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20091130

O Francisco aprende a pagar a crise

"As recolhas deste fim-de-semana feitas em Portugal pelos voluntários dos Bancos Alimentares Contra a Fome atingiram 2498 toneladas de alimentos, superando em 30,9 por cento as 1908 toneladas obtidas em Novembro de 2008, anunciou a organização".

Será que isto significa que:

1 - Apesar da crise, houve mais pessoas a dar alimentos?

2 - Apesar da crise, as mesmas pessoas que deram alimentos no ano passado decidiram agora dar um pouco mais?

3 - Apesar da crise, as poucas pessoas que ainda conseguem dar alimentos decidiram dar muito mais do que todas aquelas que deram no ano passado?

4 - O medo que a crise criou junto dos consumidores fez com estes decidissem ser mais solidários de forma egoísta a pensar que, um dia destes, podem ser eles a necessitar daquela comida e esquecem-se que, se há mesmo fome em Portugal - envergonhada ou não -, isso é da responsabilidade dos governantes e não de uns quantos voluntários solidários que, por não terem mais nada para fazer, decidem esquecer o ditado chinês do “não dês um peixe a quem tem fome, ensina-o a pescar”, apenas para se sentirem bem do ponto de vista pessoal quando, na realidade, estão a ajudar a agravar a situação social, pois assim nunca mais há a revolta da classe média? Sendo ainda de acrescentar que, provavelmente, este ano, houve mais voluntários - entre crianças e reformados, também pessoas com medo de cair na desgraça que conta, ao ser voluntário, poder no futuro vir a beneficiar da comidinha que ali pingar - e uma maior disponibilidade do número de supermercados onde foram feitas recolhas - e que assim lucram mais uns euros com as compras extras.


Foto: Lisa Soares/"JN".

7 comentários:

  1. Se calhar foram os nossos governantes que devem estar com problemas de consciencia...

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  2. Meu caro, neste caso o ditado não deve ser "não dês um peixe a quem tem fome, ensina-o a pescar", porque, como é sabido, os rios têm vindo a secar.

    O ditado deve ser: «Toma lá um peixe e anda comigo estripar os tipos que andam a construir os diques que secam os rios e que guardam todo o peixe apenas para eles».

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  3. Gostei da análise. Fria e contundente.

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  4. Eu só quero criticar esta iniciativa do banco alimentar porque continuo a achar que sim, até se deve ajudar, mas porque carga de água é que tem de ser o consumidor a comprar uns sacos de feijão (que quem lucra são os hipermercados!) e não são os próprios hipermercados a dar a comida??
    Ora que raio! querem que eu suba as vendas de feijão do continente que tem milhões e milhões de lucro todos os dias??
    Eles que criem um banco alimentar!
    Só há uma palavra para isto:
    CAPITALISMO!

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  5. Também não devem ser milhões e milhões por dia.......

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  6. Eu não dou um tostão a essas organizações que querem por-nos preocupados com a fome quando eles no exercicio dos seus cargos desbaratam milhões ao pais:

    Sabem quantos quilos de feijão se podia comprar com as despesas judiciais do Caso casa pia ?
    E a corrupção nas compras dos submarinos; Dos helicopteros, etc

    Para não falar do Caso BPN !!

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  7. O Gajo da sucata que ofereceu uma caixa de robalos ao Vara é que estava verdadeiramente preocupado com a fome!!!

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