20090129

Dizer o mesmo aos ingleses



Cartoon via Henricartoon

Isto do domínio dos ingleses sobre os portugueses é coisa antiga. Muito antiga mesmo e faz parte da nossa História. Para que percebam o que se passa, diga-se que começou com o Tratado Anglo-Português de 1373, que evoluiu para o Tratado de Windsor (1386). Tivemos ainda o duvidoso Tratado de Methuen (1703) e o desastre da Convenção de Sintra (1808) que permitiu a "retirada das tropas francesas, embarcadas em navios ingleses, transportando as suas armas, bagagens e o produto dos saques efectuados em Portugal”. Contudo, quem topou os ingleses foram Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, que através do livro “O Mistério da Estrada de Sintra” traçaram vários retratos sobre os colonizadores ingleses, como esta imagem ácida:

“Que transformação fecunda fez a Inglaterra à Índia? A transformação da poesia, da imaginação, do sol, numa coisa chata, trivial e cheia de carvão. Eu estive na Índia, meus senhores. Sabem o que fizeram os transformadores ingleses? A tradução da Índia, poema misterioso, na prosa mercantil do Morning Post. Na sombra dos pagodes põem fardos de pimenta; tratam a grande raça índia, mãe do ideal, como cães irlandeses; fazem navegar no divino Ganges paquetes a três xelins por cabeça; fazem beber às bayaderas, pale ale, e ensinam-lhes o jogo do cricket; abrem squares a gás na floresta sagrada; e, sobre tudo isto, meus senhores, destronam antigos reis, misteriosos, e quase de marfim, e substituem-nos por sujeitos de suíças, crivados de dívidas, rubros de porter, que quando não vão ser forçados em Botany-Bay, vão ser governadores da Índia! E quem faz tudo isto? Uma ilha feita metade de gelo e metade de rosbeef habitada por piratas de colarinhos altos, odres de cerveja!".

E deu ainda para estas cenas do filme...



Aliás, se há coisa que a malta cá do burgo gosta mesmo é de uma boa marcha contra os Bretões (que depois no hino mudou para “canhões”). Mas, as lutas ficaram-se mais pelas vãs glórias nos jogos da bola. Politicamente, parece que os ingleses continuam a levar a melhor. Quem os afrontou mais recentemente foi Gonçalo Amaral, o ex-coordenador da PJ no caso Madeleine McCann, afastado do processo no mesmo dia em que Gordon Brown aceitou assinar o Tratado de Lisboa. O ex-membro da PJ criticou a passividade nacional face aos ingleses quando, no seu livro “A Verdade da Mentira”, lembrou a carta do Marquês de Pombal a Lord Chatham, em 1759: “(...) eu sei que o vosso gabinete tem tomado um império sobre o nosso, mas sei também que já é tempo de acabar. Se os meus predecessores tiveram a fraqueza de vos conceder tudo quanto queríeis, eu nunca vos concederei senão o que devo. É esta a minha ultima resolução; regulae-vos por ella (...)”.

Somos agora obrigados a constatar que não temos um primeiro-ministro que possa dizer o mesmo aos ingleses...

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3 Comentários:

Blogger Jose Silva disse...

Quem defende a especulação intelectual é Pedro Arroja e companhia . Ao contrário da Econometria que ensinou, para Pedro Arroja bastam 2 observações para fazer um ajustamento e criar uma relação causa-efeito. O Portugal Contemporaneo está cheio de freakonomics . A última tese (?) tem haver com a intensidade sexual e cor da pele ou lá o que é . Pena é parecerem umas freiras de mosteiro quando se especula sobre as respectivas vidas privadas a partir da análise estatistica dos temas dos seus posts...

Entre uma ordem de venda em bolsa para estancar prejuizos e uma de compra proveitosa no Appolo, provavelmente, no meio de tanta especulação sem fundamentação teórica ou empirica, envolvendo genética, psicologia, antropologia, sociologia e outras ciencias não exactas, apenas pedindo emprestado a lógica do cerebro de um taxista, haja perdas de focalização. Por exemplo, na especulação sobre o caso Socrates/Freeport. A tese é que estando a família real britanica envolvida no Freeport, Gordon Brown pretenderia de alguma forma chantagear o trono do seu país. Um pouco bizantino...

Tudo isto para dizer o quê ? A especulação para ser credível tem que maximizar os factos e o senso comum.
O sempre atento José da PortadaLoja e estranha. De facto este violento alarido em volta de Sócrates e o silencio partidário e presidencial são estranhos.

A minha especulação é simples e baseada em factos: Socrates servia para garantir interesses e negócios à oligarquia que circunda o Terreiro do Paço num cenário económico, que acabou. Agora Sócrates é inutil. Além disso, hostilizou Cavaco com o estatuto dos Açores (Cavaco é amigo pessoal do ex-Carlyle Bush pai) e Balsemão com a não salvamento do BPP (fez bem). É altura de correr com ele.

Os 2 Bilderbergs nacionais (Cavaco e Balsemão) lá terá enviado instruções para a sede e como a dona do Freeport, a Carlyle e o grupo «Bilderberg have an interlocking membership», Sócrates está a ser fatiado.

Trata-se de um golpe de estado como ocorreu em 2004 com Santana e como já tinha especulado aqui . Pode ser que o Costa e Rio formem bom governo e o Porto fique livre para LFMenezes avançar com a fusão Porto+Gaia+outros concelhos da AMPorto. Boas notícias para o Norte.

http://norteamos.blogspot.com/2009/01/especulacoes-crediveis-o-golpe-de.html

29 janeiro, 2009  
Anonymous Anónimo disse...

Olhemos um pouco adiante: Os nacionalismos estão a subir de tom, os centros de decisão na Europa estão a adoptar uma postura de ignorar todos os sintomas de uma erupção social eminente a larga escala, o apoio dado a 'infiltrados' europeus está a ser retirado ou invertido em direcção oposta... Só existem 2 hipóteses: a crise actual foi orquestrada com um objectivo bem delineado ou a ganância de poder atingiu tal extremo que tudo ficou fora de controle... Em qualquer uma das situações sabemos o que nos espera...

29 janeiro, 2009  
Anonymous Anónimo disse...

Aguardo ansiosamente que este blog (que acredito ser INDEPENDENTE), faça referência às declarações da Procuradora Candida Almeida, ontem na RTP 1, e nos ajude a entender
" o que se passa afinal ".

Obrigada.

30 janeiro, 2009  

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