20081006

Lol

O meu pai foi hoje de manhã ao Lar do Comércio buscar o resto dos pertences da minha avó Alda, pelo que finalmente deixou de ter qualquer assunto pendente com a direcção. Segundo parece, os meus escritos no blogue deixaram algumas marcas na instituição e comenta-se o assunto nos corredores. Ainda bem, embora nunca tivesse sido essa a minha intenção no início. Entretanto, hoje tive um diálogo através da Internet com um amigo jornalista que há uns tempos se mostrou interessado no caso. Não o identifico nem digo qual é o órgão de Comunicação Social no qual trabalha, mas registo aqui - com a devida autorização - parte da conversa que tivemos. Perguntei-lhe se sempre ia escrever algo sobre a carta que o Lar do Comércio mandou para o meu pai quando a minha avó estava na "enfermaria" e a direcção exigia que abandonasse o quarto, que era dela por direito até ao dia da sua morte.



Este foi o diálogo que tivemos e que começa com a sua resposta:

- Os editores não simpatizaram com o assunto. Não querem que escrevamos sobre o assunto.
- Porquê? É que eu sou jornalista e não entendo o que significa "simpatizar"... Ou é notícia ou não é...
- Para eles não é notícia. Argumentaram que o assunto era susceptível, ou seja, há editores que consideram o procedimento normal. Dizem que há outros lares que funcionam assim.
- Desculpa, há editores que são bestas? É isso?
- É. É precisamente isso. O assunto já deu discussão e eu não quero chatear-me outra vez por causa disso.
- Mas têm lá uma carta que vale por tudo e mesmo assim não querem?
- Eu mostrei tudo. O assunto chegou a ser falado pessoalmente. Não é para entender.
- Vou contar isso no blogue, sem identificar-te, é claro…
- Ok. Vê isso, até podemos concluir que os editores são pessoas cada vez mais frias… Lol.

Há uns tempos citei parte de um livro que andava a ler e que explicava bem por que estas coisas acontecem com os jornalistas. Hoje relembro algumas passagens, pois este foi um bom exemplo do que então apontei: "Trabalham em estruturas que positivamente os impede de descobrir a verdade. Historicamente, sempre houve um elemento de ignorância no jornalismo, apenas porque tenta registar a verdade à medida que esta acontece. Agora, isso é ainda pior. É endémico. A ética da honestidade foi ultrapassada pela produção massiva de ignorância. (...) A história do falhanço dos meios de Comunicação Social é complicada e súbtil. Envolve todo o tipo de manipulação, conspiração ocasional, mentiras, batotas, estupidez, cupidez, culpabilidade, um colapso das capacidades e uma nova vaga de propaganda deliberada. Mas a história começa com jornalistas que vos dizem que a terra é plana, porque pensem genuinamente que esta até poderá ser. A escala de quem assim pensa é aterradora".

Sem mais comentários. Deixo isso para os leitores deste blogue...

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4 Comentários:

Blogger Orlando Braga disse...

Determinados "editores" que temos é uma consequência de uma moral cada vez mais relativista. E a coisa tende a piorar: a tua avó ainda teve um quarto; não sei se eu irei directamente para uma enfermaria para ser eutanasiado.

06 outubro, 2008  
Blogger José Lemos disse...

Isso é um bocado desmotivador para quem como eu,quer voltar ao mundo dos estudos,nomeadamente no curso de jornalismo..

Mas para além de ser desmotivador,é uma vergonha.

Cumprimentos, Futebol Total

08 outubro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

È uma vergonha, mas é a verdade nua e crua!...

08 outubro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Não deixem cair o assunto em saco roto ,sob pena de o "vírus" se ter propagado por vós também ,tá bom meus queridos?

10 outubro, 2008  

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