20060131
Digam qualquer coisa!
O João MacDonald tem agora um blogue...
Graças a ele, lembrei-me de uma coisa que há muito tempo ando à procura: uma edição em DVD do mítico "Palombella Rossa" de Nani Moretti...
Apenas descobri que só há uma versão ainda em VHS e mesmo essa, pelos vistos, está à venda por quase 50 dólares!...
Mas onde anda esse filme?!
Graças a ele, lembrei-me de uma coisa que há muito tempo ando à procura: uma edição em DVD do mítico "Palombella Rossa" de Nani Moretti...
Apenas descobri que só há uma versão ainda em VHS e mesmo essa, pelos vistos, está à venda por quase 50 dólares!...
Mas onde anda esse filme?!
"Então, e o atentado, pá?!"
A manhã de 31 de Janeiro de 2006 em Lisboa está a terminar e não houve atentado. E já recebi várias mensagens a perguntar-me pelo atentado, dando-me conta de que sou um reles alarmista e, afinal, nem uma explosãozita de conduta de gás ou água, nem nada. Apenas os acidentes de trânsito no caminho do trabalho, nada mais.
Como se eu fosse ficar contente se tivesse havido o atentado...
Não, meus senhores. Se não houve atentado hoje, essa até é a melhor prova de que não são terroristas que provocam atentados e que, na minha modesta opinião, muitos deles são planeados por forças de dentro do regime... Digo isto porque hoje Lisboa está em alerta máximo de segurança, uma vez que o senhor Bill Gates, que tem 200 vezes mais dinheiro do que o prémio do próximo euromilhões, está a falar num hotel e logo à tarde vai receber uma medalhinha em Belém. Ora, não iam querer estragar a festa ao senhor Presidente da República, tanto mais quando ele está de saída, pois não?!
Se realmente existissem terroristas daqueles que colocam bombas nos comboios ou no metro, digam lá se hoje não era o dia ideal para isso acontecer? A CNN diria mesmo: "Bill Gates sobrevive a atentado em Portugal"! Era o nosso momento de glória, malta! Por isso, sim, só por isso posso dizer que é mesmo uma pena que não tenha havido hoje um atentado em Lisboa. Passaria a acreditar na tese oficial de que os terroristas é que são os maus da fita...
Mas, olhem que amanhã o Bill Gates ainda vai estar por cá. E amanhã, quarta-feira, não é um mau dia. Sem esquecer quinta-feira, outro dia militarmente propício para o tal atentado e que, se estão recordados, é o 2/2... Mas, sinceramente, acho que Portugal não tem mesmo importância para atentados como os de Espanha e Inglaterra, pois golpes de Estado e atentados aos direitos dos cidadãos há-os todos os dias e, pior do que tudo, estamos cada vez mais habituados a eles que perdemos a força para os combater. Até ao dia em que algo rebentar em Lisboa... até esse dia...
Como se eu fosse ficar contente se tivesse havido o atentado...
Não, meus senhores. Se não houve atentado hoje, essa até é a melhor prova de que não são terroristas que provocam atentados e que, na minha modesta opinião, muitos deles são planeados por forças de dentro do regime... Digo isto porque hoje Lisboa está em alerta máximo de segurança, uma vez que o senhor Bill Gates, que tem 200 vezes mais dinheiro do que o prémio do próximo euromilhões, está a falar num hotel e logo à tarde vai receber uma medalhinha em Belém. Ora, não iam querer estragar a festa ao senhor Presidente da República, tanto mais quando ele está de saída, pois não?!
Se realmente existissem terroristas daqueles que colocam bombas nos comboios ou no metro, digam lá se hoje não era o dia ideal para isso acontecer? A CNN diria mesmo: "Bill Gates sobrevive a atentado em Portugal"! Era o nosso momento de glória, malta! Por isso, sim, só por isso posso dizer que é mesmo uma pena que não tenha havido hoje um atentado em Lisboa. Passaria a acreditar na tese oficial de que os terroristas é que são os maus da fita...
Mas, olhem que amanhã o Bill Gates ainda vai estar por cá. E amanhã, quarta-feira, não é um mau dia. Sem esquecer quinta-feira, outro dia militarmente propício para o tal atentado e que, se estão recordados, é o 2/2... Mas, sinceramente, acho que Portugal não tem mesmo importância para atentados como os de Espanha e Inglaterra, pois golpes de Estado e atentados aos direitos dos cidadãos há-os todos os dias e, pior do que tudo, estamos cada vez mais habituados a eles que perdemos a força para os combater. Até ao dia em que algo rebentar em Lisboa... até esse dia...
20060130
Agora que andam aí com ideias, deixem-me avisar que...
... os votos no Manuel Alegre foram porque ele foi candidato a Presidente da República contra o Cavaco e outros tipos cujo nome agora na ma lembra... Nada mais. Aquilo já acabou, ok?! Se querem fazer qualquer coisa de novo, comecem com qualquer coisa de novo... Mas não me alegram nada o dia se estiverem agora a pensar nas soluções do passado, por muito frescas que tenham sido nos últimos dias, ok?! Aquilo que ele podia ter feito já fez. Não lhe peçam agora para estragar tudo... Libertem-se a vocês próprios!
O importante não é a quantidade...
Ler aqui:
"Hoje, se sou jornalista, sei que concorro com blogs pessoais, com os motores de busca, os algoritmos etc. E penso que os patrões da mídia começam a entender isso. E que de certa forma, com o enxugamento das redações nesses últimos anos, por causas econômicas, a gente tem cada vez menos jornalistas nas redações. Hoje, acho que da parte dos patrões começa a haver uma reflexão sobre a qualidade de seus jornalistas e não somente sobre a quantidade. Hoje, ter jornalistas capazes de fazer a diferença tornou-se algo importante".
"Hoje, se sou jornalista, sei que concorro com blogs pessoais, com os motores de busca, os algoritmos etc. E penso que os patrões da mídia começam a entender isso. E que de certa forma, com o enxugamento das redações nesses últimos anos, por causas econômicas, a gente tem cada vez menos jornalistas nas redações. Hoje, acho que da parte dos patrões começa a haver uma reflexão sobre a qualidade de seus jornalistas e não somente sobre a quantidade. Hoje, ter jornalistas capazes de fazer a diferença tornou-se algo importante".
Ponham a neve onde estava!
Por favor, não me perguntem mais se fiquei contente por ter visto ontem a nevar como já não sucedia há 50 e tal anos...
A neve é fria, molhada e perigosa. Já vi muita na minha vida. E a neve só faz sentido onde faz sentido, onde a vida está preparada para a enfrentar a rigor. Não é certamente o caso de Lisboa ou de Évora. Até na Guarda, forte e fria, houve contadores de água que rebentaram e a população passou dificuldades... E depois, está cada vez mais visível que o tempo anda todo lixado e isso deve-se à intervenção humana. Portugal vai ter cada vez mais seca no Verão e mais frio no Inverno, sem esquecer o mar a subir e sei lá mais o quê. E ainda há quem fique contente por ver nevar em Lisboa pela puta da primeira vez...
Fotos de neve a sério e onde deve estar:
A neve é fria, molhada e perigosa. Já vi muita na minha vida. E a neve só faz sentido onde faz sentido, onde a vida está preparada para a enfrentar a rigor. Não é certamente o caso de Lisboa ou de Évora. Até na Guarda, forte e fria, houve contadores de água que rebentaram e a população passou dificuldades... E depois, está cada vez mais visível que o tempo anda todo lixado e isso deve-se à intervenção humana. Portugal vai ter cada vez mais seca no Verão e mais frio no Inverno, sem esquecer o mar a subir e sei lá mais o quê. E ainda há quem fique contente por ver nevar em Lisboa pela puta da primeira vez...
Fotos de neve a sério e onde deve estar:
A "Função Pública" informa-se e informa
Aquilo que muitos meios de Comunicação Social não conseguem dizer, está agora na revista gratuita da função pública. As pessoas podem andar mal informadas, mas não são estúpidas e, um dia destes, quando alguns enfrentarem um tribunal popular por traição à pátria, os jornalistas seguidistas e carneiros vão ser julgados por cobardia face ao inimigo.
Lançamento revelador
Informação ao leitor sobre o lançamento de mais um livro revelador:
O contributo da Maçonaria portuguesa e internacional para a concretização do projecto da República em 5 de Outubro de 1910 vai ser assinalado por António Reis, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, e pelo jornalista e investigador António Valdemar no decurso do lançamento do livro «Com permissão de Sua Majestade, Família Real inglesa e Maçonaria na instauração da República em Portugal», da autoria de Jorge Morais, que decorrerá no dia
31 de Janeiro de 2006 – 18.30 h
no Museu da República e da Resistência
Rua Alberto Sousa, 10A (Zona B do Rêgo) - Lisboa
Livro-revelação apresenta documentos secretos
Família Real britânica e Maçonaria inglesa ajudaram à implantação da República
A Família Real britânica e a Maçonaria inglesa colaboraram activamente na implantação da República em Portugal, em 1910. Estas são duas das mais surpreendentes conclusões a que chegou o jornalista e investigador português Jorge Morais e que estão na base da edição do livro “Com permissão de Sua Majestade”.
Segundo o autor deste aturado e minucioso trabalho de investigação agora dado à estampa, não foi apenas a revolta militar comandada por Machado dos Santos, na Rotunda do Marquês de Pombal, apoiada pelas células carbonárias de Lisboa, que sustentaram a revolta. Para Jorge Morais, o envolvimento da Família Real britânica e a Maçonaria inglesa, agregados sob a égide de uma vasta conspiração internacional, acabaram por se revelar determinantes.
Com efeito, ao garantirem, da parte dos ingleses, o compromisso de que não levantariam um dedo para defender a Monarquia lusa os revoltosos não hesitaram em avançar e em lograr o êxito que sempre lhes havia escapado nas últimas décadas.
Os interesses internacionais, centrados no futuro da África portuguesa, e os contactos de alto nível mantidos por dignitários maçons com homens de negócios e jornalistas influentes constituíram a mola real para um golpe a que o próprio rei Jorge V e seu tio, Duque de Connaught (Grão-Mestre da maçonaria inglesa) deram o sinal verde - a Dinastia de Bragança tinha os dias contados e os republicanos tomavam o poder.
Valendo-se de uma infindável e poderosa teia de conhecimentos e cumplicidades, o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano da altura, Sebastião de Magalhães Lima, urdiu entre Lisboa e Londres o projecto da revolta republicana que mereceu das autoridades inglesas uma sintomática “neutralidade compreensiva”.
Esta posição, expressa por escrito num memorandum a que Jorge Morais teve acesso e que traz à luz dos dias nesta obra, é a pedra de toque para as forças republicanas tocarem a reunir e lançarem-se confiadamente no processo revolucionário.
“Com permissão de Sua Majestade”, que tem a chancela da editora “Via Occidentalis”, é distribuído pela Bertrand e foi escrito por um dos mais credenciados jornalistas portugueses, traça com rigor, clareza e brilho o quadro político, nacional e internacional, em que decorreu a conspiração; comprova a ligação dos principais intervenientes à Maçonaria e ao lóbi radical europeu; e transcreve correspondência até hoje mantida em segredo nos arquivos de Lisboa e Londres.
* * *
Jorge Morais foi jornalista dos jornais “República”, “A Luta”, “Jornal Novo” e “A Tarde”. Mais tarde foi co-fundador e chefe de redacção-adjunto do “Correio da Manhã” e director do “Tal & Qual” e “24horas”. No campo editorial publicou uma série de livros e ensaios de que se destacam volumes de reportagens, a biografia de D. Duarte e um estudo sobre Ezra Pound.
Com permissão de Sua Majestade
Família Real inglesa e Maçonaria na instauração da República em Portugal
Autor: Jorge Morais
Págs.: 206 + 16 (caderno fotográfico)
Formato: 150 x 220 mm
PVP: 16.80 euros
Via-Occidentalis
O contributo da Maçonaria portuguesa e internacional para a concretização do projecto da República em 5 de Outubro de 1910 vai ser assinalado por António Reis, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, e pelo jornalista e investigador António Valdemar no decurso do lançamento do livro «Com permissão de Sua Majestade, Família Real inglesa e Maçonaria na instauração da República em Portugal», da autoria de Jorge Morais, que decorrerá no dia
31 de Janeiro de 2006 – 18.30 h
no Museu da República e da Resistência
Rua Alberto Sousa, 10A (Zona B do Rêgo) - Lisboa
Livro-revelação apresenta documentos secretos
Família Real britânica e Maçonaria inglesa ajudaram à implantação da República
A Família Real britânica e a Maçonaria inglesa colaboraram activamente na implantação da República em Portugal, em 1910. Estas são duas das mais surpreendentes conclusões a que chegou o jornalista e investigador português Jorge Morais e que estão na base da edição do livro “Com permissão de Sua Majestade”.
Segundo o autor deste aturado e minucioso trabalho de investigação agora dado à estampa, não foi apenas a revolta militar comandada por Machado dos Santos, na Rotunda do Marquês de Pombal, apoiada pelas células carbonárias de Lisboa, que sustentaram a revolta. Para Jorge Morais, o envolvimento da Família Real britânica e a Maçonaria inglesa, agregados sob a égide de uma vasta conspiração internacional, acabaram por se revelar determinantes.
Com efeito, ao garantirem, da parte dos ingleses, o compromisso de que não levantariam um dedo para defender a Monarquia lusa os revoltosos não hesitaram em avançar e em lograr o êxito que sempre lhes havia escapado nas últimas décadas.
Os interesses internacionais, centrados no futuro da África portuguesa, e os contactos de alto nível mantidos por dignitários maçons com homens de negócios e jornalistas influentes constituíram a mola real para um golpe a que o próprio rei Jorge V e seu tio, Duque de Connaught (Grão-Mestre da maçonaria inglesa) deram o sinal verde - a Dinastia de Bragança tinha os dias contados e os republicanos tomavam o poder.
Valendo-se de uma infindável e poderosa teia de conhecimentos e cumplicidades, o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano da altura, Sebastião de Magalhães Lima, urdiu entre Lisboa e Londres o projecto da revolta republicana que mereceu das autoridades inglesas uma sintomática “neutralidade compreensiva”.
Esta posição, expressa por escrito num memorandum a que Jorge Morais teve acesso e que traz à luz dos dias nesta obra, é a pedra de toque para as forças republicanas tocarem a reunir e lançarem-se confiadamente no processo revolucionário.
“Com permissão de Sua Majestade”, que tem a chancela da editora “Via Occidentalis”, é distribuído pela Bertrand e foi escrito por um dos mais credenciados jornalistas portugueses, traça com rigor, clareza e brilho o quadro político, nacional e internacional, em que decorreu a conspiração; comprova a ligação dos principais intervenientes à Maçonaria e ao lóbi radical europeu; e transcreve correspondência até hoje mantida em segredo nos arquivos de Lisboa e Londres.
* * *
Jorge Morais foi jornalista dos jornais “República”, “A Luta”, “Jornal Novo” e “A Tarde”. Mais tarde foi co-fundador e chefe de redacção-adjunto do “Correio da Manhã” e director do “Tal & Qual” e “24horas”. No campo editorial publicou uma série de livros e ensaios de que se destacam volumes de reportagens, a biografia de D. Duarte e um estudo sobre Ezra Pound.
Com permissão de Sua Majestade
Família Real inglesa e Maçonaria na instauração da República em Portugal
Autor: Jorge Morais
Págs.: 206 + 16 (caderno fotográfico)
Formato: 150 x 220 mm
PVP: 16.80 euros
Via-Occidentalis
20060129
Cada vez mais de acordo
Crónica no "DE":
"Vêm aí mais uns larguíssimos milhões de euros. A mantermos este rumo, daqui a mais uma geração, seremos um povo de pobres e emigrantes; Portugal será uma província irrelevante na União Europeia. O povo continuará a sofrer e a assistir a um rol imenso de oportunidades perdidas; enquanto a oligarquia enriquece e garante a continuidade dos seus privilégios. Neste cenário, os cerca de 22,5 mil milhões de euros de fundos, apregoados por Sócrates como uma grande vitória, serão afinal o custo do funeral duma nação que se suicida lentamente, sem que o seu povo se subleve".
Paulo Morais, professor universitário (e ex-número dois da Câmara do Porto).
"Vêm aí mais uns larguíssimos milhões de euros. A mantermos este rumo, daqui a mais uma geração, seremos um povo de pobres e emigrantes; Portugal será uma província irrelevante na União Europeia. O povo continuará a sofrer e a assistir a um rol imenso de oportunidades perdidas; enquanto a oligarquia enriquece e garante a continuidade dos seus privilégios. Neste cenário, os cerca de 22,5 mil milhões de euros de fundos, apregoados por Sócrates como uma grande vitória, serão afinal o custo do funeral duma nação que se suicida lentamente, sem que o seu povo se subleve".
Paulo Morais, professor universitário (e ex-número dois da Câmara do Porto).
20060128
O Inverno de todos os avisos
Uma semana depois do atentado de Oklahoma, a 21 de Abril de 1995, o cronista do jornal nova-iorquino "Daily News", Sidney Zion, escreveu uma crónica onde revelou que, uma semana antes do sucedido, Oswald Le Winter telefonara-lhe a avisar que se preparava um atentado terrorista em solo norte-americano.
E terá dito Le Winter a Zion: "They are going to bomb federal buildings all over the country and knock a few planes out of the sky over our cities"...
Quando Sidney escreveu isto, as autoridades andavam ainda na busca de dois suspeitos. Mais tarde viria a ser detido o antigo soldado Timothy McVeigh. McVeigh foi executado a 11 de Junho 2001, três meses antes do dia 11 de Setembro desse ano, quando os aviões finalmente caíram nas cidades dos EUA conforme Le Winter avisara em 1995...
E terá dito Le Winter a Zion: "They are going to bomb federal buildings all over the country and knock a few planes out of the sky over our cities"...
Quando Sidney escreveu isto, as autoridades andavam ainda na busca de dois suspeitos. Mais tarde viria a ser detido o antigo soldado Timothy McVeigh. McVeigh foi executado a 11 de Junho 2001, três meses antes do dia 11 de Setembro desse ano, quando os aviões finalmente caíram nas cidades dos EUA conforme Le Winter avisara em 1995...
O início de uma investigação jornalística...
Naquela altura, em 1993, eu trabalhava como estagiário no diário portuense "O Primeiro de Janeiro". Num dado dia de Setembro, o diário britânico "The Times" publicou na primeira página a notícia de um engenheiro britânico que estava a ser julgado por ter vendido segredos aos russos e de ter colaborado com o KGB. No fim da primeira coluna do texto da manchete do prestigiado jornal inglês estava escrito:
"The prosecution alleged that the same year [1976] the KGB sent Mr. Smith on a course in spying in Oporto, Portugal".
Nenhum jornalista português achou pertinente investigar esta história, até que, finalmente, em 1998, decidi durante umas férias em Londres procurar saber mais...
Hoje, o cidadão Smith continua a dizer que é inocente e luta na Inglaterra de Orwell pelos seus direitos que, ao fim e ao cabo, são os de todos nós...
As Aventuras de Roque Gomes
Em homenagem à cada vez mais intrigante aventura policial no Armazém 6, vou começar a colocar aqui a reprodução das aventuras de Roque Gomes, o detective da baixa portuense, originalmente publicadas no suplemento de domingo do diário "O Primeiro de Janeiro", entre 1992 e 1993. As ilustrações são do magnífico Manel Cruz.
Para começar, as três primeiras aventuras. Outras se seguirão...
Para começar, as três primeiras aventuras. Outras se seguirão...
20060127
Uma história feliz...
Este livro "ameaça" ser um sucesso...
Mas o mais engraçado é a história do próprio livro que pode ser lida aqui:
"Quinta-feira, Julho 14, 2005
Em 2003 comecei a escrever Senhor Bentley, o Enraba-Passarinhos. Terminei-o em 2004 depois de uns meses de paragem. Eu escrevo melhor se tiver tempo para pensar nas personagens, na história. Podia tê-lo escrito num mês ou dois, mas não seria tão bom.
A 13 de Abril de 2004 enviei o manuscrito à editora Difel – recusa; mandei-o à Temas e Debates a 17 de Maio e obtive recusa novamente; concorri ao prémio literário de Loures – não ganhei; remeti-o à Oficina do Livro - e de novo lá veio a carta de recusa; despachei-o para a Âmbar (a recusa veio a 13 de Janeiro de 2005) e Asa a 9 de Novembro’04, a Asa devolveu-o a 15 de Novembro sem sequer o ter lido; a 19 de Novembro enviei-o para a Bertrand Editora e até hoje espero resposta, tal como a espero da Bizâncio desde 27 de Novembro de 2004; encaminhei o manuscrito, mais uma vez, para outra editora – a Cotovia – a 29 de Novembro’04 e conheci a recusa a 2 de Fevereiro de 2005; mandei o Senhor Bentley para a Caixotim a 13 de Fevereiro e a recusa chegou a 13 de Maio’05; da editora Âncora ela veio a 9 de Maio de 2005, depois de lhes ter enviado o livro a 10 de Março’05.
Bom, vou ser mais sucinta.
Afrontamento: mandei a 21 de Março de 2005, recusa a 6 de Abril.
Editorial Caminho: remeti o livro a 22 de Março de 2005. Sem resposta até hoje.
Relógio D’Água: 28 de Março de 2005. Sem resposta.
Presença: 15 de Abril’05. Recusa.
Editorial Notícias: 20 Abril’05. Sem resposta.
Edições Saída de Emergência: mandei o livro a 22 de Abril de 2005. Sem grande fé, esperando resultados idênticos aos anteriores.
Mas logo no dia a seguir ao editor ter recebido o manuscrito obtenho uma resposta positiva!
Em princípio Senhor Bentley, o Enraba-Passarinhos sairá no primeiro trimestre do ano de 2006.
P.S. Não contem. Eu poupo-vos o trabalho: foram 15.
[Correção: 16, aliás. A editora Q de 9 demonstrou interesse inicial, mas depois mudou de ideias. Até hoje não sei porquê.]
[Adenda: afinal foram 17. Esqueci-me de adicionar a editora Amores Perfeitos que queria que eu pagasse metade da edição.]"
Mas o mais engraçado é a história do próprio livro que pode ser lida aqui:
"Quinta-feira, Julho 14, 2005
Em 2003 comecei a escrever Senhor Bentley, o Enraba-Passarinhos. Terminei-o em 2004 depois de uns meses de paragem. Eu escrevo melhor se tiver tempo para pensar nas personagens, na história. Podia tê-lo escrito num mês ou dois, mas não seria tão bom.
A 13 de Abril de 2004 enviei o manuscrito à editora Difel – recusa; mandei-o à Temas e Debates a 17 de Maio e obtive recusa novamente; concorri ao prémio literário de Loures – não ganhei; remeti-o à Oficina do Livro - e de novo lá veio a carta de recusa; despachei-o para a Âmbar (a recusa veio a 13 de Janeiro de 2005) e Asa a 9 de Novembro’04, a Asa devolveu-o a 15 de Novembro sem sequer o ter lido; a 19 de Novembro enviei-o para a Bertrand Editora e até hoje espero resposta, tal como a espero da Bizâncio desde 27 de Novembro de 2004; encaminhei o manuscrito, mais uma vez, para outra editora – a Cotovia – a 29 de Novembro’04 e conheci a recusa a 2 de Fevereiro de 2005; mandei o Senhor Bentley para a Caixotim a 13 de Fevereiro e a recusa chegou a 13 de Maio’05; da editora Âncora ela veio a 9 de Maio de 2005, depois de lhes ter enviado o livro a 10 de Março’05.
Bom, vou ser mais sucinta.
Afrontamento: mandei a 21 de Março de 2005, recusa a 6 de Abril.
Editorial Caminho: remeti o livro a 22 de Março de 2005. Sem resposta até hoje.
Relógio D’Água: 28 de Março de 2005. Sem resposta.
Presença: 15 de Abril’05. Recusa.
Editorial Notícias: 20 Abril’05. Sem resposta.
Edições Saída de Emergência: mandei o livro a 22 de Abril de 2005. Sem grande fé, esperando resultados idênticos aos anteriores.
Mas logo no dia a seguir ao editor ter recebido o manuscrito obtenho uma resposta positiva!
Em princípio Senhor Bentley, o Enraba-Passarinhos sairá no primeiro trimestre do ano de 2006.
P.S. Não contem. Eu poupo-vos o trabalho: foram 15.
[Correção: 16, aliás. A editora Q de 9 demonstrou interesse inicial, mas depois mudou de ideias. Até hoje não sei porquê.]
[Adenda: afinal foram 17. Esqueci-me de adicionar a editora Amores Perfeitos que queria que eu pagasse metade da edição.]"
Reina a ordem em todo o país
Recebi várias reacções sobre o "post" do atentado em Lisboa. Entre as acusações de ser alarmista e estar a ajudar à propagação da ideia do medo - ao que respondi, como disse Roosevelt, que só devemos ter medo do próprio medo -, também houve quem me perguntasse em que dia isso iria suceder e porquê.
Ora, analisando fria e logicamente os factos, vemos que os atentados nos EUA, Espanha e Londres, tiveram lugar em dias militarmente úteis, que são a terça-feira, quarta-feira e quinta-feira. O dia 11 de Setembro de 2001 foi terça-feira, 11 de Março de 2004 foi quinta-feira e 7 de Julho de 2005 foi igualmente quinta-feira. Estes são os dias para as revoluções terem sucesso (o nosso 25 de Abril de 1974, por exemplo, foi numa quinta-feira, ao passo que a tentativa de golpe anterior, o 16 de Março de 1974, foi a um sábado).
Estes dias são os mais importantes, uma vez que os quartéis têm o número máximo de soldados. Segunda-feira, sexta-feira e fim-de-semana são dias com menos tropa.
Assim, a haver um atentado em Portugal, este teria de ser ou numa terça, quarta ou quinta-feira. Olhando para o calendário, há datas interessantes, como o próximo dia 31 de Janeiro, terça-feira, data da tentativa revolucionária Republicana ou o dia 1 de Fevereiro, quarta-feira, em que fará 98 anos que foi morto o Rei D. Carlos no Terreiro do Paço. O 2 de Fevereiro seria memorável devido à aritemética, pois a data ficaria mundialmente conhecida como o 2/2, algo muito parecido com o de Londres, que é o 7/7...
Por outro lado, estejam tranquilos, pois acho que não vai haver qualquer atentado na manhã desses dias (sim, todos os atentados foram de manhã cedo, para que depois as pessoas ficassem em casa a seguir pela televisão... Sem esquecer ainda que os dois últimos atentados, Madrid e Londres, ocorreram em transportes públicos, como comboios suburbanos, metro e autocarros). Acho que não vai ocorrer nenhum atentado, pois, afinal, o povo português "portou-se" bem e elegeu Cavaco Silva à primeira, impedindo assim que o governo de Sócrates tremesse face à possibilidade de ter de apoiar Manuel Alegre para uma segunda volta...
Ora, analisando fria e logicamente os factos, vemos que os atentados nos EUA, Espanha e Londres, tiveram lugar em dias militarmente úteis, que são a terça-feira, quarta-feira e quinta-feira. O dia 11 de Setembro de 2001 foi terça-feira, 11 de Março de 2004 foi quinta-feira e 7 de Julho de 2005 foi igualmente quinta-feira. Estes são os dias para as revoluções terem sucesso (o nosso 25 de Abril de 1974, por exemplo, foi numa quinta-feira, ao passo que a tentativa de golpe anterior, o 16 de Março de 1974, foi a um sábado).
Estes dias são os mais importantes, uma vez que os quartéis têm o número máximo de soldados. Segunda-feira, sexta-feira e fim-de-semana são dias com menos tropa.
Assim, a haver um atentado em Portugal, este teria de ser ou numa terça, quarta ou quinta-feira. Olhando para o calendário, há datas interessantes, como o próximo dia 31 de Janeiro, terça-feira, data da tentativa revolucionária Republicana ou o dia 1 de Fevereiro, quarta-feira, em que fará 98 anos que foi morto o Rei D. Carlos no Terreiro do Paço. O 2 de Fevereiro seria memorável devido à aritemética, pois a data ficaria mundialmente conhecida como o 2/2, algo muito parecido com o de Londres, que é o 7/7...
Por outro lado, estejam tranquilos, pois acho que não vai haver qualquer atentado na manhã desses dias (sim, todos os atentados foram de manhã cedo, para que depois as pessoas ficassem em casa a seguir pela televisão... Sem esquecer ainda que os dois últimos atentados, Madrid e Londres, ocorreram em transportes públicos, como comboios suburbanos, metro e autocarros). Acho que não vai ocorrer nenhum atentado, pois, afinal, o povo português "portou-se" bem e elegeu Cavaco Silva à primeira, impedindo assim que o governo de Sócrates tremesse face à possibilidade de ter de apoiar Manuel Alegre para uma segunda volta...
20060126
Citizen Smith visits Oporto
Thanks Mike!
Este foi o texto que escrevi para o número de inverno de 2000 da revista "Lobster":
The Citizen Smith Case or The Spy Who Came In From Oporto
Frederico Duarte Carvalho
Why is a Portuguese journalist writing a book about an almost unknown British spy? Recently I had to answer to this same question to Igor Prelin, my favourite ex-KGB officer whom I first meet in Cannes, France, during the Television Market Fair of April 1994. After I met Igor Prelin in Cannes, I travelled to Moscow the following year and conducted a few interviews with other ex-KGB officers. We only talked about stories with Portuguese interest from the recent past like Angola and other African nations of Portuguese language. No interest on a story about a British spy. Until that is, a few days ago. I called Igor in Moscow and asked him about a British electronics engineer named Michael John Smith, who, in November 1993, was sentenced to 25 years after being found guilty of espionage for the KGB at the end of the 1970s and beginning of 1980s. He was arrested in August 1992, after the defection from Paris of Victor Oschenko, who was said to be his Soviet controller. Igor Prelin, who was the spokesman for Vladimir Kryuchkov, the KGB leader behind the failed coup of August 1991, told me that he knew nothing about that British/Russian spy.
I was born and lived in Oporto. Nowadays I work in Lisbon at the weekly newspaper Tal&Qual. Oporto is Portugal's second city, and next year it will be European Cultural Capital. It is also the town of the Port wine and has had a large British community for many decades. My father works as a manager of the local office of a British shipping company and my first plane trip was to London, when I was only 16. So, for me, British culture has always been present, and I admired the British media.
I started working as a journalist in December 1991 at the Oporto daily newspaper O Primeiro de Janeiro. It was in September 1993 that The Times published on its front page the news of Michael Johns Smith's trial at the Old Bailey; and my attention was drawn to the fact that the prosecution alleged that the KGB sent Mr. Smith on a course in spying in Oporto.
My editors didn't find anything of interest in the story because we were a small local newspaper and, if the case became of major interest, then the national newspapers, with correspondents in London, would cover it. So I dropped the story but I didn't forget it; and when I went to London, in August 1998, on a week's holiday, I decided to find out what really had happened to Michael John Smith and that Oporto thing. I went to The Times building and got a copy of all the articles about the 1993 trial.
Making contact
When I arrived in Lisbon I got in touch with Michael John Smith thanks to the Prisoner Location Service of Birmingham. Michael is in HMP Full Sutton, York, and his number is PR3345. Michael wrote me back in September 1998 and said that he was very grateful that I had taken an interest in his story and that he had no problem in talking to me about Oporto. Two months later, November 2nd, I got another letter, but this one was signed by a certain Mr. W., in which he told me that he was Michael's friend and that Mr. Smith had asked him to help me out. And, Mr. W. wrote this to me:
'I shared accommodation with Michael during the 1970s. We both went on holiday to Spain and Portugal in his car in August 1977. I was with him during the short stay in Oporto from Thursday 11 August to Saturday 13 August 1977. We stayed at Parque de Campismo da Prelada. I was present when we requested a campsite employee to indicate the whereabouts of bus stops and a restaurant on a town map for our guidance in finding our way around Oporto. Years later (8 September 1992) I was visited by British Special Branch Police Officers, and early during the interview I was shown the map that I recognised from the holiday. Imagine my surprise when I realised that the same map was considered evidence of a KGB espionage training operation allegedly carried out by Michael. The prosecution made much of this trip during his trial because a prosecution witness, a Mr E, had done such a training operation during 1979 in Lisbon. Since I found these allegations ridiculous I was prepared to be a witness for the defence, but I was never required to appear in court. I continue to visit and correspond with Michael who continues to vigorously fight his conviction. We believe he is a victim of a miscarriage of justice perpetrated by the British M. o. D., Crown Prosecution Service and Police. The British Security Services continue their under-handed methods as revealed by the current case of ex M.I.5 spy, David Shayler, who tried to whistle blow on his secret service bosses.'
After reading this I thought: Sure, he is innocent and I'm Santa Claus! But my interest in this story grew because, by coincidence, my house in Oporto is next to the camp site where Michael and Mr. W. had stayed more than 20 years ago. Later on, Mr. W. sent me copies of the Oporto maps and some copies of the surviving photos that they both had taken in Oporto. He also sent me copies of the transcripts of Michael's interviews by the police and parts of the trial where the Oporto case had been mentioned. And that was the first time that I read the name of Oleg Gordievsky, when he gave testimony about the Oporto map crosses.
On the Oporto map there are four crosses. An MI5 officer, Mrs. C., came to Oporto to investigate them. She said that three of them didn't have any tourist interest, and the fourth was a typical restaurant, called O Fado.
Michael John Smith was criticised at the Old Bailey by Mr. Justice Blofeld because he couldn't remember the meaning of the crosses during his first interview with the police. Mr Smith first said that those where places of tourist interest and then changed his opinion to bus stops. This contradiction helped the Crown to establish a link between a training mission in Lisbon by a certain Mr E, in 1979, and the KGB agent, Victor Oschenko, appointed as Michael's controller.
For those who live in Oporto the crosses may be easily placed in places of tourist interest. And if you want to explain the bus stops it is also easy. The court accepted a different interpretation.
Tracing Smiths's steps
I've tried to recreate the footsteps of Michael John Smith in Oporto during his trip in August 1977. Mr. W. had sent to me three pictures of Oporto that they had taken during their holiday and two photos of Michael that were taken during the trip just for me to see how he looked then. The three photos of Oporto are from places with tourist interest not very far from the places were the crosses were. One is a view of the old part of Oporto that was considered to be World Heritage site by the UNESCO in 1997; another is a corner of a famous commercial street in town, not very far from cross number 1; and the third is inside the old historic part of the town, just next to the Oporto Cathedral. With all this material there was a copy of a recent hand-written letter by Michael in which he recollected in detail his two days in Oporto. On that letter, among other things, he mentioned this:
' ...on the way back to the bus stop (after a evening at the restaurant O Fado ) we again passed the street where the street festival was going on that area called Victoria: I see from the map that there is actually a road named Rua da Victoria, but whether it was in that road we saw the festival I'm not sure, but they gave us little green flags and a bit of card (or a sticker) with the address on it. I remember there were 2 Spanish gypsies there, and one of them wanted to be involved in getting us introduced into was going on there. The festivities had obviously just finished for the night, but someone brought us a bottle of beer each, and one of the gypsies had a guitar and I played something on it, and he said he couldn't believe I was English because I played with too much passion for an Englishman. Someone went and got the daughter of a doctor to come and translate, because she could speak reasonable English. I think the club was for literary pursuits, because they had books there, and they also played chess, and I remember there was a wooden or plastic copy of the Tutankhamon mask face, and the club had a weird mix of things in it. They wanted us to sing some English songs, but I don't think we knew what to sing. Anyway in the end we had to leave to catch the bus and I remember we looked back and waved at them in the street as we left and I thought what a strange encounter. I took 3 photos and I posted them to the club, so for all I know, they might still be pinned up on the wall in the club!'
When I read this I went to Rua da Victoria and entered the first club there. It's a very narrow place. A man was playing cards and above his head in an empty wall there was a Tutankhamon face mask. I asked the people there if they had a photo album with pictures of festivities from 20 years ago. There was only one photo album in the club. On it, there were black and white photos of festivities, and they looked to be around 20 years old. But among them, there was a particular colour photo: a gypsy playing the guitar and a person with a foreign look clapping hands. I sent the photo to Mr. W. who sent it to Michael and I got the confirmation: it was Citizen Smith during his August 1977 Oporto trip.
That was really a strange thing for a spy to do in a KGB training mission, I thought; or Michael John Smith is indeed a very clever spy to act like a normal tourist; or he is very dumb by leaving photos of his presence around the world... I'm not saying that he isn't a spy, but I think it's now very difficult for me to explain to Portuguese readers that he came to Oporto in a KGB training mission as it was said in court in November 1993.......
And, I recall that the ex-MI6 officer, Richard Tomlinson saw a MI5 report on the case which concluded that Mr. Smith had not given any important or damaging information to Victor Oschenko. Tomlinson said:
'I was therefore very surprised when I learnt of MI5's claims at Mr. Smith's trial of the extent of the damage allegedly caused by him, and the extraordinary sentence which he subsequently received. I suspect the evidence was exaggerated at a higher level in MI5 in order to ensure that Mr. Smith received a heavy sentence. The intelligence services depend on disproportionate sentences for breaches of the Official Secrets Acts to cultivate the mystique of the importance of their work. I believe Mr. Smith has been made a victim of this tactic.'
Este foi o texto que escrevi para o número de inverno de 2000 da revista "Lobster":
The Citizen Smith Case or The Spy Who Came In From Oporto
Frederico Duarte Carvalho
Why is a Portuguese journalist writing a book about an almost unknown British spy? Recently I had to answer to this same question to Igor Prelin, my favourite ex-KGB officer whom I first meet in Cannes, France, during the Television Market Fair of April 1994. After I met Igor Prelin in Cannes, I travelled to Moscow the following year and conducted a few interviews with other ex-KGB officers. We only talked about stories with Portuguese interest from the recent past like Angola and other African nations of Portuguese language. No interest on a story about a British spy. Until that is, a few days ago. I called Igor in Moscow and asked him about a British electronics engineer named Michael John Smith, who, in November 1993, was sentenced to 25 years after being found guilty of espionage for the KGB at the end of the 1970s and beginning of 1980s. He was arrested in August 1992, after the defection from Paris of Victor Oschenko, who was said to be his Soviet controller. Igor Prelin, who was the spokesman for Vladimir Kryuchkov, the KGB leader behind the failed coup of August 1991, told me that he knew nothing about that British/Russian spy.
I was born and lived in Oporto. Nowadays I work in Lisbon at the weekly newspaper Tal&Qual. Oporto is Portugal's second city, and next year it will be European Cultural Capital. It is also the town of the Port wine and has had a large British community for many decades. My father works as a manager of the local office of a British shipping company and my first plane trip was to London, when I was only 16. So, for me, British culture has always been present, and I admired the British media.
I started working as a journalist in December 1991 at the Oporto daily newspaper O Primeiro de Janeiro. It was in September 1993 that The Times published on its front page the news of Michael Johns Smith's trial at the Old Bailey; and my attention was drawn to the fact that the prosecution alleged that the KGB sent Mr. Smith on a course in spying in Oporto.
My editors didn't find anything of interest in the story because we were a small local newspaper and, if the case became of major interest, then the national newspapers, with correspondents in London, would cover it. So I dropped the story but I didn't forget it; and when I went to London, in August 1998, on a week's holiday, I decided to find out what really had happened to Michael John Smith and that Oporto thing. I went to The Times building and got a copy of all the articles about the 1993 trial.
Making contact
When I arrived in Lisbon I got in touch with Michael John Smith thanks to the Prisoner Location Service of Birmingham. Michael is in HMP Full Sutton, York, and his number is PR3345. Michael wrote me back in September 1998 and said that he was very grateful that I had taken an interest in his story and that he had no problem in talking to me about Oporto. Two months later, November 2nd, I got another letter, but this one was signed by a certain Mr. W., in which he told me that he was Michael's friend and that Mr. Smith had asked him to help me out. And, Mr. W. wrote this to me:
'I shared accommodation with Michael during the 1970s. We both went on holiday to Spain and Portugal in his car in August 1977. I was with him during the short stay in Oporto from Thursday 11 August to Saturday 13 August 1977. We stayed at Parque de Campismo da Prelada. I was present when we requested a campsite employee to indicate the whereabouts of bus stops and a restaurant on a town map for our guidance in finding our way around Oporto. Years later (8 September 1992) I was visited by British Special Branch Police Officers, and early during the interview I was shown the map that I recognised from the holiday. Imagine my surprise when I realised that the same map was considered evidence of a KGB espionage training operation allegedly carried out by Michael. The prosecution made much of this trip during his trial because a prosecution witness, a Mr E, had done such a training operation during 1979 in Lisbon. Since I found these allegations ridiculous I was prepared to be a witness for the defence, but I was never required to appear in court. I continue to visit and correspond with Michael who continues to vigorously fight his conviction. We believe he is a victim of a miscarriage of justice perpetrated by the British M. o. D., Crown Prosecution Service and Police. The British Security Services continue their under-handed methods as revealed by the current case of ex M.I.5 spy, David Shayler, who tried to whistle blow on his secret service bosses.'
After reading this I thought: Sure, he is innocent and I'm Santa Claus! But my interest in this story grew because, by coincidence, my house in Oporto is next to the camp site where Michael and Mr. W. had stayed more than 20 years ago. Later on, Mr. W. sent me copies of the Oporto maps and some copies of the surviving photos that they both had taken in Oporto. He also sent me copies of the transcripts of Michael's interviews by the police and parts of the trial where the Oporto case had been mentioned. And that was the first time that I read the name of Oleg Gordievsky, when he gave testimony about the Oporto map crosses.
On the Oporto map there are four crosses. An MI5 officer, Mrs. C., came to Oporto to investigate them. She said that three of them didn't have any tourist interest, and the fourth was a typical restaurant, called O Fado.
Michael John Smith was criticised at the Old Bailey by Mr. Justice Blofeld because he couldn't remember the meaning of the crosses during his first interview with the police. Mr Smith first said that those where places of tourist interest and then changed his opinion to bus stops. This contradiction helped the Crown to establish a link between a training mission in Lisbon by a certain Mr E, in 1979, and the KGB agent, Victor Oschenko, appointed as Michael's controller.
For those who live in Oporto the crosses may be easily placed in places of tourist interest. And if you want to explain the bus stops it is also easy. The court accepted a different interpretation.
Tracing Smiths's steps
I've tried to recreate the footsteps of Michael John Smith in Oporto during his trip in August 1977. Mr. W. had sent to me three pictures of Oporto that they had taken during their holiday and two photos of Michael that were taken during the trip just for me to see how he looked then. The three photos of Oporto are from places with tourist interest not very far from the places were the crosses were. One is a view of the old part of Oporto that was considered to be World Heritage site by the UNESCO in 1997; another is a corner of a famous commercial street in town, not very far from cross number 1; and the third is inside the old historic part of the town, just next to the Oporto Cathedral. With all this material there was a copy of a recent hand-written letter by Michael in which he recollected in detail his two days in Oporto. On that letter, among other things, he mentioned this:
' ...on the way back to the bus stop (after a evening at the restaurant O Fado ) we again passed the street where the street festival was going on that area called Victoria: I see from the map that there is actually a road named Rua da Victoria, but whether it was in that road we saw the festival I'm not sure, but they gave us little green flags and a bit of card (or a sticker) with the address on it. I remember there were 2 Spanish gypsies there, and one of them wanted to be involved in getting us introduced into was going on there. The festivities had obviously just finished for the night, but someone brought us a bottle of beer each, and one of the gypsies had a guitar and I played something on it, and he said he couldn't believe I was English because I played with too much passion for an Englishman. Someone went and got the daughter of a doctor to come and translate, because she could speak reasonable English. I think the club was for literary pursuits, because they had books there, and they also played chess, and I remember there was a wooden or plastic copy of the Tutankhamon mask face, and the club had a weird mix of things in it. They wanted us to sing some English songs, but I don't think we knew what to sing. Anyway in the end we had to leave to catch the bus and I remember we looked back and waved at them in the street as we left and I thought what a strange encounter. I took 3 photos and I posted them to the club, so for all I know, they might still be pinned up on the wall in the club!'
When I read this I went to Rua da Victoria and entered the first club there. It's a very narrow place. A man was playing cards and above his head in an empty wall there was a Tutankhamon face mask. I asked the people there if they had a photo album with pictures of festivities from 20 years ago. There was only one photo album in the club. On it, there were black and white photos of festivities, and they looked to be around 20 years old. But among them, there was a particular colour photo: a gypsy playing the guitar and a person with a foreign look clapping hands. I sent the photo to Mr. W. who sent it to Michael and I got the confirmation: it was Citizen Smith during his August 1977 Oporto trip.
That was really a strange thing for a spy to do in a KGB training mission, I thought; or Michael John Smith is indeed a very clever spy to act like a normal tourist; or he is very dumb by leaving photos of his presence around the world... I'm not saying that he isn't a spy, but I think it's now very difficult for me to explain to Portuguese readers that he came to Oporto in a KGB training mission as it was said in court in November 1993.......
And, I recall that the ex-MI6 officer, Richard Tomlinson saw a MI5 report on the case which concluded that Mr. Smith had not given any important or damaging information to Victor Oschenko. Tomlinson said:
'I was therefore very surprised when I learnt of MI5's claims at Mr. Smith's trial of the extent of the damage allegedly caused by him, and the extraordinary sentence which he subsequently received. I suspect the evidence was exaggerated at a higher level in MI5 in order to ensure that Mr. Smith received a heavy sentence. The intelligence services depend on disproportionate sentences for breaches of the Official Secrets Acts to cultivate the mystique of the importance of their work. I believe Mr. Smith has been made a victim of this tactic.'
Provedor público
O diário "Público" voltou a ter um novo provedor. Quem tiver a pachorra de ir consultar os arquivos deste meu blogue irá reparar que, no Natal de 2004, o anterior provedor, Joaquim Furtado, saiu sem ter tido a oportunidade de me responder a uma dúvida...
Agora, com Rui Araújo, quem sabe se a história não será diferente. Afinal, ele até escreveu isto:
"(...) durante a investigação sobre a participação portuguesa no Irangate para a cadeia de televisão CBS News, a empresa pública ANA recusou facultar-me informação sobre alguns voos comerciais.
Usurpei a identidade de outra pessoa e consegui consultar os originais. Constatei que a Southern Air Transport (SAT) transportara 'material de defesa' para a Guatemala e que alguém, por lapso, anotara num documento 'Destino Final: IL'. Tudo partira para IL (código de Ilopango), o aeroporto dos contras em El Salvador.
O MNE, a Defex e o 'diplomata' responsável da antena da CIA em Lisboa não colaboraram, mas com o apoio de um general, um traficante de armas e um empregado do Ritz descobrimos tudo, menos a identidade real de Ronald Favourit, passageiro da SAT, cliente do hotel e operacional da National Security Agency?"
Por isso, quem sabe se não é desta que o "Público" finalmente informará os seus leitores sobre Camarate e como o Irangate ajudou Mário Soares a dar a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva...
Agora, com Rui Araújo, quem sabe se a história não será diferente. Afinal, ele até escreveu isto:
"(...) durante a investigação sobre a participação portuguesa no Irangate para a cadeia de televisão CBS News, a empresa pública ANA recusou facultar-me informação sobre alguns voos comerciais.
Usurpei a identidade de outra pessoa e consegui consultar os originais. Constatei que a Southern Air Transport (SAT) transportara 'material de defesa' para a Guatemala e que alguém, por lapso, anotara num documento 'Destino Final: IL'. Tudo partira para IL (código de Ilopango), o aeroporto dos contras em El Salvador.
O MNE, a Defex e o 'diplomata' responsável da antena da CIA em Lisboa não colaboraram, mas com o apoio de um general, um traficante de armas e um empregado do Ritz descobrimos tudo, menos a identidade real de Ronald Favourit, passageiro da SAT, cliente do hotel e operacional da National Security Agency?"
Por isso, quem sabe se não é desta que o "Público" finalmente informará os seus leitores sobre Camarate e como o Irangate ajudou Mário Soares a dar a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva...
20060125
Lançamento - "Portugal Livre"
Entretanto soube mais isto:
Convite
Há verdade no presente.
A Livraria Almedina e Joe Weil convidam V. Exa. a honrar-nos com a sua presença no lançamento do livro "Portugal Livre" que se realiza dia 26 de Janeiro - 5ª-Feira pelas 19H00 na Almedina - Atrium Saldanha. Pç. Duque do Saldanha nº1 (Lj. 71 – 2º piso
Joe Weil
Biografia
Joe Weil tem 26 anos, nasceu e vive em Nova Iorque. Tem visitado e permanecido em Portugal com frequência ao longo de toda a sua vida. Dedica parte do seu tempo a pesquisar acontecimentos e factos históricos portugueses. Curioso, decidiu por iniciativa própria levar a cabo uma investigação sobre factos e acontecimentos ocorridos em Portugal. O resultado para já, a edição do livro e tertúlias sobre o assunto.
"Portugal Livre", escrito e editado por Joe Weil, revela o seu empenhamento em contribuir para o esclarecimento da nossa história como alicerce de um presente e consequentemente por um futuro melhor. Um desafio sustentado pela perspectiva do autor do Portugal contemporâneo que diz respeito a todos nós. Universalmente portugueses.
Paralelamente Joe weil integra uma empresa de publicidade televisiva em Nova Iorque chamada www.321launch.com na qual é Director criativo e produtor executivo de directos televisivos, posteriormente a um percurso de inúmeras realizações de curtas metragens da sua autoria. Tendo escrito, dirige e produz actualmente um programa televisivo.
Convite
Há verdade no presente.
A Livraria Almedina e Joe Weil convidam V. Exa. a honrar-nos com a sua presença no lançamento do livro "Portugal Livre" que se realiza dia 26 de Janeiro - 5ª-Feira pelas 19H00 na Almedina - Atrium Saldanha. Pç. Duque do Saldanha nº1 (Lj. 71 – 2º piso
Joe Weil
Biografia
Joe Weil tem 26 anos, nasceu e vive em Nova Iorque. Tem visitado e permanecido em Portugal com frequência ao longo de toda a sua vida. Dedica parte do seu tempo a pesquisar acontecimentos e factos históricos portugueses. Curioso, decidiu por iniciativa própria levar a cabo uma investigação sobre factos e acontecimentos ocorridos em Portugal. O resultado para já, a edição do livro e tertúlias sobre o assunto.
"Portugal Livre", escrito e editado por Joe Weil, revela o seu empenhamento em contribuir para o esclarecimento da nossa história como alicerce de um presente e consequentemente por um futuro melhor. Um desafio sustentado pela perspectiva do autor do Portugal contemporâneo que diz respeito a todos nós. Universalmente portugueses.
Paralelamente Joe weil integra uma empresa de publicidade televisiva em Nova Iorque chamada www.321launch.com na qual é Director criativo e produtor executivo de directos televisivos, posteriormente a um percurso de inúmeras realizações de curtas metragens da sua autoria. Tendo escrito, dirige e produz actualmente um programa televisivo.
20060124
O atentado de Lisboa
Depois do 11 de Setembro, do 11 de Março e do 7 de Junho, respectivamente nos EUA, Espanha e Inglaterra, só faltaria mesmo um atentado em Lisboa para que os quatro países que organizaram a Cimeira do Atlântico fossem vítimas de atentados terroristas...
A notícia de hoje do "Correio da Manhã" é um sinal de que algo se prepara. Sim, algo prepara-se para, finalmente, Portugal ter a "honra" de sofrer um atentado terrorista... Só espero que os ilustres organizadores da coisa ao menos tenham a decência de não matarem muita gente, pois isto é um país pequeno...
A notícia de hoje do "Correio da Manhã" é um sinal de que algo se prepara. Sim, algo prepara-se para, finalmente, Portugal ter a "honra" de sofrer um atentado terrorista... Só espero que os ilustres organizadores da coisa ao menos tenham a decência de não matarem muita gente, pois isto é um país pequeno...
"Portugal Livre" - excertos
Durante a minha recente visita ao Porto chamaram-me a atenção para este cartaz que surgiu na rua.
Fui depois à Fnac em Santa Catarina e encontrei o livro...
Lê-se rápido, é um diálogo de 88 páginas entre um "Escritor" e um "Dono de Café"...
E, sem prejuízo para a obra, destaco aqui algumas das palavras do "Escritor":
“Para conseguirem ressuscitar esta país têm, antes de mais, de perceber o que o matou”.
“O verdadeiro problema é a vossa tendência para encontrar bodes expiatórios para os problemas de Portugal”.
“E, tal como uma pessoa, Portugal sofre de uma doença. Na verdade trata-se do pior tipo de doença – uma perturbação do espírito”.
“Vocês foram enganados sobre a transformação de Portugal, da ditadura à democracia. O 25 de Abril foi prejudicial para Portugal porque vos leva a pensar que curou um mal quando não o fez. Deste modo, o problema agravou-se pois julgam que foi solucionado e não lhe dão atenção. O 25 de Abril foi um penso rápido colocado sobre uma ferida profunda”.
“Sim as pessoas evitavam desafiar a ditadura porque tinham medo e era inconveniente. E o medo e a passividade do povo português não foram solucionados no 25 de Abril de 1974, e continuam por resolver até aos nossos dias”.
“Estás convencido de que o governo deste país é legítimo quando não o é. Ocultam-te as verdadeiras origens do teu governo”.
“O Golpe de Beja esteve a um passo de derrubar a ditadura. A razão do seu fracasso tem sido escondida de ti pelos teus líderes”.
“E vocês são demasiado ignorantes para se aperceberem de que alguém tira proveito disso, tudo porque vocês não sabem quem foi o general Delgado”.
“Por vezes, a melhor forma de silenciar alguém é dar o seu nome a uma rua ou a um feriado nacional”.
“Portugal nunca chegará a um destino se não souber de que porto partiu”.
“O teu cérebro foi programado de forma a acreditares que o regime de Salazar durou porque era muito forte. Na verdade podia ter sido facilmente derrubado. Mas, como iremos ver, a oposição estava infectada com a doença que causa os problemas de Portugal.
O Dr. [Mário] Soares e outros recusaram-se a apoiar Delgado porque não queriam desempenhar um papel secundário. Não há nenhuma outra razão para a sua recusa em apoiá-lo. Na altura do Golpe de Beja o regime de Salazar estava susceptível de ser derrubado. O Golpe de Beja fracassou não devido à resistência da ditadura, mas por causa de divergências com Delgado no seio da oposição”.
“Delgado sabia que o comunismo era alheio ao povo português, que é um dos mais conservadores e religiosos da Europa. Mas ele intuiu o apelo crescente do PCP entre as comunidades camponesas. Ele sabia que quanto mais gente vivesse esfomeada sob o regime de Salazar, mais ímpeto ganharia o comunismo. Delgado até se referia ao comunismo português como o ‘fomunismo’”.
“Basicamente, Delgado fez com que as pessoas perdessem o medo de ser intimidadas, presas ou mortas pelo regime. Após a sua morte, aquilo a que os historiadores chamam “o efeito Delgado” acabou por se dissipar e as pessoas tornaram-se novamente dóceis. Daqui se conclui que o espírito revolucionário dos portugueses era mais elevado no final dos anos cinquenta e no princípio dos anos sessenta do que antes do 25 de Abril”.
“Lá porque as pessoas falavam [no pós-25 de Abril] como Fidel Castro, erguiam os punhos e chamavam ‘fascistas imperialistas’ aos seus inimigos, não queria dizer que eles fossem verdadeiros revolucionários. Na verdade, queria dizer, em muitos casos, que eram incapazes de pensar por si mesmos e que apenas queriam fazer parte do grupo. Por outras palavras, quer dizer que as pessoas com visual revolucionário que tu recordas eram, afinal, conformistas. E o conformismo é oposto à revolução. A obsessão com a retórica revolucionária dos meados dos anos setenta é só mais um exemplo da falta de resolução da causa primordial da ditadura”.
“Delgado foi totalmente atraiçoado pela oposição na Argélia”.
“Estranhamente, em 1981, o Dr. [Mário] Soares apresentou na TV ‘O Julgamento de Humberto Delgado”, em que ele, simbolicamente, julgou os agentes da PIDE que assassinaram o general. Será que o Dr. Soares se apercebeu da ironia deste acto? Não era insólito que ele estivesse a julgar os criminosos que assassinaram Delgado enquanto Piteira Santos e Manuel Alegre, dois dos que atraiçoaram Delgado, eram destacados membros do seu próprio partido?”
“O problema é que o espírito de Portugal foi morto através da mentira, portanto a solução é libertá-lo através da verdade. Portugal tem que resolver os problemas com o seu passado se quer entrar plenamente no futuro”
“Os portugueses têm de deixar de procurar bodes expiatórios para os seus próprios problemas e começar a aceitar responsabilidades. A verdadeira revolução deste país será um amadurecimento – o crescimento e a conquista de liberdade das pessoas comuns. Só através deste espírito pode Portugal ser Ressuscitado e tomar o seu lugar, mais uma vez, entre as nações honradas”.
Fui depois à Fnac em Santa Catarina e encontrei o livro...
Lê-se rápido, é um diálogo de 88 páginas entre um "Escritor" e um "Dono de Café"...
E, sem prejuízo para a obra, destaco aqui algumas das palavras do "Escritor":
“Para conseguirem ressuscitar esta país têm, antes de mais, de perceber o que o matou”.
“O verdadeiro problema é a vossa tendência para encontrar bodes expiatórios para os problemas de Portugal”.
“E, tal como uma pessoa, Portugal sofre de uma doença. Na verdade trata-se do pior tipo de doença – uma perturbação do espírito”.
“Vocês foram enganados sobre a transformação de Portugal, da ditadura à democracia. O 25 de Abril foi prejudicial para Portugal porque vos leva a pensar que curou um mal quando não o fez. Deste modo, o problema agravou-se pois julgam que foi solucionado e não lhe dão atenção. O 25 de Abril foi um penso rápido colocado sobre uma ferida profunda”.
“Sim as pessoas evitavam desafiar a ditadura porque tinham medo e era inconveniente. E o medo e a passividade do povo português não foram solucionados no 25 de Abril de 1974, e continuam por resolver até aos nossos dias”.
“Estás convencido de que o governo deste país é legítimo quando não o é. Ocultam-te as verdadeiras origens do teu governo”.
“O Golpe de Beja esteve a um passo de derrubar a ditadura. A razão do seu fracasso tem sido escondida de ti pelos teus líderes”.
“E vocês são demasiado ignorantes para se aperceberem de que alguém tira proveito disso, tudo porque vocês não sabem quem foi o general Delgado”.
“Por vezes, a melhor forma de silenciar alguém é dar o seu nome a uma rua ou a um feriado nacional”.
“Portugal nunca chegará a um destino se não souber de que porto partiu”.
“O teu cérebro foi programado de forma a acreditares que o regime de Salazar durou porque era muito forte. Na verdade podia ter sido facilmente derrubado. Mas, como iremos ver, a oposição estava infectada com a doença que causa os problemas de Portugal.
O Dr. [Mário] Soares e outros recusaram-se a apoiar Delgado porque não queriam desempenhar um papel secundário. Não há nenhuma outra razão para a sua recusa em apoiá-lo. Na altura do Golpe de Beja o regime de Salazar estava susceptível de ser derrubado. O Golpe de Beja fracassou não devido à resistência da ditadura, mas por causa de divergências com Delgado no seio da oposição”.
“Delgado sabia que o comunismo era alheio ao povo português, que é um dos mais conservadores e religiosos da Europa. Mas ele intuiu o apelo crescente do PCP entre as comunidades camponesas. Ele sabia que quanto mais gente vivesse esfomeada sob o regime de Salazar, mais ímpeto ganharia o comunismo. Delgado até se referia ao comunismo português como o ‘fomunismo’”.
“Basicamente, Delgado fez com que as pessoas perdessem o medo de ser intimidadas, presas ou mortas pelo regime. Após a sua morte, aquilo a que os historiadores chamam “o efeito Delgado” acabou por se dissipar e as pessoas tornaram-se novamente dóceis. Daqui se conclui que o espírito revolucionário dos portugueses era mais elevado no final dos anos cinquenta e no princípio dos anos sessenta do que antes do 25 de Abril”.
“Lá porque as pessoas falavam [no pós-25 de Abril] como Fidel Castro, erguiam os punhos e chamavam ‘fascistas imperialistas’ aos seus inimigos, não queria dizer que eles fossem verdadeiros revolucionários. Na verdade, queria dizer, em muitos casos, que eram incapazes de pensar por si mesmos e que apenas queriam fazer parte do grupo. Por outras palavras, quer dizer que as pessoas com visual revolucionário que tu recordas eram, afinal, conformistas. E o conformismo é oposto à revolução. A obsessão com a retórica revolucionária dos meados dos anos setenta é só mais um exemplo da falta de resolução da causa primordial da ditadura”.
“Delgado foi totalmente atraiçoado pela oposição na Argélia”.
“Estranhamente, em 1981, o Dr. [Mário] Soares apresentou na TV ‘O Julgamento de Humberto Delgado”, em que ele, simbolicamente, julgou os agentes da PIDE que assassinaram o general. Será que o Dr. Soares se apercebeu da ironia deste acto? Não era insólito que ele estivesse a julgar os criminosos que assassinaram Delgado enquanto Piteira Santos e Manuel Alegre, dois dos que atraiçoaram Delgado, eram destacados membros do seu próprio partido?”
“O problema é que o espírito de Portugal foi morto através da mentira, portanto a solução é libertá-lo através da verdade. Portugal tem que resolver os problemas com o seu passado se quer entrar plenamente no futuro”
“Os portugueses têm de deixar de procurar bodes expiatórios para os seus próprios problemas e começar a aceitar responsabilidades. A verdadeira revolução deste país será um amadurecimento – o crescimento e a conquista de liberdade das pessoas comuns. Só através deste espírito pode Portugal ser Ressuscitado e tomar o seu lugar, mais uma vez, entre as nações honradas”.
20060123
"Portugal Livre"
Um livro de um tal Joe Weil, "americano com raízes portuguesas" que parece ser interessante ...
Ainda não o vi à venda, mas disseram-me que pode ser encontrado ou encomendado pela net. Quando o encontrar e se valer a pena, voltarei ao assunto.
Ainda não o vi à venda, mas disseram-me que pode ser encontrado ou encomendado pela net. Quando o encontrar e se valer a pena, voltarei ao assunto.
Eu já sabia o que eles sabiam
No fim do capítulo IV do meu livro "Eu Sei Que Você Sabe - Manual de Instruções para Teorias da Conspiração", publicado em Novembro de 2003, escrevi isto a pensar especialmente no dia de hoje. O dia em que tudo se confirmaria:
"Também, para terminar aqui este capítulo, não me perguntem se fiquei surpreendido ao ver, recentemente, Mário Soares ao lado de Cavaco Silva, a dar-lhe o seu apoio político para uma eventual candidatura deste último à presidência da República. Apesar das acusações entre ambos, parece-me óbvio que chegou a altura de Mário Soares recompensar o trabalho de Cavaco Silva e ajudá-lo a chegar também ao mais alto cargo da Nação nas eleições presidenciais previstas para 2006. E a pátria, essa, reconhecida, depois de Mário Soares, ajoelhar-se-á aos pés de Cavaco Silva.
Jorge Sampaio foi apenas um intervalo necessário".
"Também, para terminar aqui este capítulo, não me perguntem se fiquei surpreendido ao ver, recentemente, Mário Soares ao lado de Cavaco Silva, a dar-lhe o seu apoio político para uma eventual candidatura deste último à presidência da República. Apesar das acusações entre ambos, parece-me óbvio que chegou a altura de Mário Soares recompensar o trabalho de Cavaco Silva e ajudá-lo a chegar também ao mais alto cargo da Nação nas eleições presidenciais previstas para 2006. E a pátria, essa, reconhecida, depois de Mário Soares, ajoelhar-se-á aos pés de Cavaco Silva.
Jorge Sampaio foi apenas um intervalo necessário".
20060120
Portugal mais alegre
Na rádio, na TV
nos jornais, quem não lê
Portugal e a vitória do Cavaco!
Quanto mais se fala, menos se vê
Eu já estou farto e quero ver
Quero ver Portugal mais alegre!
Quero ver Portugal mais alegre!
À boleia, pela rua
lá vou eu ao mercado comum
ao lá chegar, vi o Barroso
vinha como foi, o que me valeu
perguntei-lhe “Já viste como deixaste o país, ó meu?”
Quero ver Portugal mais alegre!
Quero ver Portugal mais alegre!
E agora que a votar vamos
Não sei se vamos ter tudo aquilo que desejamos
Se vier um Cavaco p’ra Belém e um Sócrates em S. Bento
Oh boy, não vai ser um Portugal alegre!
Quero ver Portugal mais alegre!
Quero ver Portugal mais alegre!
Uma Adaptação livre da minha parte da letra de Vítor Rua na imortal canção dos GNR "Portugal na CEE", 1981
nos jornais, quem não lê
Portugal e a vitória do Cavaco!
Quanto mais se fala, menos se vê
Eu já estou farto e quero ver
Quero ver Portugal mais alegre!
Quero ver Portugal mais alegre!
À boleia, pela rua
lá vou eu ao mercado comum
ao lá chegar, vi o Barroso
vinha como foi, o que me valeu
perguntei-lhe “Já viste como deixaste o país, ó meu?”
Quero ver Portugal mais alegre!
Quero ver Portugal mais alegre!
E agora que a votar vamos
Não sei se vamos ter tudo aquilo que desejamos
Se vier um Cavaco p’ra Belém e um Sócrates em S. Bento
Oh boy, não vai ser um Portugal alegre!
Quero ver Portugal mais alegre!
Quero ver Portugal mais alegre!
Uma Adaptação livre da minha parte da letra de Vítor Rua na imortal canção dos GNR "Portugal na CEE", 1981
20060118
Ainda Soares e as fotos no "Expresso"
Se bem se lembram, o "Expresso" publicou na primeira página da edição de há duas semanas, dia 7, esta foto de Mário Soares que lançou depois o mote para as queixas de Soares contra os jornalistas:
Na edição desta semana, dia 14, um leitor comentou a escolha da foto da capa numa carta que levou o título de "Ainda a foto de Soares", onde fazia notar que...
... no interior do jornal do dia 7, em contraste, havia uma foto de Cavaco "cheio de energia, sorridente, pleno de acção"...
...enquanto que Soares, mais uma vez, surgia com "ar carrancudo". O leitor queixava-se da falta de imparcialidade dos jornalistas do "Expresso"...
Esqueceu-se de acrescentar o leitor que a foto de Cavaco foi tirada pelo marido da mandatária da juventude de Cavaco...
E, já agora, deixo-vos aqui a foto do homem que já ganhou isto tudo, o único homem que pode colocar este país mais alegre!
Na edição desta semana, dia 14, um leitor comentou a escolha da foto da capa numa carta que levou o título de "Ainda a foto de Soares", onde fazia notar que...
... no interior do jornal do dia 7, em contraste, havia uma foto de Cavaco "cheio de energia, sorridente, pleno de acção"...
...enquanto que Soares, mais uma vez, surgia com "ar carrancudo". O leitor queixava-se da falta de imparcialidade dos jornalistas do "Expresso"...
Esqueceu-se de acrescentar o leitor que a foto de Cavaco foi tirada pelo marido da mandatária da juventude de Cavaco...
E, já agora, deixo-vos aqui a foto do homem que já ganhou isto tudo, o único homem que pode colocar este país mais alegre!
Citizen Smith
A história de Michael John Smith é um caso que acompanho há já alguns anos. E agora começou em blog...
20060117
Esclarecimento a um (e)leitor
Recebi este e-mail:
"O empresário norte-americano Jack Abramoff, cujo nome tem abalado os alicerces do poder em Washington (ver aqui) tem uma relação especial com a nossa saudosa Angola: 'Abramoff joined Citizens for America, a pro-Reagan group that helped Oliver North build support for the Nicaraguan contras and staged an unprecedented meeting of anti-Communist rebel leaders in 1985 in Jamba, Angola'.
Ora, anos mais tarde, ocorreu o seguinte caso (ver aqui): 'On November 27, 1989, a Tepper L-100-30 Hercules (N9205T) crashed in Jamba, Angola, the jungle headquarters for the right-wing UNITA guerrillas, ferrying arms from Papua New Guinea. At the time of the Tepper crash, UNITA was being backed by Republican operative Jack Abramoff and his International Freedom Foundation. Abramoff organized an expensive anti-communist summit in Jamba that also attracted Nicaraguan contras, Indochinese guerrillas, and Afghan mujaheddin. Some of the mujaheddin later become members of Al Qaeda and the Taliban'.
Agora pergunto: isto não estará também relacionado como o famoso avião que caiu na Jamba e onde ia o filho de Mário Soares, João Soares?!
Salvo erro aquilo também foi em 1989..."
E eu respondi:
Caro senhor,
Não.
O avião onde viajava João Soares caiu em Setembro de 1989 e não em Novembro.
E o modelo do avião não era um "Hercules"...
É assim que nasce a desinformação, mas obrigado por ter tido o cuidado de perguntar e de estar atento.
Pode constatar isso no texto "Um avião caiu".
"O empresário norte-americano Jack Abramoff, cujo nome tem abalado os alicerces do poder em Washington (ver aqui) tem uma relação especial com a nossa saudosa Angola: 'Abramoff joined Citizens for America, a pro-Reagan group that helped Oliver North build support for the Nicaraguan contras and staged an unprecedented meeting of anti-Communist rebel leaders in 1985 in Jamba, Angola'.
Ora, anos mais tarde, ocorreu o seguinte caso (ver aqui): 'On November 27, 1989, a Tepper L-100-30 Hercules (N9205T) crashed in Jamba, Angola, the jungle headquarters for the right-wing UNITA guerrillas, ferrying arms from Papua New Guinea. At the time of the Tepper crash, UNITA was being backed by Republican operative Jack Abramoff and his International Freedom Foundation. Abramoff organized an expensive anti-communist summit in Jamba that also attracted Nicaraguan contras, Indochinese guerrillas, and Afghan mujaheddin. Some of the mujaheddin later become members of Al Qaeda and the Taliban'.
Agora pergunto: isto não estará também relacionado como o famoso avião que caiu na Jamba e onde ia o filho de Mário Soares, João Soares?!
Salvo erro aquilo também foi em 1989..."
E eu respondi:
Caro senhor,
Não.
O avião onde viajava João Soares caiu em Setembro de 1989 e não em Novembro.
E o modelo do avião não era um "Hercules"...
É assim que nasce a desinformação, mas obrigado por ter tido o cuidado de perguntar e de estar atento.
Pode constatar isso no texto "Um avião caiu".
Alegres tristes tigres
Há por aí muitos carneiros tristes
que não aparecem alegres ao lado do Manuel
têm medo dos tigres de papel.
No dia do voto
que ainda é secreto e não electrónico
pode ser que fiquem mais alegres!...
que não aparecem alegres ao lado do Manuel
têm medo dos tigres de papel.
No dia do voto
que ainda é secreto e não electrónico
pode ser que fiquem mais alegres!...
Inteligentes...
Se os norte-americanos elegeram George W. Bush para um segundo mandato, não é normal que os portugueses sigam o exemplo e elejam Cavaco Silva?
Um outro 11 de Setembro no Chile...
O pai de Michelle Bachelet, recém-eleita presidente do Chile, era o general da Força Aérea, Alberto Bachelet. Ele morreu na prisão, em Março de 1974, na sequência das torturas feitas depois do golpe da CIA contra Salvador Allende, a 11 de Setembro de 1973...
20060115
Ensinar política ao Procurador-Geral desta República
Alguém anda a ensinar Souto Moura como comportar-se na política. Só assim é que se entende o adiamento da sua audiência na Assembleia da República para sexta-feira, véspera da eleição Presidencial. Agora, será que Sampaio o vai demitir antes da tomada de posse do novo Presidente da República ou a "batata quente" ficará para Manuel Alegre ou Cavaco?
Legre
Quem não vai poder votar na Manuela Magno visto que não a deixaram ir a eleições, tem, contudo, uma boa alternativa: Manuela Legre!
Ouvi dizer...
... que o André S. trabalha na PT.
... que não vai ser o Daniel, mas sim o José Miguel.
... que não vai ser o Daniel, mas sim o José Miguel.
20060114
De nada malta!
A segunda capa do diário "24 Horas" que mais vendeu durante o ano 2005 (a primeira foi a nova edição de sábado em revista) foi uma história que "sugeri" aqui no blogue. Quando penso nas dúvidas que levantaram e no facto de terem demorado quase uma semana a convencerem-se da minha informação, só me dá vontade de rir!...
Eu conheço bem o cuidado e o rigor jornalístico com que o "24 horas" faz jornalismo, por isso acredito que têm razão nesta coisa das chamadas telefónicas. E mesmo que não tivessem razão, isto agora não importa nada pois toda esta polémica está a fazer um jeitão a Jorge Sampaio e a José Sócrates!
Eu conheço bem o cuidado e o rigor jornalístico com que o "24 horas" faz jornalismo, por isso acredito que têm razão nesta coisa das chamadas telefónicas. E mesmo que não tivessem razão, isto agora não importa nada pois toda esta polémica está a fazer um jeitão a Jorge Sampaio e a José Sócrates!
20060113
A "surpresa" da demissão de Souto Moura
Vamos lá explicar uma coisinha a quem ainda não percebeu o que se passou...
1 - Esta manhã, às 7.59, quando muitos portugueses iam a caminho dos seus empregos ou estavam a preparar-se para sair de casa, a agência Lusa, colocou em linha uma notícia com o título: "Escutas Casa Pia: Sampaio recebe procurador-geral da República às 9.00 - oficial", onde se acrescentava que "a audiência surge no mesmo dia em que o jornal 24Horas publicou em manchete que 'os telefones de casa do Presidente da República, do primeiro-ministro, do presidente da Assembleia da República, do presidente do Tribunal Constitucional, do Presidente do Tribunal de Contas (...) foram analisadas pelo Ministério Público' no âmbito do processo Casa Pia".
2 - Cerca de meia-hora depois, às 8.38, quando já as rádios e as televisões davam conta da notícia, entrou outra informação em linha: "Escutas Casa Pia: Procuradoria abre inquérito sobre registo chamadas telefónicas".
3 - Tudo isto já se sabia ainda antes da reunião das 9 da manhã!
4 - Qualquer jornalista estagiário sabe que caso Jorge Sampaio não tivesse dado importância ao "24 Horas", a capa do jornal já estava a embrulhar peixe no Bolhão antes do meio-dia e, amanhã, não haveria reacção nos jornais ditos de "reverência" (não, não é erro, não são jornais de "referência", mas sim mesmo de "reverência").
5 - Assim, amanhã de manhã, por volta das oito da matina, vai ser interessante estar na esquina da Rua Padre António Vieira com a Rua Artilharia Um para ver os vizinhos Jorge Sampaio e Souto Moura encontrarem-se para debater a manchete do "Expresso"...
1 - Esta manhã, às 7.59, quando muitos portugueses iam a caminho dos seus empregos ou estavam a preparar-se para sair de casa, a agência Lusa, colocou em linha uma notícia com o título: "Escutas Casa Pia: Sampaio recebe procurador-geral da República às 9.00 - oficial", onde se acrescentava que "a audiência surge no mesmo dia em que o jornal 24Horas publicou em manchete que 'os telefones de casa do Presidente da República, do primeiro-ministro, do presidente da Assembleia da República, do presidente do Tribunal Constitucional, do Presidente do Tribunal de Contas (...) foram analisadas pelo Ministério Público' no âmbito do processo Casa Pia".
2 - Cerca de meia-hora depois, às 8.38, quando já as rádios e as televisões davam conta da notícia, entrou outra informação em linha: "Escutas Casa Pia: Procuradoria abre inquérito sobre registo chamadas telefónicas".
3 - Tudo isto já se sabia ainda antes da reunião das 9 da manhã!
4 - Qualquer jornalista estagiário sabe que caso Jorge Sampaio não tivesse dado importância ao "24 Horas", a capa do jornal já estava a embrulhar peixe no Bolhão antes do meio-dia e, amanhã, não haveria reacção nos jornais ditos de "reverência" (não, não é erro, não são jornais de "referência", mas sim mesmo de "reverência").
5 - Assim, amanhã de manhã, por volta das oito da matina, vai ser interessante estar na esquina da Rua Padre António Vieira com a Rua Artilharia Um para ver os vizinhos Jorge Sampaio e Souto Moura encontrarem-se para debater a manchete do "Expresso"...
20060112
20060111
Perguntas socráticas...
1 - Se o candidato Presidencial apoiado pelo partido no poder não ganhar as eleições isso não significa que o governo perdeu força política?
2 - Se o candidato Presidencial apoiado pelo partido do poder diz que o pior que pode acontecer ao país é um antigo primeiro-ministro de outra cor política ganhar a corrida eleitoral, será que o líder do partido no poder que apoia o homem que diz isto não deverá apresentar a sua demissão ao novo Presidente da República caso não seja o seu candidato a vencer?
3 - E o novo PR, eleito sem o apoio do partido no poder, agora legitimado pelo recente voto popular, não deverá ele em consciência aceitar a demissão do partido do poder e convocar novas eleições?
4 - Isto são ou não as leis desta República?
5 - Não será hora de pensar numa Monarquia, garante de estabilidade?
2 - Se o candidato Presidencial apoiado pelo partido do poder diz que o pior que pode acontecer ao país é um antigo primeiro-ministro de outra cor política ganhar a corrida eleitoral, será que o líder do partido no poder que apoia o homem que diz isto não deverá apresentar a sua demissão ao novo Presidente da República caso não seja o seu candidato a vencer?
3 - E o novo PR, eleito sem o apoio do partido no poder, agora legitimado pelo recente voto popular, não deverá ele em consciência aceitar a demissão do partido do poder e convocar novas eleições?
4 - Isto são ou não as leis desta República?
5 - Não será hora de pensar numa Monarquia, garante de estabilidade?
Mudanças no governo
Às vezes chegam-me umas coisas interessantes ao e-mail. A última diz que há por aí uns sinais de que, depois da eleições presidenciais, vai haver uma mudança no governo, muito provavelmente na área das Finanças. Um dos sinais disso é a vinda a Lisboa de alguns ministros do mesmo sector de países estrangeiros para fechar negócios antes das mudanças...
Eles não sabem...
Via o José da "Grande Loja" fui recordar o "Tintin".
Pois é, Zé, há jovens a crescer hoje que provavelmente nunca vão...
... ter o prazer de conspirar com Bruno Brazil...
... investigar como o Clifton....
... escapar a perigos com o Tanguy e Laverdure...
... compreender a ironia do Astérix...
... ser como o Cavaleiro Ardent...
... rir com o Spaghetti...
... viver livres como o Bernard Prince...
... ter aventuras como o Michell Vaillant...
Hoje perderam a imaginação, porque têm as PS2 e as televisões estúpidas com mais de 50 canais... Nunca vão poder viver aquelas aventuras que tivemos.
São eles os "robots" do futuro, produtos de um génio do mal que nas nossas histórias perdia sempre, mas que na vida real ganha todos os dias...
Pois é Zé... eles não sabem...
Pois é, Zé, há jovens a crescer hoje que provavelmente nunca vão...
... ter o prazer de conspirar com Bruno Brazil...
... investigar como o Clifton....
... escapar a perigos com o Tanguy e Laverdure...
... compreender a ironia do Astérix...
... ser como o Cavaleiro Ardent...
... rir com o Spaghetti...
... viver livres como o Bernard Prince...
... ter aventuras como o Michell Vaillant...
Hoje perderam a imaginação, porque têm as PS2 e as televisões estúpidas com mais de 50 canais... Nunca vão poder viver aquelas aventuras que tivemos.
São eles os "robots" do futuro, produtos de um génio do mal que nas nossas histórias perdia sempre, mas que na vida real ganha todos os dias...
Pois é Zé... eles não sabem...
20060110
20060107
Soares e as críticas aos "mérdia"
Cá para mim, acho que ele está a ser um bocadinho mal agradecido, pois sabe muito bem como é que elas se fazem...
De qualquer modo, não me espanta.
Há uns tempos disse que Soares tem como missão garantir a vitória de Cavaco Silva e tentar ficar à frente de Alegre. Disse então que uma evidência disso era ter o mesmo "staff" de aconselhamento de campanha que garantiu a derrota de Santana Lopes.
Estas críticas dos Soares aos "mérdia", em tudo semelhantes à dos sociais-democratas na última campanha legislativa, só vêm dar-me mais razão...
Só pensa em votar Soares quem ainda não viu isto.
Mas já começam a ser menos.
Os portugueses, apesar dos "mérdia" que têm, até são inteligentes e começam a pensar que é possível ter um país mais alegre...
De qualquer modo, não me espanta.
Há uns tempos disse que Soares tem como missão garantir a vitória de Cavaco Silva e tentar ficar à frente de Alegre. Disse então que uma evidência disso era ter o mesmo "staff" de aconselhamento de campanha que garantiu a derrota de Santana Lopes.
Estas críticas dos Soares aos "mérdia", em tudo semelhantes à dos sociais-democratas na última campanha legislativa, só vêm dar-me mais razão...
Só pensa em votar Soares quem ainda não viu isto.
Mas já começam a ser menos.
Os portugueses, apesar dos "mérdia" que têm, até são inteligentes e começam a pensar que é possível ter um país mais alegre...
20060106
Neo-proletário
Hoje aprendi uma nova palavra: neo-proletário.
Se antes havia o proletário que trabalhava na esperança de que depois os filhos tomariam conta de si quando não tivesse mais forças, hoje, os neo-proletários sabem que, até ao fim das suas vidas, vão ter de ser eles a tomar conta dos filhos...
Se antes havia o proletário que trabalhava na esperança de que depois os filhos tomariam conta de si quando não tivesse mais forças, hoje, os neo-proletários sabem que, até ao fim das suas vidas, vão ter de ser eles a tomar conta dos filhos...
Um "líder" português
Entre histórias de assaltos a estações de serviços e notas falsas, é difícil escolher a melhor. Contudo, a minha "preferida" ainda é a do comandante do avião que, a caminho de Turim, queixou-se de que alguém lhe roubara a carteira e, zangado, ameaçava aterrar o avião se, pelo menos, não aparecessem os documentos e os cartões de crédito!...