Manual de Instruções para Golpes de Estado
Um golpe de Estado não se anuncia. Faz-se. E, de preferência, a uma terça, quarta ou quinta-feira. Porquê? Para haver tropa. Esta indicação foi-me dada por alguém que já fez um golpe de Estado, Otelo Saraiva de Carvalho. O 25 de Abril de 1974 foi a uma quinta-feira, enquanto a intentona do 16 de Março, nas Caldas da Rainha, foi de sexta para sábado. Por isso falhou. Salgueiro Maia, certa vez, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, foi apresentado ao chefe do Governo durante uma cerimónia militar: "Sr. primeiro-ministro, este é Salgueiro Maia, o homem que prendeu o chefe do Conselho, Marcello Caetano". Maia sorriu e disse a Cavaco: "Prendi sim senhor, e prenderei outro se tal for necessário". Cavaco engoliu em seco, Maia já não está entre nós, morreu de cancro. Cavaco, antigo líder social-democrata, está agora em Belém, na cadeira que foi de Américo Tomaz. O actual chefe do Governo é um ex-dirigente da juventude social-democrata. O ministro dos Negócios Estrangeiros é um antigo membro da juventude social-democrata e o anterior primeiro-ministro, apesar de ser "socialista", ainda chegou a militar na juventude social-democrata. O actual presidente da comissão europeia, o português Barroso, passou pela juventude de um partido marxista e chegou depois a líder do partido social-democrata. A alternância dita "democrática" que hoje temos não é fruto de uma revolução feita a 25 de Abril de 1974, pois temos ainda de recordar outras datas que não são feriados: 28 de Setembro de 1974, 11 de Março de 1975, 25 de Novembro de 1975 e 4 de Dezembro de 1980. Feriados como o 25 de Abril, 10 de Junho, 1 de Dezembro, não parecem fazer sentido nos dias de hoje. Penso que deve-se manter o 5 de Outubro, mas exaltado como data do Tratado de Zamora de 1143 - e que Portugal seja um País onde, finalmente, se celebra a data da sua criação!. E, por fim, que se comece desde já a trabalhar para criar um novo feriado.
Etiquetas: 25 de Abril, 25 de Novembro, 4 de Dezembro, 5 de Outubro de 1143, Camarate, O Fim da Democracia, Otelo Saraiva de Carvalho
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