O problema da República da Grécia
Ainda sobre os comentários que tenho recebido - e ouvido - sobre a minha visão do que se passa na Grécia, reproduzo a opinião de um leitor:
"Antes de mais quero agradecer a resposta ao meu desafio de comentário sobre a situação que se vive na Grécia. Tratou-se de um teste, não com efeitos de avaliação de carácter, digamos antes uma radiografia ao que já há algum tempo tenho lido neste e outros blogs. E confirmou as minhas suspeitas. O paciente é definitivamente português até ao tutano.
Se por um lado demonstra e expõe situações que muitos chamariam de bom grado 'teorias da conspiração', tentando investigar e aprofundar os assuntos com objectividade própria de um jornalista, por outro revela uma faceta de preconceito e até 'auto-censura' quando a realidade começa a ter contornos bem definidos e assusta, atemoriza o cidadão menos informado... O que não é o caso! Ambos sabemos que na Grécia estamos a assistir a um levantamento popular desorganizado, não apenas contra a repressão policial, mas contra esta forma deturpada de democracia que lentamente nos foi imposta em substituição da res publica.
Mas compreendo o receio de fazer eco do que se está a passar naquele estado da União Europeia, a contestação e a violência poderia (e vai, a meu ver) extravasar fronteiras e seria o fim dos nossos dias felizes, neste cantinho esquecido da Europa...
É preferivel uma atitude do género
'Eles que se entendam, nós depois logo vemos...'
Um pouco como o tema dos Deolinda: 'Agora não me dá jeito. Eu depois vou lá ter.'
Definitivamente português até ao tutano.
Mas a verdade é que não é isso que me incomoda. O que realmente me incomoda é a imprensa portuguesa, tirando pequenas excepções, não estar sequer a informar-nos em absoluto sobre um Estado que pertence à 'União' Europeia. É um acontecimento absolutamente fora do normal dentro da União Europeia e a cobertura do mesmo é uma constante repetição da noticia da morte do adolescente às mãos da policia e do grupo de 'anarquistas' que andam a pilhar Atenas e a destruir tudo à sua passagem?! JORNALISMO, FRED, JORNALISMO A SÉRIO!!! Porque as pessoas na ignorância podem revoltar-se cegamente contra tudo e todos".
O leitor tem toda a razão. E eu, como jornalista, estou espartilhado. Agora, dentro daquilo que é possível dar a saber, e ainda daquilo que aprendi aqui neste cantinho da Europa, longe de tudo, mas obrigado a ter de conviver com todos os outros países da UE, deixo algumas informações sobre a história recente daquele país. Para que percebam a génese da actual Res Pública grega que, ò coincidência!, começou quando um referendo à monarquia acabou por ser contestado e levou instaurar uma ditadura, os estudantes revoltaram-se e acabaram com o regime dos militares... Pois, é, a Grécia, tão longe e, no entanto, tão perto de nós... E o ontem tão longe, e no entanto tão presente...
In June of 1973 Papadopoulos calls a referendum on the monarchy and the establishment of a parliamentary republic, granting amnesty to many political prisoners, including Alexander Panagoulis, the man who had tried to assassinate him. He appoints himself president, forming a government with veteran politician Spyros Markezinis to lead the country toward elections. The junta seemed to be liberalizing itself though it could not convince the youth who are becoming more outspoken. It is obvious that the plan is for the elections to legalize the dictatorship. In November students begin to gather at the Athens Polytechnic following protests and clashes with police at a memorial service for George Papandreou. From this point on for the youth of Greece it is simple. The government is the enemy and this is war.
"Antes de mais quero agradecer a resposta ao meu desafio de comentário sobre a situação que se vive na Grécia. Tratou-se de um teste, não com efeitos de avaliação de carácter, digamos antes uma radiografia ao que já há algum tempo tenho lido neste e outros blogs. E confirmou as minhas suspeitas. O paciente é definitivamente português até ao tutano.
Se por um lado demonstra e expõe situações que muitos chamariam de bom grado 'teorias da conspiração', tentando investigar e aprofundar os assuntos com objectividade própria de um jornalista, por outro revela uma faceta de preconceito e até 'auto-censura' quando a realidade começa a ter contornos bem definidos e assusta, atemoriza o cidadão menos informado... O que não é o caso! Ambos sabemos que na Grécia estamos a assistir a um levantamento popular desorganizado, não apenas contra a repressão policial, mas contra esta forma deturpada de democracia que lentamente nos foi imposta em substituição da res publica.
Mas compreendo o receio de fazer eco do que se está a passar naquele estado da União Europeia, a contestação e a violência poderia (e vai, a meu ver) extravasar fronteiras e seria o fim dos nossos dias felizes, neste cantinho esquecido da Europa...
É preferivel uma atitude do género
'Eles que se entendam, nós depois logo vemos...'
Um pouco como o tema dos Deolinda: 'Agora não me dá jeito. Eu depois vou lá ter.'
Definitivamente português até ao tutano.
Mas a verdade é que não é isso que me incomoda. O que realmente me incomoda é a imprensa portuguesa, tirando pequenas excepções, não estar sequer a informar-nos em absoluto sobre um Estado que pertence à 'União' Europeia. É um acontecimento absolutamente fora do normal dentro da União Europeia e a cobertura do mesmo é uma constante repetição da noticia da morte do adolescente às mãos da policia e do grupo de 'anarquistas' que andam a pilhar Atenas e a destruir tudo à sua passagem?! JORNALISMO, FRED, JORNALISMO A SÉRIO!!! Porque as pessoas na ignorância podem revoltar-se cegamente contra tudo e todos".
O leitor tem toda a razão. E eu, como jornalista, estou espartilhado. Agora, dentro daquilo que é possível dar a saber, e ainda daquilo que aprendi aqui neste cantinho da Europa, longe de tudo, mas obrigado a ter de conviver com todos os outros países da UE, deixo algumas informações sobre a história recente daquele país. Para que percebam a génese da actual Res Pública grega que, ò coincidência!, começou quando um referendo à monarquia acabou por ser contestado e levou instaurar uma ditadura, os estudantes revoltaram-se e acabaram com o regime dos militares... Pois, é, a Grécia, tão longe e, no entanto, tão perto de nós... E o ontem tão longe, e no entanto tão presente...
In June of 1973 Papadopoulos calls a referendum on the monarchy and the establishment of a parliamentary republic, granting amnesty to many political prisoners, including Alexander Panagoulis, the man who had tried to assassinate him. He appoints himself president, forming a government with veteran politician Spyros Markezinis to lead the country toward elections. The junta seemed to be liberalizing itself though it could not convince the youth who are becoming more outspoken. It is obvious that the plan is for the elections to legalize the dictatorship. In November students begin to gather at the Athens Polytechnic following protests and clashes with police at a memorial service for George Papandreou. From this point on for the youth of Greece it is simple. The government is the enemy and this is war.
Etiquetas: democracia, Grécia, referendo
2 Comentários:
Grecia 1974; Portugal 1974; España 1977.......
A grécia está a ser rebentada de proposito, através de um levantamento juvenil.
Vocês acham que os putos, conseguem fazer aqueles túmultos sozinhos sem ninguém por detrás ?
Atenção que a principal fonte de riqueza da Grécia é a sua marinha mercante associada à sua posição geografica no mediterrâneo. O turismo erá cair em detrimento dos paises vizinhos , Croacia e Turquia .
Esperem por uma enorme subida de preços das materias primas e excassez de produtos para o inicio do ano de 2009,e ai a revolta irá alastrar-se à outros paises , como já começou a acontecer!
Portugal no meio disto ainda não sei como ficará , mas vejo que irá seguir a reboque dos acontecimentos , sobretudo em espanha.
Vitor Xelim
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