O jornalista Adelino Gomes, uma figura de referência na Imprensa portuguesa, resolveu abordar o livro de Nuno da Câmara Pereira, "O Usurpador", onde o autor defende que D. Duarte não é o legítimo chefe da Casa Real portuguesa, mas sim o seu primo, o Duque de Loulé.
Começa Adelino Gomes por dizer que "as acusações não são novas. Mas nunca como agora se apresentaram tão directas e tão abrangentes".
Que não são novas, já se sabia, tanto mais que eu também as abordara aqui e aqui. Agora, quando um jornalista do calibre de um Adelino Gomes necessitou iniciar um texto com uma advertência, fiquei logo com os sentidos em alerta: "Ui! Se as acusações não são novas, então por que está o 'Público' a falar delas? Será que o Adelino Gomes vai 'lavar' a imagem de D. Duarte e atacar o livro? Não, não creio. Afinal, é o Adelino Gomes... Bem, deixa-me lá continuar a ler".
O jornalista Adelino Gomes ouviu dois nobres historiadores, Fernando Mascarenhas, marquês de Fronteira e Alorna, Manuel Sousa e Holstein Beck, 4º conde da Póvoa, e ainda o antigo presidente do PPM, Augusto Ferreira do Amaral. A legitimidade de D. Duarte, para o primeiro, é sustentada pelo facto de que "o Senhor D. Duarte Pio é uma pessoa muito aberta e perfeitamente consciente que representa tanto a linhagem absolutista como a liberal". O segundo defende que D. Duarte "foi reconhecido pela última rainha de Portugal, D. Amélia, que aceitou ser sua madrinha de baptismo e no testamento lhe lega os seus bens existentes em Portugal, tendo reconhecido o seu pai, Duarte Nuno, como duque de Bragança". Por fim, Augusto Ferreira do Amaral diz que o seu "anti-miguelismo nunca se opôs nem opõe ao reconhecimento da qualidade de chefe da Casa Real a D. Duarte Nuno, a partir de 1932 e, obviamente, agora a D. Duarte Pio".
Acrescenta ainda o jornalista Adelino Gomes: "A questão dinástica hoje, em Portugal, é vista como um problema 'sem consistência' ou 'francamente menor'. Manuel Beck diz mesmo que a querela hoje não faz 'nenhum' sentido. Os poucos que admitem que possa haver outra linha sucessória, observa o marquês de Fronteira, 'são geralmente os que perderam a 'tineta' ou aqueles a quem foi negada alguma pretensão e ficaram amargurados'. O que acontece, ironiza, 'é que o actual deputado, Nuno da Câmara Pereira, consegue fazer muito estardalhaço mediático'".
Ouvidos ainda dois outros historiadores, Fátima Bonifácio e Nuno Monteiro, permitiu-se concluir que "em Portugal não existe sequer uma 'questão monárquica'" e, que a discussão de quem seria o rei legítimo é "uma questão inteiramente vácua e desprovida de interesse geral".
Termina ainda Adelino Gomes o seu artigo com uma apreciação quanto ao estilo do autor: "Frases sem verbo, uso sem critério do ponto e vírgula, vírgulas entre o sujeito e o predicado, como se Nuno da Câmara Pereira quisesse adoptar o estilo oral dos documentos majestáticos que transcreve".
Ao acabar de ler o artigo de Adelino Gomes percebi, com muita pena, que há jornalistas que não querem ver os dois lados da verdade. Há jornalistas que desconhecem a História do país em que vivem e aceitam ser mensageiros daqueles que têm por missão reescrever a História.
O sentimento absolutista, inspirado por D. Miguel - derrotado e com descendência banida da sucessão da Coroa Portuguesa após a guerra civil de 1832-34 - regressou a coberto da noite salazarista. A data em que tal plano começou remonta a 1932, ao dia 2 de Julho, quando morreu no exílio, em Inglaterra, o último rei de Portugal, D. Manuel II. Uma morte estranha e sem descendência. Nessa mesma altura, em Lisboa, Salazar formava governo.
Um pequeno sinal dessa lavagem da História - destinado a não ensinar aos portugueses de hoje que houve em tempos uma monarquia constitucional ao serviço da República popular - está no endereço do sítio de geneaologia do "Sapo". Constate-se como o nosso D. Pedro IV, Rei de Portugal, bisavô de D. Carlos, é tratado apenas como D. Pedro I Imperador do Brasil. Assim, até parece que nunca foi rei de Portugal, ao contrário do irmão, D. Miguel, apresentado como rei de Portugal quando sempre fora "O Usurpador" - uma vez que só deveria ter sido regente da sobrinha, D. Maria II.
Percebam, por favor, de uma vez por todas o que vai de mal neste país: os seguidores da linha absolutista e miguelista, ilegal e banida em 1834, regressou ao poder em 1932 (com a morte de D. Manuel II no mesmo dia em que Salazar formou governo) e é ela que sustenta actualmente esta forma estranha de República, alegadamente democrática. A questão do regime, precisamente por ser perigosa para muitos poderes instalados - porque fracos são os argumentos em que se sustentam -, é obviamente encarada como "uma questão inteiramente vácua e desprovida de interesse geral".
Parabéns ao Adelino Gomes pelo serviço prestado à Pátria e ainda para todos aqueles que aceitam viver esta forma de República...
"Percebam, por favor, de uma vez por todas o que vai de mal neste país: os seguidores da linha absolutista e miguelista, ilegal e banida em 1834, regressou ao poder em 1932 (com a morte de D. Manuel II no mesmo dia em que Salazar formou governo) e é ela que sustenta actualmente esta forma estranha de República, alegadamente democrática"
ResponderEliminarÓ Frederico, mas perceba, de uma vez por todas, que o mal deste país é acharem que este país tem um mal. O mal deste país é a mentalidade tacanha dos portugueses e o vício de dizer mal por sistema.
Ainda estou à espera de encontrar alguém que escreva "o bem deste país é..."
Parem de se auto-comiserar!!!
O que é verdadeiramente notável é o mentecapto do fadista sem título, a quem certamente lhe faltam umas quantas cadeiras para acabar a quarta classe, conseguir escrever um livro... Isso é que é notável!
ResponderEliminarEssa versão monárquica do Marco Horácio é de ir às lágrimas. E a pose do "piqueno"? Ai se o ridiculo, pelo menos , ferisse...
ResponderEliminarPum, pum!
ResponderEliminarA opinião que os portugueses têm do clero, da nobreza, da realeza, dos monarcas, dos partidos e dos seus políticos democráticos é sobejamente conhecida... E suportada pelo facto de que Portugal só evoluiu quando foi governado por patriotas determinados e independentes de maçonarias ou outros poderes ocultos como Salazar.
ResponderEliminarO único problema disto tudo é que o Duarte Pio muniu-se de "amiguinhos" para o ajudarem na promoção das mentiras e na conservação do trono e, em troca, concede-lhes umas medalhinhas e honras afins.
ResponderEliminarPara que conste: a única sucessora directa da coroa portuguesa foi D. Maria Pia de Saxe Coburgo Bragança, filha do Rei D. Carlos I de Portugal com D. Maria Amélia Laredo e Murca e, consequentemente, irmã do Rei D. Manuel II.
A seu tempo a verdade virá ao de cima e cairão por terra muitos dos monárquicos que andam enganados pela falsa Causa Real Duartina.
A Continuidade da dinastia de Saxe Coburgo Gotha Bragança foi assegurada por SAR a princesa D. Maria Pia de Saxe Coburgo Gotha Bragança e por seu primo sucessor e atual duque de Bragança SAR o príncipe D. Rosário de Saxe Coburgo Gotha Bragança.
ResponderEliminarD. Rosário não necessita de bajuladores baratos, pois seu carisma pessoal e toda sua trajetória vai aos poucos conquistando-nos!!
D. Rosário é sempre será o legítimo Duque de Bragança!!
subscrevo as palavras de Anti Rei Faz-de-Conta "a única sucessora directa da coroa portuguesa foi D. Maria Pia de Saxe Coburgo Bragança, filha do Rei D. Carlos I de Portugal com D. Maria Amélia Laredo e Murca e, consequentemente, irmã do Rei D. Manuel II."
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