O Astérix de Goscinny
Já li o novo Astérix, que hoje foi lançado mundialmente.
"O Céu Cai-lhe em Cima da Cabeça" é mais uma desilusão (isto para quem ainda tinha esperanças). Vai vender bem, disso não há dúvida, mas é de desilusão em desilusão que as histórias do pequeno gaulês se arrastam desde a morte do argumentista, Goscinny, a 5 de Novembro de 1977.
O desenhador Uderzo, ao contrário de Morris, o genuíno criador e "dono" do cow-boy Lucky Lucke, nunca quis um argumentista substituto, e acabou por destruir, pouco a pouco, o método de trabalho do argumentista e as características das personagens e das histórias.
Os primeiros trabalhos de Uderzo sem Goscinny, "O Grande Fosso" e "A Odisseia da Astérix", ainda mantinham algum humor. Há um truque: um "gag" no fim de cada página. É uma questão de ritmo que Goscinny tão bem dominava. Um truque tão velho como um filme de Chaplin ou do Buster Keaton. Depois, qualquer que fosse a história, ela mesmo uma crítica social, tudo corria bem porque as personagens já estavam tão bem oleadas como numa máquina que, qualquer que fosse a situação, a sua reacção daria sempre um "gag" (onde está hoje, por exemplo, um qualquer romano a dizer "Alistem-se, diziam eles... Venham conhecer o mundo, diziam eles!..."?!)
Nesta nova história, Uderzo introduz a ficção-científica na aldeia gaulesa. É uma opção que nem me choca, apesar de parecer estranha à primeira vista. A crítica social, com a tentativa extra-terrestre do controle da poção mágica, é uma alegoria ao desarmamento mundial. Muito bem...
Os desenhos de Uderzo são excelentes, mas a história já não se saboreia, pois lê-se em apenas 15 minutos. Não há um único "gag", uma única piada para reter na memória e comentá-la depois com os amigos. Não há vontade em pegar na história e voltar a lê-la, à procura de detalhes que antes teriam passado despercebidos. Não há nada disso. Já não resta mesmo nada do "espírito" de Goscinny.
Ainda ontem numa livraria espreitei para a nova reedição da ASA da aventura "A Volta à Gália", essa sim, com textos de Goscinny: Que diferença em apenas quatro páginas! Qualquer página que se abra tem um "gag". São em média 48 "gags" por álbum...
Compare-se ainda esta história lançada hoje com "Astérix e os Normandos", uma aventura com idênticas características. Que diferença...
Resta-nos o consolo em reler as antigas aventuras de Astérix ou então recuperar um pouco do espírito perdido de Goscinny com a recente edição em português das aventuras inéditas em livro do pequeno Nicolas, com desenhos de Sempé.
É esse tipo de humor, esse tipo de histórias, que mereceria um prémio Nobel!...
"O Céu Cai-lhe em Cima da Cabeça" é mais uma desilusão (isto para quem ainda tinha esperanças). Vai vender bem, disso não há dúvida, mas é de desilusão em desilusão que as histórias do pequeno gaulês se arrastam desde a morte do argumentista, Goscinny, a 5 de Novembro de 1977.
O desenhador Uderzo, ao contrário de Morris, o genuíno criador e "dono" do cow-boy Lucky Lucke, nunca quis um argumentista substituto, e acabou por destruir, pouco a pouco, o método de trabalho do argumentista e as características das personagens e das histórias.
Os primeiros trabalhos de Uderzo sem Goscinny, "O Grande Fosso" e "A Odisseia da Astérix", ainda mantinham algum humor. Há um truque: um "gag" no fim de cada página. É uma questão de ritmo que Goscinny tão bem dominava. Um truque tão velho como um filme de Chaplin ou do Buster Keaton. Depois, qualquer que fosse a história, ela mesmo uma crítica social, tudo corria bem porque as personagens já estavam tão bem oleadas como numa máquina que, qualquer que fosse a situação, a sua reacção daria sempre um "gag" (onde está hoje, por exemplo, um qualquer romano a dizer "Alistem-se, diziam eles... Venham conhecer o mundo, diziam eles!..."?!)
Nesta nova história, Uderzo introduz a ficção-científica na aldeia gaulesa. É uma opção que nem me choca, apesar de parecer estranha à primeira vista. A crítica social, com a tentativa extra-terrestre do controle da poção mágica, é uma alegoria ao desarmamento mundial. Muito bem...
Os desenhos de Uderzo são excelentes, mas a história já não se saboreia, pois lê-se em apenas 15 minutos. Não há um único "gag", uma única piada para reter na memória e comentá-la depois com os amigos. Não há vontade em pegar na história e voltar a lê-la, à procura de detalhes que antes teriam passado despercebidos. Não há nada disso. Já não resta mesmo nada do "espírito" de Goscinny.
Ainda ontem numa livraria espreitei para a nova reedição da ASA da aventura "A Volta à Gália", essa sim, com textos de Goscinny: Que diferença em apenas quatro páginas! Qualquer página que se abra tem um "gag". São em média 48 "gags" por álbum...
Compare-se ainda esta história lançada hoje com "Astérix e os Normandos", uma aventura com idênticas características. Que diferença...
Resta-nos o consolo em reler as antigas aventuras de Astérix ou então recuperar um pouco do espírito perdido de Goscinny com a recente edição em português das aventuras inéditas em livro do pequeno Nicolas, com desenhos de Sempé.
É esse tipo de humor, esse tipo de histórias, que mereceria um prémio Nobel!...
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