Desistam! Soares não vai desistir!
Eduardo Prado Coelho intitula a crónica de hoje no "Público" de "E se desistisse?". E escreveu: "(...) as confusões que Soares sempre fez e que as pessoas até achavam graça tornaram-se inquietantes, porque mais do que palavras sobre o país as pessoas querem rigor. Antigamente, trocar o porta-voz pelo mandatário passava sem consequências, mas agora aparece como um indício de que a idade tem destas coisas”.
O autor da crónica diz depois que cada vez que Mário Soares aparece perde votos nas sondagens. O texto de Eduardo Prado Coelho, inclusive, começou por analisar a sondagem que foi publicada ontem no "Diário de Notícias", onde se conclui que Cavaco Silva poderá alcançar 48,8 por cento na primeira volta contra 13,8 por cento de Manuel Alegre e só depois aparece Mário Soares, com 10,3 por cento, seguido de Louçã e Jerónimo de Sousa, ambos na casa dos 5 por cento. Numa segunda volta contra Cavaco Silva, Manuel Alegre conseguiria mais oito por cento do que Mário Soares.
O cronista termina o escrito com a conclusão: "Soares faz um percurso ao contrário. Cada aparição em público confirma o que já se sabia. O que leva muita gente, incluindo altos responsáveis do PS, a colocarem a questão: não seria melhor desistir? Todos aqueles que admiram a personalidade de Soares e que querem o melhor resultado para a esquerda e o PS dirão que sim. Mesmo que alguns ainda não tenham a coragem de dizer o que já começaram a pensar".
Esta crónica reflecte o que avancei no "post" imediatamente anterior a este, escrito há quatro dias atrás, ainda antes da apresentação do manifesto de Soares e antes da sondagem do "DN".
Está cada vez mais à vista aquilo que defendi: Soares foi colocado em corrida para garantir a vitória de Cavaco Silva.
É a paga que o PS faz à ajuda que Cavaco Silva deu quando escreveu aquele artigo sobre os bons e maus políticos no "Expresso", e que depois ajudou à demissão de Santana Lopes por Jorge Sampaio. A "amizade" entre Soares e Cavaco Silva esconde ainda um episódio pouco divulgado na Imprensa – mas não desconhecido! – que remonta a 1987. Foi graças à convocação de eleições antecipadas – as tais que deram a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva – que Mário Soares impediu o início dos trabalhos de uma comissão de inquérito parlamentar que acabara de ser constituída na Assembleia da República para investigar o negócio do tráfico de armas norte-americanas por Lisboa no âmbito do caso "Irangate". Um caso que se desenvolvera entre 1983 e 1985, durante o governo do "Bloco Central", a coligação PS/PSD, liderada então pelo primeiro-ministro Mário Soares e pelo malogrado Mota Pinto, que era o ministro da Defesa. Caso Mário Soares tivesse optado por convovar um governo PS/PRD em vez de optar pelas eleições antecipadas, a comissão iria funcionar. E, no novo parlamento, este já com a maioria absoluta de Cavaco Silva, nunca mais se falou no assunto.
São os segredos entre Cavaco e Soares...
Talvez os jovens que Soares espera ter a debater na sua sede de campanha nos Restauradores possam perguntar-lhe sobre isso. E, quem sabe, se na sede Cavaco Silva, no Campo Grande, as mesmas questões não serão colocadas:
"Porque nunca se investigou em Portugal o tráfico ilegal de armas norte-americanas? Por que razão a comissão de inquérito parlamentar aprovada em Março de 1987 nunca chegou a funcionar? Que segredos partilham entre si os dois principais candidatos a Presidente da República? Que promiscuidade democrática é esta que a todos nos engana?"
Quero assim dizer a Eduardo Prado Coelho e a todos aqueles que "já começaram a pensar" que, independentemente da versão que se conheça sobre o convite de Sócrates a Mário Soares (oficialmente teria sido porque as sondagens sobre Manuel Alegre seriam desastrosas... Hei! E Mário Soares, em 1985, tinha 8 por cento e depois não ganhou?!), tudo isto já estava escrito há muito tempo.
Soares, salvo uma razão de saúde, não pode desistir, pois Cavaco Silva tem de ganhar.
Sei isso desde Abril de 2003, quando Cavaco Silva surgiu como o convidado de Mário Soares para uma palestra sobre economia na Casa Museu João Soares, em Cortes, Leiria. Vi Mário Soares, em directo para as televisões, com Cavaco Silva sorridente a seu lado, a manifestar o apoio político a uma provável candidatura de Cavaco a Belém ao dizer que ele daria um bom candidato presidencial. Isto, na altura, foi entendido como uma "desautorização" a uma eventual candidatura do antigo primeiro-ministro socialista António Guterres. Alguém disse depois que Guterres "ainda era muito novo" e que poderia esperar. E depois, viu-se o resultado: calaram Guterres ao arranjarem-lhe um emprego na ONU (algo muito parecido com o que sucedeu em 1995, quando mandaram Freitas do Amaral presidir à Assembleia-Geral das Nações Unidas para não ser ele o candidato às Presidenciais, assim como, agora, o "prenderam" ao cargo de ministro socialista).
Esta minha convicção é tão sincera e já bem conhecida no meio político que, inclusive, no meu livro "Eu Sei Que Você Sabe – Manual de Instruções Para Teorias da Conspiração", editado em Novembro de 2003, terminei assim o capítulo quatro, intitulado precisamente "Portugal na Rota do ‘Irão-Contra’": "Também, para terminar aqui este capítulo, não me perguntem se fiquei surpreendido ao ver, recentemente, Mário Soares ao lado de Cavaco Silva, a dar-lhe o seu apoio político para uma eventual candidatura deste último à presidência da República. Apesar das acusações entre ambos, parece-me óbvio que chegou a altura de Mário Soares recompensar o trabalho de Cavaco Silva e ajudá-lo a chegar também ao mais alto cargo da Nação nas eleições presidenciais previstas para 2006. E a pátria, essa, reconhecida, depois de Mário Soares, ajoelhar-se-á aos pés de Cavaco Silva.
Jorge Sampaio foi apenas um intervalo necessário".
Para saber mais sobre os negócios que Mário Soares e Cavaco Silva não querem que as gerações mais novas conheçam, vejam aqui este meu outro "blog" com o "filme" do fim da democracia.
O autor da crónica diz depois que cada vez que Mário Soares aparece perde votos nas sondagens. O texto de Eduardo Prado Coelho, inclusive, começou por analisar a sondagem que foi publicada ontem no "Diário de Notícias", onde se conclui que Cavaco Silva poderá alcançar 48,8 por cento na primeira volta contra 13,8 por cento de Manuel Alegre e só depois aparece Mário Soares, com 10,3 por cento, seguido de Louçã e Jerónimo de Sousa, ambos na casa dos 5 por cento. Numa segunda volta contra Cavaco Silva, Manuel Alegre conseguiria mais oito por cento do que Mário Soares.
O cronista termina o escrito com a conclusão: "Soares faz um percurso ao contrário. Cada aparição em público confirma o que já se sabia. O que leva muita gente, incluindo altos responsáveis do PS, a colocarem a questão: não seria melhor desistir? Todos aqueles que admiram a personalidade de Soares e que querem o melhor resultado para a esquerda e o PS dirão que sim. Mesmo que alguns ainda não tenham a coragem de dizer o que já começaram a pensar".
Esta crónica reflecte o que avancei no "post" imediatamente anterior a este, escrito há quatro dias atrás, ainda antes da apresentação do manifesto de Soares e antes da sondagem do "DN".
Está cada vez mais à vista aquilo que defendi: Soares foi colocado em corrida para garantir a vitória de Cavaco Silva.
É a paga que o PS faz à ajuda que Cavaco Silva deu quando escreveu aquele artigo sobre os bons e maus políticos no "Expresso", e que depois ajudou à demissão de Santana Lopes por Jorge Sampaio. A "amizade" entre Soares e Cavaco Silva esconde ainda um episódio pouco divulgado na Imprensa – mas não desconhecido! – que remonta a 1987. Foi graças à convocação de eleições antecipadas – as tais que deram a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva – que Mário Soares impediu o início dos trabalhos de uma comissão de inquérito parlamentar que acabara de ser constituída na Assembleia da República para investigar o negócio do tráfico de armas norte-americanas por Lisboa no âmbito do caso "Irangate". Um caso que se desenvolvera entre 1983 e 1985, durante o governo do "Bloco Central", a coligação PS/PSD, liderada então pelo primeiro-ministro Mário Soares e pelo malogrado Mota Pinto, que era o ministro da Defesa. Caso Mário Soares tivesse optado por convovar um governo PS/PRD em vez de optar pelas eleições antecipadas, a comissão iria funcionar. E, no novo parlamento, este já com a maioria absoluta de Cavaco Silva, nunca mais se falou no assunto.
São os segredos entre Cavaco e Soares...
Talvez os jovens que Soares espera ter a debater na sua sede de campanha nos Restauradores possam perguntar-lhe sobre isso. E, quem sabe, se na sede Cavaco Silva, no Campo Grande, as mesmas questões não serão colocadas:
"Porque nunca se investigou em Portugal o tráfico ilegal de armas norte-americanas? Por que razão a comissão de inquérito parlamentar aprovada em Março de 1987 nunca chegou a funcionar? Que segredos partilham entre si os dois principais candidatos a Presidente da República? Que promiscuidade democrática é esta que a todos nos engana?"
Quero assim dizer a Eduardo Prado Coelho e a todos aqueles que "já começaram a pensar" que, independentemente da versão que se conheça sobre o convite de Sócrates a Mário Soares (oficialmente teria sido porque as sondagens sobre Manuel Alegre seriam desastrosas... Hei! E Mário Soares, em 1985, tinha 8 por cento e depois não ganhou?!), tudo isto já estava escrito há muito tempo.
Soares, salvo uma razão de saúde, não pode desistir, pois Cavaco Silva tem de ganhar.
Sei isso desde Abril de 2003, quando Cavaco Silva surgiu como o convidado de Mário Soares para uma palestra sobre economia na Casa Museu João Soares, em Cortes, Leiria. Vi Mário Soares, em directo para as televisões, com Cavaco Silva sorridente a seu lado, a manifestar o apoio político a uma provável candidatura de Cavaco a Belém ao dizer que ele daria um bom candidato presidencial. Isto, na altura, foi entendido como uma "desautorização" a uma eventual candidatura do antigo primeiro-ministro socialista António Guterres. Alguém disse depois que Guterres "ainda era muito novo" e que poderia esperar. E depois, viu-se o resultado: calaram Guterres ao arranjarem-lhe um emprego na ONU (algo muito parecido com o que sucedeu em 1995, quando mandaram Freitas do Amaral presidir à Assembleia-Geral das Nações Unidas para não ser ele o candidato às Presidenciais, assim como, agora, o "prenderam" ao cargo de ministro socialista).
Esta minha convicção é tão sincera e já bem conhecida no meio político que, inclusive, no meu livro "Eu Sei Que Você Sabe – Manual de Instruções Para Teorias da Conspiração", editado em Novembro de 2003, terminei assim o capítulo quatro, intitulado precisamente "Portugal na Rota do ‘Irão-Contra’": "Também, para terminar aqui este capítulo, não me perguntem se fiquei surpreendido ao ver, recentemente, Mário Soares ao lado de Cavaco Silva, a dar-lhe o seu apoio político para uma eventual candidatura deste último à presidência da República. Apesar das acusações entre ambos, parece-me óbvio que chegou a altura de Mário Soares recompensar o trabalho de Cavaco Silva e ajudá-lo a chegar também ao mais alto cargo da Nação nas eleições presidenciais previstas para 2006. E a pátria, essa, reconhecida, depois de Mário Soares, ajoelhar-se-á aos pés de Cavaco Silva.
Jorge Sampaio foi apenas um intervalo necessário".
Para saber mais sobre os negócios que Mário Soares e Cavaco Silva não querem que as gerações mais novas conheçam, vejam aqui este meu outro "blog" com o "filme" do fim da democracia.
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