,000 -- than to any other politician over the last dozen years, the
Center found.

Para mais informações ver aqui.

20031030

Ainda Lima

Soube agora que os meus camaradas no "Jornal de Notícias" também votaram contra a nomeação de Fernando Lima para o "DN". E a Alta Autoridade para a Comunicação Social também já se manifestou contra.
Agora eu pergunto: Que "crime" cometeu Lima? Ele acaso serviu algum ditador fascista? Fernando Lima trabalhou com um governante que foi eleito pelo povo português com duas maiorias absolutas, até hoje únicas na história da nossa jovem democracia.
Goste-se ou não do professor Cavaco, foi ele quem o povo então escolheu como a melhor solução para Portugal. E não há drama nenhum na democracia, pois o PS também "reinou" nos anos seguintes. Como aliás mandam as regras da democracia...
Então porque querem "sanear" um ser humano ainda antes dele poder demonstrar o que vale como profissional de muitos anos?
Tudo isto que eu vejo é apenas uma "guerra preventiva" contra um homem público.
Mais nada.

História matemática

O presidente Kennedy foi assassinado há 40 anos. Em Novembro de 1963. Quer isto dizer que, há 20 anos, fazia 20 anos que ele tinha sido assassinado. Agora, o canal ABC reconstruiu o crime de Dallas e confirma as conclusões da Comissão Warren. Na comissão Warren, estava então Gerald Ford, o homem que depois veio a ser presidente dos EUA, após a demissão de Nixon, em 1974. Isso foi há quase 30 anos. E há 20 anos, isso ainda só se tinha passado há 10 anos, o que significa que, cinco anos antes, em 1979, ainda só se tinham passado cinco anitos. Complicado? Aqueles que entenderam, entendem-me.

Agora que se fala tanto do Iraque

Lembro que existe uma fronteira entre a China comunista e o vizinho Afeganistão (agora ocupado pela tropas norte-americanas como retaliação ao 11 de Setembro). Pergunto-me que tipo de comércio se realizará naquela zona do globo...

Now that we all talk about Irak
I remember that red China and american-controlled Afganistan share a border. I ask myself what kind of trade will be made on that region of the globe...

20031028

Limar o "Diário de Notí­cias"

Isto da polémica sobre a nomeação de Fernando Lima para director do "Diário de Notí­cias" levou-me a pensar em várias coisas sobre as relações de isenção entre a política e o jornalismo.
Entendo as críticas dos meus camaradas do "DN", que temem que um antigo assessor de Cavaco Silva e, até há pouco tempo, assessor de Martins da Cruz, possa comprometer a imagem de independência do histórico diário.
Ainda por cima, tratando-se de uma nomeação directa de um ex-assessor, o que levanta ainda mais dúvidas em relação ao rumo que a publicação virá a seguir e que se deseja independente - mas, se ele tivesse passado, sei lá, seis meses no seio da redacção e, só depois viesse a ser apontado director, será que a situação seria vista de uma forma diferente? Mais transparente?
E, será que, por exemplo, o próximo director do "DN" vai entrevistar tantas vezes Mário Soares como fazia o anterior, sem perder a imagem de "independente"?
Não vos parece pior ver um jornalista sair da direcção de um diário e "saltar" para deputado? Lembro, por exemplo, o caso de Vicente Jorge Silva, antigo director do "Público" e actual deputado do PS. Isso não levanta legí­timas dúvidas que se tratou de uma situação resultante da forma como aquele andara a gerir a linha editorial do tal diário?
No caso de Vicente Jorge Silva, se qualquer dúvida de isenção temos a constatar, esta surgiu tarde demais... Quem irá agora escrutinar todos os escritos e tomadas de posição durante a sua carreira jornalí­stica antes de se ter tornado deputado socialista?
No caso do jornalista Fernando Lima, beneficia-se aqui da vantagem de sabermos o que ele sabe. Sabemos quem serviu, pois todos nós vimos isso.
Conhecemos as suas origens, as suas inclinações e amizades políticas. Foi público durante anos...
Homem mais público não deve haver. Jornalista mais exposto, deve ser difícil de arranjar...
Por isso, tudo o que ele fizer e não corresponder às regras jornalísticas de isenção poderá vir a ser julgado pelos seus pares no futuro.
Recomendo ainda neste blogue a leitura de um texto mais abaixo intitulado precisamente "Isenção jornalística".

Parabéns SIC!

"A SIC registou prejuízos de 930 mil euros entre Janeiro e Setembro deste ano, menos 13,2 milhões do que em mesmo período do ano passado", foi ontem anunciado.
Quer isto dizer que a SIC está de parabéns porque tem conseguido recuperar finaceiramente apesar de, no fim de Janeiro deste ano, ter ficado, por exemplo, sem o seu grande apresentador, Carlos Cruz.
Já Jorge Sampaio, quando disse que a Casa Pia tem-se revelado uma "novela judicial", não podia estar mais próximo da verdade, pois está visto que o "Big Brother" da TVI já não agarra tantas audiências...

Prestige. O que não nos dizem?

Graças ao Crítica Lusa vejo que em Espanha também há gente que diz que as televisões não contam tudo. Isto é sobre o petroleiro "Prestige", que afundou perto da costa portuguesa. Lembram-se de como a questão foi então tratada pelo próprio ministro da Defesa? Não parecia que ainda íamos para guerra com os espanhóis? Talvez algumas das "coincidências" que são apresentadas sejam verdadeiramente esclarecedoras.
Gostei daquela do presidente do Corte Inglés, ao melhor estilo de Arnaut!



Isenção jornalí­stica

A propósito do tema da isenção jornalística, recordo aqui isto:
"Sucede que, relativamente àqueles que pensam não estar nas boas graças do 'Expresso' (ou de Balsemão, ou de mim próprio), tenho uma exigência acrescida de isenção. Pertenço à categoria de pessoas que, se fossem árbitros, prejudicariam por excesso de escrúpulos a equipa de que são adeptos".
José António Saraiva, in "Confissões de um Director de Jornal".

Pensei que, se eu fosse árbitro, então só tinha de cumprir as regras do jogo. Sem olhar às cores. É fácil, desde que se cumpram as regras...
Também sinto que não tenho para comigo nenhuma exigência acrescida de isenção.
Sou isento enquanto jornalista cujo trabalho vem depois reflectido nas páginas que assino e são lidas.
E isso é que é o património do jornalista: o nome que tem.
Nada mais.

20031027

Caramba! Ele sabe bem como se faz...

A entrevista ainda decorre neste momento, mas há pouco ouvi o nosso actual Presidente da República dizer que gostaria de ver o caso da Casa Pia passar para um oitavo lugar nos alinhamentos dos telejornais!...
Caramba!
Este é um presidente bem informado sobre como fazer uma "limpeza" de um caso na Imprensa. Querem ver que os culpados da Casa Pia vão ser mesmo os jornalistas?
Daqui a menos de um mês vai fazer um ano que saiu a primeira notícia sobre a Casa Pia no "Expresso", assinada pela jornalista Felícia Cabrita.
No próximo dia 23 de Novembro de 2003 faz um ano certinho. Agora que Outubro está quase no fim, e no momento em que se aproxima o Verão de S. Martinho, será virão por aí mais "surpresas"? Ou a Casa Pia vai passar, devagarinho, devagarinho, para o oitavo lugar do alinhamento dos telejornais?
Vamos ver no que a "novela" dá...

Ora escutem lá!...

Já começo a estar farto desta história das escutas telefónicas.
Desde já, calcula-se que a capacidade tecnológica de organizar escutas não é da exclusiva responsabilidade das autoridades judiciais mandatas para tal.
Temos de aprender a viver permanentemente com essa possibilidade.
O facto do teor das conversas "pingar" para a opinião pública também não me escandaliza. E tratando-se de políticos, escandaliza-me ainda menos.
Intriga-me muito mais aquilo que, por exemplo, NÃO VIMOS em cada programa do "Big Brother", onde era suposto termos visto tudo... Como dizia a publicidade, que não se quer enganosa.
Se Ferro Rodrigues disse que tinha uma opinião escatológica sobre o segredo de justiça, acho muito bem que isso tenha vindo a público. Um homem político deve ter orgulho em falar como o povo. Mesmo que diga palavrões.
Só que o problema dos políticos é estarem precisamente divorciados do povo. Acham as conversas devem manter-se secretas, quando a causa pública deveria ser causa pública.
Se não houver segredos, nem mesmo os de mera estratégia partidária interna, não seria esta uma sociedade mais livre e mais justa?
Para quê tentar manter conversas com mensagens de código?!
Eu, quando falo ao telefone com as minhas "fontes" (que raio de palavra! A única fonte que me lembro de ter recorrido é a das Sete Bicas, na Senhora da Hora, antes de considerarem a água imprópria para consumo. Penso que ainda hoje isso se mantém...), aviso logo que tudo o que eu digo é para ser divulgado, pois sou jornalista e essa é a minha função.
O que não querem que se saiba, não me digam!
Não sei guardar um segredo!
Sou uma escuta permanente e uma eterna fuga de informação. Apenas, porque sinto que não devo nada a ninguém e acredito que sou livre!
Reconheço, contudo, que também às vezes digo aos meus interlocutores que seria bom que me contassem todos os aspectos da sua história "para eu depois saber o que não devo contar", porém só o peço em situações de contacto pessoal e faço-o na convicção de que poderá ser matéria irrelevante para a história em causa, mas essencial para o entendimento geral das circunstâncias que me levaram a ter de ter conhecimento das informações apresentadas.
No meu mundo perfeito não existem escutas, porque não há segredos.
Se os políticos querem utopia, então que larguem o telemóvel! Em alternativa, gravem as suas conversas e depois vendam-nas em CD's nas feiras que visitam durantes as campanhas eleitorais.
Talvez assim haja mais gente que vote em vocês...
Até lá, quem tem vergonha do que fala ao telefone, só merece mesmo a vergonha.

20031026

Harry Potter para o Panteão!

Assim que vi as primeiras imagens da festa de lançamento da edição portuguesa do mais recente livro do Hary Potter pensei: "Engraçado, o local do lançamento é mesmo parecido com o Panteão nacional..."
Hoje, ao ouvir Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, soube que afinal ERA MESMO O PANTEÃO!!!!...
J.K.Rowlings, já sabemos, é mais rica do que a rainha de Inglaterra. E Portugal, apesar de ser um País que a escritora ainda não visitou desde o início do fenómeno do Harry Potter, tem um papel especial na sua vida: foi no Porto que nasceu a sua filha. Foi no Porto que casou e foi no Porto que se separou do marido em duras circunstâncias que, ainda hoje, deve ser difícil para ela falar e recordar.
Mas, senhores, era preciso "dar-lhe" já o Panteão?!

Artigo 22 e manobras na Casa Branca

Um dos mais recentes DVD's lançados pelo diário "Público" é o "Manobras na Casa Branca" - "Wag the Dog", no original -, realizado por Barry Levinson.
Muitos já devem conhecer a história (onze dias antes das eleições nos EUA, e a meio de um escândalo sexual, os homens do Presidente dos EUA procuram um produtor de filmes de Hollywood para encenar uma guerra falsa para distrair/manipular a opinão pública norte-americana e assim permitir a reeleição do presidente), e sabem que o paí­s escolhido para ser a "ví­tima" da falsa guerra é a Albânia.
Outros mais interessados devem ainda saber que este filme é baseado num romance de 1993, intitulado "American Hero" e escrito por Larry Beinhart. Este nome vem na ficha técnica do DVD e o jornal "Público" cumpriu com a missão informativa ao mencioná-lo no texto de apresentação na semana em que foi lançado o filme.
Mas, o que não nos disseram é que o paí­s original do livro não era a Albânia, mas sim o Koweit, e que toda a trama estava baseada na primeira guerra no Golfo Pérsico do pai Bush contra Saddam Hussein...
No fim do livro "American Hero", Larry Beinhart assina um texto onde lança 39 perguntas, cuja última questão é: "Como é possí­vel que, sendo Saddam um outro Hitler, continuar no poder?"
Este livro de Beinhart foi ainda comparado a uma outra obra literária sobre a guerra: "Catch 22", de Joseph Heller.
Um livro que também foi adaptado em 1970 para o cinema, por Mike Nichols (com as interpretações, entre outros, de Orson Welles, Jon Voight, Anthony Perkins, Martin Sheen e Arthur Garfunkel), e que também tem uma versão em português ("Artigo 22").
E o que é o "Artigo 22"?
No livro de Heller, cuja acção ocorre durante a Segunda Guerra Mundial, no seio de um grupo de aviadores no Mediterrâneo, fica-se a conhecer o que é o "Artigo 22" quando o herói da obra, Yossarian, pergunta ao médico da base militar como pode tirá-lo da lista de missões aéreas. O diálogo é algo que vale a pena conhecer:

"Segundo os regulamentos, devo tirar quem é doido", responde o médico.
"Eu sou! Pergunte a quem quiser! Todos lhe dirão que sou doido", afirma Yossarian.
"Isso é porque eles são doidos!"
"Então tire-os da escala de serviço!"
"Não posso. Porque é que não o pedem?..."
"Porque são doidos! É por isso!"
"Claro que são doidos. Não posso deixar que os doidos decidam se você é doido ou não."
"O Orr é doido?", pergunta Yossarian, referindo-se a um outro companheiro aviador.
"Claro que é. Ele tem que ser, escapa sempre por um triz e continua a voar", concorda o médico.
"Então porque não lhe dá baixa?"
"Não posso. Tem de ser ele a pedir!"
"É só isso que ele tem de fazer?!"
"É."
"Então depois pode dar-lhe a baixa?"
"Não. Depois, depois não posso dar-lha. Há um artigo."
"Um artigo?", pergunta Yossarian já em desespero.
"Sim. O Artigo 22, que diz que todo aquele que quiser ser retirado do combate, não é propriamente doido, por isso não lhe posso dar baixa", explica o médico.
"Deixe lá ver se percebi. Para ter baixa, só se for doido.
E devo ser doido se continuo a voar... Mas, se lhe pedir baixa, quer dizer que já não sou doido e tenho de continuar a voar!"
"É isso! É o Artigo 22"
"É cá um artigo, esse Artigo 22..."
"É o melhor que há!"

20031025

Parar um estádio

Hoje, quando forem inaugurar o novo Estádio da Luz, de certeza que muitos irão recordar os golos que viram no antigo. Eu, por exemplo, nunca vi o Eusébio jogar, mas algumas imagens de arquivo mostram golos de fazer levantar um estádio.
É bonito recordar isto. E tenho a certeza que o novo estádio vai levantar-se muitas vezes com os golos que vão ser marcados a partir de hoje.
Queria, no entanto, recordar uma última coisa.
É pessoal, eu reconheço-o, mas não posso deixar de mencionar um nome que tem vergonhosamente andado afastado das muitas evocações da história do antigo Estádio da Luz. entre muitas histórias em volta desse nome há esta em particular:

Fevereiro de 1978.
Benfica-Sporting.
Um jogador domina a bola com o peito.
Remata.
Golo!
O estádio levanta-se em delírio.
Mas o jogo não continua...

O jogador mandou parar o estádio.

À procura de um brinco.
Era Vítor Baptista.
Já não está entre nós.
O vício humano matou-o.
Culpa dele ou de nós todos?
Não sei.
Não faço juízos de coisas que não entendo.
Sinto apenas que, ao menos hoje, pelo menos hoje, também ele deveria viver esta festa.
Obrigado a todos os que se lembrarem de não o esquecer.

Olá Lenin!

Sim. Vim agora de ver o "Adeus Lenin" e percebi.
Percebi que somos todos "refugiados ocidentais", mas, ao contrário do que a mãe de Alex acreditava, não temos onde nos refugiar...
Somos as tais ratazanas.
Talvez pedir asilo a Cuba... Chegar ali à embaixada cubana, no Restelo, e dizer: "Quero asilar-me em Cuba! Estou farto de viver nesta democracia que não funciona. Prefiro o sistema do partido único, pois nesse ao menos sabemos que somos todos enganados, porém participamos livremente na farsa! É que aqui ainda há quem acredite no que vê na televisão e julga que o povo ordena com o voto e as instituições realmente funcionam de uma forma democrática!"

20031024

Concorde ou talvez não

(Pequena advertência: o texto que se segue não é sobre a última viagem do avião Concorde, não vai falar da Casa Pia, crise no PS, intriga no PSD, Universidade Moderna, Camarate, pedofilia, Paulo Pedroso, Carlos Cruz e Martins da Cruz. Não vai falar do caso das novas revelações sobre a Princesa Diana, nem sequer vai abordar os escritos do livro do arquitecto Saraiva ou a discussão de terça-feira passada, ao vivo, na TVI, entre a Manuela Moura Guedes e Miguel Sousa Tavares. Nem sequer vai falar do professor Marcelo Rebelo de Sousa ou das análises do JPPereira. Não fala ainda de Jorge Sampaio, Souto Moura e Mário Soares e Cavaco Silva. Não fala igualmente de Bill Clinton, Bin Laden, Bush, Blair, Ariel Sharon, Santana Lopes, Fátima Lopes, Teresa Guilherme, Herman José e sei lá mais quem. Não. Vai falar de Norberto Martins, que ninguém conhece, mas ele conhece-nos a todos).

No "Tal&Qual" de hoje está lá uma história minha sobre o senhor Norberto Martins. Este senhor é um taxista de Lisboa, que escreve rimas e quadras em pequenos cadernos nos tempos livres passados dentro do seu táxi.
Por vezes, partilha alguns dos seus ditos com os passageiros, pelo menos com aqueles que têm a paciência de o ouvir. Eu fui uma dessas "vítimas" e fiquei algo sensibilizado com o facto de, na "selva" urbana, haver pequenas pérolas naquelas palavras. Tais como:

Seja alegre e feliz
Pessimismo é doença
Pense tudo o que diz
Não diga tudo que pensa

Depois, há ainda lugar para um pensamento que serve de muito para os "conspirativos" dias de hoje:

"A verdade existe. A mentira inventa-se."

E, se alguém duvida das verdades que Norberto Martins escreve, a sua resposta é elucidativa:

Se alguém duvida da minha afirmação
Estou disposto a provar a cada cidadão

É claro que lhe disse que muitas das coisas que dizia me faziam lembrar o poeta António Aleixo, ao que levei com a seguinte resposta já há muito preparada:

Não me lamento nem me queixo
de tudo o que passei.
Era neto de Aleixo
um senhor que transportei.

Por fim, fica aqui a versão não censurada da diferença entre um taxista e o amante de uma senhora casada (reparem que é DE UMA e não DA senhora casada. O senhor Norberto faz muita questão em falar sempre com alguma razão, para o provar a cada cidadão. Dizer DA mulher casada, poderia, a seu ver, implicar todas as muheres casadas).

A diferença é que o taxista está sempre à espera que o cavalheiro entre. O amante de uma mulher casada está sempre à espera que o cabrão saia!...

O que não entrou no artigo (o senhor Norberto Martins tem mais de 2500 quadras e à volta de 700 pensamentos) foi uma rima que deveria ser seguida por muita gente. Infelizmente, às vezes, eu próprio esqueço-me deste muito importante conselho do taxista poeta de Lisboa:

Quem diz tudo o que sabe
Não sabe o que está a dizer
Talvez se venha um dia a arrepender

Por isso, hoje não digo mais nada.

Multibanco, Brisa e facturas de restaurante. Guardem!

Guardem os recibos de multibanco e, se têm a Via Verde, não deitem fora as facturas. Guardem ainda as facturas de restaurante. Nunca se sabe quando é que vão precisar delas!
Vejam o caso do advogado Hugo Marçal, que, segundo dizem, conseguiu sair da prisão preventiva devido ao facto de ter guardado tudo isto e depois apresentar como defesa às acusações contra si no caso de abuso sexual a menores da Casa Pia.
Não acho nada estranho ou suspeito, ao contrário do que alguns sugeriram, que uma pessoa tenha guardado todas estes papéis.
Os recibos de multibanco muitas vezes ajudam-nos a seguir as contas e a registar pagamentos. acredito que exista gente que os guarde durante anos. Em pastinhas, por exemplo.
As facturas da Via Verde, acho que também não custa nada guardá-las durante uns tempos. Assim como as facturas de restaurante. Para os impostos, sei lá.
Agora, se alguém apresentar um recibo de multibanco de uma caixa de Viana do Castelo quando se diz que a pessoa em causa estava em Faro, isso prova que era mesmo o legítimo portador do cartão que estava em Viana do Castelo?
E se o acusado apresentar uma entrada na auto-estrada de Braga num dia em que dizem que se passeava em Elvas, será que isso vai demonstrar cabalmente que era ele quem conduzia o seu carro nesse dia?
E a factura de restaurante de Coimbra, no dia em que se dizia que ele estaria em Bragança, provará que era mesmo ele quem estava em Coimbra?
(Todos os nomes de cidades foram escolhidos ao acaso! Qualquer coincidência com uma eventual realidade que desconheço de momento e que pode vir a ser divulgada é, desde já, qualificada mesmo de coincidência!).

20031023

Columbine

A televisão fartou-se hoje de nos mostrar as imagens dos treinos com armas que os dois jovens autores do massacre de Abril de 1999 na escola de Columbine, EUA, fizeram antes daquele crime que então chocou o mundo.
As imagens mostram-nos que os jovens nem sequer estavam sozinhos quando ensaiavam os tiros contra os pinos de bowling. São dois adolescentes tão "normais" quanto é possível hoje declarar, que tiveram acesso a armas e que, como tantos outros da sua idade, resolveram ir experimentar aquela emoção proibida.
As imagens em si provam o quê? Que eles estavam a preparar-se para o massacre que depois aconteceu? Que fizeram o massacre de forma consciente?
Acho que não, mas notei que para muita gente que as viu, a impressão final foi outra... Foi, afinal, a esperada. Nada de especial.

20031022

Intróito

Aconselho a visita ao Intróito. Tem lá um bocadinho de tudo. Até fala da CIA, vejam lá!
Aviso ainda que o Valdemar é um portista ferrenho... Mas, será que é daqueles: "De quem é que a gente gosta? Do Pinto da Costa!"?
Gosto de ver a bola jogada, e vibrei hoje com a vitória do FCP contra o Marselha. Como boavisteiro e português dou os sinceros parabéns ao clube adversário da "capital" da "Nação".

Castanhas assadas

Do que mais sinto saudades do Porto é comer castanhas assadas na Baixa. A Baixa do Porto é muito diferente da de Lisboa: é mais fria, logo dá mais gosto comer castanhas acabadinhas de assar e é mais cinzenta, o que combina bem com a cor das folhas de listas telefónicas que fazem os embrulhos. Sem esquecer ainda o fumo que encobre toda a zona no cima de Santa Catarina, descendo até à rua 31 de Janeiro, deixando mal ver a Torre dos Clérigos e encontrar tudo isso em Sá da Bandeira ao mesmo tempo que sobe a caminho do Bolhão, antes de ir à estação de metro da Trindade.
Em Lisboa também há uma Baixa bonita e gosto de comer castanhas assados no Rossio, mas é diferente.
Isto das castanhas assadas só veio a propósito de uma outra coisa que me aconteceu quando fui ontem comprar castanhas assadas na rotunda do Marquês de Pombal.
Pedi uma dúzia e entreguei uma moeda de 2 euros. A vendedora foi aos trocos e sacou de lá duas moedas. Estranhei ao receber duas moedas e, ao afastar-me olhei para o troco que me tinha sido feito e reparei que recebera duas moedas de 50 cêntimos. Ora, uma dúzia de castanhas custaria 1,50 euros, pelo que recebera 50 cêntimos a mais.
O que fiz? Confesso que hesitei, pois o engano fora a meu favor. Contudo, nem sequer pensei muito e voltei atrás para devolver, com um sorriso, o dinheiro à vendedora. Ao afastar-me ouvi um comentário de uma senhora que assistira à cena: "Ainda há gente honesta".
Agora pergunto: Honesto? Apenas porque devolvi 50 cêntimos? Mas, há pessoas a quem 50 cêntimos "roubados" fazem falta?
Parece que há.

20031021

Onde vou pôr o Ferrari?!

Esta manhã fui assaltado por uma terrível dúvida: se ganhar o concurso da Netcabo, onde vou estacionar o Ferrari?!
A casa onde vivo não tem garagem e, para poder estacionar o carro aqui perto, em cima do passeio, que é onde toda, mas toda a gente mesmo, estaciona, é sempre um martírio. Por isso é que nem sequer tenho um carrinho pequeno. E, mesmo que encontre um espaço, será que não vai ser arriscado deixar ali o carro abandonado durante a semana (vivo perto do trabalho e utilizo muito os transportes públicos na cidade. À noite, como tenho respeito por estas coisas da bebida, prefiro ir de táxi a qualquer lado) e só utilizá-lo ao fim-de-semana?
Depois, já viram a gasolina que aquilo não deve gastar? Cada vez que me deslocar ao Porto de Ferrari calculo que seja um balúrdio. O Alfa Pendular custa 21 euros e a camioneta da Renex anda, salvo erro, nos 13 euros (já agora, quando é que alguém pergunta ao Durão Barroso se ele sabe o preço de um bilhete de metro?).
O carro está avaliado em 171.501,29 euros, que é mais do que custa um apartamentozinho em Lisboa. Fazia-me mais jeito um apartamento, porque acho que o Ferrari não tem espaço suficiente para eu colocar todos os livros, CD's e DVD's que tenho para aqui espalhados. O apartamento também faria mais sentido para a publicidade, porque num Ferrari ainda não se pode consultar a Internet.
Por isso pergunto: para quem estará destinado o Ferrari? Para uma pessoa do interior que vai poder trocar o seu carro por um "mais em conta", para poder andar naquelas rápidas e seguras vias que existem no interior do País? Ou, será que vai para um qualquer jovem bancário de Massamá que poderá assim trocar os 30 minutos de comboio até Lisboa pelas intermináveis filas do IC 19 (mas de Ferrari, carago!)?
Sim. Quem irá ser o "sortudo" que vai poder trocar o seu Seat Ibiza por um Ferrari?
Está visto que eu, e muitos outros clientes da Netcabo, não somos parte do público-alvo deste prémio, mas lá que pagamos para o Ferrari, lá isso pagamos...

20031019

O artista esquecido

Porque é que o mundo nunca se lembra do nome de Johann Gambolputty de von Ausfern-schplenden-schlitter-crasscrenbon-fried-digger-dingle-dangle-dongle-dungle-burstein-von-knacker-thrasher-apple-banger-horowitz-ticolensic-grander-knotty-spelltinkle-grandlich-grumblemeyer-spelterwasser-kurstlich-himbleeisen-bahnwagen-gutenabend-bitte-ein-nürnburger-bratwustle-gerspurten-mitz-weimache-luber-hundsfut-gumberaber-shönendanker-kalbsfleisch-mittler-aucher von Hautkopft of Ulm?
Este é um artista que tem andado esquecido do grande público.
De facto, o que faz com que Johann Gambolputty de von Ausfern-schplenden-schlitter-crasscrenbon-fried-digger-dingle-dangle-dongle-dungle-burstein-von-knacker-thrasher-apple-banger-horowitz-ticolensic-grander-knotty-spelltinkle-grandlich-grumblemeyer-spelterwasser-kurstlich-himbleeisen-bahnwagen-gutenabend-bitte-ein-nürnburger-bratwustle-gerspurten-mitz-weimache-luber-hundsfut-gumberaber-shönendanker-kalbsfleisch-mittler-aucher von Hautkopft of Ulm seja um nome desconhecido da grande maioria dos jovens de hoje?
Sinceramente, gostaria um dia de ouvir um jovem dizer: "Quem? Johann Gambolputty de von Ausfern-schplenden-schlitter-crasscrenbon-fried-digger-dingle-dangle-dongle-dungle-burstein-von-knacker-thrasher-apple-banger-horowitz-ticolensic-grander-knotty-spelltinkle-grandlich-grumblemeyer-spelterwasser-kurstlich-himbleeisen-bahnwagen-gutenabend-bitte-ein-nürnburger-bratwustle-gerspurten-mitz-weimache-luber-hundsfut-gumberaber-shönendanker-kalbsfleisch-mittler-aucher von Hautkopft of Ulm? Claro que conheço. Gosto muito da sua obra!".
Nesse dia, Johann Gambolputty de von Ausfern-schplenden-schlitter-crasscrenbon-fried-digger-dingle-dangle-dongle-dungle-burstein-von-knacker-thrasher-apple-banger-horowitz-ticolensic-grander-knotty-spelltinkle-grandlich-grumblemeyer-spelterwasser-kurstlich-himbleeisen-bahnwagen-gutenabend-bitte-ein-nürnburger-bratwustle-gerspurten-mitz-weimache-luber-hundsfut-gumberaber-shönendanker-kalbsfleisch-mittler-aucher von Hautkopft of Ulm nunca mais será esquecido...

A anedota mais engraçada do mundo

Wenn ist das Nunstück git und Slotermeyer? Ja!...Beiherhund das Oder die Flipperwaldt gersput!
Python Productions, 1989

20031018

O senhor embaixador

O semanário "Expresso" publicou hoje a entrevista que José Pedro Castanheira fez ao antigo número 2 da embaixada dos EUA em Lisboa, no pós-25 de Abril de 1974, o embaixador Herbert S. Okun (e não Oruk, como erradamente vem na capa da "Actual"), aquando da passagem deste por Portugal para participar numa conferência na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).
É um documento importante. Guardem-no, porque deixa-nos campo para umas quantas observações:

1 - "Herbert S. Okun chegou a Lisboa em Janeiro de 1975, antes de Frank Carlucci, que teve de aguardar autorização do Senado norte-americano", começa logo por escrever José Pedro Castanheira. Ora, se formos a recordar o argumento de que Carlucci não podia ser agente da CIA, porque o Senado norte-americano nunca nomearia um agente para desempenhar as funções de embaixador, vemos que Okun não precisava de ser aprovado pelo Senado. Contudo, ele conheceu Carlucci no Brasil, durante os anos 60. Henry Kissinger escolheu Carlucci e Okun para Portugal depois do número 2 da CIA, Vernon Walters, ter apontado o seus nomes. Okun seria também um homem da CIA? Não sabemos, porque Castanheira nunca lhe perguntou (e o norte-americano talvez nem sequer lhe responderia com toda a verdade). A dúvida fica, e, mais à frente na conversa, Okun "desafia-nos" quando confidencia ao jornalista do "Expresso" que o general Vernon Walters até era padrinho de uma das suas filhas...

2 - Okun diz também que, quando o seu "compadre" Vernon Walters esteve em Portugal, em Agosto de 1974, "tinha sido enviado para falar com Costa Gomes e descobrir o que se passava aqui".
O Presidente da República não era então Spí­nola? Pelo menos até ao fracasso da manifestação da "Maioria Silenciosa" a 28 de Setembro? Setembro é o mês que vem a seguir a Agosto? E, em 1974, o calendário era o mesmo de sempre, não era?

3 - Vernon Walters conhecia Costa Gomes "da NATO e da guerra nas colónias portuguesas de África", afirma o antigo diplomata norte-americana em Lisboa.
Carlucci, lembro eu, também esteve em África, no Congo, nos anos 60. Na fronteira com Angola, onde conheceu, por exemplo, um guerrilheiro chamado Jonas Savimbi, que na altura militava num movimento liderado por Holden Roberto. Carlucci também não deveria desconhecer de todo algumas coisas sobre os portugueses...

4 - Uma pequena contradiçãozinha, talvez devido à  avançada idade do entrevistado: No iní­cio da entrevista, Okun disse que foi convidado para o seu trabalho em Portugal por Kissinger e Carlucci depois do fracasso do 28 de Setembro. Porém, um pouco mais à frente, quando responde à pergunta "A administração dos EUA fora apanhada completamente de surpresa pelo golpe de 25 de Abril?" - é "engraçado" constatar que, segundo parece, ainda há dúvidas a este respeito... Passados quase 30 anos... - , o norte-americano "estica-se" e revela-nos ainda mais este detalhe: depois da tal viagem do "compadre" Vernon Walters a Portugal, em Agosto de 1974, onde se encontrou com Costa Gomes ainda antes da demissão de Spí­nola, no dia seguinte à manifestação da "Maioria Silenciosa", 29 de Setembro, Walters criticou a actuação dos embaixadores dos EUA em Lisboa e, em conversa com Kissinger, "sugeriu então os nomes de Carlucci e o meu", conta-nos o diplomata.
A segunda dúvida fica aqui: Foi então decidido enviar os homens de confiança do número 2 da CIA para Lisboa ainda antes de se saber que Spí­nola iria abandonar a presidência da República? E isto foi combinado na altura do tal encontro de Agosto com o velho amigo de África, Costa Gomes?

5 - Okun confessa que soube com antecedência que iria haver golpe no Brasil, em 1964. A própria entrevista tem como tí­tulo o facto da embaixada norte-americana em Lisboa ter ainda "adivinhado" o nosso 25 de Novembro de 1975. E, como disse Okun, "Carlucci foi sempre muito correcto e nunca interferiu nos assuntos internos de Portugal". Mário Soares, por exemplo, há muito que nos contou que "conspirava" com Carlucci contra os comunistas...
Manuel Sá Machado era chefe de gabinete de Mário Soares quando este foi ministro dos Negócios Estrangeiros. E Okun diz a propósito de Sá Machado: "acordou-me muitas vezes a meio da noite para nos transmitir alguma coisa". Este era o mesmo Sá Machado que Okun também diz ter conhecido quando esteve no Brasil. E Carlucci? Será que também conheceu Sá Machado nessa altura?

6 - "Acredite que não tenho razões para inventar histórias 26 anos depois. As mentiras perduram sobre a verdade. É a mitologia da revolução", diz Okun quando responde à pergunta "A CIA tinha muita gente a trabalhar em Portugal". Os tais 26 anos ainda são muito pouco tempo para acreditar nas verdades da História oficial. Há muita gente viva quie ainda hoje cobra os louros daqueles tempos. Mas estas entrevistas ajudam a perceber algumas coisas. Pelo menos para ver o que ainda é incómodo para certas pessoas..

7 - "Sá Carneiro não gostava de Carlucci", é o tí­tulo de uma outra secção desta entrevista. Okun opinia sobre as razões pelas quais Sá Carneiro agia assim: "talvez porque fosse um homem pequenino...".
Ora, Carlucci também é pequenino. Mas, conforme tive oportunidade de testemunhar, Okun insistiu sempre nesta imagem negativa em relação a Sá Carneiro ao longo da sua intervenção na FLAD. Disse-o pelo menos umas duas ou três vezes e notei o incómodo com que algumas pessoas na assistência captaram estas suas palavras redutoras. É "interessante" ver um diplomata falar assim, de uma forma tão "baixa", de uma pessoa que foi primeiro-ministro de Portugal e que não se pode defender porque morreu em trágicas circunstâncias, que ainda hoje estão por apurar... Se Sá Carneiro não gostava de Carlucci e Okun, agora sabemos que, pela justificação de Okun, Sá Carneiro tinha mesmo um "instinto" para julgar o carácter de algumas pessoas...
Agora, pergunto ainda: Será que Sá Carneiro não gostava de Carlucci e de Okun porque saberia que estes eram os "operacionais" do número 2 da CIA, Vernon Walters, que Sá Carneiro conheceu quando viajou com Spí­nola ao encontro de Nixon, nas Lajes, em Junho de 1974? Dois meses antes da visita de Walters a Portugal e o encontro deste com Costa Gomes, o homem que viria depois a substituir Spínola em Belém? Será que Sá Carneiro não sabia bem o que estes senhores faziam em Portugal e que planos tinham para o futuro do nosso País?
Para quem quer uma resposta a esta pergunta, aconselho a ir ver a peça teatral "Viriato", escrita pelo doutor Freitas do Amaral (antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Sá Carneiro), sobre o fim trágico de um patriota lusitano que é assassinado às mãos dos traidores a soldo do Império... romano.

20031017

Acabou-se a pás!

A Guerra está de volta. De vez? Quem sabe...

Poder corrompe. Absolutamente

"Liberty is not a means to a higher political end. It is itself the highest political end...liberty is the only object which benefits all alike, and provokes no sincere opposition...The danger is not that a particular class is unfit to to govern. Every class is unfit to govern...Power tends to corrupt, and absolute power corrupts absolutely."
Lord Acton.

20031016

A "Time", Gilberto Madaí­l, as meninas de Bragança e o ministro

A revista norte-americana "Time", que tem as meninas brasileiras de Bragança como tema de capa, também apresenta duas páginas de publicidade ao Euro2004.
Depois da revista norte-americana ter saí­do, o ministro Arnaut decidiu suspender a publicidade portuguesa. Esta é uma prática comum em algumas autarquias do País em relação à Imprensa local, que só tem contribuí­do para o atraso de todos nós... Uma prática agora "oficializada" a ní­vel internacional, exemplo de que já começámos a exportar mediocridade, pois a produção da mesma é excedente para consumo interno.
Porém, de acordo com o que li depois, o ministro Arnaut já recebeu explicações dos reponsáveis da "Time" e a campanha publicitária vai continuar...
Era aqui que eu queria chegar...
A publicidade na "Time", como é natural, obedecerá a uma estratégia de "marketing" do Governo e da Federação Portuguesa de Futebol, presidida por Gilberto Madaí­l. Uma estratégia que, obviamente, poderá até levantar legí­timos interesses jornalí­sticos a favor do produto dos anunciantes, caso a revista decida-se pelo real interesse noticioso da questão. Tanto mais que a campanha portuguesa, por coincidência, tinha iní­cio neste mesmo polémico número da edição europeia da revista norte-americana. Quanto não se pagaria para colocar em jeito de reportagem, e não como mera publicidade, uma apelativa notí­cia que nos colocasse no mapa (e reparem que, na edição da "Time" europeia, está lá um mapazinho a assinalar a cidade de Bragança e a localização geográfica de Portugal ao lado da Espanha - Isto é muito importante para os demais povos europeus, assim como muitos portugueses agradeceriam ser informados caso o próximo Euro2004 fosse, por exemplo, na parte grega da ilha do Chipre.
Só que muitos poderão contestar a sugestão de uma estratégia concertada de "marketing", pois este tipo de reportagem é prejudicial para a imagem do Paí­s, visto que seremos comparados a uma qualquer Amsterdam. Aliás, a imagem de Portugal anda de rastos, até por causa da pedofilia. Basta também ver a revista francesa "Le Point" (e, já agora, a crónica de hoje de Joaquim Letria no "24horas", que aqui reproduzi no "post" anterior).
Deste modo, contraponho com a seguinte questão: então a maior parte da "malta" que vem do estrangeiro para ver os jogos da bola, prefere depois ir visitar a biblioteca do Convento de Mafra, ou não gostará antes de ir "descontrair" para um bar?
Digam-me lá quem é que foi mais beneficiado com a divulgação da notí­cia de que, até no interior de Portugal, numa terra sem estádios de futebol, há putas brasileiras à disposição dos visitantes estrangeiros? Nós também temos agora uma "red light zone". Como a famosa de Amsterdam. E não é nada pequena. Ocupa todo um Paí­s. Bravos e valentes governantes e dirigentes desportivos, que sabem bem o que vendem. Pobre povo, que és cada vez mais sodomizado e pagas imposto para teres o direito a assistir à tua miséria!

Joaquim Letria

Da última página do diário "24horas" de hoje (sorry, não há "links" porque este jornal ainda não tem página na Internet), transcrevo a crónica de Joaquim Letria, na coluna "25ªhora", intitulada "Portugal ao alto!" (com a devida autorização do autor):

"Portugal está pelo Mundo em todo o seu esplendor: putos de Lisboa para quem gosta de tenrinhos, putas de Bragança para quem aprecia bumbuns arrebitadinhos, sessões sado/masoch com as famosas mamãs, as mal-amadas, cocaína nas praias à discrição, heroína barata do Afeganistão, armas de Kiev de qualquer calibre, ministros que ou tratam do futuro das filhas ou são conhecidos pela alcunha de Catherine Deneuve.
O Euro'2004 não consegue tanta notoriedade nem as conservas, têxteis, vinhos e sapatos juntos têm tanto protagonismo. O nosso querido País é um sucesso de 'marketing', planeado e aplicado pelo guterrismo e aperfeiçoado pelo barrosismo, ambos com um comissionista a meias, a fazer negócios part-time em Bagdade e horas extraordinárias em Luanda.
Os nossos olhos marejam-se de lágrimas quando vemos o nome do nosso querido Portugal tão apreciado pela comunidade internacional, tão projectado pelas bocas do Mundo, a nossa bem-amada Pátria tão reconhecida pela sua posição de liderança nestes sectores, todos eles altamente competitivos. Resta-nos segredos bem, guardados, como os salmonetes ou o choco assado de Setúbal. Esses, ninguém nos tira".

Estas prosas efémeras merecem ser lidas, discutidas e guardadas. Por isso é que gosto de o ler diariamente. Raramente discordo com as suas opiniões. Raramente, mesmo.
Joaquim Letria, para quem não se recorda, foi fundador do semanário "Tal&Qual" e não terá sido por acaso que o convidei para escrever o prefácio do meu próximo livro. Agradeço-lhe o facto de ter aceite e fico-lhe eternamente grato pelas palavras que depois grafou a meu respeito.
Poderão constatar isso daqui a menos de um mês, quando a obra sair para as bancas. Até lá, se alguém quiser entrar em contacto com Joaquim Letria, o endereço de e-mail é: jletria@yahoo.com

20031014

Revelações sobre a Casa Pia vinham no "Tal&Qual". Um ano antes

O caso da Casa Pia está prestes a cumprir um ano desde que o semanário "Expresso" arrancou com a primeira notícia, na sua edição de 23 de Novembro de 2002. Um sábado. O diário "24horas", que pertence ao mesmo grupo editorial do "Tal&Qual", publicou logo no domingo uma notícia que dava conta do facto do semanário "Tal&Qual" já ter dito que havia prostituição masculina na Casa Pia... em Julho de 1981. Quem teria avivado então a memória dos jornalistas? Alguém telefonou para a redacção do "24horas"/"Tal&Qual" naquele sábado? Não sei. Mas há uma pista que até hoje nunca foi revelada. O "Tal&Qual" tem uma secção chamada "Há 20 anos", onde recupera notícias de há 20 anos e faz uma leitura das mesmas na actualidade. Em Julho de 2001 esta secção ainda não tinha o destaque que ocupa hoje (actualmente, é uma página inteira com uma única notícia de há 20 anos e o respectivo desenvolvimento, enquanto que, em 2001, era apenas um quarto de página com a reprodução da capa e a descrição do conteúdo de alguns dos textos). Mas, na edição de 13 de Julho de 2001 está lá reproduzida essa mesma capa que iria fazer a manchete do "24horas" do dia 24 de Novembro de 2002. A capa onde se dizia em letras garrafais "Prostituição masculina tinha mercado na Casa Pia" e lembrava-se, isto em Julho de 2001, que "os senhores iam lá abastecer-se de rapazes"... Um ano antes do escândalo rebentar. Teria alguém lido aquilo e andou um ano a preparar-se? Se não foi assim, poderia ter sido... Recorde-se ainda, que 15 dias depois do "Tal&Qual" ter republicado aquele caso de há 20 anos, Bárbara Guimarães e Manuel Carrilho deram origem ao "bárbaro" episódio do casamento em Punta Cana e Carlos Cruz casou com Raquel Rocheta na Tailândia. No mês seguinte, aconteceu o 11 de Setembro...
Aquilo da Casa Pia teria ficado em banho-maria? A aguardar melhor momento mediático? Até parece que sim, não parece? "Eppur si muove".

As meninas de Lisboa

Deixo aqui uma sugestão aos senhores jornalistas da "Time": Já que estão numa de encher a capa da revista com imagens de meninas em países europeus, que tal irem à capital de Portugal e visitarem a zona da Artilharia 1, onde as meninas "atacam" nas proximidades da rua onde reside o Presidente da República e o procurador-geral da República (são praticamente vizinhos. O primeiro mora na Rua Padre António Vieira e o outro na esquina da mesma com a Artilharia 1). Em 1999, quando Jorge Coelho era ministro da Administração Interna, ordenou uma maior vigilância daquela zona e intensificou as operações "Stop", identificando os clientes, numa vã tentativa de dissuadir a continuação daquele género de comércio. O Parque Eduardo VII, também ali ao lado, foi outro dos pontos visados pelo reforço da presença das autoridades. Acho que o "Muito Mentiroso" chegou mesmo a falar de um político que teria sido identificado nessa altura...

20031013

Provérbios

Quem tem medo, compra um cão. Quem quer entrar na universidade, compra um Lynce.

As aventuras de Ana Gomes entre os ministros pedófilos

Esta não era uma boa história para o repórter "Tintin"?

Fascínio pela conspiração

Para os jornalistas que têm "fascínio" por teorias da conspiração, recomenda esta história sobre o 11 de Setembro. A mim, isto não me fascina.

20031012

Venezuela Libre!

A receita da Cuba Libre, já se sabe, é Coca-Cola com rum. Uma vez, quando estive na República Dominicana, perguntei a um empregado de bar se não havia uma bebida chamada "República Dominicana Libre". Disse-me que sim: SevenUp com rum. Há uns tempos atrás, na Venezuela, vendia-se mais Pepsi do que Coca-Cola. Era um dos poucos países do mundo (senão mesmo o único), e isso até deu origem a um episódio caricato de, nas eleições presidenciais de 1993, ter havido um candidato que usava as cores e um símbolo parecido com a Pepsi... Hoje, a Venezuela está diferente. Confesso que tinha esperanças em Chávez. como muitos dos que o elegerem. Os mesmos descendentes de espanhóis e portugueses que ele hoje, dia de Cristóvão Colombo, critica com demagogia, esquecendo-se das origens do Simon Bolivar, que também usa para legitimar as suas cada vez mais polémicas ideias e decisões para a República Bolivariana da Venezuela - como recentemente a baptizou. Está a pedi-las... Será que é isso mesmo o que ele quer? Porque não parece que seja o contrário...
Esta manhã houve uma violenta explosão em Bagdad. Faz hoje um ano sobre o atentado terrorista em Bali. Foi a 12/10/2002. Há uns tempos disse que, como se parece constatar uma óbvia sequência entre as datas 11/09/2001 e 12/10/2002, o próximo grande atentado mundial será, dentro desta lógica, a 13/11/2003. Algo grave se poderá passar daqui a um mês e um dia. "Mark my words"...

20031011

Nobel em Paz

O Papa não ganhou o Prémio Nobel da Paz. Talvez para o ano...

20031010

O Pipi diz que não é jornalista

Escrevi aqui que tinha um palpite sobre a identidade do Pipi. Achava que poderia ser um jornalista que já trabalhou comigo há uns anos no "Tal&Qual", mas recebi a seguinte resposta do anónimo autor e novo Bocage:

"Caro amigo,
Não sou esse seu camarada. Nunca fui jornalista, actividade que reputo de
paneleira, uma vez que envolve fazer perguntas. Quem faz perguntas são as
gajas, sempre curiosas de saber onde é que um gajo esteve, e com quem. Enfim, lamento desiludi-lo. Receba, à laia de cumprimento, um forte chuto nos colhões, Pipi"

Ainda estou a recuperar o fôlego. Desculpem, carago! (sim, sou do Porto), mas esta doeu!

A carta aberta foi fechada

O sempre atento Crítica Lusa viu ontem a minha carta aberta ao director do Expresso. Essa carta esteve disponível entre as 21h00 e a meia-noite, altura em resolvi retirá-la. Não foi uma "auto-censura". Pura e simplesmente cheguei à conclusão de que aquela carta, e o que ela revelava, era exactamente o que o destinatário queria. Cheguei à conclusão de que ele pretendia que alguém investigasse e avançasse com as informações pouco abonatórias para o prestígio do doutor Balsemão. Não contem comigo para este tipo de jornalismo. Prefiro as coisas sérias. Infelizmente, reconheço, precipitei-me a contar alguns factos (sem, no entanto, revelar o teor da tal "notícia incorrecta" do "Tal&Qual" de 1988), pelo que algumas pessoas chegaram a ler a carta. Conto com a reserva dessas pessoas. E o doutor Balsemão também agradece. Os problemas que eventualmente existam entre o director do Expresso e o dono do semanário não são da minha conta. Eles que se entendam. A minha "luta" é outra. Mais elevada. Peço desculpa a todos pela minha juventude e imaturidade em querer revelar coisas cujo significado me ultrapassam.


20031009

Lara

A Lara é a nova l­íder do BB! Ela desembrulhou mais rápido as pastilhas elásticas com as luvas de jardineiro postas. Ainda dizem que não há espaço para a cultura na televisão!
O Avatares de Desejo escreveu o seguinte:

Estranho mundo
a) No clube de vídeo, já não é a primeira vez que dou conta do surgimento de uma piada mais ou menos com estes ingredientes: "veja lá, não se esqueça de rebobinar o DVD!" ou "Acho que me esqueci de rebobinar o DVD, há mal?". Ora bem, como devem supor, evoco este gracejo não por o achar particularmente hilariante. Não acho. O que me atrai nele é a certeza de que compõe um registo que depressa deixará de fazer sentido. Quando ninguém se lembrar das cassetes de ví­deo, esta será uma das piadas mais secas alguma vez criadas pela humanidade.

b) Quando alguém entra num clube de ví­deo e ao fim de 20 min. ainda lá está, deduzo logo duas hipóteses teóricas:
1- Trata-se de um casal que só no clube de ví­deo percebe o engano que é a relação:: "gostas disso?", "vais ver essas lamechices sozinha!", "Ehrrr, mas isso é europeu!", "Eram esses filmes que vias com a teu ex?" "Aposto que só queres ver a Jennifer Connelly!", "Saí­ste-me cá uma pseudo-intelectual", "Esse Lynch é conhecido?", "Não estás à espera que eu vá ver um filme de gays!", "Há algum filme que tu gostes?".
2- Estamos perante um masturbador envergonhado que aguarda que a loja fique vazia para se abeirar da secção porno.
Assim, o masturbador também pode ser identificado pelo asco com que olha os casais desavindos.

Sobre a tal piada do DVD, devo dizer que, sem a ter escutada antes, foi uma coisa que me saiu naturalmente pela primeira vez quando entreguei na loja o meu primeiro DVD alugado, algures no início do ano de 2002... Não é nova, portanto. Mas vejo que continua na voga. É natural, pois nem toda a gente tem posses para comprar leitores de DVD. Inclusive, tenho um amigo que ainda não tem DVD mas está a construir uma óptima videoteca com as cassetes VHS que lhe dou depois de comprar as versões DVD (a última que ele recebeu na semana passada foram as duas cassetes do "Era Uma Vez na América").
Sobre os 20 minutos na loja, devo dizer que se o Avatares observou isso durante 20 minutos, deveremos pensar que ele pertence a alguma das categorias observadas? Em alternativa, para também passar esse tempo todo na loja, é porque trabalha numa loja de aluguer de vídeos. Mas não é uma "Blockbuster", pois essas não têm secção porno...
Sei que isto não interessa para nada. Mas, também não me apetece falar do Paulo Pedroso nem da filha do ministro, nem da Casa Pia, nem da Moderna nem nas facturas que temos para pagar ou noutras coisas que nem vale a pena mencionar.
Um abraço ao Avatares e que não me leve a mal por estas observações, mas precisava só de escrever qualquer coisa ligeira, pois tudo o que agora tenho para (des)fazer profissionalmente é extremamente pesado...

Eu acho que sei quem é o Pipi...

Já vi o livro do novo Bocage e percebi que vai ser um sucesso. Ainda bem que já saiu agora e não em Novembro, senão ninguém iria notar no meu, que fala de coisas sérias. Por isso, só tenho de agradecer ao autor.
Quanto à verdadeira identidade do autor, tinha cá um palpite: havia um companheiro cá no "Tal&Qual" que apreciava imenso o José Vilhena. Inclusive recebia do próprio, enviado pelo correio, o "Moralista". Esse meu colega saiu do jornal mais ou menos na mesma altura em que o outro começou a escrever. Coincidência? Há dias perguntei-lhe se ele não o era. Disse-me que não. Eu acreditei e agora acho que não é. Mas lá que podia ser, podia ser...


20031007

Fala quem sabe?

Este não me parece que seja "muito mentiroso". Recomendo o Notas Verbais. Fala quem sabe? Quem sabe fala?

Confissões expressas

Já comprei o livro do arquitecto. Estou a ler e já percebi umas coisas:

1 - Ele não é mau tipo. É mesmo assim.
2- O tal episódio do Marcelo ter chamado "lelé da cuca" a Balsemão está lá.
3- O Isaías Gomes Teixeira, antigo director de "O Independente" é capaz de não gostar do que foi dito sobre ele...
4 - ... assim como o Augusto Carvalho...
5 - ... e Mário Soares.

Mas gosto de linhas como esta: "Nos primeiros anos do "Expresso" tive de lidar com a presunção e a susceptibilidade de muitos jornalistas que se consideravam estrelas e que olhavam com desconfiança ou mesmo sobranceria para uma pessoa vinda de fora e sem qualquer experiência jornalística. Não foi fácil esse período. Alguns deles eram mesmo estrelas, como o Vicente Jorge Silva e a Maria João Avillez, outros achavam que eram, como o José Júdice, a Madalena Martins, o Pedro d'Anunciação ou o Benjamim Formigo, e outros estavam a caminho de o ser, como o José Manuel Fernandes, a Clara Ferreira Alves, o Joaquim Vieira ou a Teresa de Sousa. Não era fácil 'domesticar' esta gente. Ainda por cima tinham incompatibilidades entre eles que pareciam mortais".

Só que, tal como esperava, neste livro não vou encontrar aquilo que sei e que gostaria de ver escrito. Por isso tive de escrever eu um livro. Sai em Novembro. Está quase. Vou contar-vos o que eles realmente sabem e não dizem.

20031006

Anota

Em meados de Agosto fiz aqui um inquérito sobre o destino de uma vida humana. Para aqueles que não sabem do que estou a falar, ou para aqueles que têm uma vaga memória, recordo que solicitei a opinião de quem quisesse participar no destino a ser dado a uma pessoa que fazia parte de um projecto universitário, mas que se tinha ausentado durante duas semanas de férias no Egipto (quando, no início dos trabalhos, combinou que iria apenas por uma semana). Perguntei depois se essa pessoa deveria manter-se no grupo ou ser expulsa, visto que os outros três elementos acabaram por fazer o grosso do trabalho. A pessoa acabou por ficar a troco de uma multa que foi calculada na base do ordenado mínimo nacional e, deste modo, pagou 150 euros a cada um dos três elementos do grupo que ficaram em Portugal a trabalhar para si (eu tinha sugerido que deveria pagar uma viagem ao Egipto a cada um, ou então, em alternativa, só tinha mesmo de esperar por outro grupo no próximo ano). Agora é altura de vos revelar um detalhe final: esta pessoa, que pouco ou nada fez, teve um 16 no projecto (e a nota, dizem-me, até poderia ter sido melhor caso não tivesse ocorrido esta situação)! Nada mau...

Olho no deputado

Encontrei na Grande Loja do Queijo Limiano a fotografia de alguns deputados eleitos à Assembleia da República que são desconhecidos. Muito bem. Só uma ressalva: O Bruno Vitorino, é minimamente conhecido: esteve no início deste ano a acompanhar em Setúbal a questão de algumas escolas que fecharam naquela área. E falou na televisão (reparei nisso porque, dias antes, escrevi um artigo sobre o fecho da telescola do Poceirão, o que obriga agora as crianças a terem de se levantar às seis da manhã e a chegar a casa por volta das oito da noite, apenas para irem a outra escola fora da zona onde vivem... Isto passa-se a 40 quilómetros de Lisboa). Este Bruno Vitorino é um rapaz novo e foi eleito pelo PSD numa zona marcadamente comunista. Olho nele.

20031005

Chile 1973, Venezuela 2003

No Valete Fratres leio a seguinte citação sobre a queda de Allende no Chile da responsabilidade de Lorenzo Bernaldo de Quirós:

"A via chilena para o socialismo destruiu a economia com a finalidade de obter o controle total do país. Desde tal perspectiva, o manejo dos assuntos econômicos estava a serviço de um propósito político, como sempre acontece nos Estados comunistas. Se a aspiração era instaurar uma ordem marxista-leninista, era necessário acompanhar a tomada política do poder com uma estratégia de desmantelamento dos mecanismos próprios de uma economia de mercado, entre os quais e principalmente a propriedade privada. No entanto, não foi essa a origem do golpe dado pelas Forças Armadas. Tal origem deve buscar-se no objetivo estratégico da criação de um modelo de Estado semelhante ao vigente em Cuba ou nos demais países da área soviética, atropelando a Constituição e violentando a legalidade. Desde essa perspectiva, a supressão do capitalismo era um elemento essencial para a construção de um sistema totalitário."

O problema não foi Kissinger ter dito que "não podemos ver um país ficar comunista devido à irresponsabilidade do seu próprio povo". O problema foi a forma como acabaram com tudo no dia 11 de Setembro e o ditador que depois arranjaram. Por isso, continuem hoje de olho na Venezuela...

Santos de Alvalade ainda farão milagres?

Joel, não vi ontem o jogo (a minha avó fez 90 anos e a família reuniu-se toda para festejar), mas soube que o Sporting perdeu na Madeira. Parece que desta vez o golo da vossa derrota foi no mesmo minuto em que, na semana passada, vocês marcaram o golo da vitória. Irónico não? Eu bem disse que ia puxar por vocês. É o que o engenheiro está a conseguir que eu vos apoie poer serem os mais fracos(sim, eu sei, vocês só estão a um ponto do meu Boavista que, "inclusivé", empatou em casa contra o Belenenses. Mas, achas que o Jaime Pacheco está à espera de quê? De certeza que não é de regressar ao Boavista. Já é altura de verem no Sporting que um treinador de futebol não precisa de saber falar bem aos jornalistas. Não são os jornalistas que marcam golos).

Livro do arquitecto

Disseram-me que já saiu "As Confissões de um Director de Jornal". Estou em pulgas para o ver. Deve ser hilariante!

20031004

Inimigo expresso

Que me desculpem os esforçados senhores que fazem o "Inimigo Público", mas vou explicar-vos porque prefiro o "Expresso" para me rir:

Primeira página: "Freitas compara Portas a Estaline". Digam lá se este não é um tí­tulo que vocês nunca se lembrariam? E vejam só esta tirada, alegadamente proferida por Freitas: "Estaline levou a sua fúria ao ponto de mandar assassinar Trotsky no México. Pelo sim, pelo não evitarei nos próximos tempos fazer férias em Cancun". Desculpem lá, mas esta afirmação, pela sua ousadia ao invocar um episódio de assassinato fí­sico e real, pela imaginação associada ao exemplo, pela ironia contida e ainda pelo facto de imputar, de uma forma mais do que directa, a possibilidade verídica de algum dia o actual líder do PP, e ministro da Defesa -note-se -, poder vir a ser capaz de mandar matar alguém, é algo que vocês estariam longe de pensar ser possível ver escrito nas páginas impressas de algum órgão de comunicação social.

Continuemos: "O Paí­s não está preparado para o terramoto que aí­ vem", diz Catalina Pestana em entrevista e que, inclusive, acrescenta que "Pode ser um terramoto de grau 7 na escala de Richter". O que me faz rir nesta entrevista é o facto de a entrevista não estar toda na edição em papel do jornal e, pelos vistos, temos depois de aceder à versão paga na Internet! Genial! Quem é que entre vocês se iria lembrar de dar uma informação aos leitores desta maneira? - A propósito, a escala Richter vai até 8 e, apesar de não ter ido ver na Internet, calculo que o terramoto a que Catalina Pestana se refere deve ser sobre a Casa Pia, pois não a imagino a opinar sobre a segurança da baixa pombalina... Mas, pode ser que na versão Internet esteja tudo clarificado. Não sei. Paguei pela versão papel, mas não me explicam lá nada. Estou a pensar pedir o meu dinheiro de volta... sinto-me defraudado... Mas teve piada, não teve?!

A "pérola" é sempre a crónica do grande arquitecto (a propósito, para quando o livro do senhor? Está atrasado? Ou está à espera de ver primeiro o meu para saber o que digo sobre o "Expresso?): "O ministro que não devia demitir-se", é o tí­tulo da "coisa". Mais um tí­tulo cuja imaginação é superior a muitos dos vossos! "Confesso que não compreendo", afirma o autor a certa altura da sua crónica. Reparem na sinceridade, nesta humildade. Mil vezes mais longe da sobranceria que vocês colocam em certos textos do "Inimigo". Depois, estas afirmações: "Nenhum paí­s aguenta uma constante instabilidade ministerial", "Portugal precisa de tranquilidade" e "Nenhuma acção política coerente é compatí­vel com a dança permanente de governantes". Jamais o "Inimigo" trará frases deste alcance! Jamais! Desafio-vos! Contudo, creio que nem Mao ou Lenin, ou Estaline, ou Hitler ou George W. Bush, muito menos Durão Barroso e Paulo Portas, conseguissem ser tão clarividentes e profundos nestes pensamentos democráticos.

E, para "Bingo", a gargalhada final: Depois do director defender na sua crónica o ministro que não se devia demitir, na última página, na rubrica "O que eles dizem", começa-se assim o texto: "Então e o ministro Martins da Cruz?". Realmente! Já me tinha esquecido! E, de novo.... sem palavras. Genial! Brilhante! Um humor ingês, ao melhor estilo dos "Monty"! Quem é que se iria de lembrar de guardar esta grande questão para esta pequena rubrica? Este jornal mostra mesmo como também é plural nas opiniões e, se o director defende que "Portugal precisa de tranquilidade", este é o o "retrato" do Paí­s feito naquela pequena rubrica: "A verdade é que este caso da filha do MNE, indiciando tratamento de favor e abuso de poder, se segue a outros episódios desagradáveis envolvendo princípios de ética e responsabilidade polí­ticas. Da colocação diplomática em Londres da deputada Maria Elisa às demissões provocadas pelos passeios turí­sticos no helicóptero dos bombeiros de Lamego. Do 'azar' da queda da ponte do IC-19 às escutas de recebimento em notas pelo líder do PSD/Lisboa, António Preto. Das contas na Suíça de Isaltino Morais à imunidade do deputado Cruz Silva. Guilherme Silva, lí­der parlamentar do PSD, que mantém o deputado Cruz Silva refugiado na sua bancada, dizia ontem que a demissão de Pedro Lynce é um 'gesto a registar na história da nossa vida democrática, pela sua elevada estatura'. Pois, pois" - Aprenderam como se faz o melhor humor de Portugal? Viram estes "Pois, pois"? - Caramba! (para citar um Presidente da República) -, ninguém escreve tão bem como estes tipos. Eles são mesmo impagáveis! (ainda por cima, esta rubrica tem o corpo da letra num tamanho mais pequeno do que o dos restantes artigos. O tal semanário de referência não vos faz lembrar aqueles contratos de seguros com letrinhas pequeninas?)

Por isso é que me rio com o "Expresso", mais do que com o "Inimigo Público". Desculpem lá.

20031002

E o futuro da memória?

Vejam o Crítica Lusa Esta é para ele: Reparaste como foi difícil encontrar exemplos do "Não me lembro"? Percebeste como a memória está a ser apagada? Orwell avisou-nos em 1948, e olha que até nem foi assim há muito tempo. Mas, com gente como tu, sempre podemos ter esperança para construir uma sociedade mais moderna, democrática, livre e transparente. Bem hajas!

20031001

Para memória futura

Faz hoje um ano: "Não me lembro".