Páginas

20110628

"A mim, pagam-me os portugueses"

Cavaco Silva, virou-se para o banqueiro espanhol Mario Conde e disse-lhe que não. O governo português não iria autorizar a venda do banco Totta&Açores a um cidadão do país vizinho, pois, justificou, era "uma jóia de Portugal, uma peça-chave do sistema financeiro português". Portanto, não iria ser privatizado para cair em mãos espanholas, acrescentou o então primeiro-ministro português. Mario Conde não desistiu perante o argumento: "Compreendo. Para nós, também é uma jóia e foi por isso que o comprámos. Sabemos que é português, mas trata-se do Mercado Único...". A conversa teve lugar a 20 de Julho de 1993, em S. Bento. Para além de Cavaco e Conde, havia uma terceira pessoa presente, mas o banqueiro não a sabe identificar. Contudo, não seria alguém ligado às finanças, Banco de Portugal nem ministério da Economia. Cavaco deixara uma primeira sensação em Mário Conde: "Altivo, orgulhoso, distante, com soberbia". Para o primeiro-ministro português, pouco interessava o argumento de que Portugal estava num mercado financeiro sem fronteiras. Interrompeu o banqueiro espanhol e disse-lhe: "Olhe, uma coisa é falar do Mercado Único, outra é viver a política de cada dia. A mim, pagam-me os portugueses e vou fazer o que seja bom para Portugal". O banqueiro espanhol sentiu que revisitava a batalha de Aljubarrota. Um importante negócio financeiro não poderia avançar porque o primeiro-ministro de Portugal não queria espanhóis à frente de uma histórica instituição bancária portuguesa. Mario Conde ainda tentou explorar o clima de confronto entre Cavaco e o então Presidente da República Portuguesa, Mário Soares. Como tinha a informação de que o Presidente português era amigo do Rei de Espanha, o banqueiro fez as malas e foi pedir ajuda ao seu monarca, que estava a participar nas festas do "Jacobeo 93", em Santiago de Compostela. Mas, de pouco valeu essa intervenção real e presidencial, pois o primeiro-ministro português acabaria por criar uma disposição legal que destruiu definitivamente as ideias do banqueiro espanhol. E desabafa Mário Conde: "Os verdadeiros anti-europeístas são eles", esses políticos que dizem uma coisa em público e depois outra em privado. Sobretudo frases como aquela de "a mim, pagam-me os portugueses". E, afinal, ainda hoje continuamos a pagar-lhe. Viu-se isso com o BPN, não se viu, senhor Presidente da República?

A história que aqui conto é uma adaptação da versão mais longa e detalhada que o próprio Mario Conde revela na sua mais recente obra biográfica...

6 comentários:

  1. O Cavaco é um gajo de tomates. Só quando ele saiu do governo é que os espanhóis conseguiram comprar o Totta.

    ResponderEliminar
  2. Mario Conde ama y entiende a Portugal y a los portugueses

    ResponderEliminar
  3. Julio Iglesias ama y entiende a Portugal y a los portugueses

    ResponderEliminar
  4. Portugal es como los cementerios, muy bonito pero nadie quiere quedarse allí.....(Frase del cómico catalán Andreu Buenafuente, en La Sexta, noviembre de 2010)

    ResponderEliminar
  5. Grande Parte da familia de Mario Conde ,é Portuguesa.Primos , sobrinho e tios vivem em Lisboa! Quereria M.Conde algum mal aos Portugueses ?

    ResponderEliminar
  6. Mario Conde quiere a Portugal; admira la gran ciudad de Viana do Castelo o do Minho

    ResponderEliminar