Era uma vez no Iraque
Há dias ouvi a notícia de que as tropas norte-americanas no Iraque mataram, "por engano", um agente dos serviços secretos italianos após a libertação de uma jornalista que tinha sido raptada. Não dei muita atenção àquilo e lembro-me que despachei toda a vontade em querer saber mais com um comentário para uma pessoa amiga: "Por engano, o tanas! O tipo deveria ter visto algo que não convinha aos americanos, por isso é que teve de ser eliminado..."
Aviso ainda aqueles que não me conhecem que, muitas vezes, quando digo estas coisas, trata-se apenas de um desabafo, sem qualquer intenção mais séria. Não gosto de falar daquilo que não sei, ou quando não disponho dados suficientes para elaborar uma opinião séria...
As minhas opiniões sobre estas situações são meramente intuitivas e de partilha pessoal, se assim as quisermos caracterizar.
Aliás, se têm reparado aqueles que acompanham este blogue, que pouco ou mesmo nada tenho escrito sobre o Iraque - bastou-me perceber que era uma guerra "autorizada" quando vi o Mário Soares e o Vicente Jorge Silva a lancharem calmamente no Rossio após a manifestação de repúdio à intervenção norte-americana no Iraque quando, afinal, em 1987, estes dois senhores ajudaram a fazer "desaparecer" um inquérito parlamentar ao negócio do tráfico de armas norte-americanas por Portugal no âmbito do escândalo do "Irangate", o que também acabou por dar origem à primeira maioria absoluta de Cavaco Silva. Aquelas declarações contra a guerra foram assim apenas para "cumprir calendário", pois tanto Mário Soares, como o agora "novel" ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, eram peões sem grande poder de decisão no xadrez político da altura. Aliás, estavam bem no seu lugar, para dar uma imagem de contestação a uma decisão que já fora tomada, em Junho de 2002, aquando do encontro do grupo de Bilderberg em Washington.
Hoje, contudo, ao ler a crónica da página 2 do "Correio da Manhã", assinada pelo meu antigo camarada do "Tal&Qual", o jornalista Ferreira Fernandes, li esta "pérola":
"Já com Giuliana no carro, os polícias e um motorista iraquiano dirigiram-se para o aeroporto de Bagdad a toda a velocidade. As notícias ainda não são certas, mas num 'check-point' americano o carro foi metralhado, o polícia Calipari foi morto e outro colega, ferido. A própria jornalista teve um tiro no ombro. o jornal para o qual ela trabalha 'Il Manifesto', fez capa dizendo que o polícia foi assassinado. Porquê? Os soldados atiraram, sabendo que iam naquele carro polícias italianos e uma jornalista ex-raptada? Eu não diria isso. O cenário mais verosímil é este: em Bagdad, onde são usuais atentados suícidas, um carro aproximou-se de um posto de controlo com velocidade imprudente e levou tiros.
Em situações extremas como as de guerra, as palavras certas são ainda mais caras e necessárias"
Na página 30 do mesmo diário, a jornalista italiana diz que o seu carro "não ia muito depressa".
É uma questão de perspectiva, portanto.
Compreendo a certeza de Ferreira Fernandes. Ele já teve algumas experiências com a polícia norte-americana numa altura em que andou a viajar de carro pelos EUA...
Agora, expliquem-me estas coisas:
Os serviços secretos italianos actuaram sem informar os "amigos" norte-americanos?
Se o carro italiano ia depressa, como explicar o único tiro certeiro na cabeça do agente dos serviços secretos italianos? (Sim, é possível que tenha sido mesmo engano..., mas não deixa de ser um azar do caraças...)
Por isso é que eu prefiro não opinar sobre este atoleiro de desinformação que se chama Iraque.
Seria bom que jornalistas competentes como Ferreira Fernandes também se calassem quando falam do Iraque. Faziam melhor trabalho, por exemplo, se seguissem os negócios de armas por Portugal que alimentam este conflito.
Aviso ainda aqueles que não me conhecem que, muitas vezes, quando digo estas coisas, trata-se apenas de um desabafo, sem qualquer intenção mais séria. Não gosto de falar daquilo que não sei, ou quando não disponho dados suficientes para elaborar uma opinião séria...
As minhas opiniões sobre estas situações são meramente intuitivas e de partilha pessoal, se assim as quisermos caracterizar.
Aliás, se têm reparado aqueles que acompanham este blogue, que pouco ou mesmo nada tenho escrito sobre o Iraque - bastou-me perceber que era uma guerra "autorizada" quando vi o Mário Soares e o Vicente Jorge Silva a lancharem calmamente no Rossio após a manifestação de repúdio à intervenção norte-americana no Iraque quando, afinal, em 1987, estes dois senhores ajudaram a fazer "desaparecer" um inquérito parlamentar ao negócio do tráfico de armas norte-americanas por Portugal no âmbito do escândalo do "Irangate", o que também acabou por dar origem à primeira maioria absoluta de Cavaco Silva. Aquelas declarações contra a guerra foram assim apenas para "cumprir calendário", pois tanto Mário Soares, como o agora "novel" ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, eram peões sem grande poder de decisão no xadrez político da altura. Aliás, estavam bem no seu lugar, para dar uma imagem de contestação a uma decisão que já fora tomada, em Junho de 2002, aquando do encontro do grupo de Bilderberg em Washington.
Hoje, contudo, ao ler a crónica da página 2 do "Correio da Manhã", assinada pelo meu antigo camarada do "Tal&Qual", o jornalista Ferreira Fernandes, li esta "pérola":
"Já com Giuliana no carro, os polícias e um motorista iraquiano dirigiram-se para o aeroporto de Bagdad a toda a velocidade. As notícias ainda não são certas, mas num 'check-point' americano o carro foi metralhado, o polícia Calipari foi morto e outro colega, ferido. A própria jornalista teve um tiro no ombro. o jornal para o qual ela trabalha 'Il Manifesto', fez capa dizendo que o polícia foi assassinado. Porquê? Os soldados atiraram, sabendo que iam naquele carro polícias italianos e uma jornalista ex-raptada? Eu não diria isso. O cenário mais verosímil é este: em Bagdad, onde são usuais atentados suícidas, um carro aproximou-se de um posto de controlo com velocidade imprudente e levou tiros.
Em situações extremas como as de guerra, as palavras certas são ainda mais caras e necessárias"
Na página 30 do mesmo diário, a jornalista italiana diz que o seu carro "não ia muito depressa".
É uma questão de perspectiva, portanto.
Compreendo a certeza de Ferreira Fernandes. Ele já teve algumas experiências com a polícia norte-americana numa altura em que andou a viajar de carro pelos EUA...
Agora, expliquem-me estas coisas:
Os serviços secretos italianos actuaram sem informar os "amigos" norte-americanos?
Se o carro italiano ia depressa, como explicar o único tiro certeiro na cabeça do agente dos serviços secretos italianos? (Sim, é possível que tenha sido mesmo engano..., mas não deixa de ser um azar do caraças...)
Por isso é que eu prefiro não opinar sobre este atoleiro de desinformação que se chama Iraque.
Seria bom que jornalistas competentes como Ferreira Fernandes também se calassem quando falam do Iraque. Faziam melhor trabalho, por exemplo, se seguissem os negócios de armas por Portugal que alimentam este conflito.
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