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20140113

Sócrates e a falência do jornalismo

Fui criticado por "atacar" o ex-primeiro-ministro José Sócrates ao apontar um alegado engano da sua parte quando, na semana passada, relatou no espaço semanal da RTP uma memória de infância relacionada com o jogo do Mundial de 1966, Portugal-Coreia do Norte. Disse ele então que saiu de casa quando Portugal perdia por 3-0 e, acaminho da escola, ia ouvindo pelas ruas da Covilhã os golos até que, quando chegou à escola, foi uma explosão de alegria com a vitória de Portugal. Apontei então o facto do jogo ter sido num sábado e que que poderia dar-se o caso de não haver aulas. Muitas críticas vieram reclamar que ao sábado havia aulas - embora o jogo tivesse começado às 15 horas e, mesmo com aulas ao sábado, estas, normalmente, acabavam à hora do almoço - havendo ainda o facto de ser férias de Verão: o jogo foi a 23 de Julho. Enfim, ontem à noite, novamente na RTP, Sócrates garantiu que disse que ia para a escola para jogar futebol com os amigos. E a jornalista Cristina Esteves não o interpelou e não disse que isso era um engano - para não dizer mentira - já que, nas declarações que estão gravadas, o ex-primeiro-ministro nunca explica o que o levou a ter de ir para a escola naquele sábado, a meio do jogo. É verdade que ele também nunca disse que ia para a escola porque tinha de ir para as aulas. Mas, se teve de sair de casa a meio de um jogo onde Portugal estava a perder, então isso deveu-se ao facto de que era obrigado a ter de sair de casa para ir para a escola - pelo que a possibilidade de ter aulas era a mais óbvia - ou então não acreditava na reviravolta de Portugal e foi jogar à bola. E não o quis dizer ou esqueceu-se de dizer que era para jogar à bola. Mas, se há uma semana houve um lapso de memória com quase 50 anos de distância, esta semana houve um segundo lapso de memória com apenas uma semana de distância. No entanto, a culpa nem é de Sócrates: é dos jornalistas que o deixam enganar-se ao vivo e, depois, somos nós todos, asociedade, que acaba vítima dos enganos pelos políticos que os jornalistas deixam passar.

O vídeo do engano de ontem que a jornalista deixou passar... http://youtu.be/g7JYZe5xMiA

4 comentários:

  1. O mesmo anónimo.

    'É verdade que ele também nunca disse que ia para a escola porque tinha de ir para as aulas.'

    conclusão-> não mentiu .

    Deixe-se de teorias, resuma-se a factos.

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  2. Caro anónimo, eu também nunca disse que ele ia para as aulas. Apenas constatei o facto de ser um sábado e ele ir para a escola. E ainda bem que o fiz, pois ele veio agora esclarecer que não havia aulas, mas ia para aquele local de estudos para jogar futebol. Factos. Ah! E mentiu ontem quando disse que dissera na semana passada que ia para a escola jogar futebol. Facto: não disse.

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  3. Renato Portugal14 janeiro, 2014

    E quer agora o Sr. "Eng.º" fazer-nos acreditar que alguém que gostava de futebol ia, num jogo dos quartos-de-final do Campeonato do Mundo, em que Portugal estava a jogar, não querer ver ou ouvir tal jogo (todo, ainda que Portugal estivesse inicialmente a perder)?...

    (Só torcem os supostos fãs de uma equipa por ela quando esta está a ganhar?!)

    Queixa-se o Sr. "Eng.º" da "falta de nível"...

    E andar a mentir, a torto e a direito, no decorrer da sua actividade política (e até sobre uma suposta licenciatura - que, na verdade, não se fez) não é "baixo nível"?

    (Ou já estou eu, para aqui, mas é a tentar manchar o "bom nome" - como diz o seu colega do PS, António Vitorino - do Sr. "Eng.º"?)

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  4. Esta Sócrates que joga à bola na escola, deve estudar no campo de futebol.
    Gostava de saber quais os colegas que perderam o jogo Portugal Vs Coreia do Norte de 1966 para irem para a escola jogar à bola!!!
    Foi marcar penaltis conta o Patrão. E mais, como estava a 100 metros da escola, foi dar a volta à Covilhã, pois demorou perto de 70 minutos a chegar para depois andar aos pulos e abraços com o Patrão.
    Enfim, somos um País de cegos guiados por loucos.

    Atenciosamente
    JPA

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