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20111215

Jornalismo cibernético à moda da "Sábado"

A edição "on-line" da revista "Sábado" publicou ao início da tarde de hoje, quinta-feira, uma notícia na secção "Obrigatório ler" sobre uma jovem e promissora actriz inglesa, Lucy Gordon, que fora encontrada morta no seu apartamento de Paris, suspeitando-se de suicídio...



Só que a notícia acabaria por ser retirada minutos depois, quando, nas redes sociais, os leitores reagiram e fizeram notar que a "Sábado" estava a colocar em destaque uma notícia com mais de dois anos de atraso, pois Lucy Gordon morrera a... 20 de Maio de 2009! A "Sábado", no entanto, não teve depois a decência de explicar aos leitores o que se passara e não creio que tenha publicado uma nota de desculpa com a explicação lógica daquele engano. Procurei tentar perceber como é que aquilo aconteceu. Em conversa, percebi que essa coisa maravilhosa que serve de comunicação entre muitos seres humanos, e que dá pelo nome de "Facebook", tem uma aplicação que regista os artigos que uma pessoa consulta na Internet. Assim, se eu consultar um artigo, os meus "amigos" vão saber que o fiz. E, alguns deles, terão a curiosidade de espreitarem o que estive a ler. Por sua vez, os "amigos" dos meus "amigos", acabam por fazer o mesmo, pelo que, passado um bocado, esse artigo torna-se num dos mais consultados da Internet. Muito provavelmente, o artigo até pode não interessar a ninguém, excepto a mim, que fui o primeiro que o consultou. Entretanto, se um desses "amigos" calhar ser jornalista, irá analisar o interesse público do conteúdo e decidir se o mesmo merece ou não ser noticiado. Ora, soube que, horas antes do texto da "Sábado" ter sido publicado, andava a circular um artigo do jornal inglês "The Independent" com o título British actress found dead in Paris flat. Era a notícia da morte da actriz Lucy Gordon, datado de 22 de Maio de 2009. Vendo depois o texto da "Sábado", facilmente se constata que se trata de uma mera tradução e adaptação das informações do artigo inglês. Ou seja, quem escreveu o texto na "Sábado" nem sequer fez uma simples busca "on-line" sobre a actriz no sentido de acrescentar "mais-valia" à informação da fonte original. Se o tivesse feito, notaria logo que havia algo de errado na data da morte. Assim, limitou-se a pegar naquele texto em inglês, traduziu-o, adaptou-o e... publicou-o. Isto não é jornalismo. É algo muito mais preocupante: uma revista que ainda há tempos denunciava a ignorância dos universitários, revela ser ela própria uma fonte de ignorância.

4 comentários:

  1. ahahah
    Isto é o cúmulo da incompetência jornalística neste país...

    Presumi logo e confirmei. Esta "Inês Alves" tem 25/26 anos. Ou seja, é uma recém-licenciada, pertencente à geração ignorante e mais estupidificada que nunca, que foi objecto da referenciada reportagem...

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  2. E quando é impresso e não podem apagar? :)

    http://jonasnuts.com/415176.html

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  3. Ha tantos burros mandand
    em homens de inteligencia,
    que às vezes fico pensando
    se a burrice será ciencia

    Directa para Redacção da Sábado

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  4. «No entanto a intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada. Não é uma existência,é uma expiação.»
    Eça, 1871

    não preciso dizer mais nada...

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