Blogue do jornalista Frederico Duarte Carvalho, com coisas que tanto faz que se saibam porque em nada servem para o que sabemos. e-mail: paramimtantofaz@gmail.com
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20120606
Como fazer uma investigação secreta...
Em 2003, o então director do "Expresso", José António Saraiva, actual director do "Sol", publicou este livro de memórias...
Na página 203, divulgou como e quando Pinto Balsemão conheceu Emídio Rangel, o futuro director da sua televisão privada, SIC.
Saraiva, apesar de não mencionar a data em concreto em que esta história se terá passado, forneceu, no entanto, informações necessárias para establecer com exactidão o dia da semana, mês, ano e até as horas em que tudo aconteceu. Repare-se como é extremamente fácil lá chegar: "Em fins de 1988", começou por dizer, establecendo um período de tempo que podemos calcular como sendo aproximado entre os meses de Outubro a Dezembro. Depois, acrescentou o detalhe que foi durante a "segunda edição do 'Prémio Pessoa'", o que acabou por limitar a data para o mês de Novembro de 1988, altura em que o poeta António Ramos Rosa ganhou o "Prémio Pessoa". Afirma Saraiva que esteve no jantar que antecede a reunião do júri e que "se realiza sempre na noite de quarta-feira, reunindo o júri já durante todo o dia de quinta". Através de uma consulta aos arquivos do "Expresso" - em consulta livre na Hemeroteca de Lisboa - podemos comprovar que o "Prémio Pessoa" de 1988 foi anunciado na manhã de sexta-feira, dia 11 de Novembro de 1988, cuja notícia seria publicada no "Expresso" do dia seguinte, sábado, 12 de Novembro...
Portanto, qualquer pessoa poderá ser perfeitamente capaz de establecer, de uma forma legal, que, na noite de quarta-feira, dia 9 de Novembro de 1988, durante um jantar em Seteais, Pinto Balsemão terá pedido ao director do "Expresso" que evitasse a publicação de uma notícia sobre si no "Tal&Qual" dessa semana. No dia seguinte a este pedido, na quinta-feira, dia 10 de Novembro de 1988, o grande arquitecto Saraiva reuniu-se com Emídio Rangel, à hora do almoço, no restaurante "Pabe", ao lado da então sede do "Expresso", na rua Duque de Palmela. Depois dessa reunião, Emídio Rangel terá contactado a direcção do "Tal&Qual" que, em Novembro de 1988, funcionava ali perto, na rua Rodrigo da Fonseca, conforme está registado na ficha técnica da edição publicada no dia seguinte, sexta-feira, 11 de Novembro de 1988...
E, depois de ler toda a edição, confirmo que o nome de Pinto Balsemão não foi publicado em nenhuma notícia.
E qual era a hipotética noticia?
ResponderEliminarNão adivinhas?
ResponderEliminarBildeberg?
ResponderEliminarIsto é incrível...
ResponderEliminarE mete nojo saber o quão controlada está a imprensa neste país...
E como é que o Balsemão sabia que iria ser publicada uma notícia sobre ele e também o conteúdo da mesma?
Não estou a ver o repórter que o iria denunciar na suposta notícia a ser ele próprio a anunciá-lo antecipadamente ao Balsemão...
Falou o repórter com alguém que o "traiu"?
Se falou com alguém acima dele na hierarquia, essa mesma hierarquia teria logo intervido directamente. E não haveria necessidade desta jogada indirecta.
Falou o repórter com algum colega, ao mesmo nível, que o traiu? Foi alguma das suas fontes que o denunciou? (E fariam estes hipotéticos agentes parte de alguma rede, da qual faz parte Balsemão?)
Estava este jornalista a ser vigiado? Tinham alguns amigos de Balsemão acesso regular ao computador deste jornalista, através de alguma porta dos fundos?
Qualquer uma das respostas revela um cenário de vigilância e controlo nada agradável.
Eu já desconfiava - pelos colaboradores que tem e pela cobertura que faz da temática do Clube Bilderberg - que o "Sol" fosse mais uma publicação controlada.
E com esta colocação ficou essa mesma suspeita ainda muito mais forte...
Compreendo que seja demasiado descarado e revelador tentar abafar uma jornalista séria e honesta, como a Felícia Cabrita, que queira expor algo como o caso "Face Oculta". Mas compreendo também, acima de tudo, que o problema do controlo está, como sempre, no topo das hierarquias - e nas hierarquias em si. Fossem os jornais autogeridos pelos próprios jornalistas e restantes trabalhadores, fosse tudo feito às claras e de modo transparente e fossem as decisões tomadas por consenso e de modo horizontal, em assembleias, não havia cá este tipo de jogadas.
Mas isto, claro... Sou eu que estou, mais uma vez, errado e a sociedade toda que está certa...
Felicia Cabrita!!!
ResponderEliminarFernando, looollll
O que tem a Felícia Cabrita?
ResponderEliminarAh... Suponho que seja por causa do caso "Casa Pia".
ResponderEliminarO "Casa Pia" foi muito bem montado e tem sido bem gerido. Até eu próprio me deixei enganar.
Não acredito que esta jornalista esteja conscientemente a fazer parte do engodo, mas que tenha sido mais uma das pessoas que engoliu a mentira.
e quem era a secretária, afinal?
ResponderEliminarCaro Anónimo
ResponderEliminarÉ fácil!
Fernando Negro
ResponderEliminarNão é o único processo que a Felicia tem em mãos, não acaba é nenhum...