20090112

A casa ganha sempre

O Casino de Lisboa não quer pagar 4 milhões de euros a dois clientes que jogaram em duas máquinas automáticas. São oito milhões de euros. Pudera. Se fosse o dono do casino também não iria querer pagar, quando, ainda por cima, as máquinas onde esses apostadores jogavam só dava como prémio máximo cerca de dois mil euros.
É óbvio que a máquina avariou, é óbvio que aquela máquina não devia ter anunciado aquele prémio.
Mas deu.
Não sei muito sobre o caso, excepto o que apareceu nas notícias, mas percebe-se que o casino não vai querer pagar o que a máquina disse que deveria pagar. Se os clientes não foram os responsáveis pela avaria na máquina, o casino, mesmo que a lei não o obrigue, teria de engolir em seco e mostrar o dinheiro. Pelo menos algum...
Mesmo que o casino consiga provar que é tudo legal e que não precisa de pagar, a total falta de habilidade para gerir o assunto de forma interna junto dos clientes de forma a evitar esta exposição pública, já estragou tudo. Agora sabemos que há máquinas no Casino de Lisboa que se podem avariar e isso levanta logo várias questões: e se a avaria for contra o cliente? E se isso acontecer todos os dias? O aparelho que hoje funciona com um sistema computorizado, antes trabalhava ao puxar de uma alavanca e por isso era conhecido como "o bandido maneta"...



Este caso é um bom retrato de uma maneira de pensar em Portugal, onde o cliente nunca tem razão e casa ganha sempre!
Ainda esta semana, numa entrevista a Steve Wynn, um dos maiores proprietários de casinos de Las Vegas e dos primeiros a apostar no negócio do jogo na nossa antiga colónia de Macau assim que passou para as mãos chinesas, o empresário lembrava o dia em que o seu pai despediu um dos melhores funcionários da área do bingo apenas porque o ouvira a dizer mal de um par de clientes...

“One day, my father overheard a really good bingo announcer calling a couple who were our best customers ‘suckers’. He fired him on the spot. He said, ‘You look down your nose at customers, you don’t work here no more. Get your ass off my property’”.

É que os clientes, quer tenham quer não tenham razão, estão sempre em primeiro lugar. Só neste grande casino que se chama Portugal é que não.

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