Para que se saiba
Esta foi a notícia que a agência estatal portuguesa LUSA colocou em linha às 9h19 do passado dia 20:
"O jornalista Frederico Carvalho lança hoje um livro em que sustenta que a moção de censura apresentada em 1987 pelo PRD contra o primeiro governo de Cavaco Silva serviu para impedir a investigação do caso 'Irãogate' pelo Parlamento.
Frederico Carvalho, jornalista do semanário Tal e Qual, recorda no livro que poucos dias antes da votação da moção de censura o Parlamento aprovou, em 31 de Março de 1987, uma proposta do PCP para a criação de uma comissão de inquérito àquele caso.
Segundo a comunicação social portuguesa e internacional da época, Portugal serviu de 'plataforma giratória', entre 1983 e 1985, para o tráfico de armas entre vários países.
De acordo com as notícias de então, esse tráfico, coordenado pelos Estados Unidos, teria permitido a venda ilegal de armas para os 'Contra' (guerrilha que se opunha ao governo nicaraguense de então), Irão e Iraque (que se encontravam em guerra).
O jornalista recorda no livro 'Eu sei que você sabe - manual de instruções para teorias da conspiração', que após as eleições legislativas o novo parlamento nunca mais votou (como teria de fazer) a criação da nova comissão de inquérito sobre o assunto, deixando-a 'cair' no esquecimento.
Esta situação, considera Frederico Carvalho, condiciona ainda hoje a vida política portuguesa, não só porque se deve a ela o surgimento do esquema de alternância política em vigor (até então os governos obedeciam a coligações que hoje nos pareceriam estranhas, como o Bloco Central, que reuniu socialistas e social-democratas, ou que juntava PS e CDS).
Graças a um trabalho de investigação jornalística, recorrendo a actas da Assembleia da República referentes àquele período, artigos de jornal e livros publicados por intervenientes na vida política de então e dos anos do Bloco Central, Frederico Carvalho procurou, nas suas palavras, 'montar o puzzle' de factos conhecidos mas entretanto esquecidos.
Segundo o jornalista, Mário Soares, primeiro-ministro no Bloco Central e Presidente da República aquando da moção de censura apresentada pelo PRD, e Cavaco Silva, líder do Governo no momento da moção, 'ficaram indelevelmente ligados a esse inquérito parlamentar e um ao outro' (...)."
Parte deste texto foi reproduzido nesse mesmo dia no site da RTP, às 9h30. No fim do Jornal da Tarde desse dia 20 (por volta das 14h20), passou uma reportagem sobre o livro, que foi gravada no Porto. Porém, nessa noite, no Telejornal da televisão do Estado, a notícia já não foi dada.
Repito: Não há censura em Portugal, há "critérios jornalísticos".
"O jornalista Frederico Carvalho lança hoje um livro em que sustenta que a moção de censura apresentada em 1987 pelo PRD contra o primeiro governo de Cavaco Silva serviu para impedir a investigação do caso 'Irãogate' pelo Parlamento.
Frederico Carvalho, jornalista do semanário Tal e Qual, recorda no livro que poucos dias antes da votação da moção de censura o Parlamento aprovou, em 31 de Março de 1987, uma proposta do PCP para a criação de uma comissão de inquérito àquele caso.
Segundo a comunicação social portuguesa e internacional da época, Portugal serviu de 'plataforma giratória', entre 1983 e 1985, para o tráfico de armas entre vários países.
De acordo com as notícias de então, esse tráfico, coordenado pelos Estados Unidos, teria permitido a venda ilegal de armas para os 'Contra' (guerrilha que se opunha ao governo nicaraguense de então), Irão e Iraque (que se encontravam em guerra).
O jornalista recorda no livro 'Eu sei que você sabe - manual de instruções para teorias da conspiração', que após as eleições legislativas o novo parlamento nunca mais votou (como teria de fazer) a criação da nova comissão de inquérito sobre o assunto, deixando-a 'cair' no esquecimento.
Esta situação, considera Frederico Carvalho, condiciona ainda hoje a vida política portuguesa, não só porque se deve a ela o surgimento do esquema de alternância política em vigor (até então os governos obedeciam a coligações que hoje nos pareceriam estranhas, como o Bloco Central, que reuniu socialistas e social-democratas, ou que juntava PS e CDS).
Graças a um trabalho de investigação jornalística, recorrendo a actas da Assembleia da República referentes àquele período, artigos de jornal e livros publicados por intervenientes na vida política de então e dos anos do Bloco Central, Frederico Carvalho procurou, nas suas palavras, 'montar o puzzle' de factos conhecidos mas entretanto esquecidos.
Segundo o jornalista, Mário Soares, primeiro-ministro no Bloco Central e Presidente da República aquando da moção de censura apresentada pelo PRD, e Cavaco Silva, líder do Governo no momento da moção, 'ficaram indelevelmente ligados a esse inquérito parlamentar e um ao outro' (...)."
Parte deste texto foi reproduzido nesse mesmo dia no site da RTP, às 9h30. No fim do Jornal da Tarde desse dia 20 (por volta das 14h20), passou uma reportagem sobre o livro, que foi gravada no Porto. Porém, nessa noite, no Telejornal da televisão do Estado, a notícia já não foi dada.
Repito: Não há censura em Portugal, há "critérios jornalísticos".
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