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20100109

República dos alegres

Neste momento tão grave de crise económica mundial, quando se esperam medidas políticas sérias para superar a crise económica, o que se discute para 2010?
Quando o desemprego aumenta, a produtividade diminui, o endividamento asfixia os consumidores e o Estado é cada vez mais despesista com o dinheiro dos contribuintes sem pensar nas gerações do futuro, quando os investimentos revelam-se faraónicos e sem planos de sustentação, quando as cidades do interior assistem a surtos de emigração para o litoral e o país perde os seus cidadãos mais válidos que partem para trabalhar em outras nações, o que se discute para 2010?
Discute-se se o próximo Presidente da República deve ser de um partido de direita ou de esquerda. Discute-se quem deve liderar a Oposição ao governo e, na ausência de soluções, em vez de as exigir aos partidos, discute-se se essa oposição não deverá partir de quem ocupa o assento da cadeira de Belém. Discute-se, portanto, a política ao mais baixo nível, dando assim um triste sinal do que se pode esperar dos festejos de uma República desgastada por 100 anos de medos, enganos e sombras.
Só um Chefe de Estado reconhecidamente isento e livre de cartões partidários ou de amizades políticas poderá proporcionar a Democracia necessária ao bom funcionamento de uma Nação do tamanho de Portugal. Portugal é uma nação pequena em dimensão física, mas grande nas possibilidades oferecidas pelos seus recursos naturais - desde que sejam bem geridos -, reconhecida mundialmente nos feitos da sua história e da identidade cultural e linguística.
Sejamos sérios: a discussão sobre qual o melhor regime para Portugal não é uma questão estéril. É possível uma Nação europeia, no Século XXI, desde que queira o seu povo, transitar pacificamente para a Monarquia porque considera que esse é o regime político que melhor lhe permitirá enfrentar os desafios do futuro. E não é vergonha nenhuma para a República reconhecer que tem falhas e que o actual sistema não trás benefícios para Portugal.
Se a República permanecer nesse engano, então que tenha a coragem de, nestas celebrações, questionar-se se não seria melhor ser verdadeiramente presidencialista do que manter uma situação semi-presidencialista que, já se viu, não permite o avanço do País.
Caso contrário, o que vai celebrar esta República? Vai celebrar lutas fratricidas entre republicanos que, como principal consequência foi permitir quase 50 anos de ditadura? O vai celebrar o facto de que a principal conquista do 25 de Abril de 1974, a Democracia, ainda está longe de ser Democracia plena?

1 comentário:

  1. Muito bem visto!
    Parece que anda tudo a dormir, ou a entreter-se com os acessórios!

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