20090828

Da falta de moral política

O semanário "Sol" publica hoje com destaque de primeira página a notícia de que o segundo candidato da lista do PSD pelo Círculo da Europa, Santos Ferreira, está a contas com a Justiça na Alemanha por, alegadamente, ter burlado emigrantes portugueses. Acredito no direito à presunção da inocência e não conheço os contornos do processo, por isso não posso emitir um juízo de valor - nem seria esse o meu papel antes de uma sentença. Contudo, a líder social-democrata tem de esclarecer um outro elemento da notícia e que, esse sim, parece-me bem mais grave do ponto de vista moral e político: "Santos Ferreira terá chegado a invocar a imunidade parlamentar para atrasar a sua audição pelas autoridades alemãs, quando é apenas deputado suplente na actual legislatura. Na anterior, substituiu por alguns meses, em 2004, o cabeça-de-lista do círculo da Europa".
A crise, em Portugal, é também uma crise valores...

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20090827

Depoimento fraudulento

O "Público" de hoje - não é perseguição, juro... São factos diários que se justificam perfeitamente - anuncia na capa um "depoimento" de Francisco Pinto Balsemão a propósito da morte do senador Edward Kennedy.



Um "depoimento" é isso mesmo, um "depoimento". São umas palavras de circunstância, apropriadas ao momento em que desaparece uma figura da política internacional. Mas, quando se anuncia um "depoimento" na capa de um jornal diário - sendo, saliente-se, o único depoimento que se anuncia em quatro páginas dedicadas ao tema - e tratando-se de um ex-primeiro-ministro, militante número um do PSD e patrão de um grupo de Comunicação Social distinto do grupo ao qual o "Público" pertence (e que não são rivais, visto o grupo do "Público" não concorrer na área das revistas, semanários ou televisão, principais interesses de Balsemão), esperava-se um "depoimento" cheio de detalhes reveladores. Talvez uma "inside story" até hoje pouco conhecida ou inédita. No entanto, não. Foi um depoimento banal, com factos conhecidos e que, ainda por cima - supremo topete para quem colocou o destaque da existência de tal depoimento na capa - nem sequer foi prestado por escrito. Foi um "depoimento" recolhido pelo telefone...
O Verão que não acabe depressa, não...

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20090826

Microsoft lava mais branco

O politicamente correcto nos EUA e o que deve ser na Polónia...



Retirado de Photoshop Disasters.

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A real política ganha sempre

O primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, combinou com o líder líbio, Moammar Kadhafi, a libertação de Abdelbaset Ali Mohamed al-Megrahi, o agente secreto detido na Escócia pelo atentado de Lockerbie. A conversa teve lugar em Itália, durante a cimeira do G8, seis semanas antes da libertação ter sido oficialmente anunciada pelo ministro da Justiça escocês, Kenny MacAskill. Este último, contudo, garante que decidiu tudo sozinho, sem qualquer pressão do governo central de Sua Majestade ou com receio de represálias económicas – como, por exemplo, a concessão da exploração do petróleo líbio à BP -, tendo justificado a libertação como um "acto de compaixão", pois o condenado apresentava um prognóstico médico de apenas três meses de vida.

Apesar das garantias do ilustre ministro da Escócia, não faltam evidências de que, nos bastidores, muito foi discutido. Numa carta escrita por Gordon Brown no dia da libertação de al-Megrahi e agora divulgada publicamente, o primeiro-ministro inglês lembrava ao líder líbio que, quando falaram em Itália, foi pedido, caso a justiça escocesa optasse pela libertação, que não houvesse qualquer tipo de manifestação de regozijo popular na Líbia por respeito para com as famílias das vítimas.

Nenhuma palavra foi dita no sentido de pedir a libertação, mas também nenhuma palavra foi proferida no sentido de a impedir. Gordon Brown, ele próprio natural da Escócia, ao reconhecer a possibilidade da libertação poder ocorrer e por isso ter tido o cuidado de pedir contenção nas celebrações – acto inútil, como se viu -, acabou por apoiar a decisão do ministro escocês.

Tudo isto é público e tudo isto se intuiu. Contudo, o que já não é tão público, é a notícia do "Sunday Times" da semana passada onde se revela que, caso o agente líbio não tivesse desistido de um recurso judicial – condição necessária à sua libertação por "compaixão" -, então uma das provas que a justiça escocesa iria ter de apreciar seria um documento de 1989, elaborado pela secreta dos EUA, onde se pormenorizavam as movimentações do Irão na encomenda, a terroristas sírios, de um atentado como retaliação ao derrube, cinco meses antes de Lockerbie, de um avião iraniano civil por um míssil disparado desde um porta-aviões norte-americano. Disparo esse, alegadamente, acidental. Em retrospectiva, os EUA nunca culparam os iranianos nem os operacionais sírios, pois, um ano mais tarde, em 1990, o pai Bush necessitou de garantir a neutralidade destes dois países quando invadiu o Iraque de Saddam Hussein na primeira guerra do Golfo. A Líbia, um pouco mais longe no mapa, surgiria depois como o alvo preferencial para as culpas de Lockerbie.

Vendo a história à luz deste último prisma, percebe-se melhor por que razão Kadhafi sabia que al-Megrahi iria ser libertado e por que não levou a sério o pedido de contenção de Gordon Brown. Entretanto, al-Megrahi diz-se inocente e, nos alegados três meses de vida que lhe restam, pretende escrever um livro a contar toda a verdade.

Um livro dá sempre jeito, mas não é Justiça. Nem para al-Megrahi, que assim nunca mais vai provar a presumível inocência em tribunal. Faz-me lembrar a história do casal inglês, autorizado a deixar Portugal pela sala VIP do aeroporto quando todas as provas eram suficientes para os colocar em prisão preventiva. Mais tarde, afastou-se da investigação o inspector da PJ que os queria prender e, por coincidência, conseguia-se a garantia de que o primeiro-ministro inglês assinaria o Tratado de Lisboa. O inspector da PJ demitiu-se e escreveu um livro onde contou toda a verdade. Mas, não foi suficiente para fazer Justiça.

Ganhou a real política.

Texto originalmente publicado no blogue Eleições 2009.

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Soares, o virgem da política

Na crónica de ontem no "DN", o ex-Presidente da República, Mário Soares, esclarece que não respondeu aos pedidos dos jornalistas para prestar declarações sobre "um hipotético conflito institucional, divulgado por gente anónima", que facilmente se percebe ser o caso das escutas em Belém. O ex-Presidente tem uma qualidade única que lhe permite parecer ser a mais despudorada das virgens políticas nacionais. Soares afirma que não quis "alimentar" o conflito apenas porque "não é elegante dirigir críticas aos seus sucessores", além do "dever de reserva" que a qualidade de membro do Conselho de Estado lhe impõe. Tenho pena de quem acredita sinceramente nisto – tanto mais que na mesma crónica, o ex-Presidente diverte-se a criticar a prestação da candidata a primeira-ministra social-democrata durante a última entrevista que deu ao Canal do Estado.

Para perceber como Soares não nenhuma virgem política nisto de escutas em Belém e de ataques institucionais, recorde-se o ano de 1994. Em Março, o socialista António Guterres acabava de ser reeleito secretário-geral do PS e faltava um ano e meio para as eleições legislativas de 1995, mas em Belém, o antigo secretário-geral do PS e então Presidente da República, Mário Soares, movimentava a sua esfera de influências contra o então primeiro-ministro social-democrata, Cavaco Silva.

Em Abril desse ano foi detectado um microfone escondido no soalho do gabinete do então Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues. O caso lançou ondas de alerta que chegaram aos corredores do Palácio de Belém. O então Presidente da República colocou literalmente os seus assessores de traseiro para o ar à procura de microfones escondidos em aparelhos de telefone ou gravadores “esquecidos” em alguma gaveta ou debaixo de alguma secretária. Guterres não quis perder o comboio e foi para os jornais dizer que também achava que estava a ser escutado.

Diga-se de passagem que Cavaco Silva até que teria bons motivos para conhecer as conversas do Presidente da República, pois temia que o ocupante da cadeira de Belém pedisse a dissolução da Assembleia da República. Mário Soares levava a cabo pequenos actos públicos de destabilização do Governo, como a "Presidência Aberta" dedicada ao Ambiente e Qualidade de Vida, no início de Abril, ou ainda o facto de que, em Maio, realizava-se o congresso "Portugal Que Futuro?". Este último evento foi um desfilar de críticas contra o então governo de maioria absoluta do PSD e, apesar de não ter contado com a presença ou apoio explícito do Presidente da República, teve a participação activa de conhecidas figuras públicas próximas da área "soarista". O suficiente para dar a entender que quem mandava no congresso era Belém.

Recorde-se que foi também nesse ano que o então director do SIS, Ladeiro Monteiro, abandonou a direcção da secreta em conflito com o ministro Dias Loureiro. O mesmo Dias Loureiro que há meses teve de abandonar o lugar de Conselheiro de Estado em Belém depois de o seu nome ter sido envolvido no escândalo do BPN.

O Verão de 1994 viu ainda o PS a vencer as eleições para o Parlamento Europeu, garantindo assim a legitimidade de António Guterres como líder da Oposição e cada vez mais próximo da vitória nas eleições gerais de Outubro de 1995. Outro factor que, a 24 de Junho de 1994, contribuiu para o fim do cavaquismo foi a carga policial contra os manifestantes da Ponte 25 de Abril. O Presidente da República, ao mencionar depois o "direito à indignação", colocava mais lenha na fogueira política que fazia Cavaco Silva arder "em lume brando". O ano político de 1994 ainda veria, em Outubro, o PS a convocar os "Estados Gerais" e, no início de Dezembro, Mário Soares usava o termo "ditadura de maioria" durante uma entrevista ao mesmo "DN" onde hoje escreve crónicas. Pedro Santana Lopes, actual candidato do PSD à Câmara de Lisboa e ex-primeiro-ministro, foi então o primeiro a perceber que o barco estava a afundar-se e, quatro dias antes do Natal de 1994, demitiu-se do cargo de Secretário de Estado da Cultura.

Texto originalmente publicado no blogue Eleições 2009.

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20090824

Lembrar Sidney Zion

Ao recordar a investigação sobre Lockerbie, sobretudo aquela que o "Público" não vai nunca contar aos seus leitores, lembrei-me do nome do colunista do "New York Post", Sidney Zion. Amigo do suposto ex-agente da CIA, Oswald Le Winter, foi a ele que, em Abril de 1995, Le Winter telefonou uma semana antes do atentado de Oklahoma para o informar de que uma "equipa de 35 terroristas árabes" estava a preparar atentados terroristas na América que iriam fazer com que a bomba no World Trade Center, em 1993, parecesse uma "brincadeira de criança". E acrescentou Le Winter: "Vão atacar à bomba edifícios federais em todo o país e atirar com uns aviões do céu sobre as nossas cidades. Contei isto ao FBI, mas não consigo fazer com que actuem", queixava-se Le Winter. A fonte de Le Winter, explicou o jornalista nova-iorquino, era Mustafa Jafaar, que fora uma testemunha do documentário de Allan Francovich sobre a tragédia de Lockerbie. Uma das hipóteses da autoria do atentado ao avião da Pan Am não apontava o líbio al-Megrahi, mas sim o sobrinho de Jafaar que, sem saber, levara consigo desde Frankfurt a mala com a bomba dissimulada num rádio e que acabaria por destruir o voo 103 da Pan Am. Lockerbie, Oklahoma, World Trade Center, equipa de terroristas árabes, aviões a cair sobre cidades dos EUA, avisos mudos para a CIA e FBI. Todas estas palavras-chave que antecipavam o 11 de Setembro de 2001 constam da crónica assinada por Sidney Zion uma semana após o atentado de Oklahoma, que teve lugar a 19 de Abril de 1995...



Timothy McVeigh, o soldado norte-americano condenado à morte pelo atentado de Oklahoma, foi executado a 11 de Junho de 2001, dois meses antes dos ataques do 11 de Setembro. Agora, ao procurar a opinião de Sidney Zion sobre a libertação de al-Megrahi, descobri que, infelizmente, o colunista também já morreu. Foi há 22 dias atrás, no dia 2 deste mês...

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20090823

Um dia no Arsenal

Como programado, fui ontem ver o Arsenal-Portsmouth. Deixo aqui algumas "dicas" para quem um dia tiver igualmente a oportunidade de ir ver ao vivo um espectáculo de bola no Emirates Stadium, em Londres. Primeiro, é muito fácil lá chegar, pois há três estações de metro perto do estádio. Existe a estação Arsenal, que obviamente recebeu o nome do clube. É na linha Piccadilly, para Norte. Esta é a estação mais próxima do estádio, mas também podem optar pela linha Vitória e saírem na estação Higbury&Islington ou Finsbury Park. Qualquer uma delas é igualmente perto...



Depois, é só seguir os adeptos do clube...



Como vim de King's Cross, optei por sair em Finsbury Park, onde mesmo ao lado da estação existe uma loja com produtos oficiais do Arsenal...



Os lugares no estádio estão divididos em quatro quadrantes, identificados por cores: amarelo e laranja para adeptos. Azul e verde para adeptos e apoiantes da equipa adversária. Como tinha bilhete para o sector verde, para adeptos do Portsmouth, segui as indicações devidamente assinaladas...



Pelo caminho, os adeptos do Arsenal conviviam antes do jogo, tudo muito ordeiro...



... tanto mais que há quem não tenha receio de levar crianças para ver o jogo...



Depois de passarmos uma ponte metálica, aparece-nos o estádio. As portas estão ordenadas alfabeticamente...



Uma vez lá dentro, é só procurar a fila e número do nosso lugar...



Era o primeiro jogo desta época em que o Arsenal jogava em casa. Havia cachecóis vermelhos e brancos colocados nas cadeiras dos adeptos...



... que foram usados para saudar a entrada das equipas em campo...



O jogo via-se bem desde aquela posição, se bem com alguma dificuldade quando se tentava olhar para o lado contrário, mas deu para ver os dois primeiros golos do Arsenal mesmo à minha frente...



Estavam 60.049 pessoas a assistir ao jogo. Os adeptos do Portsmouth enchiam por completo o nosso sector e muitos insistiam em manter-se de pé, mas isso implicava uma pronta intervenção dos assistentes que, educadamente, pediam para se sentarem...



E o jogo continuava, sem parar. Que diferença quando pensamos na quantidade de paragens ou faltas a meio campo que existem nos estádios em Portugal...



Um dos cânticos que mais ouvi da parte dos adeptos do Arsenal foi o hino contra o clube adversário da mesma cidade: "Stand up if you hate Tottenham"...





Apesar da diferença entre as equipas - o Arsenal está em primeiro e o Portsmouth é o último - o jogo teve sempre emoção. O Arsenal marcou dois golos na primeira parte e, quando estava quase a chegar o intervalo, o Portsmouth fez o 2-1. A segunda parte prometia, mas dois outros golos do Arsenal no início do segundo tempo derrotaram as esperanças do "Pompey" - alcunha do Portsmouth. Ver aqui os golos...
Contudo, mesmo no fim do jogo e com o estádio já quase vazio, os adeptos azuis da cidade do Porto, faziam a festa...



Enquanto os adeptos do Arsenal regressavam a casa...



... sem antes deixar de beber mais umas cervejolas, pois como jogo começou às três da tarde, ainda havia muito tempo para conviver, outra grande diferença para os jogos em Portugal que são quase sempre à noite...

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20090821

Justiça para a Líbia

A chegada ao aeroporto de Tripoli do agente secreto líbio condenado pelo atentado de Lockerbie, al-Megrahi, foi celebrada como o regresso de um herói. Afinal, o contrário do que o novo presidente do EUA, Barack Obama, pedira...



Acredito que al-Megrahi só tenha mais três meses de vida, mas ele nunca assumiu a culpa do atentado e a sua libertação impediu a revisão do caso na Escócia e o apuramento da confirmação da investigação de Allan Francovich: o atentado fora "encomendado" pelo Irão, mas o pai Bush "esqueceu" a pista iraniana quando, em 1991, precisou de garantir a neutralidade do Irão durante a invasão do Iraque de Saddam Hussein.

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20090819

Lembrar Allan Francovich

A 17 de Abril de 1997, morria no aeroporto de Houston, Texas, o documentarista Allan Francovich, autor de polémicos trabalhos sobre a CIA. Entre os quais, conta-se o "Maltese Double Cross", documentário de 1994, onde se desmonta a teoria da culpa líbia no atentado de Lockerbie. Amanhã, quando se confirmar a libertação do único condenado do caso, o agente secreto líbio al-Megrahi - "Kenny Macaskill, the justice secretary for Scotland, will defy intense pressure from Hillary Clinton, the US secretary of state, to keep Abdelbaset al-Megrahi in jail. Tonight the Scottish government confirmed that an announcement would be made in Edinburgh at 1pm tomorrow, coinciding with news bulletins on the eastern seaboard of the US, home to many of the disaster victims" -, valerá a pena ver/rever o trabalho de Francovich. É uma homenagem à Liberdade e é uma coisa que o "Público" certamente não vai lembrar...

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Mas, quem é Rui Paulo Figueiredo?

Querem-nos convencer que as próximas eleições vão estar reféns de um conflito iniciado por este senhor?...



Aceito que sejam contra Monarquia, mas, caramba! ao menos ponham alguma ordem na República!



Vejam aqui as escutas de 1994...

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20090818

"Républica" no Google View

Para matar algumas saudades da terra fui espreitar o recém-estreado Google View. Aquilo tem piada e poderá ser bastante útil. Por exemplo, deparei-me com este senhor a atravessar a rua fora da passadeira, em frente ao El Corte Inglés...




Antes de vir para Inglaterra, passei na Fontes Pereira de Melo e reparei numa placa com um grave erro ortográfico. Contudo, como ia a conduzir, não pude registar o facto e nunca mais lá voltei. Mas, hoje fui ver se ainda lá estava...



...e, sim, a placa onde surge escrito "Républica" ainda lá está... Obrigado Google View!

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Lembrar 1994 ou o que o "Público" não disse...



"Presidência da República teme estar a ser vigiada"... Desculpem lá os senhores do "Público" - não, não é "perseguição" - mas acho que faltou neste texto lembrar que, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro e o Presidente era Mário Soares, também se falou que poderia haver escutas em Belém. Foi em 1994, na altura em que se encontrou um microfone no gabinete do Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues (26 de Abril). Era uma fase política muito sensível já que se aproximavam as eleições europeias (12 de Junho) e em Belém discutia-se uma possível dissolução da AR. Dias antes da descoberta do microfone na PGR, Soares acabara de fazer uma "Presidência Aberta" dedicada ao Ambiente e Qualidade de Vida, um bom pretexto para o Presidente levantar críticas ao primeiro-ministro e influenciar resultados eleitorais a favor de António Guterres - reeleito secretário-geral do PS a 13 de Março desse mesmo ano. Depois, a 24 de Junho, deu-se a carga policial sobre os manifestantes na ponte 25 de Abril, e começava a contagem decrescente do cavaquismo...

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20090817

A luta continua...


... agora no blogue "Europa dos Portugueses", a página oficial da minha candidatura ao Parlamento Português pelo Círculo da Europa.

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O maior espectáculo na terra

É aqui que vou estar no próximo sábado, a partir das 15h...



O Arsenal vai jogar em casa, o Emirates Stadium, pela primeira vez nesta época. Depois dos 6-1 deste sábado contra o Everton, na jornada inaugural do campeonato inglês, espera-se um jogo empolgante para agradar aos adeptos arsenalistas. Ingredientes: Cesc Fabregas, Gallas, Silvestre, Denilson, Abou Diaby, van Persie e Arshavin no campo. Arsène Wenger no banco. Apesar de ter de ir gritar "Força Portsmouth!", já que vou sentar-me entre os adeptos da equipa visitante cujas hipóteses de vencer são mínimas, há sempre o avançado nigeriano Kanu do nosso lado e que pode surpreender. Mas, para mim tanto faz quem vença ou perca, pois num jogo de futebol inglês o espectáculo está sempre garantido!

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Para que serve ter um correspondente em Washington?

Para terminar a "saga" do diário "Público" - senão ainda dizem que estou a fazer uma "perseguição" ao jornal dito de "referência" - pergunto-me ainda, se têm jornalistas em Lisboa a dar palpites sobre factos dos EUA que lêem na Internet, então para que lhes serve um correspondente em Washington? Hoje, por exemplo, têm um texto sobre a reforma no sistema de saúde dos EUA e contam: "Obama dividiu o seu fim-de-semana entre visitas a parques nacionais e reuniões com a população (conhecidas como 'town hall'), nos estados mais conservadores do Montana e Colorado. 'Nenhuma pessoa neste país devia ser obrigada a declarar bancarrota por ter ficado doente', sublinhou o Presidente, que desferiu um forte ataque contra as companhias de seguro que 'arbitrariamente decidem qual é o tipo de cuidados que cada pessoa pode receber' ou então 'cobram valores astronómicos depois de as pessoas já terem pago os prémios'". Ora, essa informação estava disponível na Internet desde sábado, com a publicação integral do discurso de Obama no Colorado. E que é bem mais interresante e rico do que o resumo jornalístico assinado em Washington. Ou acham que a correspondente do "Público" foi ao Colorado ouvir o "Prez"?

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20090816

Lockerbie, depois da "Teoria da Conspiração", o encobrimento...

Estou com curiosidade em ver o que o "Público" vai fazer com esta informação do "Sunday Times" de hoje. É que se veio no "Sunday Times", deve ser mesmo verdade e não apenas "teoria da conspiração": "US spies blamed Iran for Lockerbie bomb".
Foi publicada no fundo da página 9, mas está lá...



E, já agora, aconselho ainda a leitura deste texto: "Lockerbie: after the conspiricies ... the cover up?". E deste: "If not Megrahi, then who is really responsible?".

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20090814

Quando não se sabe o que fazer, chama-se-lhe "Teoria da Conspiração"

O diário português "Público", publicação dita de "refência", descobriu hoje (não há link directo, desculpem) a história da dúvida sobre o local de nascimento do presidente norte-americano Barack Obama - teria sido mesmo no Havai ou na terra natal do pai, Quénia? Embora possa dizer que para mim tanto faz onde tenha nascido, o certo é que, do ponto de vista legal nos EUA, a confirmar-se o nascimento no Quénia, tal significaria que sua eleição para Presidente do EUA foi ilegal.
O caso passou ao lado durante a campanha eleitoral de 2008, mas fiz aqui a devida referência.
Como agora o assunto chegou à CNN, o "Público" sentiu-se mais à vontade para abordar o tema, mas com as cautelas próprias de quem tem de escrever à distância sem outras fontes que não a consulta na Internet. Vai daí, e típico em jornalistas que não sabem como tratar as grandes polémicas de Estado, menosprezaram o assunto chamando-lhe "Teoria da Conspiração"...



Deste modo, o "Público" de hoje entregou aos seus leitores um texto recheado de comentários perfeitamente inúteis para o apuramento isento e jornalístico dos factos, acabando por revelar mais sobre os preconceitos da jornalista que assina a peça do que com o cumprir da função de informar o leitor.
Confira-se:

"Não é um sketch nem uma piada de um programa de humor em formato de noticiário da televisão americana. São as alegações, tão sérias quanto possível, de um movimento de pessoas cunhadas de birthers que nas últimas semanas saltaram do subterrâneo da blogosfera para o noticiário mainstream americano. Oh, claro que ninguém acredita nisto, como ninguém acredita em bruxas, mas elas existem - e 24 por cento dos americanos, segundo as últimas sondagens, acham que elas existem".

"Mas como qualquer especialista em rumores e mitos urbanos reconhecerá, quando se bombardeia a opinião pública com toda a espécie de conjecturas com a persistência com que os birthers o têm feito, por vezes consegue-se 'instalar dúvidas irracionais em mentes razoáveis' (explicações de David Emery, perito em mitos urbanos, ao site Politico.com)".

"Para futura referência: sabemos que estamos perante uma teoria de conspiração quando a falta de provas é usada como prova. De nada valem evidências em contrário ou críticas: fazem todas parte da conspiração. A directora-geral de Saúde do Havai autenticou o certificado de nascimento? Com certeza fez panelinha com Obama. Outra característica recorrente nas teorias de conspiração: os seus defensores estão convencidos de que estão na posse de uma 'verdade' que ainda não é evidente ou acessível para a maioria das pessoas. Por exemplo: Obama é um obcecado pelo poder que tem vindo a planear secretamente a sua ascensão à presidência há muito tempo com segundas intenções, e, portanto, representa uma ameaça.
Tanto barulho, e ainda assim seguidores atentos das eleições presidenciais americanas podem nem ter dado pela existência dos birthers e das suas teorias. Não que tenham perdido fôlego - sabemos agora -, mas durante algum tempo parecia que tinham sido devolvidos à obscuridade do grupo de presumíveis fanáticos de onde haviam emergido. Uma nota de rodapé na literatura das teorias de conspiração, ou uma piada para alimentar a voracidade da blogosfera".

"Taitz é uma imigrante nascida na ex-república soviética da Moldávia que veio para os Estados Unidos em 1987 depois de viver em Israel. É um caso dentro do caso que são os birthers.
O seu blogue, orlytaitzesq.com/blog1, é um misto de panfleto amador, agenda mediática e indisfarçável vaidade - os seus posts mais recorrentes são referências garrafais às personalidades políticas ou públicas que acabam de se tornar suas amigas no Facebook. Coisas como: 'Não consigo acreditar, mas Benjamin Netaniahu [sic], o primeiro-ministro de Israel, pediu para ser meu amigo no Facebook' (27 Julho). Ou: 'Incrível - a congressista Cynthia Lummis, do Wyoming, juntou-se à congressista Mary Bono e ao vice-líder da minoria na Câmara dos Representantes Eric Cantor e tornou-se minha amiga no Facebook.' O tom é de uma rapariguinha fascinada com a sua popularidade nas redes sociais".

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20090813

Porto de 1945

Fui visitar Bletchley Park, o local ultra-secreto da Segunda Guerra Mundial onde os ingleses conseguiram decifrar os códigos alemães da máquina "Enigma"...



E descobri lá uma preciosa e importante ajuda de guerra portuguesa...

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20090806

Portugal em Cambridge

Este fim-de-semana foi dedicado a um passeio por Cambridge. Para um português em Cambridge existe um interesse acrescentado: a rua Portugal Place. O nosso país tem honras toponímicas numa cidade onde grandes cérebros da humanidade, como Isaac Newton ou Charles Darwin trouxeram luzes ao mundo. Ou o prémio Nobel Francis Crick, que juntamente com James Watson descobriu o DNA. Crick morou cerca de 20 anos no número 19 de Portugal Place.
Estranho, contudo, é ver o nome do nosso país junto de uma das mais antigas igrejas do Reino Unido, a Round Church, uma pequena capela redonda que data do tempo dos Cavaleiros Templários (Séc. XIII) e que também é conhecida como a igreja do Santo Sepulcro. É uma igreja que se encontra facilmente, vindo do Kings College e passando em frente do Trinity College. Surge-nos à nossa frente, no fim da St John Street. Se depois virarmos para a esquerda, seguimos pela Bridge Street – ou seja, a rua da ponte sobre o rio Cam (anteriormente conhecido como Granta) e que dá o nome à cidade – e vamos ter à Magdalene Street, a rua da Madalena, onde está o colégio com o mesmo nome. A meio da rua da Ponte está a rua com o nome do nosso país.
Para quem não está habituado a estas coisas telúricas, informe-se que uma das explicações da origem do nome Portugal está intimamente relacionada com todos estes nomes e a lenda do Santo Graal. Sendo Portugal o “Porto do Graal” – “Port du Graal”, em francês. É claro que para os ingleses isso é uma fantasia que permitiu ao escritor norte-americano Dan Brown ficar multimilionário à custa das pessoas que acreditam em lendas. Aliás, a explicação mais lógica que os historiadores de Cambridge dão para a origem do nome Portugal neste local histórico da cidade está relacionada com o vinho do Porto, que chegava pelo rio e ainda ao facto de que, quando a rua foi construída, entre 1820 e 1880, terem sido descobertas moedas portuguesas. Só que ninguém sabe onde estão essas moedas, ninguém sabe de que Época eram, nem sabem se foi mesmo por causa disso que Cambridge ganhou um Portugal Place.
É claro que depois deste passeio, as notícias da lista do PSD para as legislativas parecem-me um tema tão mesquinho e sem elevação. Pedro Passos Coelho é agora um mártir político que só pode crescer ou desaparecer. Tudo vai depender da sua consistência política e carisma de líder. Sinceramente, ao terem deixado de fora o seu nome, acho que foi um favor que lhe fizeram. O futuro o dirá.

Texto originalmente publicado no "Eleições 2009".





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