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20081104

A sala de eutanásia do Lar do Comércio

Durante uma das discussões com o presidente do Lar do Comércio, o meu pai classificou a "enfermaria" onde fora colocada a mãe, a minha avó Alda, como uma "sala de eutanásia". O presidente do lar zangou-se. Retorquiu que o meu pai estava a ser mal-educado, garantiu que não havia ali mais ninguém tão empenhado quanto ele pelo bem-estar dos idosos e que se sentia ofendido com a acusação.
Quando o meu pai me relatou esta conversa ao telefone, ele no Porto, eu em Lisboa, fiquei do lado do presidente do Lar do Comércio. Achei que o meu pai estava a exagerar e nunca haveria em Portugal - principalmente numa instituição onde um dos membros da direcção até é o assessor do primeiro-ministro José Sócrates para a área dos assuntos sociais e laborais, Artur Penedos -, algo remotamente semelhante a uma "sala de eutanásia". Falei depois com Artur Penedos ao telefone para, mais uma vez, perguntar o que se passava. O governante já conhecia o teor da conversa e, inclusive, pensava que eu também estivera presente durante aquela discussão e que fora igualmente mal-educado para com o presidente do Lar do Comércio, José Moura. Esclareci-o que não, nunca falara com o presidente e, nos últimos tempos, nunca estivera nas instalações do lar. Concluímos que a pessoa em causa deveria ter sido então o meu primo Paulo. Eu conhecia Artur Penedos do tempo em que trabalhei no "O Primeiro de Janeiro" e era ele activista sindical na área bancária. Graças a esse nosso antigo conhecimento, Artur Penedos acedeu telefonar para o presidente do Lar do Comércio de forma a combinar depois um telefonema da minha parte para que se pudesse esclarecer de uma vez por todas a situação da avó Alda. Essa conversa teve lugar uma semana antes dela morrer e já aqui dei conta do teor da mesma.
Ontem à noite, contudo, recebi finalmente uma informação da parte do meu pai que não possuia aquando da conversa com o presidente do Lar do Comércio. Era um elemento que me faltava e, recordo-me bem, o presidente ficou bastante nervoso quando eu disse que o queria ver... Agora entendo porquê. Trata-se do relatório médico do hospital de S. João, para onde o Lar do Comércio havia queria mandar a minha avó quando procurava libertar-se dela, cerca de um mês antes de falecer. O documento médico é demolidor para as intenções da instituição:

"Pedido de Colaboração de Especialidade de Doenças Infecciosas pelo facto do Lar do Comércio se recusar a receber paciente aí habitualmente internada".

"(...) não exige qualquer tratamento específico, nomeadamente antibiótico, para além dos cuidados de desinfecção e penso diário".

"Relativamente ao risco de transmissão dos agentes isolados no estudo microbiológico está apenas relacionado com a transmissão por contacto directo ou indirecto através dos profissionais que cuidam da doente a outros doentes, e que pode ser impedido com as adequadas medidas de higiene das mãos - sempre que se contacta com a pele da doente -, uso de luvas e bata aquando dos cuidados de penso ou banho (retirados logo após cessar o contacto e feita a higienização das mãos), não havendo assim qualquer impedimento para manter o seu internamento no Lar".



Quer isto dizer que, poucos dias após a elaboração deste relatório médico, fui visitar a avó Alda na "enfermaria" do Lar do Comércio, na tal "sala da eutanásia", era manifestamente exagerado para os familiares terem de usar máscaras na cara, bata e luvas. Era tudo parte da pressão psicológica levada a cabo sobre os familiares e, pior do que tudo, sobre a já frágil avó Alda...



Para além de terem contribuido para a morte da minha avó, soube ainda que após um processo disciplinar os responsáveis do Lar do Comércio decidiram expulsar da direcção a pessoa que colocou um comentário no meu blogue a chamá-los de "malfeitores". E "malfeitores" até era o mínimo que se lhes poderia chamar...

14 comentários:

  1. "Assassinos", talvez?

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  2. é pá... pra mim mataram a sua avó.

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  3. Vai-me desculpar a pergunta, mas a causa de morte foram estas feridas e essas alegadas "infecções", ou foi outra causa qualquer.
    Vai-me desculpara a indelicadeza em momentos tão dolorosos- mas se a causa de morte foi uma infecção generalizada por virus e bactérias, então se calhar o lar tinha a sau razão.
    Se foi outra que nada tivesse haver com uma infecção generalizada (por exemplo e é só um exemplo: paragem cardio respiratória;AVC, Cancedrigena,etc), então proibiram um ser humanbo de partir em paz.

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  4. Seja como fôr, tudo indica que "O Lar do Comércio", ou seja, quem lá vive, está em apuros. Esta direcção pelo que se vê, desviou-se dos princípios por que se devia reger. Até quando?

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  5. Perante a tristeza do que tem vindo a acontecer, o que fazer para eleger uma nova direcção para " O Lar do Comércio"????

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  6. Se não fossem parvos, o q gostariam de ser? Tenham contenção e preocupem-se com as vossas vidas e deixem as dos outros. São uma cambada de inúteis que passam o tempo a tentar perturbar quem quer fazer algo de útil.

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  7. Não têm mais nada q fazer? Deixem a velha morrer de uma vez por todas, porque ela com tanta coscuvilhice nem consegue

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  8. A "velha" já morreu... E não vai descansar em paz enquanto houver gente que não se interessar pelo que lhe aconteceu e que isso sirva como exemplo para que não se repita com outros. Até mesmo como "anónimos"...

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  9. É estranho q estejam agora somente tão preocupados com a avó alda e durante o tempo em q ela viveu a tivessem metido num lar e poucas vezes a fossem visitar, como ela mesmo se queixava (a quem quisesse ouvir) da familia que tão mal a tratou em vida, segundo palavras da própria (a nora, o filho,por exemplo). Será a consciência pesada?

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  10. Tb tenho uma familiar no Lar do Comércio Há 9 anos e até agora não tenho grandes motivos de reclamação a não ser pouca higiene no quarto; considero todos os funcionários pessoas carinhosas e esforçadas no bem-estar dos utentes.Por experiencia própria digo que tb é muito dificil lidar (bem) com tanta gente de idade avançada. Bem hajam

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  11. Pouca higiene no quarto para mim já é uma grande falta de qualidade , as funcionárias a quem os utentes pagam para limpar estão lá para que? Depois as funcionárias são todas carinhosas e simpáticas??? De certeza q não estamos a falar das mesmas pessoas q
    eu vi e contactei...alguns eram sim mas a maioria estão ali para receber o salário ao fim do mes, q dizem q é pouco, mas o q é certo é q mtos estão lá a anos e nunca tentaram arranjar mais nada ..é pq não estao tão mal assim...algumas são malcriadas, arbitrarias, insensíveis para com os utentes, principalmente para os mais debilitados e dependentes e falam com os utentes de uma forma prepotente q dá vontade de lhes ensinar boas maneiras....alguns utentes são complicados , acredito mas as pessoas sabem a responsabilidade q é e o trabalho q dá trabalhar com esta populacão, se não gostam, seria melhor dar lugar a outras pessoas q conseguissem dar a estes utentes uma melhor qualidade de vida e momentos de vida mais agradáveis ...e eu sei do que falo !!!!!!Os superiores q reflitam e q se deixem de passivismos e de má gestão de recursos humanos e se não conseguirem revolver os problemas existentes que tenham dignidade e que saiam e deixem ir para lá quem souber zelar por estes idosos como eles precisam e devem ser estimados !!!E não estou a falar de cor , garanto !!!!!!

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  12. Parece muito interessante, eu sempre quero ter essas coisas para ler enquanto eu estou comendo muito descontraído, por isso é sempre bom ter internet, também a fim de encontrar restaurantes em Itaim Bibi

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  13. O poder corrompe, já por isso se faz uma mudança de x em x tempo
    De quem está no governo isso assegura a qualidade
    Nas instituições o mesmo princípio deveria ser válido

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