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20050727

Mourinho e as histórias para camelos...

Atenção, aquilo que vou contar a seguir é apenas uma impressão pessoal que merece ser confirmada e devidamente investigada, mas não resisti, mesmo assim, a fazer aqui uma pequena chamada de atenção...
Segundo vi e ouvi há pouco numa reportagem num canal de televisão nacional, que sinceramente não me lembro agora qual, Jorge Costa, o histórico capitão do FC Porto, vai apresentar um livro na segunda-feira, na Ribeira, dedicado aos 15 anos da sua carreira.
Parabéns para ele, que bem merece.
Agora, ouvi uma coisita na mesma reportagem que me deixou com os sentidos em alerta: passou como uma "piada", mas, a ser verdade a minha suspeita, o caso é bem mais sério. No entanto, aviso desde já que posso estar enganado, pois ainda não li o livro e só vou citar de memória a impressão que me ficou daquilo que rapidamente me pareceu ouvir na televisão...
Segundo o repórter, há no livro de Jorge Costa uma passagem, uma "piada", que ocorreu durante a final da Liga dos Campeões de 2004, quando o FC Porto, então treinado por José Mourinho, venceu o Mónaco.
A certa altura, segundo aquilo que me pareceu ouvir na televisão e que virá relatado no livro, Mourinho disse a Jorge Costa para "destabilizar" o avançado espanhol do Mónaco, Morientes, dizendo-lhe para jogar com calma pois sabia que para o ano iria estar a jogar no Chelsea e iria ser treinado por... José Mourinho!
A denúncia surge assim, como uma "piada", mas ninguém diz que o próprio Mourinho sempre afirmou que a sua ida para o Chelsea só foi decidida após a final com o Mónaco, que teve lugar a 26 de Maio de 2004.
Também é certo, que naquela altura, já há muito que se especulava sobre a hipótese de Mourinho se mudar para Londres. Era naquela altura em que se sa falava de um desentendimento com a claque dos Super Dragões...
Esta revelação de Jorge Costa fez-me recordar uma outra coisita... e, esta sim, já investigada e documentada.
Mourinho, afinal, teria mesmo um contrato para ir para o Chelsea ainda antes de saber que iria jogar a final contra o Mónaco. Basta então ir ler o que escreveu Pinto da Costa na sua autobiografia, "Largos Dias Têm 100 Anos", onde relata que Mourinho negociou com Abramovich a sua ida para Inglaterra no restaurante "Camelo", na Apúlia, na véspera de ir jogar a primeira-mão da meia-final da Liga dos Campeões contra o Deportivo da Corunha, no dia 19 de Abril de 2004.
Foi numa altura em que a equipa do Chelsea, então treinada pelo italiano Claudio Ranieri, tinha de ir jogar contra o Mónaco.
Significa isto que iria ser criada uma situação em tudo idêntica àquela que Mourinho, através de Jorge Costa, procurou depois criar na cabeça de Morientes, ou seja, o multimilionário Abramovich viera a Portugal contratar o treinador do seu possível, e na ocasião, muito provável adversário na final europeia, pelo que, conforme explica depois Pinto da Costa na sua autobiografia: "Como insondáveis são os caminhos de Deus, o Chelsea encarregou-se, ao perder por 3-1 no Mónaco e ao empatar 2-2 em Londres, de evitar um possível escândalo que a UEFA teria de analisar...".
O jornal britânico "Daily Mail" leu estas linhas da autobiografia do líder portista e publicou-as a 7 de Dezembro de 2004, exactamente no dia em que o Chelsea, então já treinado por Mourinho e com a passagem garantida para a segunda fase da Liga dos Campeões de 2004/2005, foi jogar ao Estádio do Dragão - naquele mesmo dia em que Pinto da Costa esteve 12 horas a ser interrogado em Gondomar por causa do "Apito Dourado", lembram-se?! -, e "permitiu" que o FC Porto seguisse em frente na Liga dos Campeões ao "deixar" que o anterior clube do seu treinador ganhasse por 2-0...
Resta ainda por dizer que entrevistei o dono do "Camelo" para a "TV Top" (que entretanto fora cancelada pela primeira vez, antes de despedirem o Carlos Narciso na véspera de Natal) e que acabou depois por ser publicada na revista "TV 7 Dias", a 12 de Dezembro de 2004, onde o dono do "Camelo" afirma que não houve qualquer encontro e, naquele dia, o restaurante até estava fechado, pelo o que Pinto da Costa escreve no livro, afinal, é mentira!...
É por isso que eu não gosto das conspirações do futebol: são tão óbvias que, no fim, só nos dão é vontade de rir...

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