20060618

Holofote na "Notícias Magazine"



"NM", nº 734, 18 de Junho de 2006, página 23

Para saber mais: Blog "A Mensagem Brown".

7 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Em grande estilo hein?
Não perca a pedalada agora que lhe estão a dar com os holofotes.
Dê-lhes com força tambem.
(outro abraço)

18 junho, 2006  
Blogger Bruaca disse...

Só tenho uma coisa a dizer:
UAU a essa mão no queixo!

19 junho, 2006  
Blogger CN disse...

Estás bonito!

19 junho, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

Deves andar todo inchado. Fazes bem. Espero que este mediatismo todo também faça vender os livros.
Um abraço
JLD

19 junho, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

Vinícius De Moraes

A Morte de Madrugada

"Muerto cayó Federico"
ANTONIO MACHADO

UMA CERTA madrugada
Eu por um caminho andava
Não sei bem se estava bêbedo
Ou se tinha a morte n’alma
Não sei também se o caminho
Me perdia ou encaminhava
Só sei que a sede queimava-me
A boca desidratada.
Era uma terra estrangeira
Que me recordava algo
Com sua argila cor de sangue
E seu ar desesperado.
Lembro que havia uma estrela
Morrendo no céu vazio
De uma outra coisa me lembro:
... Un horizonte de perros
Ladra muy lejos del río...
De repente reconheço:
Eram campos de Granada!
Estava em terras de Espanha
Em sua terra ensangüentada
Por que estranha providência
Não sei... não sabia nada...
Só sei da nuvem de pó
Caminhando sobre a estrada
E um duro passo de marcha
Que eu meu sentido avançava.
Como uma mancha de sangue
Abria-se a madrugada
Enquanto a estrela morria
Numa tremura de lágrima
Sobre as colinas vermelhas
Os galhos também choravam
Aumentando a fria angústia
Que de mim transverberava.

Era um grupo de soldados
Que pela estrada marchava
Trazendo fuzis ao ombro
E impiedade na cara
Entre eles andava um moço
De face morena e cálida
Cabelos soltos ao vento
Camisa desabotoada.
Diante de um velho muro
O tenente gritou: Alto!
E à frente conduz o moço
De fisionomia pálida.
Sem ser visto me aproximo
Daquela cena macabra
Ao tempo em que o pelotão
Se punha horizontal.

Súbito um raio de sol
Ao moço ilumina a face
E eu à boca levo as mãos
Para evitar que gritasse.
Era ele, era Federico
O poeta meu muito amado
A um muro de pedra-seca
Colado, como um fantasma.
Chamei-o: Garcia Lorca!
Mas já não ouvia nada
O horror da morte imatura
Sobre a expressão estampada...
Mas que me via, me via
Porque eu seus olhos havia
Uma luz mal-disfarçada.

Com o peito de dor rompido
Me quedei, paralisado
Enquanto os soldados miram
A cabeça delicada.

Assim vi a Federico
Entre dois canos de arma
A fitar-me estranhamente
Como querendo falar-me
Hoje sei que teve medo
Diante do inesperado
E foi maior seu martírio
Do que a tortura da carne.
Hoje sei que teve medo
Mas sei que não foi covarde
Pela curiosa maneira
Com que de longe me olhava
Como quem me diz: a morte
É sempre desagradável
Mas antes morrer ciente
Do que viver enganado.

Atiraram-lhe na cara
Os vendilhões de sua pátria
Nos seus olhos andaluzes
Em sua boca de palavras.
Muerto cayó Federico
Sobre a terra de Granada
La tierra del inocente
No la tierra del culpable.
Nos olhos que tinha abertos
Numa infinita mirada
Em meio a flores de sangue
A expressão se conservava
Como a segredar-me: A morte
É simples, de madrugada...

19 junho, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

Divinal.
(o poema e a dedicatória.E...sim,
que as manhãs lhe apareçam serenas.)

20 junho, 2006  
Blogger Gillie disse...

todo janota.... vai uma pessoa pedalar para as serranias e perde estas coisas....

27 junho, 2006  

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