20050630
---- Intervalo para publicidade --- "Poeta&Espião", Edições Polvo ---------
A 24 de Julho de 2002, Oswald Le Winter, dito ex-agente da CIA, foi à Assembleia da República testemunhar perante a VIII Comissão de Inquérito Parlamentar de Camarate. E denunciou o papel de Portugal no envio de armas para o Irão em finais de 1980. O diário português "Público", por exemplo, até publicou esta notícia:
Em Dezembro de 2004, cerca de dois anos após Oswald Le Winter ter feito aquelas denúncias, surgiram os documentos que provam a veracidade das suas informações, mas tal facto já não mereceu qualquer linha no mesmo "Público". Assim, para colmatar essa falha na Imprensa portuguesa e ajudar aqueles que querem saber mais sobre esta figura, aconselho a tentarem encomendar numa livraria perto de vossa casa o meu livro "Poeta&Espião", publicado em Fevereiro deste ano pelas "Edições Polvo".
Em Dezembro de 2004, cerca de dois anos após Oswald Le Winter ter feito aquelas denúncias, surgiram os documentos que provam a veracidade das suas informações, mas tal facto já não mereceu qualquer linha no mesmo "Público". Assim, para colmatar essa falha na Imprensa portuguesa e ajudar aqueles que querem saber mais sobre esta figura, aconselho a tentarem encomendar numa livraria perto de vossa casa o meu livro "Poeta&Espião", publicado em Fevereiro deste ano pelas "Edições Polvo".
20050629
Lá por fora...
O jornalista norte-americano Mark Bowden (mais conhecido como autor do livro "Black Hawk Down", que depois deu origem ao filme com o mesmo nome), escreveu um artigo sobre a crise dos reféns norte-americanos no Irão que foi publicado no número de Dezembro de 2004 da revista "Atlantic".
A dada altura, no seu artigo, Mark Bowden escreve que há pessoas no Irão que ainda hoje acreditam que o assalto à embaixada dos EUA, na realidade, foi orquestrada pela CIA.
Este dado é tanto mais interessante se formos a notar que o ataque à embaixada em Teerão ocorreu a 4 de Novembro de 1979, exactamente um ano antes das eleições presidenciais nos EUA, que estavam já previstas para o dia 4 de Novembro de 1980. Ou seja, no dia em que os americanos iriam escolher entre reeleger o Democrata Jimmy Carter ou seguir a linha dura dos Republicanos Ronald Reagan e George Bush (chefe da CIA entre 1976 e 1977, até ter sido demitido por Jimmy Carter), cumpria-se exactamente um ano de cativeiro para os 52 reféns norte-americanos.
Será que se alguém dissesse hoje a Mark Bowden que, em Portugal, há documentos que podem ajudar a provar o envolvimento de George Bush pai no prolongamento do cativeiro destes cidadãos norte-americanos em Teerão, ele teria isso em consideração e iria depois escrever um artigo sobre o assunto?
Como gostaria eu de acreditar que sim...
A dada altura, no seu artigo, Mark Bowden escreve que há pessoas no Irão que ainda hoje acreditam que o assalto à embaixada dos EUA, na realidade, foi orquestrada pela CIA.
Este dado é tanto mais interessante se formos a notar que o ataque à embaixada em Teerão ocorreu a 4 de Novembro de 1979, exactamente um ano antes das eleições presidenciais nos EUA, que estavam já previstas para o dia 4 de Novembro de 1980. Ou seja, no dia em que os americanos iriam escolher entre reeleger o Democrata Jimmy Carter ou seguir a linha dura dos Republicanos Ronald Reagan e George Bush (chefe da CIA entre 1976 e 1977, até ter sido demitido por Jimmy Carter), cumpria-se exactamente um ano de cativeiro para os 52 reféns norte-americanos.
Será que se alguém dissesse hoje a Mark Bowden que, em Portugal, há documentos que podem ajudar a provar o envolvimento de George Bush pai no prolongamento do cativeiro destes cidadãos norte-americanos em Teerão, ele teria isso em consideração e iria depois escrever um artigo sobre o assunto?
Como gostaria eu de acreditar que sim...
New York New York
Primeira página do "The New York Times" de 21 de Janeiro de 1981: "Reagan faz o juramento solene como 40º presidente e promete uma 'era de renovação nacional'. Minutos depois; 52 reféns norte-americanos no Irão voam para a liberdade".
Será que o "New York Times" fará hoje alguma notícia se souber que, em Portugal, foram recentemente divulgados documentos sobre o negócio ilegal de venda de armas ao Irão, em finais de 1980, que podem ajudar a provar que George Bush pai negociou secretamente com os iranianos a não libertação dos reféns antes das eleições presidenciais nos EUA de Novembro de 1980?
Acho que não...
A prova
Para quem precisa de ver imagens para acreditar naquilo que eu sempre disse, aqui fica uma cópia do relatório da Inspecção-Geral de Finanças que foi entregue à VIII Comissão de Inquérito Parlamentar de Camarate, em Dezembro passado.
Pode-se constatar que no dia 2 de Dezembro de 1980, o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, enviou um ofício cujo teor era "Exportação de material de guerra para o Irão", onde solicitou que o Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA) o informasse com "urgência" o que for tido como "conveniente".
A 5 de Dezembro de 1980, um dia após a morte do primeiro-ministro e ministro da Defesa em Camarate, o EMGFA elaborou um ofício com o teor: "Exportação de material de guerra para o Irão".
Idêntico ofício foi também elaborado no dia 22 de Janeiro de 1981, ou seja, um dia após a tomada de posse de Ronald Reagan e George Bush pai como presidente e vice-presidente do EUA, e que "coincidiu" com a libertação dos 52 reféns norte-americanos que estavam há 444 dias detidos em Teerão...
Conclusão: Portugal andava metido num negócio ilegal de exportação de armas para o Irão e isso terá beneficiado directamente George Bush, pai do actual presidente dos EUA.
Não sei se Camarate foi atentado ou acidente, mas uma coisa é certa: caso as informações constantes da fotografia que aqui se publica tivessem sido reveladas nos dias seguintes a Camarate, quer Ronald Reagan, quer George Bush, corriam o sério risco de virem a ser presos por diplomacia paralela (visto que negociaram a NÃO libertação dos reféns no Irão e impediram Jimmy Carter de ter condições políticas para ser reeleito) e conspiraram contra o seu país. Traição à pátria é o que se chama a esse crime...
Hoje, se esta foto chegar à América, ainda é capaz de chatear algumas pessoas bem importantes...
"Visão" - 13 de Julho de 1995
"Visão" - 13 de Julho de 1995
Há 10 anos, a revista “Visão” fez esta capa.
Naquela altura, os jornalistas aludiram a “um complexo negócio ilegal de armas”, mas nunca explicaram devidamente o alcance dos acontecimentos. Os jornalistas mencionaram o conflito Irão-Iraque, contudo nunca informaram os seus leitores que, a 4 de Dezembro de 1980, data em que caiu em Camarate o pequeno avião que transportava o primeiro-ministro Sá Carneiro e o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, havia um embargo internacional que afectava apenas e somente o Irão.
Portugal poderia vender armas para o Iraque em finais de 1980, mas fazer o mesmo para o Irão era algo que, a ser provado, iria provocar um escândalo a nível mundial cujas repercussões ainda hoje se fariam sentir...
Recorde-se que, em Novembro de 1980, um mês antes da tragédia de Camarate, houve eleições nos EUA em que o presidente Jimmy Carter tentava a reeleição. Do lado da candidatura Republicana estavam Ronald Reagan e George Bush, pai do actual presidente norte-americano. George Bush tinha sido chefe da CIA entre 1976 e 1977 e fora despedido precisamente por Jimmy Carter. Em Novembro de 1979, um ano antes das eleições presidenciais, houve o ataque à embaixada dos EUA em Teerão, dando início à crise dos reféns: 52 norte-americanos ficaram reféns no Irão e isso resultou num embargo internacional de venda de armas a este país.
Com as eleições de Novembro de 1980 a aproximarem-se, era urgente para Jimmy Carter conseguir trazer os seus homens para casa e, para tal, teve lugar uma operação militar em Abril de 1980. Essa operação, conhecida como “Desert One” foi um fracasso... Jimmy Carter ficava cada vez mais fragilizado para o combate eleitoral de Novembro de 1980.
Em Setembro de 1980, começou o conflito Irão-Iraque, pelo que os iranianos precisavam cada vez mais de armas. Sempre se especulou se George Bush, graças ao seus contactos na CIA, não teria negociado secretamente com os iranianos o envio de armas para este país de uma forma ilegal em troca da NÃO libertação dos reféns antes das eleições, de modo a “roubar” a presidência da Casa Branca a Jimmy Carter.
Jimmy Carter perdeu as eleições em Novembro de 1980 e, no dia da tomada de posse de Reagan e Bush, a 21 de Janeiro de 1981, os reféns foram finalmente libertados...
Em 1995, há exactamente 10 anos, ainda não se sabia publicamente que existiam registos do negócio ilegal do fornecimento de armas de Portugal para o Irão na altura em que havia um embargo internacional a este país.
Agora que já existem provas de um grande negócio à escala internacional e que ainda hoje nos afecta (veja-se a política do actual presidente dos EUA no Iraque e as crescentes ameaças nucleares no Irão), a mesma revista “Visão” ainda não publicou qualquer trabalho...
Como é pobre o jornalismo no meu país que deixa morrer desta maneira os seus líderes...
A notícia...
A 10 de Dezembro de 2004, o diário português "A Capital" publicou esta manchete. Apesar do jornal dizer logo no início que "parece ser uma teoria da conspiração", a conclusão de que, em finais de 1980, houve mesmo um negócio ilegal de venda de armas de Portugal para o Irão, está patente nas informações concretas resultantes da auditoria da Inspecção-Geral de Finanças às contas do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) do período de 1974 a 1981.
Essa auditoria foi elaborada a pedido dos deputados da VIII Comissão de Inquérito Parlamentar de Camarate, presidida pelo deputado do PP e actual líder de bancada do mesmo partido, Nuno Melo.
O próprio Nuno Melo denunciou a situação num discurso que deu durante um jantar de militantes do seu partido, em Famalicão, a 7 de Dezembro de 2004.
É natural que pouca gente saiba isto, uma vez que a notícia de "A Capital" não teve qualquer repercussão no resto da Imprensa portuguesa e internacional.
20050620
Leicester Square
There’s a Burguer King
In Leicester Square
When I’m in London
I usually go there
John M. Smith (2005)
In Leicester Square
When I’m in London
I usually go there
John M. Smith (2005)
F1 nos EUA
- Quem é aquele no pódio?
- Os que estão vestidos de vermelho não sei, mas o de amarelo é o Tiago Monteiro...
- Os que estão vestidos de vermelho não sei, mas o de amarelo é o Tiago Monteiro...
20050619
Reflectir sobre uma evidência?!
Nicolau Santos, um dos subdirectores do "Expresso", no seu espaço de opinião no caderno de economia do semanário, assina um texto nesta edição onde começa por citar um texto do brasileiro Roberto Pompeu de Toledo sobre o caso do "Garganta Funda". Na análise "notável" do nosso irmão na revista "Veja", chega-se à conclusão de que, ao contrário do passado, a imprensa norte-americana actual é "submissa" e a opinião pública "inerte".
O subdirector do "Expresso" lembra depois uma constatação que fez um outro jornalista brasileiro, Fernão Lara Mesquita, do "Estado de S. Paulo", durante o VI Congresso do Jornalismo de Língua Portuguesa, a respeito do "falhanço da imprensa no debate sobre a concentração das corporações, por se terem tornado parte interessada do processo".
Nicolau Santos, aparentemente, só agora é que começou a reflectir sobre o assunto, pois espantou-se-nos ainda com a conclusão de que nos EUA, em 1983, havia 50 companhias que distribuiam notícias, enquanto que em 2004 esse número era apenas de "seis(!)" A saber: Viacom, Disney, Time Warner, General Electric, News Corporation e Comcast.
"Ou seja, a concentração é boa do ponto de vista económico e má em matéria de liberdade de imprensa? O mérito de Pompeu e Mesquita é obrigarem-nos a reflectir sobre o assunto", termina assim a crónica do subdirector do "Expresso", semanário que está num grupo económico que também é proprietário, entre outras publicações, da revista "Visão" e do canal de televisão privado "SIC" - assim como os seus canais associados na TV Cabo.
Deixo aqui um conselho a Nicolau Santos: porque não começar a tal "reflexão" lá por casa?!...
O subdirector do "Expresso" lembra depois uma constatação que fez um outro jornalista brasileiro, Fernão Lara Mesquita, do "Estado de S. Paulo", durante o VI Congresso do Jornalismo de Língua Portuguesa, a respeito do "falhanço da imprensa no debate sobre a concentração das corporações, por se terem tornado parte interessada do processo".
Nicolau Santos, aparentemente, só agora é que começou a reflectir sobre o assunto, pois espantou-se-nos ainda com a conclusão de que nos EUA, em 1983, havia 50 companhias que distribuiam notícias, enquanto que em 2004 esse número era apenas de "seis(!)" A saber: Viacom, Disney, Time Warner, General Electric, News Corporation e Comcast.
"Ou seja, a concentração é boa do ponto de vista económico e má em matéria de liberdade de imprensa? O mérito de Pompeu e Mesquita é obrigarem-nos a reflectir sobre o assunto", termina assim a crónica do subdirector do "Expresso", semanário que está num grupo económico que também é proprietário, entre outras publicações, da revista "Visão" e do canal de televisão privado "SIC" - assim como os seus canais associados na TV Cabo.
Deixo aqui um conselho a Nicolau Santos: porque não começar a tal "reflexão" lá por casa?!...
Racismo e violência. Desemprego e défice. De quem é a culpa?
A culpa é do PSD e PS. Ponto final.
Nos últimos 30 anos foram estes dois partidos que dividiram entre si o poder, pelo que são ambos responsáveis pelo défice de 6,8 por cento.
É óbvio.
Uns mentiram e ocultaram, outros mentiram e depois divulgaram.
Há apenas um ano, Durão Barroso ainda era primeiro-ministro e José Sócrates um mero deputado socialista - lembram-se?! Pois é, foi há apenas um ano e, no entanto, parece que foi há décadas...
Há um ano, os portugueses, anestesiados com os jogos da bola de um qualquer campeonato europeu da modalidade que por cá houve, andavam a abanar a bandeira com os pagodes na vez dos castelos enquanto os políticos, às escondidas, vendiam o país pelo preço mais baixo...
Ontem, apenas 365 dias volvidos, no Martim Moniz, outros cidadãos portugueses, por terem exibido essa mesma bandeira (sem os pagodes), foram apelidados de "racistas" e "xenófobos".
Não defendo as verdadeiras bestas racistas e xenófobas, mas entendo que muitos portugueses, que não se identificam com os valores dos partidos de esquerda como PCP e BE, estejam desiludidos com a qualidade dos políticos que nos últimos 30 anos de suposta democracia germinaram dentro do PS e PSD.
E até no PP.
Há muita gente que se sente desamparada por parte dos partidos políticos tradicionais e sabe que é desinformada por uma Comunicação Social que, hipocritamente, ostenta a designação de "independente" (por isso é que os jornais vendem pouco em Portugal, uma vez que as pessoas sabem bem que não vale a pena comprá-los).
Essas pessoas não apareceram ontem em público, pois não gostam do espectáculo, mas são cada vez mais uma "maioria silenciosa" que começa a pensar votar nos partidos mais à extrema da direita, como o PNR.
O fenómeno não é novo da Europa e, Le Pen, em França, é o mais visível exemplo de uma vaga que está a chegar a Portugal.
A culpa da situação - que vai agravar-se cada vez mais - será sempre e unicamente atribuída à má qualidade dos políticos do PSD e PS. E ponto final.
E eu, em quem voto?
É simples: voto PPM.
Nos últimos 30 anos foram estes dois partidos que dividiram entre si o poder, pelo que são ambos responsáveis pelo défice de 6,8 por cento.
É óbvio.
Uns mentiram e ocultaram, outros mentiram e depois divulgaram.
Há apenas um ano, Durão Barroso ainda era primeiro-ministro e José Sócrates um mero deputado socialista - lembram-se?! Pois é, foi há apenas um ano e, no entanto, parece que foi há décadas...
Há um ano, os portugueses, anestesiados com os jogos da bola de um qualquer campeonato europeu da modalidade que por cá houve, andavam a abanar a bandeira com os pagodes na vez dos castelos enquanto os políticos, às escondidas, vendiam o país pelo preço mais baixo...
Ontem, apenas 365 dias volvidos, no Martim Moniz, outros cidadãos portugueses, por terem exibido essa mesma bandeira (sem os pagodes), foram apelidados de "racistas" e "xenófobos".
Não defendo as verdadeiras bestas racistas e xenófobas, mas entendo que muitos portugueses, que não se identificam com os valores dos partidos de esquerda como PCP e BE, estejam desiludidos com a qualidade dos políticos que nos últimos 30 anos de suposta democracia germinaram dentro do PS e PSD.
E até no PP.
Há muita gente que se sente desamparada por parte dos partidos políticos tradicionais e sabe que é desinformada por uma Comunicação Social que, hipocritamente, ostenta a designação de "independente" (por isso é que os jornais vendem pouco em Portugal, uma vez que as pessoas sabem bem que não vale a pena comprá-los).
Essas pessoas não apareceram ontem em público, pois não gostam do espectáculo, mas são cada vez mais uma "maioria silenciosa" que começa a pensar votar nos partidos mais à extrema da direita, como o PNR.
O fenómeno não é novo da Europa e, Le Pen, em França, é o mais visível exemplo de uma vaga que está a chegar a Portugal.
A culpa da situação - que vai agravar-se cada vez mais - será sempre e unicamente atribuída à má qualidade dos políticos do PSD e PS. E ponto final.
E eu, em quem voto?
É simples: voto PPM.
20050617
Corrida a Belém
Cavaco Silva há muito que é apontado como o próximo Presidente da República, uma vez que o país já esqueceu as razões que não levaram a votar nele há 10 anos.
A esquerda socialista esvaziou-se para estas eleições. António Guterres foi "chutado" para a ONU (e agradeceu!), enquanto António Vitorino não parece muito interessado em queimar o seu prestígio duramente alcançado. Manuel Alegre não está nada feliz por ser o "bombo da festa" e não gostaria de ir "cumprir calendário", uma vez que até o amigo Mário Soares prepara-se para não atacar uma candidatura de Cavaco Silva (isso faz parte do acordo entre ambos, feito em 1987, quando o presidente Soares dissolveu a Assembleia da República e permitiu que Cavaco Silva conquistasse a primeira maioria absoluta em troca da não realização de um inquérito parlamentar ao tráfico de armas norte-americanas por Portugal no tempo em que Mário Soares era primeiro-ministro e Mota Pinto o ministro da Defesa).
Para os lados do PCP e BE também não se vislumbra uma personalidade com nível presidencial. Embora, se eu fosse militante de um desses partidos, propunha um candidato que não fosse um político profissional, mas sim um verdadeiro homem do povo, com uma profissão mais próxima da maioria dos portugueses, como um agricultor, empregado de escritório, professor, operário metalúrgico (O Lula não é Presidente do Brasil?!), funcionário público ou até uma mulher-a-dias (o melhor para limpar a política!).
Acho que só com um candidato à presidência da República que não fosse um político profissional, mas sim um homem comum do povo, é que os partidos da esquerda seriam coerentes com seu ideal de defesa dos direitos dos trabalhadores e na vontade de ser a voz dos oprimidos. Podem dizer que estou a delirar, pois o cargo requer uma preparação e uma dignidade simbólica e até uma agilidade política... Mas, francamente, acho esse argumento insultuoso para com os portugueses mais desfavorecidos, uma vez que, vendo o que outros fizeram até hoje, acho sinceramente que essa pessoa saberia estar à altura do cargo. Afinal, se estamos numa República e não numa Monarquia, então a esquerda que assuma que não são um bando de intlectuais que se alimentam dos problemas dos pobres para poderem ter o privilégio de circular nos corredores bem cheirosos do poder, e façam os possíveis para colocar um verdadeiro homem do Povo no lugar de Chefe de Estado!...
Finalmente, para combater Cavaco Silva, só mesmo um outro candidato na direita.
E esse vai ser Santana Lopes.
A esquerda socialista esvaziou-se para estas eleições. António Guterres foi "chutado" para a ONU (e agradeceu!), enquanto António Vitorino não parece muito interessado em queimar o seu prestígio duramente alcançado. Manuel Alegre não está nada feliz por ser o "bombo da festa" e não gostaria de ir "cumprir calendário", uma vez que até o amigo Mário Soares prepara-se para não atacar uma candidatura de Cavaco Silva (isso faz parte do acordo entre ambos, feito em 1987, quando o presidente Soares dissolveu a Assembleia da República e permitiu que Cavaco Silva conquistasse a primeira maioria absoluta em troca da não realização de um inquérito parlamentar ao tráfico de armas norte-americanas por Portugal no tempo em que Mário Soares era primeiro-ministro e Mota Pinto o ministro da Defesa).
Para os lados do PCP e BE também não se vislumbra uma personalidade com nível presidencial. Embora, se eu fosse militante de um desses partidos, propunha um candidato que não fosse um político profissional, mas sim um verdadeiro homem do povo, com uma profissão mais próxima da maioria dos portugueses, como um agricultor, empregado de escritório, professor, operário metalúrgico (O Lula não é Presidente do Brasil?!), funcionário público ou até uma mulher-a-dias (o melhor para limpar a política!).
Acho que só com um candidato à presidência da República que não fosse um político profissional, mas sim um homem comum do povo, é que os partidos da esquerda seriam coerentes com seu ideal de defesa dos direitos dos trabalhadores e na vontade de ser a voz dos oprimidos. Podem dizer que estou a delirar, pois o cargo requer uma preparação e uma dignidade simbólica e até uma agilidade política... Mas, francamente, acho esse argumento insultuoso para com os portugueses mais desfavorecidos, uma vez que, vendo o que outros fizeram até hoje, acho sinceramente que essa pessoa saberia estar à altura do cargo. Afinal, se estamos numa República e não numa Monarquia, então a esquerda que assuma que não são um bando de intlectuais que se alimentam dos problemas dos pobres para poderem ter o privilégio de circular nos corredores bem cheirosos do poder, e façam os possíveis para colocar um verdadeiro homem do Povo no lugar de Chefe de Estado!...
Finalmente, para combater Cavaco Silva, só mesmo um outro candidato na direita.
E esse vai ser Santana Lopes.
O segredo do túnel do Marquês
Na edição de hoje do "Independente" vem uma entrevista com José Braga Gonçalves, onde o principal nome do "Caso Moderna" afirma ter escrito um livro na prisão intitulado "O Maçon de Viena", que vai ser lançado este mês.
Por aquilo que foi dito na entrevista sabe-se que a obra versará sobre o Marquês de Pombal e de uma cidade-templo em Lisboa, construída secretamente após o terramoto de 1755.
Agora entendo os atrasos nas obras no túnel do Marquês.
Agora sei que José Sá Fernandes foi, afinal, um importante peão da maçonaria para atrasar os trabalhos de modo que, disfarçados de engenheiros de manutenção e longe dos olhares indiscretos, os maçons pudessem fazer as suas investigações no subsolo de Lisboa enquanto as obras não avançavam...
Está tudo explicado!
Por aquilo que foi dito na entrevista sabe-se que a obra versará sobre o Marquês de Pombal e de uma cidade-templo em Lisboa, construída secretamente após o terramoto de 1755.
Agora entendo os atrasos nas obras no túnel do Marquês.
Agora sei que José Sá Fernandes foi, afinal, um importante peão da maçonaria para atrasar os trabalhos de modo que, disfarçados de engenheiros de manutenção e longe dos olhares indiscretos, os maçons pudessem fazer as suas investigações no subsolo de Lisboa enquanto as obras não avançavam...
Está tudo explicado!
Recordação de Cunhal com o KGB pelo meio
Em Abril de 1995 estive uma semana em Moscovo para entrevistar alguns antigos agentes do KGB sobre o desvio de documentos da PIDE para a URSS após o 25 de Abril de 1974.
Gravei alguns testemunhos em vídeo, mas os originais dessas cassetes perderam-se na mesa de um responsável de Informação da SIC, pelo que aprendi a não confiar originais, especialmente quando ainda não fizera cópias...
Nessa altura, em 1995, foi aprovado na Assembleia da República uma comissão de inquérito parlamentar para investigar a transferência de arquivos da PIDE para o KGB, de modo a tentar apurar quem foram os responsáveis pelo seu envio e que tipo de chantagem foi depois exercida sobre as pessoas cujos dados supostamente acabaram por ser utilizados pelos serviços secretos soviéticos.
O inquérito PIDE/KGB, um pouco à semelhança do inquérito parlamentar aprovado em Março de 1987 que iria investigar o negócio ilegal do tráfico de armas norte-americanas por Portugal no âmbito do escândalo do "Iran-Contra", também nunca chegou a funcionar, visto que foi interrompido e nunca retomado porque, em 1995, houve eleições legislativas - onde Fernando Nogueira perdeu contra o socialista António Guterres.
Em 1999, contudo, foi editado em Inglaterra o livro "O Arquivo Mitrokhine" - tradução em português pela Dom Quixote com prefácio de José Pacheco Pereira.
Um antigo arquivista do KGB, Vasili Mitrokhin, tinha desertado da Rússia em 1992 e, com a ajuda dos serviços secretos britânicos, levara para Inglaterra imensos dados dos arquivos soviéticos.
O livro era apenas uma pequena parte do que tinha sido "autorizado" a ser divulgado publicamente.
Na página 388 da edição portuguesa afirmava-se que Álvaro Cunhal fora o responsável por grande parte da informação transmitida ao KGB e, entre vários documentos que o PCP enviou para Moscovo, havia mesmo material dos arquivos da PIDE.
Fui questionar Álvaro Cunhal sobre este assunto. Para tal, aproveitei uma deslocação sua ao Porto, à Cooperativa Árvore, onde o histórico líder do PCP ia apresentar o livro "A Verdade e Mentira na Revolução de Abril", numa sessão moderada pelo artista plástico José Rodrigues.
Fiz a minha pergunta na sessão de discussão pública. Confesso que estava algo nervoso já que sabia que não iria ser uma pergunta fácil, ainda por cima perante um público fiel ao líder...
Levantei-me, identifiquei-me devidamente como jornalista do "Tal&Qual" e perguntei directamente a Álvaro Cunhal o que tinha a dizer sobre aquela acusação constante do livro de Mitrokhin e, como disse Salgueiro Maia quando descreveu o momento em que acabara de transmitir pessoalmente a Marcello Caetano que estava sitiado no Terreiro do Paço, "deixei-me ficar".
Saliente-se que, até àquele altura, não me lembrava de alguma vez ter visto essa pergunta ter sido feita por qualquer outro jornalista...
Álvaro Cunhal respondeu-me:
"Tenho 86 anos e se tivesse de responder a tudo o que dizem sobre mim não me chegariam mais 86 anos. Se falei com agentes do KGB? É possível, pois falava com muita gente e não estava sempre a perguntar-lhes se eram ou não do KGB. Agora, também não me parece que se possa dar muita credibilidade a um agente do KGB que depois acaba por publicar um livro no território do antigo inimigo".
Aquilo chegou-me e acabei por publicar um artigo digno de primeira página.
Fiz o meu trabalho. Fiz a pergunta e, independentemente da polémica obtive uma resposta directa de Álvaro Cunhal, sem fugas ou os subterfúgios linguísticos dignos de outros grandes da política nacional que se dizem verdadeiros democratas.
Só por causa disso, obrigado Álvaro Cunhal.
Gravei alguns testemunhos em vídeo, mas os originais dessas cassetes perderam-se na mesa de um responsável de Informação da SIC, pelo que aprendi a não confiar originais, especialmente quando ainda não fizera cópias...
Nessa altura, em 1995, foi aprovado na Assembleia da República uma comissão de inquérito parlamentar para investigar a transferência de arquivos da PIDE para o KGB, de modo a tentar apurar quem foram os responsáveis pelo seu envio e que tipo de chantagem foi depois exercida sobre as pessoas cujos dados supostamente acabaram por ser utilizados pelos serviços secretos soviéticos.
O inquérito PIDE/KGB, um pouco à semelhança do inquérito parlamentar aprovado em Março de 1987 que iria investigar o negócio ilegal do tráfico de armas norte-americanas por Portugal no âmbito do escândalo do "Iran-Contra", também nunca chegou a funcionar, visto que foi interrompido e nunca retomado porque, em 1995, houve eleições legislativas - onde Fernando Nogueira perdeu contra o socialista António Guterres.
Em 1999, contudo, foi editado em Inglaterra o livro "O Arquivo Mitrokhine" - tradução em português pela Dom Quixote com prefácio de José Pacheco Pereira.
Um antigo arquivista do KGB, Vasili Mitrokhin, tinha desertado da Rússia em 1992 e, com a ajuda dos serviços secretos britânicos, levara para Inglaterra imensos dados dos arquivos soviéticos.
O livro era apenas uma pequena parte do que tinha sido "autorizado" a ser divulgado publicamente.
Na página 388 da edição portuguesa afirmava-se que Álvaro Cunhal fora o responsável por grande parte da informação transmitida ao KGB e, entre vários documentos que o PCP enviou para Moscovo, havia mesmo material dos arquivos da PIDE.
Fui questionar Álvaro Cunhal sobre este assunto. Para tal, aproveitei uma deslocação sua ao Porto, à Cooperativa Árvore, onde o histórico líder do PCP ia apresentar o livro "A Verdade e Mentira na Revolução de Abril", numa sessão moderada pelo artista plástico José Rodrigues.
Fiz a minha pergunta na sessão de discussão pública. Confesso que estava algo nervoso já que sabia que não iria ser uma pergunta fácil, ainda por cima perante um público fiel ao líder...
Levantei-me, identifiquei-me devidamente como jornalista do "Tal&Qual" e perguntei directamente a Álvaro Cunhal o que tinha a dizer sobre aquela acusação constante do livro de Mitrokhin e, como disse Salgueiro Maia quando descreveu o momento em que acabara de transmitir pessoalmente a Marcello Caetano que estava sitiado no Terreiro do Paço, "deixei-me ficar".
Saliente-se que, até àquele altura, não me lembrava de alguma vez ter visto essa pergunta ter sido feita por qualquer outro jornalista...
Álvaro Cunhal respondeu-me:
"Tenho 86 anos e se tivesse de responder a tudo o que dizem sobre mim não me chegariam mais 86 anos. Se falei com agentes do KGB? É possível, pois falava com muita gente e não estava sempre a perguntar-lhes se eram ou não do KGB. Agora, também não me parece que se possa dar muita credibilidade a um agente do KGB que depois acaba por publicar um livro no território do antigo inimigo".
Aquilo chegou-me e acabei por publicar um artigo digno de primeira página.
Fiz o meu trabalho. Fiz a pergunta e, independentemente da polémica obtive uma resposta directa de Álvaro Cunhal, sem fugas ou os subterfúgios linguísticos dignos de outros grandes da política nacional que se dizem verdadeiros democratas.
Só por causa disso, obrigado Álvaro Cunhal.
20050614
As coisas que o grande arquitecto me faz dizer...
Gostei de ler a entrevista do director do "Expresso" ao mesmo.
Acho que foi uma decisão correcta por parte de quem a tomou, por isso não vou discutir esse assunto.
Lamento apenas não ter ficado muito informado sobre o real valor que tem o tal prémio espanhol de carreira que provocou uma entrevista de 13 páginas. Apenas fiquei a saber que distinção resultou de uma proposta do dono do jornal...
Mais uma vez, tal como no caso de Carrilho, arrisco estar a falar de uma pessoa que, é público, deverá estar um bocadinho chateada comigo uma vez que, em Novembro de 2003, foi vítima de uma queixa da minha autoria na Alta Autoridade para a Comunicação Social. Foi por causa de uma crónica - "Lágrimas de Crocodilo", 30 de Agosto de 2003, logo após a morte de Sérgio Vieira de Mello -, onde o director do "Expresso" defendia a intervenção norte-americana no Iraque com o exemplo de uma família que faz Justiça pelas próprias mãos.
Nunca tive a oportunidade de lhe explicar que, na realidade, telefonara para a AACS apenas para perguntar sobre a hipotética possibilidade daquela comparação poder ser interpretada como "apologia pública de um crime" e "incentivo à desobediência colectiva". No entanto, como a AACS pediu que fizesse a pergunta por e-mail, acabou depois por ser transformada numa queixa sem que eu o tivesse sugerido...
Não há, portanto, qualquer sentimento pessoal.
Apenas profissional.
É na sequência desse respeitinho profissional e graças à liberdade de expressão que dizem existir neste País, que gostaria muito de um dia poder ver uma resposta por parte do director do "Expresso" a algumas dúvidas minhas. São perguntas algo longas, pois precisam de uma certa introdução ao assunto, mas eis o que eu gostaria de saber:
- Há dias, eu disse ao director de um diário que tinha resolvido o caso Camarate. Ele perguntou-me como era isso possível, uma vez que, em 1980, eu só tinha oito anos. Respondi-lhe que, entretanto, estivera a crescer e foi no dia em que me confirmaram que, em 1980, houve um negócio ilegal de tráfico de armas para o Irão por Portugal e que esse negócio poderia ter servido para Ronald Reagan e George Bush - antigo director da CIA e pai do actual presidente dos EUA - impedirem a libertação dos reféns norte-americano em Teerão e assim "roubar" a reeleição de Jimmy Carter, eu percebi que Camarate escondia grandes implicações internacionais e ainda influir gravemente na actualidade política, pelo que seria conveniente manter um silêncio sobre o assunto. Pergunto então ao director do "Expresso" se também já chegou a esta conclusão - baseada nas declarações de Nuno Melo no passado dia 7 de Dezembro de 2004 - e se é conivente com o silêncio por parte do seu jornal ou tem uma opinião diferente?
- Numa análise política por si feita no início de 1987 dizia que Cavaco Silva, caso provocasse a dissolução da Assembleia da República, numa altura em que governava em minoria, arriscava-se a perder as eleições. Contudo, se fosse derrubado sem motivo, ganharia a maioria absoluta. O certo é que, dias depois, a 4 de Abril de 1987, o PRD apresentou uma moção de censura devido a um incidente diplomático num país que até então poucos conheciam e o governo PSD foi mesmo derrubado. O presidente Mário Soares não chamou o PS e PRD a formarem governo e preferiu convocar as célebres eleições antecipadas que, tal como o senhor previa, deram a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva. Pergunto-lhe por que achou então desinteressante noticiar o facto de que, quatro dias antes da moção do PRD, a Assembleia da República tinha aprovado uma comissão de inquérito parlamentar para investigar o negócio de tráfico de armas norte-americanas por Portugal no tempo do Bloco Central (quando Mário Soares era primeiro-ministro e Mota Pinto ministro da Defesa) e, precisamente devido à convocação de eleições por parte de Mário Soares, esse inquérito só poderia funcionar se viesse a ser novamente votado e aprovado na legislatura seguinte? Apesar do "Expresso", entre Janeiro e Abril de 1987, ter feito grandes reportagens - uma delas premiada - sobre esse negócio conhecido internacionalmente como "Irangate" ou "Iran-Contra", o certo é que o assunto foi "esquecido" desde o dia em que foi derrubado o governo minoritário de Cavaco Silva. Acrescento ainda a esta pergunta: teve ao menos conhecimento da constituição dessa comissão de inquérito?
- Também eu já escrevi vários artigos jornalísticos críticos em relação ao Dr. Balsemão - um deles, por exemplo, no "24 Horas", criticava o facto de ele não se lembrar de ter estado com o doutor Henry Kissinger cerca de 15 dias antes da morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa. Acha, portanto, que à semelhança do que lhe aconteceu, também eu poderei ambicionar um dia poder vir a trabalhar no "Expresso"? Não digo que venha a ser director, pois isso, para já, não está nos meus planos. Se acha que não é possível, diga-me então uma outra coisa: qual é o segredo do seu sucesso?
-Por que razão o "Expresso" noticia com antecedência a participação de alguns políticos portugueses nos encontros secretos com os empresários do grupo de Bilderberg, e depois não faz uma entrevista ou reportagem com esses mesmos políticos sobre o que ali se combinou? Bem sei que uma das condições da participação nos encontros é o secretismo, mas nesse caso, por que aceitam estas regras políticos que são eleitos pelo povo? Não cabe a um jornal com a expressão do "Expresso" lutar pela transparência da vida política? Sobre o último encontro, depois da notícia do "Expresso", apenas "O Crime" fez jornalismo quando publicou as fotos de António Guterres à porta do hotel em Munique à procura de emprego na ONU... No "Expresso", nem uma única linha sobre o pós-Bilderberg. Até na secção de "Emprego" fui procurar, mas nada...
- Finalmente, e pegando nas suas palavras logo ao início da entrevista (garanto que, sim senhor, lia-a todinha, as 13 páginas! mas esta parte do início é mesmo a que agora mais me interessa), diz que "pelo passado, pode aferir-se da qualidade das análises feitas hoje" e, ainda na mesma resposta, "a história tem-me dado razão". Pergunto-lhe então, olhando para o estado actual da Nação e vendo que nos últimos 20 anos foi o senhor o principal e único responsável pela melhor análise política (a ponto de achar que, sim senhor, se até a Catarina Furtado merece uma medalha no 10 de Junho, porque não o senhor?!), o que se passou foi:
a)Os políticos simplesmente não lhe ligam nenhuma e não tomam em consideração as suas análises?
b)As suas análises são apenas explanações evidentes e repletas de obviedades que até mesmo uma criança de 12 anos (como era o meu caso) pode ler e entender e mais nada?
c)Ainda está para nascer o político que vai mudar isto tudo e, por isso, enquanto esse dia não chegar, o senhor não pensa em demitir-se e vai continuar a escrever, nem que seja por mais 20 anos? (Altura em ganhará o Nobel e se reformará, mas nunca de forma antecipada).
P.S. Gostei imenso da paisagem que se vê desde "a sua nova casa". Para quando uma reportagem na "Caras"?!
Acho que foi uma decisão correcta por parte de quem a tomou, por isso não vou discutir esse assunto.
Lamento apenas não ter ficado muito informado sobre o real valor que tem o tal prémio espanhol de carreira que provocou uma entrevista de 13 páginas. Apenas fiquei a saber que distinção resultou de uma proposta do dono do jornal...
Mais uma vez, tal como no caso de Carrilho, arrisco estar a falar de uma pessoa que, é público, deverá estar um bocadinho chateada comigo uma vez que, em Novembro de 2003, foi vítima de uma queixa da minha autoria na Alta Autoridade para a Comunicação Social. Foi por causa de uma crónica - "Lágrimas de Crocodilo", 30 de Agosto de 2003, logo após a morte de Sérgio Vieira de Mello -, onde o director do "Expresso" defendia a intervenção norte-americana no Iraque com o exemplo de uma família que faz Justiça pelas próprias mãos.
Nunca tive a oportunidade de lhe explicar que, na realidade, telefonara para a AACS apenas para perguntar sobre a hipotética possibilidade daquela comparação poder ser interpretada como "apologia pública de um crime" e "incentivo à desobediência colectiva". No entanto, como a AACS pediu que fizesse a pergunta por e-mail, acabou depois por ser transformada numa queixa sem que eu o tivesse sugerido...
Não há, portanto, qualquer sentimento pessoal.
Apenas profissional.
É na sequência desse respeitinho profissional e graças à liberdade de expressão que dizem existir neste País, que gostaria muito de um dia poder ver uma resposta por parte do director do "Expresso" a algumas dúvidas minhas. São perguntas algo longas, pois precisam de uma certa introdução ao assunto, mas eis o que eu gostaria de saber:
- Há dias, eu disse ao director de um diário que tinha resolvido o caso Camarate. Ele perguntou-me como era isso possível, uma vez que, em 1980, eu só tinha oito anos. Respondi-lhe que, entretanto, estivera a crescer e foi no dia em que me confirmaram que, em 1980, houve um negócio ilegal de tráfico de armas para o Irão por Portugal e que esse negócio poderia ter servido para Ronald Reagan e George Bush - antigo director da CIA e pai do actual presidente dos EUA - impedirem a libertação dos reféns norte-americano em Teerão e assim "roubar" a reeleição de Jimmy Carter, eu percebi que Camarate escondia grandes implicações internacionais e ainda influir gravemente na actualidade política, pelo que seria conveniente manter um silêncio sobre o assunto. Pergunto então ao director do "Expresso" se também já chegou a esta conclusão - baseada nas declarações de Nuno Melo no passado dia 7 de Dezembro de 2004 - e se é conivente com o silêncio por parte do seu jornal ou tem uma opinião diferente?
- Numa análise política por si feita no início de 1987 dizia que Cavaco Silva, caso provocasse a dissolução da Assembleia da República, numa altura em que governava em minoria, arriscava-se a perder as eleições. Contudo, se fosse derrubado sem motivo, ganharia a maioria absoluta. O certo é que, dias depois, a 4 de Abril de 1987, o PRD apresentou uma moção de censura devido a um incidente diplomático num país que até então poucos conheciam e o governo PSD foi mesmo derrubado. O presidente Mário Soares não chamou o PS e PRD a formarem governo e preferiu convocar as célebres eleições antecipadas que, tal como o senhor previa, deram a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva. Pergunto-lhe por que achou então desinteressante noticiar o facto de que, quatro dias antes da moção do PRD, a Assembleia da República tinha aprovado uma comissão de inquérito parlamentar para investigar o negócio de tráfico de armas norte-americanas por Portugal no tempo do Bloco Central (quando Mário Soares era primeiro-ministro e Mota Pinto ministro da Defesa) e, precisamente devido à convocação de eleições por parte de Mário Soares, esse inquérito só poderia funcionar se viesse a ser novamente votado e aprovado na legislatura seguinte? Apesar do "Expresso", entre Janeiro e Abril de 1987, ter feito grandes reportagens - uma delas premiada - sobre esse negócio conhecido internacionalmente como "Irangate" ou "Iran-Contra", o certo é que o assunto foi "esquecido" desde o dia em que foi derrubado o governo minoritário de Cavaco Silva. Acrescento ainda a esta pergunta: teve ao menos conhecimento da constituição dessa comissão de inquérito?
- Também eu já escrevi vários artigos jornalísticos críticos em relação ao Dr. Balsemão - um deles, por exemplo, no "24 Horas", criticava o facto de ele não se lembrar de ter estado com o doutor Henry Kissinger cerca de 15 dias antes da morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa. Acha, portanto, que à semelhança do que lhe aconteceu, também eu poderei ambicionar um dia poder vir a trabalhar no "Expresso"? Não digo que venha a ser director, pois isso, para já, não está nos meus planos. Se acha que não é possível, diga-me então uma outra coisa: qual é o segredo do seu sucesso?
-Por que razão o "Expresso" noticia com antecedência a participação de alguns políticos portugueses nos encontros secretos com os empresários do grupo de Bilderberg, e depois não faz uma entrevista ou reportagem com esses mesmos políticos sobre o que ali se combinou? Bem sei que uma das condições da participação nos encontros é o secretismo, mas nesse caso, por que aceitam estas regras políticos que são eleitos pelo povo? Não cabe a um jornal com a expressão do "Expresso" lutar pela transparência da vida política? Sobre o último encontro, depois da notícia do "Expresso", apenas "O Crime" fez jornalismo quando publicou as fotos de António Guterres à porta do hotel em Munique à procura de emprego na ONU... No "Expresso", nem uma única linha sobre o pós-Bilderberg. Até na secção de "Emprego" fui procurar, mas nada...
- Finalmente, e pegando nas suas palavras logo ao início da entrevista (garanto que, sim senhor, lia-a todinha, as 13 páginas! mas esta parte do início é mesmo a que agora mais me interessa), diz que "pelo passado, pode aferir-se da qualidade das análises feitas hoje" e, ainda na mesma resposta, "a história tem-me dado razão". Pergunto-lhe então, olhando para o estado actual da Nação e vendo que nos últimos 20 anos foi o senhor o principal e único responsável pela melhor análise política (a ponto de achar que, sim senhor, se até a Catarina Furtado merece uma medalha no 10 de Junho, porque não o senhor?!), o que se passou foi:
a)Os políticos simplesmente não lhe ligam nenhuma e não tomam em consideração as suas análises?
b)As suas análises são apenas explanações evidentes e repletas de obviedades que até mesmo uma criança de 12 anos (como era o meu caso) pode ler e entender e mais nada?
c)Ainda está para nascer o político que vai mudar isto tudo e, por isso, enquanto esse dia não chegar, o senhor não pensa em demitir-se e vai continuar a escrever, nem que seja por mais 20 anos? (Altura em ganhará o Nobel e se reformará, mas nunca de forma antecipada).
P.S. Gostei imenso da paisagem que se vê desde "a sua nova casa". Para quando uma reportagem na "Caras"?!
20050613
Olhe que sim, doutor, olhe que sim..
Primeiro, Vasco Gonçalves, depois Álvaro Cunhal e, finalmente, Eugénio de Andrade. A natural ordem das coisas levou de uma assentada três importantes vultos da nossa sociedade.
Se o primeiro era um sonhador de uma utopia bem humana, o segundo foi um político coerente - o que segundo o ensaísta Eduardo Lourenço não é um bom elogio, pois, conforme o ouvi hoje dizer, "também Hitler foi coerente"...
Uma coisa que não consigo esquecer, contudo, foi a maldade que fizeram a Álvaro Cunhal quando quiseram evocar o célebre debate televisivo entre ele e Mário Soares, apenas para permitir que Mário Soares se "vingasse" e pudesse atirar com um "Olhe que não, doutor, olhe que não"...
Foi uma armadilha programada, para no fim prevalecer o espectáculo jornalístico desse som de fundo redutor numa altura em que Álvaro Cunhal dizia coisas tão sérias e graves que, no fundo, consubstanciam certas evidências que até mesmo um reduzido sector da direita sabe e combate, ou seja, os nossos políticos mais não são do que chefes de conselhos de administração de multinacionais ao serviço dos grandes interesses bancários, desumanos e com vários rostos.
Por isso, doutor Mário Soares, olhe que sim, doutor, olhe que sim...
Sobre Eugénio de Andrade, tenho a sincera pena de que ele tenha morrido, pois sei que vai sentir saudades de viver naquela casa na Foz do Douro. Acho que não há nenhum paraíso fora desta vida o qual possa ser comparado àquela sua última morada terrena...
Se o primeiro era um sonhador de uma utopia bem humana, o segundo foi um político coerente - o que segundo o ensaísta Eduardo Lourenço não é um bom elogio, pois, conforme o ouvi hoje dizer, "também Hitler foi coerente"...
Uma coisa que não consigo esquecer, contudo, foi a maldade que fizeram a Álvaro Cunhal quando quiseram evocar o célebre debate televisivo entre ele e Mário Soares, apenas para permitir que Mário Soares se "vingasse" e pudesse atirar com um "Olhe que não, doutor, olhe que não"...
Foi uma armadilha programada, para no fim prevalecer o espectáculo jornalístico desse som de fundo redutor numa altura em que Álvaro Cunhal dizia coisas tão sérias e graves que, no fundo, consubstanciam certas evidências que até mesmo um reduzido sector da direita sabe e combate, ou seja, os nossos políticos mais não são do que chefes de conselhos de administração de multinacionais ao serviço dos grandes interesses bancários, desumanos e com vários rostos.
Por isso, doutor Mário Soares, olhe que sim, doutor, olhe que sim...
Sobre Eugénio de Andrade, tenho a sincera pena de que ele tenha morrido, pois sei que vai sentir saudades de viver naquela casa na Foz do Douro. Acho que não há nenhum paraíso fora desta vida o qual possa ser comparado àquela sua última morada terrena...
20050612
Quem tem filho, tem Carrilho...
Confesso que não me apetecia abordar a participação do filho de um ano de idade de Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães, o pequeno Dinis, no vídeo de campanha política da candidatura do "papá" à Câmara de Lisboa.
Não queria, pois sei que iria ser sempre mal interpretado, visto que é do conhecimento público que fui eu - então quando ainda era jornalista do "Tal&Qual" - quem, em Agosto de 2001, foi à República Dominicana buscar as provas notariais de que Bárbara Guimarães estava mesmo casada com Pedro Miguel Ramos.
A minha deslocação àquela ilha das Caraíbas estragou a festa de casamento de 4 de Agosto de 2001 que Carrilho e Bárbara tinham vendido em exclusivo ao semanário "Expresso" - cujas fotos foram depois anonimamente publicadas na Internet ainda antes da publicação da revista do semanário. Algo que causou muita discussão legal, mas sem nunca se ter descoberto o culpado do "feito".
Foi, portanto, por minha causa que Bárbara Guimarães teve depois de entrar num processo de divórcio com Pedro Miguel Ramos até que, finalmente, a 22 de Abril de 2003, legalizou o casamento com Carrilho. Meses mais tarde, a 30 de Janeiro, nascia o pequeno Dinis Maria.
Desde logo, o mediático casal procurou proteger a criança das lentes dos fotojornalistas, facto que eu compreendia por razões de segurança e reserva da imagem do menor... A protecção da imagem do pequeno deu origem a uma discussão entre Carrilho e um fotógrafo da Impala...
Agora, sabendo isto, como posso defender em consciência a inclusão do pequeno Dinis no vídeo de campanha? Como posso eu defender o direito à protecção da imagem do menor quando é próprio o pai que não se opõe ao uso da mesma quando se trata de conquistar óbvios proveitos políticos?
Até que gostaria de defender Carrilho e Bárbara, até gostaria de esquecer o facto de que Carrilho, quando era um dos "melhores ministros de Guterres" e geria a pasta da Cultura, patrocinava um programa cultural de Bárbara na rádio... Numa altura em que ainda não se sabia que ambos partilhavam intimidades...
Como posso defendê-los em consciência?
Eu até que queria, lá isso queria...
Não queria, pois sei que iria ser sempre mal interpretado, visto que é do conhecimento público que fui eu - então quando ainda era jornalista do "Tal&Qual" - quem, em Agosto de 2001, foi à República Dominicana buscar as provas notariais de que Bárbara Guimarães estava mesmo casada com Pedro Miguel Ramos.
A minha deslocação àquela ilha das Caraíbas estragou a festa de casamento de 4 de Agosto de 2001 que Carrilho e Bárbara tinham vendido em exclusivo ao semanário "Expresso" - cujas fotos foram depois anonimamente publicadas na Internet ainda antes da publicação da revista do semanário. Algo que causou muita discussão legal, mas sem nunca se ter descoberto o culpado do "feito".
Foi, portanto, por minha causa que Bárbara Guimarães teve depois de entrar num processo de divórcio com Pedro Miguel Ramos até que, finalmente, a 22 de Abril de 2003, legalizou o casamento com Carrilho. Meses mais tarde, a 30 de Janeiro, nascia o pequeno Dinis Maria.
Desde logo, o mediático casal procurou proteger a criança das lentes dos fotojornalistas, facto que eu compreendia por razões de segurança e reserva da imagem do menor... A protecção da imagem do pequeno deu origem a uma discussão entre Carrilho e um fotógrafo da Impala...
Agora, sabendo isto, como posso defender em consciência a inclusão do pequeno Dinis no vídeo de campanha? Como posso eu defender o direito à protecção da imagem do menor quando é próprio o pai que não se opõe ao uso da mesma quando se trata de conquistar óbvios proveitos políticos?
Até que gostaria de defender Carrilho e Bárbara, até gostaria de esquecer o facto de que Carrilho, quando era um dos "melhores ministros de Guterres" e geria a pasta da Cultura, patrocinava um programa cultural de Bárbara na rádio... Numa altura em que ainda não se sabia que ambos partilhavam intimidades...
Como posso defendê-los em consciência?
Eu até que queria, lá isso queria...
20050608
O elefante na sala...
Existem certos eventos demasiado evidentes e importantes que até são transmitidos pela Comunicação Social mas, por ausência de qualquer discussão ou investigação, acabam por cair no esquecimento e desaparecem da realidade a ponto de serem completamente apagados da nossa mente e história recente, havendo mesmo quem duvide que algum dia tal facto tenha ocorrido.
Esse fenómeno pode ser comparado com a história do elefante que está numa sala e, no entanto, apenas por uma questão de respeito e educação, ninguém pergunta ao dono da casa o que faz ali um paquiderme. E, como dono da casa age como se o elefante não existisse, mais tarde todos se habituam à sua presença e ninguém dirá depois que havia mesmo um enorme elefante na sala, pois nunca se confrontou o anfitrião com a questão mais óbvia: "O que faz ali aquele elefante?!"
Só aqueles que são apelidados de "teoristas da conspiração" é que têm a coragem de fazer essa pergunta. Contudo, esses vêm tarde e, como nunca foram convidados para festa, acabam por ser conhecidos como os que fazem chover no piquenique.
Vem esta introdução a propósito deste site, e ainda este, onde se explica que a Torre 7, aquela que estava ao lado das Torres Gémeas e que também ruiu no dia 11 de Setembro de 2001, terá sido vítima não de abalos secundários ou de um qualquer incêndio, mas sim de uma implosão controlada...
É o elefante na sala...
Esse fenómeno pode ser comparado com a história do elefante que está numa sala e, no entanto, apenas por uma questão de respeito e educação, ninguém pergunta ao dono da casa o que faz ali um paquiderme. E, como dono da casa age como se o elefante não existisse, mais tarde todos se habituam à sua presença e ninguém dirá depois que havia mesmo um enorme elefante na sala, pois nunca se confrontou o anfitrião com a questão mais óbvia: "O que faz ali aquele elefante?!"
Só aqueles que são apelidados de "teoristas da conspiração" é que têm a coragem de fazer essa pergunta. Contudo, esses vêm tarde e, como nunca foram convidados para festa, acabam por ser conhecidos como os que fazem chover no piquenique.
Vem esta introdução a propósito deste site, e ainda este, onde se explica que a Torre 7, aquela que estava ao lado das Torres Gémeas e que também ruiu no dia 11 de Setembro de 2001, terá sido vítima não de abalos secundários ou de um qualquer incêndio, mas sim de uma implosão controlada...
É o elefante na sala...
Pedro Abrunhosa sem óculos
Querem ver uma foto do Pedro Abrunhosa sem os seus habituais óculos escuros? Então espreitem a página 48 do livro "15 Anos de Fotografia", editado recentemente pelo diário "Público"...
20050607
O "É assim" em inglês!
Pessoa amiga e preocupada com a generalização daquela cada vez mais irritante "muleta" linguística que não adianta nada a uma conversa e contamina os pensamentos e expressões do "é assim", contou-me que a mesma até já tem uma versão em inglês!
Assim é cada vez mais triste.
Explicou-me essa amiga que, há poucos dias, ao ouvir um programa de rádio onde o locutor entrevistava uma estrela de música estrangeira (não sei especificar qual a rádio, programa e interlocutores, mas isso é o que menos interessa para o caso), a dada altura, o locutor, fazendo uso dos seus parcos recursos da língua inglesa e tentando especificar uma ideia para uma pergunta, introduziu o seguinte comentário inicial:
"It's like this"....
É o "É assim" em versão inglesa!
Triste, muito triste...
Assim é cada vez mais triste.
Explicou-me essa amiga que, há poucos dias, ao ouvir um programa de rádio onde o locutor entrevistava uma estrela de música estrangeira (não sei especificar qual a rádio, programa e interlocutores, mas isso é o que menos interessa para o caso), a dada altura, o locutor, fazendo uso dos seus parcos recursos da língua inglesa e tentando especificar uma ideia para uma pergunta, introduziu o seguinte comentário inicial:
"It's like this"....
É o "É assim" em versão inglesa!
Triste, muito triste...
20050602
Profundidades gargantuais
Se Mark Felt, ex-número 2 do FBI, foi mesmo o "Garganta Funda", conforme anunciado mundialmente, então é preciso ver que, entre 1972 e 1973, altura em que ele andava a contar aos jornalistas do "Washington Post" o que deviam escrever, também andava a fazer escutas ilegais a movimentos anti-guerra do Vietname em Nova Iorque. Por isso é que o presidente Reagan o perdoou em 1981.
Quem viu o filme "Nixon" de Oliver Stone consegue perceber o estado de desespero que atingiu Nixon durante o seu segundo mandato (1972-1974), facto que incomodava mais os republicanos do que os democratas. Para mim, se Nixon foi traído por Mark Felt, não se deveu ao facto do ex-número 2 do FBI (que só o foi enquanto o número 1 era o sinistro Edgar Hoover que esteve à frente do FBI desde 1935 até ao dia da sua morte, com 77 anos, a 2 de Maio de 1972) decidiu ser um "herói", mas sim porque foi "autorizado" por gente da Casa Branca que lhe passava informações para ele ir depois dar aos jornalistas... Nada mais simples.
A história do "Garganta Funda" é apenas um daqueles mitos jornalísticos e digno de filme de Hollywood (como o chegou efectivamente a ser) para simplificar uma mais vasta rede de conecções na administração Nixon que lutava contra o próprio presidente e que, aí sim, a haver hoje o verdadeiro jornalismo, seria denunciada para o bem da democracia.
Deste modo, o que aconteceu, e continua a acontecer, é o jogo do encobrimento através de pequenos "descobrimentos" cirurgicamente programados ou com efeitos controlados como este que estamos a viver com a histeria no meio jornalístico da revelação de "a verdadeira identidade do Garganta Funda".
Gargantices...
Quem viu o filme "Nixon" de Oliver Stone consegue perceber o estado de desespero que atingiu Nixon durante o seu segundo mandato (1972-1974), facto que incomodava mais os republicanos do que os democratas. Para mim, se Nixon foi traído por Mark Felt, não se deveu ao facto do ex-número 2 do FBI (que só o foi enquanto o número 1 era o sinistro Edgar Hoover que esteve à frente do FBI desde 1935 até ao dia da sua morte, com 77 anos, a 2 de Maio de 1972) decidiu ser um "herói", mas sim porque foi "autorizado" por gente da Casa Branca que lhe passava informações para ele ir depois dar aos jornalistas... Nada mais simples.
A história do "Garganta Funda" é apenas um daqueles mitos jornalísticos e digno de filme de Hollywood (como o chegou efectivamente a ser) para simplificar uma mais vasta rede de conecções na administração Nixon que lutava contra o próprio presidente e que, aí sim, a haver hoje o verdadeiro jornalismo, seria denunciada para o bem da democracia.
Deste modo, o que aconteceu, e continua a acontecer, é o jogo do encobrimento através de pequenos "descobrimentos" cirurgicamente programados ou com efeitos controlados como este que estamos a viver com a histeria no meio jornalístico da revelação de "a verdadeira identidade do Garganta Funda".
Gargantices...