Emoção vai a votos
Há uns anos estive naquela mesma estação de Atocha.
É tudo aqui tão perto de nós e obviamente que, como ser humano, condeno as mortes de inocentes, fico horrorizado com a maneira como foi executado o atentado e choro com os vivos. Mas não me peçam que siga o cherne... Eu não vou por aí...
Pode parecer trágico estar a lembrar neste momento uma anedota. Mas tem de ser contada para criar uma linha de pensamento lógico ao que se está a passar no mundo... É aquela dos dois alentejanos a quem roubaram as suas motas e há um compadre que viu tudo e diz às vítimas que foram os terroristas da ETA: "Como sabe isso?", perguntam os donos das motos roubadas. Responde o outro alentejano: "Atão! Olharam pá's motos e disse um a outro: Eta é pa ti. Eta é pa mi"...
Serve isto para dizer que ontem, de manhã, quando toda a gente dizia que a ETA era a autora dos atentados, não fiquei imediatamente convencido. Não correspondia à maneira de operar, que não costuma atentar contra trabalhadores a caminho do emprego nem ataca de uma forma tão organizada, com este número de explosões simultâneas ...
A pista, para mim, estava no jogo político que se decide em Espanha nas eleições de domingo - não foram adiadas porque os políticos não querem assim mostrar sinais de fraqueza e submissão a terroristas.
É a emoção que vai a votos no domingo.
E todos se lembram como um "bom" massacre e um funeral ajuda a dar votos - faz parte, por exemplo, do guião do filme "Manobras na Casa Branca", baseado num livro sobre a guerra no Iraque. Aliás, em Portugal, já passámos por essa experiência há bem pouco tempo, com os massacres em Timor e o funeral da Amália, fenómenos que caíram no meio da campanha eleitoral de Outubro de 1999 e permitiu a reeleição de António Guterres (que acabou por cumprir apenas dois anos de mandato, pois demitiu-se na noite da emoção do mau resultado eleitoral do PS nas autárquicas de Dezembro de 2001).
O PP espanhol pode ser beneficiado no domingo, depois dos funerais das vítimas. Mas, também pode ser prejudicado - porém, neste caso, sempre justificará um eventual mau resultado precisamente devido aos atentados, podendo augurar um regresso em força ao poder num curto espaço de tempo...
No domingo à noite, quando os resultados das eleições em Espanha ficarem conhecidos, iremos ter a resposta à pergunta mais lógica: "Quem lucrou com isto?"
É tudo aqui tão perto de nós e obviamente que, como ser humano, condeno as mortes de inocentes, fico horrorizado com a maneira como foi executado o atentado e choro com os vivos. Mas não me peçam que siga o cherne... Eu não vou por aí...
Pode parecer trágico estar a lembrar neste momento uma anedota. Mas tem de ser contada para criar uma linha de pensamento lógico ao que se está a passar no mundo... É aquela dos dois alentejanos a quem roubaram as suas motas e há um compadre que viu tudo e diz às vítimas que foram os terroristas da ETA: "Como sabe isso?", perguntam os donos das motos roubadas. Responde o outro alentejano: "Atão! Olharam pá's motos e disse um a outro: Eta é pa ti. Eta é pa mi"...
Serve isto para dizer que ontem, de manhã, quando toda a gente dizia que a ETA era a autora dos atentados, não fiquei imediatamente convencido. Não correspondia à maneira de operar, que não costuma atentar contra trabalhadores a caminho do emprego nem ataca de uma forma tão organizada, com este número de explosões simultâneas ...
A pista, para mim, estava no jogo político que se decide em Espanha nas eleições de domingo - não foram adiadas porque os políticos não querem assim mostrar sinais de fraqueza e submissão a terroristas.
É a emoção que vai a votos no domingo.
E todos se lembram como um "bom" massacre e um funeral ajuda a dar votos - faz parte, por exemplo, do guião do filme "Manobras na Casa Branca", baseado num livro sobre a guerra no Iraque. Aliás, em Portugal, já passámos por essa experiência há bem pouco tempo, com os massacres em Timor e o funeral da Amália, fenómenos que caíram no meio da campanha eleitoral de Outubro de 1999 e permitiu a reeleição de António Guterres (que acabou por cumprir apenas dois anos de mandato, pois demitiu-se na noite da emoção do mau resultado eleitoral do PS nas autárquicas de Dezembro de 2001).
O PP espanhol pode ser beneficiado no domingo, depois dos funerais das vítimas. Mas, também pode ser prejudicado - porém, neste caso, sempre justificará um eventual mau resultado precisamente devido aos atentados, podendo augurar um regresso em força ao poder num curto espaço de tempo...
No domingo à noite, quando os resultados das eleições em Espanha ficarem conhecidos, iremos ter a resposta à pergunta mais lógica: "Quem lucrou com isto?"
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