20120129

Recordações de 1919

A propósito da polémica sobre as "secretas" em Portugal, aconselho uma "visita" à história do fundador do FBI, J. Edgar Hoover. A carreira deste homem teve um início "explosivo" quando, a 2 de Junho de 1919, rebentaram várias bombas nos EUA, num acto então atribuído a comunistas. Uma dessas bombas explodiu na casa do procurador-geral norte-americano, Alexander Mitchell Palmer...



Cinco meses após os atentados nos EUA e no dia em que se comemorava o segundo aniversário da revolução russa, as autoridades norte-americanas prenderam várias centenas dos seus cidadãos, acusados de serem comunistas. Não conseguiriam a deportação de todos, mas foi o início de um processo de recolha de informações sobre indivíduos que haveriam de consolidar o poder de um só homem...




Com o passar dos anos - 48 anos, até à sua morte, em 1972 - J. Edgar Hoover tornou-se no homem mais poderoso da América, pois as escutas ilegais não captavam apenas as vozes dos criminosos, mas sim a de Presidentes dos EUA e suas amantes. Hoover usava a chantagem para garantir cada vez mais poderes e, assim, com a negociação de segredos com mais segredos, a noção de transparência e Democracia perdeu-se nos EUA.

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20120123

Não sou anónimo nem me chamo Alcides

Fui informado, por altura do Natal, da existência de um blogue chamado "Bar do Alcides" que se apresentava da seguinte forma: "O Bar do Alcides é o ponto de encontro de todos aqueles que estão insatisfeitos com o actual 'ESTADO DA NAÇÃO PORTUGUESA' e que querem desabafar enquanto bebem um copo. O Bar do Alcides é feito e editado por portugueses não-maçons que estão exilados no Rio de Janeiro e em São Paulo no Brasil. Aqui a MAÇONARIA não é de todo BENVINDA!".
Achei interessante a iniciativa e fiquei atento, tanto mais que anunciavam, para a noite de Natal, a publicação de um livro a revelar como o primeiro-ministro Sá Carneiro fora assassinado pela maçonaria. Dias antes da data prevista, contactei os responsáveis do blogue através de uma mensagem via "Facebook", mostrando-me interessado em adquirir a obra e até em partilhar informações, já que estou a escrever um livro sobre o que aconteceu em Camarate a 4 de Dezembro de 1980. Como prova da vontade em querer partilhar informações, enviei-lhes a cópia de um artigo do jornal espanhol "La Vanguardia", datado do dia 4 de Dezembro de 1980, onde se falava da maçonaria - nomeadamente o GOL -, e como esta organização estava contra Sá Carneiro, apoiando o candidato presidencial Ramalho Eanes...



Era e ainda acredito que continua a ser um texto pouco conhecido em Portugal. Posso dizer que era um documento relativamente importante para a minha investigação e fora fruto de uma daquelas sortes jornalísticas, que se encontram com alguma paciência em arquivos da Internet, e não numa qualquer busca do "Google". Mas, da mesma forma que tinha lá chegado, também um qualquer indivíduo mais interessado no assunto poderia lá chegar. Na resposta, os autores do "Bar do Alcides" não fizeram qualquer comentário ao artigo que lhes enviei e disseram-me apenas para esperar pela publicação para a data e hora marcada. E esperei. Vi depois no longo texto que publicaram, que o único dado inédito face ao que já conhecia fora precisamente a junção daquele artigo do "La Vanguardia".
Agora, devido à polémica em torno das declarações sobre a pensão de Cavaco Silva, os responsáveis do blogue surgiram num grupo de discussão do "Facebook" para o qual fui adicionado sem ter pedido - mas, pronto, vá lá. Ao ler os comentários, desabafei que, para mim, Cavaco Silva ainda tinha ainda de responder sobre o conteúdo da última reunião que teve com Sá Carneiro e Amaro da Costa, no dia 4 de Dezembro de 1980, onde estiveram a falar sobre o orçamento das Forças Armadas. E perguntava: Sabendo ainda que Cavaco Silva tinha a incumbência de investigar o Fundo de Despesa de Ultramar, a pedido de Sá Carneiro, por que motivo essa investigação nunca avançou? Face a esta questão, qual foi a conclusão dos responsáveis do "Bar do Alcides"? Escreveram isto: "Aníbal Cavaco Silva ENVOLVIDO no assassinato do Dr. Francisco Sá Carneiro". Ora, a meu ver, este é um título exagerado ao qual não posso estar associado, pois parece que Cavaco Silva participou, conscientemente, na morte do fundador do PSD. A minha observação, que não é nada inocente - reconheço -, ainda assim foi feita de cara descoberta e é fruto de muito trabalho jornalístico, pois há mais informações que precisam de ser investigadas. Por isso é que, a 7 de Dezembro de 2010, assinei um texto no semanário "O Diabo" a chamar precisamente a atenção para o facto de que Cavaco Silva teria de depor sobre Camarate...



Mais grave ainda, é que o referido texto do "Bar do Alcides" apresenta a reprodução de um texto de minha autoria e publicado em Novembro de 2006 na revista "Focus", aquando da entrevista que fiz a José Esteves, o suposto autor da bomba de Camarate...



Quero aqui dizer aos leitores do "Para Mim Tanto Faz" que não sou o autor do "Bar do Alcides", não conheço pessoalmente nenhum dos envolvidos nem tenho qualquer controlo naquilo que eles escrevem. Muitos dos problemas em Portugal não são os segredos ou as sociedades dos aventais e espadas. São, isso sim, factos que todos nós sabemos, mas, passados uns tempos, ficam esquecidos por jornalistas sem memória ou sem capacidade de fazerem perguntas em Liberdade. Como ainda vou tendo alguma memória e mantenho a custo a Liberdade de fazer perguntas, escrevo os meus textos sem medo de mostrar a cara.
Chamo-me Frederico Duarte Carvalho e sou jornalista.

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20120120

Minuto 15

20120119

Onde é que já vi isto?

Esta é a mais recente publicidade ao lançamento da revista "Maxim"... Mas, onde é que já vi aquele desenho?...



Ah! Foi aqui...


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20120118

À Glória do Grande Arquitecto do Universo

O semanário com nome de astro solar e dirigido por um Arquitecto, publicou a carta do Grão-Mestre da GLLP, José Moreno, onde este "convida maçons da Loja Mozart a sair". O texto é ilustrado com uma fotografia de José Moreno. Julgo perceber que será no Terreiro do Paço, muito provavelmente no restaurante "Martinho da Arcada", normalmente frequentado por Fernando Pessoa...



Sabe-se como facto histórico que Fernando Pessoa, a 4 de Fevereiro de 1935, assinou um texto em defesa da maçonaria nas páginas do "Diário de Lisboa"...





O que provavelmente muitos "irmãos" desconhecem é que nesse mesmo número do "Diário de Lisboa", o Grande Arquitecto já apontava para o "Requiem de Mozart"...



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Acreditar em quê ou em quem?

O jornalismo não é uma ciência exacta. Sabe-se que existem regras bem definidas como, por exemplo, confrontar mais do que uma fonte para obter diferentes versões dos acontecimentos. Há imperativos éticos que defendem que um jornalista não deve noticiar factos que lhe digam respeito pessoalmente ou politicamente. E não se deve mentir descaradamente. Depois, há a realidade: os jornalistas nem sempre têm tempo para ouvir as várias versões dos acontecimentos, nem sempre querem ouvir as várias versões porque isso não convém aos seus interesses pessoais ou políticos e confundem ética com necessidade, o que acaba sempre por dar uma grande confusão, onde uns safam-se e outros tramam-se. E ainda temos de contar com os que, não mentido descaradamente, são os mestres da omissão de factos. E os leitores, como não conhecem todos os factos, nem sequer sabem o que foi omitido. Vem isto a propósito da recente troca de acusações entre dois jornalistas: "Luís Miguel Viana ameaça processar José Manuel Fernandes por difamação". Luís Miguel Viana chama a atenção para o facto de o ex-editor de política da Lusa, Rui Baptista, que ele próprio escolheu, ser agora o assessor de Imprensa do primeiro-ministro social-democrata Pedro Passos Coelho, fazendo assim cair por terra o argumento de José Manuel Fernandes de que a Lusa estava ao serviço do ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates nas eleições de 2009. Pode parecer um argumento infalível de Luís Miguel para demonstrar a independência da Lusa face aos poderes políticos, mas o meu "jornalismo científico" coloca agora uma hipótese: será justo assumirmos que a vitória de José Sócrates foi obra de um Rui Baptista que, na editoria de política da Lusa durante as eleições de 2009, não permitiu uma cobertura mais justa à campanha da então líder social-democrata Manuela Ferreira Leite - que, recorde-se, não convidara Passos Coelho a integrar as listas de candidato a deputado - perdendo assim uma corrida contra um José Sócrates que já começara a dar evidentes sinais de fim de regime? A hipótese é terrível, mas os factos estão à vista para a colocar. Afinal, as tácticas de manipulação das contratações nas redacções e as técnicas de manipulação dos títulos das peças jornalísticas são tão antigas como no tempo da ditadura como no tempo da nossa Democracia. Para um exemplo prático desta velha luta, basta ler o seguinte texto, datado de Maio de 1979 e publicado no "Diário de Lisboa"...

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20120117

O homem que não estava lá

É na página 383 da sua autobiografia política que Mário Soares não fala de Rui Mateus...



Para mim, que tanto faz, penso que Rui Mateus deve ter sido um pouco mais daquilo do que Mário Soares quer dar a entender...





Assim, o que me separa de Mário Soares não é a Democracia, mas sim o "tique" estalinista de tirar pessoas da fotografia...

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20120112

Obama e os telemóveis

O POTUS gosta de transmitir a imagem de pessoa activa e moderna. Por isso, contra todas as regras de segurança, fala muito ao telemóvel...





E, agora, acabei de ler esta frase: "Some Presidents like to ride around Dallas in open top limos, other are addicted to their cell phones... neither tend to remain in office too long".

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20120111

Funileiro, alfaiate, soldado, espião.

A recente adaptação do romance de espionagem de John Le Carré vale bem a pena ser vista...



Há que realçar no filme o trabalho magistral que permite incluir numa obra densa de espionagem momentos com a canção "The Second Best Secret Agent in the Whole Wide World", de Sammy Davis Jr. ...



e ainda aquele de criar uma cena final, que ficará certamente na história do cinema por ser uma sequência brutal e emotiva, feita ao som da canção "La Mer" interpretada por Julio Iglesias! Muito bom...

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Fernando Pessoa e a maçonaria


Sim, caros leitores, não tenham medo e sigam para esta página do GOL. TAF.

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20120110

O último repórter

O filme é de 1976. Antonioni a realizar e Jack Nicholson no papel principal. Locke é um jornalista inglês envolvido num caso de tráfico de armas. Há perigo, perseguições. E uma mulher, interpretada por Maria Schneider. Na cena final, Locke é abatido no quarto de uma pensão algures em Espanha. É uma filmagem magistral, uma lição de cinema. O jornalista deita-se na cama e a câmara fixa-se na janela térrea, protegida com grades. Esta avança lentamente e regista o que se passa do lado de fora do quarto, como uma peça de teatro sem diálogos, apenas com sons. Parece um bailado. Não há um único corte e, através de um engenhoso estratagema técnico, a câmara sai do quarto e prossegue a filmagem do drama cá fora. No fim, o repórter jaz morto no seu quarto. São oito minutos do melhor cinema. Maior do que a vida.

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Pequeno contributo para a história da maçonaria em Portugal - "Tal&Qual", 1995





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20120109

Benazir Bhutto, a primeira-ministra

Já é a segunda vez que os jornalistas portugueses insistem em trocar o sexo à antiga primeira-ministra do Paquistão: Mas Musharraf poderá ter de procurar evitar ser preso aquando da sua chegada ao Paquistão, pois no sábado os procuradores anunciaram estar a planear a sua detenção sob alegadas falhas de segurança do primeiro-ministro Benazir Bhutto, morto em 2008.

Aqui fica uma foto para que percebam de uma vez por todas que Benazir Bhutto era uma mulher e não um homem! (A não ser que os jornalistas portugueses sejam os únicos que saibam algo que o resto do mundo ignora)...





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20120105

José Esteves confessa Camarate

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20120104

Flauta Mágica

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