A sala de eutanásia do Lar do Comércio
Durante uma das discussões com o presidente do Lar do Comércio, o meu pai classificou a "enfermaria" onde fora colocada a mãe, a minha avó Alda, como uma "sala de eutanásia". O presidente do lar zangou-se. Retorquiu que o meu pai estava a ser mal-educado, garantiu que não havia ali mais ninguém tão empenhado quanto ele pelo bem-estar dos idosos e que se sentia ofendido com a acusação.
Quando o meu pai me relatou esta conversa ao telefone, ele no Porto, eu em Lisboa, fiquei do lado do presidente do Lar do Comércio. Achei que o meu pai estava a exagerar e nunca haveria em Portugal - principalmente numa instituição onde um dos membros da direcção até é o assessor do primeiro-ministro José Sócrates para a área dos assuntos sociais e laborais, Artur Penedos -, algo remotamente semelhante a uma "sala de eutanásia". Falei depois com Artur Penedos ao telefone para, mais uma vez, perguntar o que se passava. O governante já conhecia o teor da conversa e, inclusive, pensava que eu também estivera presente durante aquela discussão e que fora igualmente mal-educado para com o presidente do Lar do Comércio, José Moura. Esclareci-o que não, nunca falara com o presidente e, nos últimos tempos, nunca estivera nas instalações do lar. Concluímos que a pessoa em causa deveria ter sido então o meu primo Paulo. Eu conhecia Artur Penedos do tempo em que trabalhei no "O Primeiro de Janeiro" e era ele activista sindical na área bancária. Graças a esse nosso antigo conhecimento, Artur Penedos acedeu telefonar para o presidente do Lar do Comércio de forma a combinar depois um telefonema da minha parte para que se pudesse esclarecer de uma vez por todas a situação da avó Alda. Essa conversa teve lugar uma semana antes dela morrer e já aqui dei conta do teor da mesma.
Ontem à noite, contudo, recebi finalmente uma informação da parte do meu pai que não possuia aquando da conversa com o presidente do Lar do Comércio. Era um elemento que me faltava e, recordo-me bem, o presidente ficou bastante nervoso quando eu disse que o queria ver... Agora entendo porquê. Trata-se do relatório médico do hospital de S. João, para onde o Lar do Comércio havia queria mandar a minha avó quando procurava libertar-se dela, cerca de um mês antes de falecer. O documento médico é demolidor para as intenções da instituição:
"Pedido de Colaboração de Especialidade de Doenças Infecciosas pelo facto do Lar do Comércio se recusar a receber paciente aí habitualmente internada".
"(...) não exige qualquer tratamento específico, nomeadamente antibiótico, para além dos cuidados de desinfecção e penso diário".
"Relativamente ao risco de transmissão dos agentes isolados no estudo microbiológico está apenas relacionado com a transmissão por contacto directo ou indirecto através dos profissionais que cuidam da doente a outros doentes, e que pode ser impedido com as adequadas medidas de higiene das mãos - sempre que se contacta com a pele da doente -, uso de luvas e bata aquando dos cuidados de penso ou banho (retirados logo após cessar o contacto e feita a higienização das mãos), não havendo assim qualquer impedimento para manter o seu internamento no Lar".
Quer isto dizer que, poucos dias após a elaboração deste relatório médico, fui visitar a avó Alda na "enfermaria" do Lar do Comércio, na tal "sala da eutanásia", era manifestamente exagerado para os familiares terem de usar máscaras na cara, bata e luvas. Era tudo parte da pressão psicológica levada a cabo sobre os familiares e, pior do que tudo, sobre a já frágil avó Alda...
Para além de terem contribuido para a morte da minha avó, soube ainda que após um processo disciplinar os responsáveis do Lar do Comércio decidiram expulsar da direcção a pessoa que colocou um comentário no meu blogue a chamá-los de "malfeitores". E "malfeitores" até era o mínimo que se lhes poderia chamar...
Quando o meu pai me relatou esta conversa ao telefone, ele no Porto, eu em Lisboa, fiquei do lado do presidente do Lar do Comércio. Achei que o meu pai estava a exagerar e nunca haveria em Portugal - principalmente numa instituição onde um dos membros da direcção até é o assessor do primeiro-ministro José Sócrates para a área dos assuntos sociais e laborais, Artur Penedos -, algo remotamente semelhante a uma "sala de eutanásia". Falei depois com Artur Penedos ao telefone para, mais uma vez, perguntar o que se passava. O governante já conhecia o teor da conversa e, inclusive, pensava que eu também estivera presente durante aquela discussão e que fora igualmente mal-educado para com o presidente do Lar do Comércio, José Moura. Esclareci-o que não, nunca falara com o presidente e, nos últimos tempos, nunca estivera nas instalações do lar. Concluímos que a pessoa em causa deveria ter sido então o meu primo Paulo. Eu conhecia Artur Penedos do tempo em que trabalhei no "O Primeiro de Janeiro" e era ele activista sindical na área bancária. Graças a esse nosso antigo conhecimento, Artur Penedos acedeu telefonar para o presidente do Lar do Comércio de forma a combinar depois um telefonema da minha parte para que se pudesse esclarecer de uma vez por todas a situação da avó Alda. Essa conversa teve lugar uma semana antes dela morrer e já aqui dei conta do teor da mesma.
Ontem à noite, contudo, recebi finalmente uma informação da parte do meu pai que não possuia aquando da conversa com o presidente do Lar do Comércio. Era um elemento que me faltava e, recordo-me bem, o presidente ficou bastante nervoso quando eu disse que o queria ver... Agora entendo porquê. Trata-se do relatório médico do hospital de S. João, para onde o Lar do Comércio havia queria mandar a minha avó quando procurava libertar-se dela, cerca de um mês antes de falecer. O documento médico é demolidor para as intenções da instituição:
"Pedido de Colaboração de Especialidade de Doenças Infecciosas pelo facto do Lar do Comércio se recusar a receber paciente aí habitualmente internada".
"(...) não exige qualquer tratamento específico, nomeadamente antibiótico, para além dos cuidados de desinfecção e penso diário".
"Relativamente ao risco de transmissão dos agentes isolados no estudo microbiológico está apenas relacionado com a transmissão por contacto directo ou indirecto através dos profissionais que cuidam da doente a outros doentes, e que pode ser impedido com as adequadas medidas de higiene das mãos - sempre que se contacta com a pele da doente -, uso de luvas e bata aquando dos cuidados de penso ou banho (retirados logo após cessar o contacto e feita a higienização das mãos), não havendo assim qualquer impedimento para manter o seu internamento no Lar".
Quer isto dizer que, poucos dias após a elaboração deste relatório médico, fui visitar a avó Alda na "enfermaria" do Lar do Comércio, na tal "sala da eutanásia", era manifestamente exagerado para os familiares terem de usar máscaras na cara, bata e luvas. Era tudo parte da pressão psicológica levada a cabo sobre os familiares e, pior do que tudo, sobre a já frágil avó Alda...
Para além de terem contribuido para a morte da minha avó, soube ainda que após um processo disciplinar os responsáveis do Lar do Comércio decidiram expulsar da direcção a pessoa que colocou um comentário no meu blogue a chamá-los de "malfeitores". E "malfeitores" até era o mínimo que se lhes poderia chamar...
Etiquetas: Alda Augusta, Lar do Comércio
14 Comentários:
"Assassinos", talvez?
é pá... pra mim mataram a sua avó.
Vai-me desculpar a pergunta, mas a causa de morte foram estas feridas e essas alegadas "infecções", ou foi outra causa qualquer.
Vai-me desculpara a indelicadeza em momentos tão dolorosos- mas se a causa de morte foi uma infecção generalizada por virus e bactérias, então se calhar o lar tinha a sau razão.
Se foi outra que nada tivesse haver com uma infecção generalizada (por exemplo e é só um exemplo: paragem cardio respiratória;AVC, Cancedrigena,etc), então proibiram um ser humanbo de partir em paz.
Seja como fôr, tudo indica que "O Lar do Comércio", ou seja, quem lá vive, está em apuros. Esta direcção pelo que se vê, desviou-se dos princípios por que se devia reger. Até quando?
Perante a tristeza do que tem vindo a acontecer, o que fazer para eleger uma nova direcção para " O Lar do Comércio"????
Se não fossem parvos, o q gostariam de ser? Tenham contenção e preocupem-se com as vossas vidas e deixem as dos outros. São uma cambada de inúteis que passam o tempo a tentar perturbar quem quer fazer algo de útil.
Não têm mais nada q fazer? Deixem a velha morrer de uma vez por todas, porque ela com tanta coscuvilhice nem consegue
A "velha" já morreu... E não vai descansar em paz enquanto houver gente que não se interessar pelo que lhe aconteceu e que isso sirva como exemplo para que não se repita com outros. Até mesmo como "anónimos"...
É estranho q estejam agora somente tão preocupados com a avó alda e durante o tempo em q ela viveu a tivessem metido num lar e poucas vezes a fossem visitar, como ela mesmo se queixava (a quem quisesse ouvir) da familia que tão mal a tratou em vida, segundo palavras da própria (a nora, o filho,por exemplo). Será a consciência pesada?
Tb tenho uma familiar no Lar do Comércio Há 9 anos e até agora não tenho grandes motivos de reclamação a não ser pouca higiene no quarto; considero todos os funcionários pessoas carinhosas e esforçadas no bem-estar dos utentes.Por experiencia própria digo que tb é muito dificil lidar (bem) com tanta gente de idade avançada. Bem hajam
Pouca higiene no quarto para mim já é uma grande falta de qualidade , as funcionárias a quem os utentes pagam para limpar estão lá para que? Depois as funcionárias são todas carinhosas e simpáticas??? De certeza q não estamos a falar das mesmas pessoas q
eu vi e contactei...alguns eram sim mas a maioria estão ali para receber o salário ao fim do mes, q dizem q é pouco, mas o q é certo é q mtos estão lá a anos e nunca tentaram arranjar mais nada ..é pq não estao tão mal assim...algumas são malcriadas, arbitrarias, insensíveis para com os utentes, principalmente para os mais debilitados e dependentes e falam com os utentes de uma forma prepotente q dá vontade de lhes ensinar boas maneiras....alguns utentes são complicados , acredito mas as pessoas sabem a responsabilidade q é e o trabalho q dá trabalhar com esta populacão, se não gostam, seria melhor dar lugar a outras pessoas q conseguissem dar a estes utentes uma melhor qualidade de vida e momentos de vida mais agradáveis ...e eu sei do que falo !!!!!!Os superiores q reflitam e q se deixem de passivismos e de má gestão de recursos humanos e se não conseguirem revolver os problemas existentes que tenham dignidade e que saiam e deixem ir para lá quem souber zelar por estes idosos como eles precisam e devem ser estimados !!!E não estou a falar de cor , garanto !!!!!!
Parece muito interessante, eu sempre quero ter essas coisas para ler enquanto eu estou comendo muito descontraído, por isso é sempre bom ter internet, também a fim de encontrar restaurantes em Itaim Bibi
O poder corrompe, já por isso se faz uma mudança de x em x tempo
De quem está no governo isso assegura a qualidade
Nas instituições o mesmo princípio deveria ser válido
Completamente de acordo!!!
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