Lisboa, 6 de Fevereiro de 2005
Caro estrangeiro,
Começo hoje o meu blogue eleitoral, para lhe dar conta do que se vai passar neste pequeno País atlântico.
Hoje começou a campanha eleitoral destinada a eleger o próximo primeiro-ministro.
As eleições estão marcadas para o dia 20 e, na prática, existem dois candidatos a primeiro-ministro, o social-democrata Pedro Santana Lopes e o socialista José Sócrates.
Vamos ter de escolher entre dois políticos "profissionais". Digo isto porque, desde que há democracia em Portugal, há 30 anos, os governos têm sido repartidos entre os partidos de ambos, PSD e PS.
O país pede, por isso, uma mudança. Mas, Santana Lopes e Sócrates são fruto de aparelhos partidários.
É possível mudar?
Acho que sim. Sócrates já esteve no Governo há três anos. Era ministro do Ambiente do socialista António Guterres. E, olhando para aquilo que ele poderá trazer de novo, para a tal mudança, pouco ou nada conseguimos ver. São os mesmos de há três anos.
O mais provável é regressarmos a um passado estagnado que criou um pântano.
Santana Lopes, por outro lado, apresenta-se como um caso bem mais interessante: ele é "odiado" por uma élite política...
Santana Lopes e o líder do PP são actualmente primeiro-ministro e ministro da Defesa numa coligação que foi feita em 2002, após as eleições ganhas pelo então líder do PSD, Durão Barroso. Porém, Durão Barroso foi convidado para presidente da Comissão Europeia, em Junho passado, e Santana Lopes, que era presidente da Câmara de Lisboa e número dois do PSD, acabou por ser escolhido para líderar o governo. E, durante quatro meses, foi atacado por todos os lados, até que o Presidente da República decidiu convocar eleições antecipadas.
A Santana Lopes faltava a legitimação do voto.
Mas, na minha opinião, ele foi atacado porque ousou querer mudar.
É que não era suposto ele chegar a ser primeiro-ministro.
Nem ser candidato a tal.
Aquilo viera-lhe do céu, contra todos os planos do computador da política.
Até mesmo dentro do seu partido.
E foi de dentro do seu partido que vieram alguns dos grandes ataques contra o seu governo.
Todo o mais pequeno engano de Santana era amplificado pelos jornalistas e transformado num grande escândalo. Como nunca se vira no pior tempo do pior governo em que esteve José Sócrates.
Só por causa daqueles que atacaram Santana Lopes é que acho que ele poderá mesmo trazer a mudança que o país tanto necessita.
Os que o atacam são aqueles que há muito que estão a mais.
Apesar de Santana estar na política há 30 anos, nunca foi devidamente considerado e agora tem uma oportunidade para mostrar o que vale. Para mudar.
Ele precisa da legitimidade do voto para mostrar que pode mudar Portugal.
Mas, vai ser difícil e temo que regresse o caminho para o pântano.
À medida que a campanha avançar, irei dar-lhe mais notícias.
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