20031103

Matar o Bill

O Guerra e Pás não gostou do 4º filme do Quentin Tarantino, "Kill Bill".
Eu gostei.
É interessante ver alguém falar tão mal de um filme do qual nós gostamos, pois isso mostra que existe pluralidade, diálogo e troca de ideias. Há opiniões diferentes e, ainda por cima, como muitas vezes fui levado a concordar com o Guerra e Pás, é bom poder ter finalmente uma opinião contrária à sua.
Aqueles que muitas vezes concordam comigo não me provocam grande emoções: acho que se concordam comigo, então é porque devo ter dito algo óbvio, sem grandes motivos de alegria apenas por haver alguém a concordar com as minhas ideias.
Gosto imenso de ouvir as opiniões contrárias às minhas, pois isso permite-me pensar nos meus argumentos, ver se estão verdadeiramente solidificados. Se não são inabaláveis.
Por isso, aqui respondo ao Guerra e Pás: "Kill Bill" pode não ser o melhor filme de Quentin Tarantino, mas apenas porque não é como os outros três, daí­ que ele tivesse colocado no tí­tulo a menção ao "4º filme". Não é como os outros, mas o tempo nos dirá.
Concordo que seja um exercício de estilo e, quanto ao facto de dizer que está mal filmado, devo dizer que não me preocupei com o caso (se bem que acho que a cena da luta no restaurante tem duas décimas de segundo a mais...) Mas, agora compara-se o realismo da cena com a fantasiosa luta similar do segundo "Matrix"... É grande a diferença.
As cores de Tarantino estão lá. A banda sonora está lá (e já roda por aí­... No sábado à  noite, durante o desfile de Nuno Gama, no Portugal Fashion, a música era do "Kill Bill").
Para quem também gosta de banda desenhada, estão lá os desenhos e planos de Frank Miller, melhor do que no próprio filme do "Daredevil" (esse sim, uma desilusão) e ainda as motos do "Akira".
O filme é parco em diálogos, que sempre foi a marca registada do realizador. Mas, tem aquela excelente cena de abertura quando a criancinha chega da escola e ainda quando Uma encontra o fabricante de espadas samurais pela primeira vez. Diálogos que valem por muitos.
Digo ainda que nem sequer sou grande apreciador de filmes de lutas. Por isso, como gostei do filme, achei que ele nem sequer é de lutas.
Cada imagem é uma imagem. É Tarantino. Melhor ou pior do que os outros? Apenas diferente e ainda bem. Não tem história? Não tem drama? Não tem personagens?
Aconselho a ver o filme uma segunda vez. Vejam se isso importa. Confesso que gostei de andar para trás e para a frente na história, como sempre fez Tarantino. À descoberta. A grande jogada de Tarantino é dar-nos tudo, mas na ordem natural das coisas: aos solavancos. Adoro.
E devo dizer que estou "mortinho" para "matar" o meu tempo a ver o próximo...

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