Joe Weil convida-nos
Abril 2006
É tempo de revisitar a revolução.
Por Joe Weil
Adolfo Ayala passou a vida a lutar. Era um corcunda e um revolucionário. O objectivo da sua vida era derrubar o regime de Salazar. Mas, após a revolução de 25 de Abril, a sua mente não estava ocupada apenas com festejos. Ayala estava profundamente pertubado, pois estava a par de algo que envolvia a oposição que agora se instalava no governo revolucionário.
Tendo sido secretário do General Humberto Delgado, Ayala estava por dentro de um segredo sórdido que implicava essa oposição que agora ascendia ao poder em Portugal. Alguns dias após o 25 de Abril, Ayala contactou José Pelágio, que tinha estado com ele e com Delgado na noite do Golpe de Beja. Quando do encontro com Pelágio, Ayala falou como um homem que temesse pela sua vida: "Não digas nada sobre Beja!", vociferou, "Estás a ouvir-me? Mantém o bico fechado quanto a Delgado e Beja! Colocar-nos-ias a ambos em perigo se dissesses alguma coisa sobre o que se passou naquela noite!"
José Pelágio levou a sério o aviso de Ayala e manteve-se calado. E, nesse período pós-revolução, à medida que os dias se foram transformando em semanas e meses, ele foi compreendendo, pouco a pouco, as razões por detrás do receio e alarme de Ayala. O PCP e outros grupos de extrema esquerda estavam a tomar conta de Portugal. Pelágio e Ayala sabiam que o PCP e a extrema esquerda tinham sido responsáveis pelo fracasso da revolução iniciada por Delgado, uma vez que este pretendia substituir Salazar pela democracia – não pelo comunismo.
O conhecimento que Pelágio tinha da traição a Delgado resultara do seu envolvimento com o General no decurso Golpe de Beja. Na noite do golpe, Pelágio, conduzindo o seu próprio carro, levara o General, sob disfarce, a Beja, onde pretendia assumir o comando das operações. Porém, para grande contrariedade do General, alguns dos revoltosos informaram-no de que chegara demasiado tarde.
Contudo, Pelágio estivera com esses conspiradores algumas horas antes, quando eles tinham tomado a decisão de manter Delgado afastado do golpe. Em seu lugar, foi o capitão Varela Gomes, um radical de esquerda, que assumiu a chefia da revolta. Mas a liderança de Varela Gomes foi inepta e deitou o golpe a perder.
Além disso, Pelágio e Ayala sabiam que o episódio de Beja era apenas uma numa sucessão de traições que tinham comprometido a revolução iniciada por Delgado. Ayala tinha estado na Argélia quando o sector mais extremista da oposição afastara Delgado da chefia da FPLN, a principal força que desafiava o regime de Salazar.
Ayala e Pelágio sabiam que o sector mais à esquerda da oposição tinha marginalizado e isolado Delgado. Eles sabiam que Delgado tinha sido abandonado por essa oposição crescentemente radicalizada, e que fora isso que o impelira a uma última e desesperada tentativa para entrar em Portugal, tentativa que resultara na sua captura e assassinato às mãos da PIDE.
Em síntese, Ayala e Pelágio sabiam que as forças que manobravam Portugal no período de radicalismo do pós-25 de Abril, tinham sido cúmplices no aniquilamento da Revolução liderada por Delgado nos anos 50 e 60. Eles sabiam que Portugal estava a pagar um preço terrível pela traição a Delgado. Ao fazer fracassar Delgado e a sua revolução, as forças de esquerda permitiram que Portugal se envolvesse na guerra colonial e suportasse mais catorze anos de ditadura. No entanto, Ayala e Pelágio nada podiam fazer contra os movimentos de esquerda de meados dos anos 70 e tinham receio de alguns dos seus líderes.
Após o 25 de Abril, o mesmo Varela Gomes que tomara o lugar de Delgado no Golpe de Beja, chefiava a temida 5ª Divisão, uma unidade militar de extrema esquerda responsável por assegurar a "integridade da Revolução". Fernando Piteira Santos, que orquestrara a traição a Delgado em Beja e na Argélia, era um intelectual revolucionário muito próximo dos centros de poder dos partidos de esquerda.
Além disso, havia o resto da oposição, os moderados que não tinham contribuído para atraiçoar Delgado, mas que também nada tinham feito para o ajudar. Ayala e Pelágio receavam enfrentar quer os que tinham derrubado Delgado, quer os cobardes que se limitaram a assistir à sua queda.
Ayala viveu uma vida obscura em Lisboa. Um pouco antes da sua morte, proferiu algumas declarações em que revelava estar a par do movimento que atraiçoara Delgado, nomeadamente através de um artigo com Joaquim Vieira intitulado "Ayala, o resistente".
Pelágio mudou-se para uma quinta remota na província e guardou silêncio durante três décadas. Tropecei na sua história há três anos, quando o visitei – acontece que ele é meu tio-avô. Para confirmar as suas memórias do Golpe de Beja, entrevistei dezenas de revolucionários que tinham estado envolvidos no dito golpe. Não só recolhi abundantes provas que corroboravam a sua versão dos acontecimentos, como descobri que outros revolucionários também estavam inteirados das traições a Delgado quando dos episódios de Beja e da Argélia, mas que também eles tinham mantido silêncio.
Na posse destes factos sobre Delgado, fui obrigado a olhar para o governo português sob uma nova luz. O legado do 25 de Abril ganhou para mim um novo e mais sinistro significado. Porque demorou tantos anos a eclodir a alegria libertadora trazida pela revolução de Abril? Tem sido dita a verdade aos portugueses sobre o seu passado? E pode um país a quem contaram mentiras sobre o seu passado ter sucesso no futuro?
Estas e muitas outras questões têm de ser consideradas, agora que nos aproximamos de mais um aniversário do 25 de Abril. Porque se Portugal quer atingir uma posição de desenvolvimento e estabilidade, tem de alicerçá-la solidamente na justiça e na verdade.
...............................................................................
No âmbito do lançamento nacional do livro "Portugal Livre", em edição de autor, vimos por este meio convidar V. Exas para a sua apresentação com a presença do seu autor, Joe Weil, que se realiza em:
Coimbra 20 de Abril – 5ª Feira na Livraria Almedina (Finisterra)
Rua Alexandre Herculano nº 3 , pelas 19H00.
Porto 21 Abril – 6ª Feira na Livraria Almedina (Arrábida Shopping)
Vila Nova de Gaia, pelas 21H00.
...................................................................
Sinopse do livro
Um americano com raízes portuguesas descobre uma conspiração ocorrida numa encruzilhada do passado recente de Portugal.
O autor , Joe Weil, desenterrou uma faceta sombra da revolução portuguesa ao investigar o Golpe de Beja. No processo de trazer à luz a verdade, Weil descobriu factos há muito ocultos sobre o Golpe de Beja – Um movimento que se enredou em conspirações e traições. Em última análise, os factos vindos a lume sobre o Golpe de Beja geram uma perspectiva inteiramente nova sobre a luta pela liberdade em Portugal.
Inspirado pelas surpreendentes revelações sobre o mesmo, "Portugal Livre" põe a nú as mentiras sobre a revolução portuguesa e levanta questões fundamentais sobre a marcha de Portugal, da tirania até à liberdade.
-Aquilo que sabemos da revolução portuguesa é falso?
-A verdade acerca da revolução foi encoberta?
-O General Humberto Delgado quase conseguiu libertar Portugal e evitar a guerra colonial, mas a verdade foi omitida ? Alguns portugueses têm mentido sobre o seu verdadeiro passado ?
Joe Weil
Biografia
Joe Weil tem 26 anos, nasceu e vive em Nova Iorque. Tem visitado e permanecido em Portugal com frequência ao longo de toda a sua vida. Dedica parte do seu tempo a pesquisar acontecimentos e factos históricos portugueses. Curioso, decidiu por iniciativa própria levar a cabo uma investigação sobre factos e acontecimentos ocorridos em Portugal. O resultado para já, a edição do livro e tertúlias sobre o assunto.
Portugal Livre, escrito e editado por Joe Weil, revela o seu empenhamento em contribuir para o esclarecimento da nossa história como alicerce de um presente e consequentemente por um futuro melhor. Um desafio sustentado pela perspectiva do autor do Portugal contemporâneo que diz respeito a todos nós. Universalmente portugueses.
Paralelamente Joe weil integra uma empresa de publicidade televisiva em Nova Iorque chamada www.321launch.com na qual é Director criativo e produtor executivo de directos televisivos, posteriormente a um percurso de inúmeras realizações de curtas metragens da sua autoria. Tendo escrito, dirige e produz actualmente um programa televisivo.
É tempo de revisitar a revolução.
Por Joe Weil
Adolfo Ayala passou a vida a lutar. Era um corcunda e um revolucionário. O objectivo da sua vida era derrubar o regime de Salazar. Mas, após a revolução de 25 de Abril, a sua mente não estava ocupada apenas com festejos. Ayala estava profundamente pertubado, pois estava a par de algo que envolvia a oposição que agora se instalava no governo revolucionário.
Tendo sido secretário do General Humberto Delgado, Ayala estava por dentro de um segredo sórdido que implicava essa oposição que agora ascendia ao poder em Portugal. Alguns dias após o 25 de Abril, Ayala contactou José Pelágio, que tinha estado com ele e com Delgado na noite do Golpe de Beja. Quando do encontro com Pelágio, Ayala falou como um homem que temesse pela sua vida: "Não digas nada sobre Beja!", vociferou, "Estás a ouvir-me? Mantém o bico fechado quanto a Delgado e Beja! Colocar-nos-ias a ambos em perigo se dissesses alguma coisa sobre o que se passou naquela noite!"
José Pelágio levou a sério o aviso de Ayala e manteve-se calado. E, nesse período pós-revolução, à medida que os dias se foram transformando em semanas e meses, ele foi compreendendo, pouco a pouco, as razões por detrás do receio e alarme de Ayala. O PCP e outros grupos de extrema esquerda estavam a tomar conta de Portugal. Pelágio e Ayala sabiam que o PCP e a extrema esquerda tinham sido responsáveis pelo fracasso da revolução iniciada por Delgado, uma vez que este pretendia substituir Salazar pela democracia – não pelo comunismo.
O conhecimento que Pelágio tinha da traição a Delgado resultara do seu envolvimento com o General no decurso Golpe de Beja. Na noite do golpe, Pelágio, conduzindo o seu próprio carro, levara o General, sob disfarce, a Beja, onde pretendia assumir o comando das operações. Porém, para grande contrariedade do General, alguns dos revoltosos informaram-no de que chegara demasiado tarde.
Contudo, Pelágio estivera com esses conspiradores algumas horas antes, quando eles tinham tomado a decisão de manter Delgado afastado do golpe. Em seu lugar, foi o capitão Varela Gomes, um radical de esquerda, que assumiu a chefia da revolta. Mas a liderança de Varela Gomes foi inepta e deitou o golpe a perder.
Além disso, Pelágio e Ayala sabiam que o episódio de Beja era apenas uma numa sucessão de traições que tinham comprometido a revolução iniciada por Delgado. Ayala tinha estado na Argélia quando o sector mais extremista da oposição afastara Delgado da chefia da FPLN, a principal força que desafiava o regime de Salazar.
Ayala e Pelágio sabiam que o sector mais à esquerda da oposição tinha marginalizado e isolado Delgado. Eles sabiam que Delgado tinha sido abandonado por essa oposição crescentemente radicalizada, e que fora isso que o impelira a uma última e desesperada tentativa para entrar em Portugal, tentativa que resultara na sua captura e assassinato às mãos da PIDE.
Em síntese, Ayala e Pelágio sabiam que as forças que manobravam Portugal no período de radicalismo do pós-25 de Abril, tinham sido cúmplices no aniquilamento da Revolução liderada por Delgado nos anos 50 e 60. Eles sabiam que Portugal estava a pagar um preço terrível pela traição a Delgado. Ao fazer fracassar Delgado e a sua revolução, as forças de esquerda permitiram que Portugal se envolvesse na guerra colonial e suportasse mais catorze anos de ditadura. No entanto, Ayala e Pelágio nada podiam fazer contra os movimentos de esquerda de meados dos anos 70 e tinham receio de alguns dos seus líderes.
Após o 25 de Abril, o mesmo Varela Gomes que tomara o lugar de Delgado no Golpe de Beja, chefiava a temida 5ª Divisão, uma unidade militar de extrema esquerda responsável por assegurar a "integridade da Revolução". Fernando Piteira Santos, que orquestrara a traição a Delgado em Beja e na Argélia, era um intelectual revolucionário muito próximo dos centros de poder dos partidos de esquerda.
Além disso, havia o resto da oposição, os moderados que não tinham contribuído para atraiçoar Delgado, mas que também nada tinham feito para o ajudar. Ayala e Pelágio receavam enfrentar quer os que tinham derrubado Delgado, quer os cobardes que se limitaram a assistir à sua queda.
Ayala viveu uma vida obscura em Lisboa. Um pouco antes da sua morte, proferiu algumas declarações em que revelava estar a par do movimento que atraiçoara Delgado, nomeadamente através de um artigo com Joaquim Vieira intitulado "Ayala, o resistente".
Pelágio mudou-se para uma quinta remota na província e guardou silêncio durante três décadas. Tropecei na sua história há três anos, quando o visitei – acontece que ele é meu tio-avô. Para confirmar as suas memórias do Golpe de Beja, entrevistei dezenas de revolucionários que tinham estado envolvidos no dito golpe. Não só recolhi abundantes provas que corroboravam a sua versão dos acontecimentos, como descobri que outros revolucionários também estavam inteirados das traições a Delgado quando dos episódios de Beja e da Argélia, mas que também eles tinham mantido silêncio.
Na posse destes factos sobre Delgado, fui obrigado a olhar para o governo português sob uma nova luz. O legado do 25 de Abril ganhou para mim um novo e mais sinistro significado. Porque demorou tantos anos a eclodir a alegria libertadora trazida pela revolução de Abril? Tem sido dita a verdade aos portugueses sobre o seu passado? E pode um país a quem contaram mentiras sobre o seu passado ter sucesso no futuro?
Estas e muitas outras questões têm de ser consideradas, agora que nos aproximamos de mais um aniversário do 25 de Abril. Porque se Portugal quer atingir uma posição de desenvolvimento e estabilidade, tem de alicerçá-la solidamente na justiça e na verdade.
...............................................................................
No âmbito do lançamento nacional do livro "Portugal Livre", em edição de autor, vimos por este meio convidar V. Exas para a sua apresentação com a presença do seu autor, Joe Weil, que se realiza em:
Coimbra 20 de Abril – 5ª Feira na Livraria Almedina (Finisterra)
Rua Alexandre Herculano nº 3 , pelas 19H00.
Porto 21 Abril – 6ª Feira na Livraria Almedina (Arrábida Shopping)
Vila Nova de Gaia, pelas 21H00.
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Sinopse do livro
Um americano com raízes portuguesas descobre uma conspiração ocorrida numa encruzilhada do passado recente de Portugal.
O autor , Joe Weil, desenterrou uma faceta sombra da revolução portuguesa ao investigar o Golpe de Beja. No processo de trazer à luz a verdade, Weil descobriu factos há muito ocultos sobre o Golpe de Beja – Um movimento que se enredou em conspirações e traições. Em última análise, os factos vindos a lume sobre o Golpe de Beja geram uma perspectiva inteiramente nova sobre a luta pela liberdade em Portugal.
Inspirado pelas surpreendentes revelações sobre o mesmo, "Portugal Livre" põe a nú as mentiras sobre a revolução portuguesa e levanta questões fundamentais sobre a marcha de Portugal, da tirania até à liberdade.
-Aquilo que sabemos da revolução portuguesa é falso?
-A verdade acerca da revolução foi encoberta?
-O General Humberto Delgado quase conseguiu libertar Portugal e evitar a guerra colonial, mas a verdade foi omitida ? Alguns portugueses têm mentido sobre o seu verdadeiro passado ?
Joe Weil
Biografia
Joe Weil tem 26 anos, nasceu e vive em Nova Iorque. Tem visitado e permanecido em Portugal com frequência ao longo de toda a sua vida. Dedica parte do seu tempo a pesquisar acontecimentos e factos históricos portugueses. Curioso, decidiu por iniciativa própria levar a cabo uma investigação sobre factos e acontecimentos ocorridos em Portugal. O resultado para já, a edição do livro e tertúlias sobre o assunto.
Portugal Livre, escrito e editado por Joe Weil, revela o seu empenhamento em contribuir para o esclarecimento da nossa história como alicerce de um presente e consequentemente por um futuro melhor. Um desafio sustentado pela perspectiva do autor do Portugal contemporâneo que diz respeito a todos nós. Universalmente portugueses.
Paralelamente Joe weil integra uma empresa de publicidade televisiva em Nova Iorque chamada www.321launch.com na qual é Director criativo e produtor executivo de directos televisivos, posteriormente a um percurso de inúmeras realizações de curtas metragens da sua autoria. Tendo escrito, dirige e produz actualmente um programa televisivo.
4 Comentários:
eh! se o jeitoso ca voltasse a baixo... mas assim... eh!
Estive lá. FOi agradável, a conversa, e o livro é interessante.
Obrigado pela referência, pois foi aqui que a li.
This blog is fantastic!
De onde se tira esse livro
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