Um ingrato, é o que ele é!
Miguel Sousa Tavares escreveu ao Provedor do Leitor do "Público" - "A frase a mais (parte I)" - para se queixar do artigo sobre a acusação de plágio. A dada altura da missiva explicou que pedira o seguinte à jornalista que o contactou:
"(...)Em particular, disse-lhe que ela deveria, portanto, começar por consultar os dois livros, o que desde logo a habilitaria, por exemplo, a concluir por si que, quando o blogue dizia que ambos começavam da mesma forma, tal era falso. E que as frases de duas páginas do meu livro, que o blogue acusava de serem ‘tradução’ do outro, tinham apenas em comum a reprodução de factos biográficos referentes a figuras históricas, resultando a semelhança narrativa apenas de uma hábil colagem, por parte do autor do blogue, de excertos dispersos do outro livro, de forma a condensá-los numa frase aparentemente contínua que se assemelhava às minhas. Enfim, e sobretudo, uma consulta a ambas as obras concluiria facilmente que elas não tinham rigorosamente nada em comum — quer no género literário, quer na história, quer na localização geográfica e histórica do enredo, quer no estilo literário. De comum têm apenas o facto de serem livros".
Ora, isso foi precisamente o que eu fiz na FOCUS e o Miguel, nem me escreveu uma cartinha a agradecer, nem um postalinho e nem me responde aos telefonemas...
Enfim, um ingrato!
E eu que até dei a cara...
"(...)Em particular, disse-lhe que ela deveria, portanto, começar por consultar os dois livros, o que desde logo a habilitaria, por exemplo, a concluir por si que, quando o blogue dizia que ambos começavam da mesma forma, tal era falso. E que as frases de duas páginas do meu livro, que o blogue acusava de serem ‘tradução’ do outro, tinham apenas em comum a reprodução de factos biográficos referentes a figuras históricas, resultando a semelhança narrativa apenas de uma hábil colagem, por parte do autor do blogue, de excertos dispersos do outro livro, de forma a condensá-los numa frase aparentemente contínua que se assemelhava às minhas. Enfim, e sobretudo, uma consulta a ambas as obras concluiria facilmente que elas não tinham rigorosamente nada em comum — quer no género literário, quer na história, quer na localização geográfica e histórica do enredo, quer no estilo literário. De comum têm apenas o facto de serem livros".
Ora, isso foi precisamente o que eu fiz na FOCUS e o Miguel, nem me escreveu uma cartinha a agradecer, nem um postalinho e nem me responde aos telefonemas...
Enfim, um ingrato!
E eu que até dei a cara...
16 Comentários:
Eu é que lhe parto a cara se o vir na rua!!
O MST, entenda-se.
Continua a bater na tecla dos factos históricos? Porra!! Não há ninguém que o ensine a ler e a escrever?
Que asco!
Foi uma belíssima reportagem a sua, que confirmou que não havia plágio nenhum.
Discordo do que o LA-C escreve.
Um plágio não é necessariamente uma cópia integral, ou mesmo parcial. Nem se deve avaliar a prática do plágio por esse critério único.
Para existir plágio literário, basta haver cópia não autorizada nem referenciada, de passagens concretas de obras de outrém. A indicação por MST desse livro como "fonte de inspiração", não chega para lhe retirar a acusação divulgada publicamente.
O que as transcrições do autor deste blog demonstram à saciedade, é que MST escreveu frases inteiras que sairam daquele livro dos franceses, adaptando algumas e transcrevendo certas partes que parecem importantes e não se ficam pelas referências históricas usadas eventualmente por outros autores.
Plagiou esse livro nessas pequenas partes, parece-me a mim e a quem ler com olhos de ver.
Será importante esse facto ( que é um facto, pelo que se pode ler)?
De facto, não parece assim tanto. Mas só não parece porque o livro não é uma obra de arte da literatura.
É um livreco do género de muitos que por aí abundam, sem grande valor que não seja o de mero entretenimento.
Os livros de Richard Zimmler, por exemplo, também não são grande literatura, mas são engraçados e interessantes. Se se descobrice uma moscambilhice do género nos livros dele, não teria tão grande relevância, mas seria vergonhoso para o autor, no mínimo
O que deu pimenta ao caso, é a notoriedade do autor, claro.
Mas por outro lado, se o mesmo autor tivesse admitido a ocorrência que me parece evidente, nem sequer havia história como há e o blog anónimo perdia o gás que acabaram por lhe dar.
Para mim, este caso, não é "tanto faz". É mais um caso típico e português de julgar para aparência e em atenção a quem é julgado. Se é dos nosso ou nosso amigo, está obviamente inocente, sempre.
Se não o for, pode muito bem ser culpado e já o será sem dúvidas se for inimigo...
Imparcialidade, correcção, isenção, competência técnica para análise, não são características sufragadas pela populaça e pelos vistos, nem sequer pelas elites.
A única defesa que até agora vi escrita sobre a inexistência de plágio e até ( pasme-se!) a "prova" de que a denúncia anónima seria caluniadora e infame, é o facto de o livro não começar pela mesma frase que lhe é atribuída pelo tal anónimo/a.
Ora, isto que foi descoberto aparentemente por um indivíduo que escreve no Blasfémias e costuma sofismar quase sempre, é uma estultícia que toma os outros por parvos.
E isso incomoda quem não gosta de passar por tal. Parece-me a mim.
Caro José
Nada ali há que permita sustentar a acusação de plágio. Tal acusação é demasiado grave para que possa ser sustentada com as generalidades que aqui reproduz.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Já agora completo o que penso sobre o assunto.
Num trabalho científico, as passagens mencionadas mereceriam uma (não mais do que uma) nota de rodapé a indicar a fonte, num romance histórico tal seria absurdo.
Sugiro também a leitura do que William Fisher declarou à reportagem da Focus (e não do que abusivamente ilustra a sua fotografia).
Caro Luis Conraria:
Quod erat demonstrandum, quanto a mim.
À pergunta "o que é um plágio literário", como se deve responder?
O meu caro sabe responder com toda a propriedade exigida, para que possa afirmar que no livro de PST não há qualquer plágio?
Repare que estamos a falar de "plágio", em várias acepções e não apenas a jurídico-penal, nos termos do código de direitos de autor.
Por aí, porvavelmente não há qualquer plágio relevante.
Mas o problema mantém-se noutros níveis de apreciação.
Escrevi aí que quanto a Eça de Queirós, também se falou em plágio da obra de Renan, A Vida de Jesus.
E quanto a Dan Brown; e quanto a Umberto Eco; e quanto a vários outros autores.
O plágio é palavra polissémica, neste caso e parece que alguns a tomam como acusação criminal.
Não é bem assim e espero que o caro Luís não esteja a incorrer no mesmo vício de raciocínio.
Um plágio é uma cópia. Qualquer cópia. Seja uma frase, seja um conceito, seja uma referência original e única, seja uma série de frases originais ou passagens concretas de livros de outrém.
Nas obras literárias há casos desses. Nas obras musicais, ainda mais.
Por exemplo, o caso de George Harrison, que se defendeu até às últimas, negando o plágio de My Sweet Lord, mas tendo sido condenado pela cópia de acordes de uma canção esquecida dos Chiffons, salvo erro ( He´s so fine).
Enfim, uma discussão com pano para mangas.
Caro José
Depois deste seu comentário percebo melhor a nossa divergência. O José quase que esvazia o plagia de qualquer carga pejorativa (eu disse quase, não disse completamente). O José desvaloriza de tal forma o “plágio” que quase que o usa como sinónimo de “inspiração”. E nisso estamos de acordo, MST inspirou-se em outras obras.
A reportagem da Focus, que está referida nesta entrada, é ilustrada com uma fotografia onde, explicitamente, se fala em direitos de autor e é nesse tom, ou registo, que William Fisher é questionado.
Parece-me assim que a carga valorativa que o José está a dar ao plágio está fora do contexto em que este debate decorre.
Mas, desde o início desta polémica que os termos da discussão, não são debatidos, precisamente por causa do fulanismo que a coisa tomou.
No caso, pouco me interessa que seja o MST ou qualquer outro. Claro que o MST é pessoa, que sendo muito conhecida e com personalidade controversa, é alvo de muita malquerença.
Eu mesmo não aprecio por aí além o que o fulano escreve, e sempre que posso faço o jeito ao dedo acusador e aponto as asneiras. Que são muitas, já agora e peso as palavras que escrevo,porque já as escrevi antes.
Mas como dizia, agora o que me importava era comparar e analisar se o que saiu a público deveria ou não considerar-se plágio segundo os critérios que ainda não vi escritos.
Enquanto isso não suceder e o debate não se fizer, não sairemos da cepa torta e MST agradece, porque ele sabe muito bem se plagiou ou não e como é que fez...
Se eu começar a escrever um livro com uma introdução deste género:
Os barões, com armas assinaladas, partiram da praia lusitana, ocidental, dirigindo-se para a Trapobana e mais além- que me diria?
Que eu me inspirei nos Lusíadas e não plagiei?!
Que fumei as ideias mas não as inalei?
Taprobana, já agora, para ficar mais plagiado.
Mesmo esse exemplo que aponta, que parece obvio, dependeria do que estivesse a escrever.
Se fosse uma parodia aos Lusiadas, nao seria de todo anormal que comecasse dessa forma, para depois passar para um tom mais sarcastico ou humoristico.
Segundo recordo, aí por volta do meado da década de 70, quando a literatura ainda era levada a sério pelos literatos (e não pelos jornalistas, pelos comentadores encartados e pelos bloggers), o Luiz Pacheco fustigava o Fernando Namora por coisas semelhantes ou parecidas, nomeadamente, pela inspiração daquele em trechos duma obra do Vergílio Ferreira.
O Pacheco é um escritor maldito, com uma escrita rítmica das mais admiráveis, que se perdeu devido a desequilíbrios emocionais e sociais os mais variados, que encarnou as suas personagens libertinas ou cujas personagens encarnaram o libertino que ele foi, tal é a promiscuidade entre a obra e a vida do artista, mas com um sentido crítico apurado quanto à originalidade que a obra literária deve possuir.
Tenho-me interrogado acerca do que diria o Pacheco acerca desta polémica, se tivesse o fulgor da altura, e porque nada dizem acerca dela outros Pachecos. Eventualmente não se tratará de literatura, mas de romances de cordel e não estarão para perder tempo.
Não li os livros em causa, nem sequer os trechos apontados. Se foi inspiração ou descuido escusado, revela mesmo assim falta de rigor e de escrúpulos. Não me surpreendeu, por isso, a truculência da resposta do "escritor" MST.
JMC.
Mas se fosse paródia, seria incluído num género que faz o meu género.
É desse género que se fazem revistas como esta.
E principalmente esta: a Mad!
A Mad sempre viveu de plágios, palimpsestos e cópias descaradas.
E vive muito bem...
Mas quando falamos de obras literárias,mesmo de 4ª categoria como o Equador, os critérios são outros, necessariamente.
Sabe o que eu gostava mesmo?
Que o Sousa Tavares entrasse nesta discussão e usasse os seus trunfos, para ver quem ganhava o jogo no fim.
É evidente que não o fará.
Quanto à National Lampoon há por ali algumas capas de revistas que guardo.
Fabulosas e do génio de Doug Kenney, infelizmente já desaparecido.
Miguel ,Miguel !
Caiste na berlinda.
Como tu próprio dizes:
"É no deserto que vem ao de cima o melhor de mim."
Ai aprendes-te a conhecer-te e a saber apreciar o sabor do silencio, o prazer de enfrentar uma tempestade de areia ,coisa que aliás dizes adorar.
Pois bem .
Escreves um livro daqueles e recebem-no desta forma.Extraordinario não é?
Está na altura de enfrentar a "tempestade".
Sabes o sabor que vai ter o Chá do Descansso depois não é?
Boa sorte nessa caminhada que se adivinha longa.
.
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