"Estado de Segredos" em notícia
Portugal: Livro revela que 25 de Abril anulou parcialmente efeito de "cacha" jornalística
Lisboa, 06 mai (Lusa) - O 25 de abril condicionou o efeito político do exclusivo de um jornal britânico, segundo o qual mercenários rodesianos participaram nos massacres ocorridos em dezembro de 1972 em Moçambique, disse hoje à Lusa o jornalista Frederico Duarte Carvalho.
Autor do livro "Estado de Segredos", que vai ser lançado sábado na Feira do Livro de Lisboa, Frederico Duarte Carvalho disse à Lusa que ficou "surpreendidíssimo" quando teve acesso à "cacha" jornalística do diário britânico The Guardian, da edição de 23 de abril de 1974.
"Fiquei surpreendidíssimo quando numa simples busca pelos arquivos da Internet, que já há alguns tempos começaram a ficar disponíveis nalguns dos grandes jornais", disse.
A notícia do The Guardian, retomada um dia depois pelo The Times, outro diário britânico, era assinada pelos jornalistas Peter Niesewand e António Figueiredo e "acusava Lisboa de ter dado 'licença para matar' a mercenários da Rodésia, país liderado por Ian Smith", lê-se no livro.
"Depois do livro estar feito, há umas duas semanas, comecei a reparar que esta situação é realmente um dos segredos deste Estado", disse à Lusa Frederico Duarte Carvalho.
"Ao analisar o contexto em que a notícia é publicada e ao analisar o facto dela nunca ter cá chegado a Portugal, eu proponho uma especulação: se por acaso esta notícia foi difundida por pessoas próximas do (então general António de) Spínola, serviram-se dessa forma para fazer a chantagem ou para garantir que as tropas do (general) Kaúlza de Arriaga não avançassem contra as tropas do Spínola naquele dia 25 de abril", considerou.
O golpe militar em Lisboa, dois dias depois, poupou o país a um julgamento público e internacional", sintetizou Frederico Duarte Carvalho no livro.
O Guardian publicou integralmente o relatório secreto, "elaborado por militares portugueses, que confirmava, pela primeira vez, no seio do exército português", os massacres de Wiriamu e Chavola, perto de Tete, em Moçambique.
Estes massacres, "denunciados pelo padre Adrian Hastings, em junho de 1973, na véspera da visita oficial de (Presidente do Conselho de Ministros) Marcelo Caetano a Londres (...) destruíam a legitimidade das ações militares portuguesas na defesa dos interesses coloniais em África", lê-se no livro.
EL.
Lisboa, 06 mai (Lusa) - O 25 de abril condicionou o efeito político do exclusivo de um jornal britânico, segundo o qual mercenários rodesianos participaram nos massacres ocorridos em dezembro de 1972 em Moçambique, disse hoje à Lusa o jornalista Frederico Duarte Carvalho.
Autor do livro "Estado de Segredos", que vai ser lançado sábado na Feira do Livro de Lisboa, Frederico Duarte Carvalho disse à Lusa que ficou "surpreendidíssimo" quando teve acesso à "cacha" jornalística do diário britânico The Guardian, da edição de 23 de abril de 1974.
"Fiquei surpreendidíssimo quando numa simples busca pelos arquivos da Internet, que já há alguns tempos começaram a ficar disponíveis nalguns dos grandes jornais", disse.
A notícia do The Guardian, retomada um dia depois pelo The Times, outro diário britânico, era assinada pelos jornalistas Peter Niesewand e António Figueiredo e "acusava Lisboa de ter dado 'licença para matar' a mercenários da Rodésia, país liderado por Ian Smith", lê-se no livro.
"Depois do livro estar feito, há umas duas semanas, comecei a reparar que esta situação é realmente um dos segredos deste Estado", disse à Lusa Frederico Duarte Carvalho.
"Ao analisar o contexto em que a notícia é publicada e ao analisar o facto dela nunca ter cá chegado a Portugal, eu proponho uma especulação: se por acaso esta notícia foi difundida por pessoas próximas do (então general António de) Spínola, serviram-se dessa forma para fazer a chantagem ou para garantir que as tropas do (general) Kaúlza de Arriaga não avançassem contra as tropas do Spínola naquele dia 25 de abril", considerou.
O golpe militar em Lisboa, dois dias depois, poupou o país a um julgamento público e internacional", sintetizou Frederico Duarte Carvalho no livro.
O Guardian publicou integralmente o relatório secreto, "elaborado por militares portugueses, que confirmava, pela primeira vez, no seio do exército português", os massacres de Wiriamu e Chavola, perto de Tete, em Moçambique.
Estes massacres, "denunciados pelo padre Adrian Hastings, em junho de 1973, na véspera da visita oficial de (Presidente do Conselho de Ministros) Marcelo Caetano a Londres (...) destruíam a legitimidade das ações militares portuguesas na defesa dos interesses coloniais em África", lê-se no livro.
EL.
Etiquetas: "Estado de Segredos", "The Guardian", 25 de Abril, António Spínola, Kaúlza de Arriaga, Wiriamu
1 Comentários:
E neste "ESTADO DE SEGREDOS" onde entra o segredo do roubo à Coroa Britânica?
Porque calaram o Rui Mateus?
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