Já estava escrito...
Aquilo que sucedeu depois dos ataques terroristas do 11 de Setembro já estava escrito há mais de 100 anos. O guião dos dias seguintes há muito que estava guardado, senão veja-se este extracto de um texto de 1894, analisando os possíveis efeitos de um atentado de um anarquista contra o Parlamento francês.
Vejam lá se não é exactamente isto que se vive hoje nos EUA:
"O governo decretaria terríveis leis de repressão, e, com o apoio entusiasta do país todo, os anarquistas seriam perseguidos, em montarias, como lobos. O Estado reedificaria o edifício do parlamento em condições mais seguras, e com linhas decerto mais belas. E finalmente de novo a câmara se reuniria no seu novo edifício, e o tempo que é um grande apagador iria apagando a impressão pungente da catástrofe, e os pobres sofreriam as mesmas necessidades, e Rothschild gozaria os mesmos milhões, e a sociedade burguesa e capitalista continuaria o seu movimento sem ter perdido um átomo do seu capital e do seu burguesismo. Do feito horrendo, só restariam, pelos cemitérios do Père-Lachaise ou de Montmartre, algumas viúvas chorando. E o proletariado anarquista que teria conseguido? O ódio insaciável dos egoístas, a desconfiança dos próprios humanitários. E teria ainda logrado criar, para sua confusão e maior humilhação, ao lado da classe já desagradável dos mártires da liberdade, a classe, ainda mais desagradável, dos mártires da autoridade."
O autor de tais sábias linhas é o escritor português Eça de Queiroz, cujo texto "Os Anarquistas", vem publicado na recente recolha "Eça de Queiroz - Jornalista", da responsabilidade de Maria Filomena Mónica.
O autor ainda acrescentou:
"De sorte que estas bombas arremassadas contra a sociedade, mesmo quando tivessem meios destrutivos que são hoje ainda inconseguíveis com a nossa limitada ciência, nunca passariam, relativamente à força e estabilidade dessa sociedade, de actos impotentes e tão inúteis como bolhas de sabão lançadas contra uma muralha".
Pois é. Se ao menos Bin Laden ou Bush tivessem lido Eça, teriam aprendido que nada do que estão a fazer vale a pena. A não ser para eles próprios...
Quanto a nós, se também tivessemos os clássicos em dia, e se houvesse hoje jornalistas a sério, como o foi Eça, então não teríamos o mundo como o que agora merecemos.
Vejam lá se não é exactamente isto que se vive hoje nos EUA:
"O governo decretaria terríveis leis de repressão, e, com o apoio entusiasta do país todo, os anarquistas seriam perseguidos, em montarias, como lobos. O Estado reedificaria o edifício do parlamento em condições mais seguras, e com linhas decerto mais belas. E finalmente de novo a câmara se reuniria no seu novo edifício, e o tempo que é um grande apagador iria apagando a impressão pungente da catástrofe, e os pobres sofreriam as mesmas necessidades, e Rothschild gozaria os mesmos milhões, e a sociedade burguesa e capitalista continuaria o seu movimento sem ter perdido um átomo do seu capital e do seu burguesismo. Do feito horrendo, só restariam, pelos cemitérios do Père-Lachaise ou de Montmartre, algumas viúvas chorando. E o proletariado anarquista que teria conseguido? O ódio insaciável dos egoístas, a desconfiança dos próprios humanitários. E teria ainda logrado criar, para sua confusão e maior humilhação, ao lado da classe já desagradável dos mártires da liberdade, a classe, ainda mais desagradável, dos mártires da autoridade."
O autor de tais sábias linhas é o escritor português Eça de Queiroz, cujo texto "Os Anarquistas", vem publicado na recente recolha "Eça de Queiroz - Jornalista", da responsabilidade de Maria Filomena Mónica.
O autor ainda acrescentou:
"De sorte que estas bombas arremassadas contra a sociedade, mesmo quando tivessem meios destrutivos que são hoje ainda inconseguíveis com a nossa limitada ciência, nunca passariam, relativamente à força e estabilidade dessa sociedade, de actos impotentes e tão inúteis como bolhas de sabão lançadas contra uma muralha".
Pois é. Se ao menos Bin Laden ou Bush tivessem lido Eça, teriam aprendido que nada do que estão a fazer vale a pena. A não ser para eles próprios...
Quanto a nós, se também tivessemos os clássicos em dia, e se houvesse hoje jornalistas a sério, como o foi Eça, então não teríamos o mundo como o que agora merecemos.
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