Direita, esquerda, direita, esquerda, direita, esquerda
"Foi no dia em que dois aviões destruíram as Torres Gémeas de Nova Iorque que eu descobri que era de direita. Para ser exacto, não foi precisamente nesse dia: as minhas convicções políticas foram-se formando a partir da acumulação das opiniões publicadas sobre o 11 de Setembro, e em larga medida por reacção aos textos, quase todos eles vindos da esquerda, em que o segundo parágrafo começava por 'mas'."
Este foi o início da crónica de ontem no "DN" de João Miguel Tavares, "O segundo parágrafo".
Segundo parece, o colunista deve ter sensivelmente a mesma idade que eu tenho. Pertence à chamada "Geração de 70".
Não sei o ano da sua "colheita". Quanto a mim, calculo que, ao ter nascido em Agosto de 72, sou fruto de uma concepção realizada entre Novembro ou Dezembro de 71, altura em que era Marcello Caetano quem mandava e pensava-se que a Primavera iria ser bonita.
Foi em 1972 que Sá Carneiro, por exemplo, convidou Spínola para ser candidato à presidência da República contra Américo Thomaz, para depois conseguir a demissão de Caetano e Portugal rumar para a Democracia. Foi nessa altura que Balsemão sonhava em fundar um semanário.
Se calhar, quando eu nasci, tinha mesmo de ser de direita, apesar da minha família não ser constituída por empresários. Nunca dissemos que "perdemos tudo com o 25 de Abril", porque também nunca tivemos muito (se calhar nem sei o que perdi, porque nunca cheguei a tê-lo).
Mas não havia sentimentos de esquerda. No Porto, no Norte, no seio da classe média-burguesa, reconheço o meu pecado: tive uma infância feliz.
Quando me fiz jornalista e olhei à minha volta reparei que tinha de pautar por uma coisa chamada insenção. Sempre votei no mesmo partido, mas nunca quis confundir as coisas.
Reconheço que poderá haver ao longo do meu blog citações ou ideias que parecem ter sido retiradas de um qualquer livro de um indivíduo de esquerda. Só que isso não me parece ser suficiente para aferir o meu grau político.
Confesso que nunca pretendi confundir jornalismo e factos com opiniões políticas. Aliás, gosto de pensar que, quando falo com alguns políticos, os sociais-democratas do PSD julgam que eu sou do PS, os socialistas podem supor que pertenço ao PCP e os comunistas acham que eu sou um infiltrado dos cristão-democratas do CDS/PP. Os do CDS/PP, esses, desconfiam que sou do Bloco de Esquerda e estes ultimos acreditam que sou CDS/PP. e nem me esforço para tal: estas coisas acontecem-me naturalmente.
Quero dizer que, depois de ter lido aquelas palavras de João Miguel Tavares, digo que no dia 11 de Setembro também descobri a minha inclinação política. Descobri que é a mesma de sempre. Desde o primeiro dia. Só que agora está ainda mais reforçada. Contudo, não é a mesma ideologia com que nos querem fazer pensar que é aquilo com que eu verdadeiramente comungo.
Não percebem? Se não percebem, também não vale a pena estar a explicar.
Quem já percebeu, é só para dizer que este meu texto foi escrito para ficarem a saber que não caminham sozinhos na terra e que, qualquer dia, a verdade virá ao de cima.
Este foi o início da crónica de ontem no "DN" de João Miguel Tavares, "O segundo parágrafo".
Segundo parece, o colunista deve ter sensivelmente a mesma idade que eu tenho. Pertence à chamada "Geração de 70".
Não sei o ano da sua "colheita". Quanto a mim, calculo que, ao ter nascido em Agosto de 72, sou fruto de uma concepção realizada entre Novembro ou Dezembro de 71, altura em que era Marcello Caetano quem mandava e pensava-se que a Primavera iria ser bonita.
Foi em 1972 que Sá Carneiro, por exemplo, convidou Spínola para ser candidato à presidência da República contra Américo Thomaz, para depois conseguir a demissão de Caetano e Portugal rumar para a Democracia. Foi nessa altura que Balsemão sonhava em fundar um semanário.
Se calhar, quando eu nasci, tinha mesmo de ser de direita, apesar da minha família não ser constituída por empresários. Nunca dissemos que "perdemos tudo com o 25 de Abril", porque também nunca tivemos muito (se calhar nem sei o que perdi, porque nunca cheguei a tê-lo).
Mas não havia sentimentos de esquerda. No Porto, no Norte, no seio da classe média-burguesa, reconheço o meu pecado: tive uma infância feliz.
Quando me fiz jornalista e olhei à minha volta reparei que tinha de pautar por uma coisa chamada insenção. Sempre votei no mesmo partido, mas nunca quis confundir as coisas.
Reconheço que poderá haver ao longo do meu blog citações ou ideias que parecem ter sido retiradas de um qualquer livro de um indivíduo de esquerda. Só que isso não me parece ser suficiente para aferir o meu grau político.
Confesso que nunca pretendi confundir jornalismo e factos com opiniões políticas. Aliás, gosto de pensar que, quando falo com alguns políticos, os sociais-democratas do PSD julgam que eu sou do PS, os socialistas podem supor que pertenço ao PCP e os comunistas acham que eu sou um infiltrado dos cristão-democratas do CDS/PP. Os do CDS/PP, esses, desconfiam que sou do Bloco de Esquerda e estes ultimos acreditam que sou CDS/PP. e nem me esforço para tal: estas coisas acontecem-me naturalmente.
Quero dizer que, depois de ter lido aquelas palavras de João Miguel Tavares, digo que no dia 11 de Setembro também descobri a minha inclinação política. Descobri que é a mesma de sempre. Desde o primeiro dia. Só que agora está ainda mais reforçada. Contudo, não é a mesma ideologia com que nos querem fazer pensar que é aquilo com que eu verdadeiramente comungo.
Não percebem? Se não percebem, também não vale a pena estar a explicar.
Quem já percebeu, é só para dizer que este meu texto foi escrito para ficarem a saber que não caminham sozinhos na terra e que, qualquer dia, a verdade virá ao de cima.
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