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20090312

O "Tal&Qual" não fazia "pactos de silêncio"...

Na continuação da denúncia sobre a falta de liberdade no jornalismo, Carlos Narciso lembrou a crónica "Pactos de Silêncio", escrita por Mário Crespo no "Jornal de Notícias" de 29 de Setembro do ano passado. O texto era sobre o escândalo das casas da Câmara de Lisboa. Recorde-se que, por exemplo, a vereadora do PS responsável pela Acção Social da Câmara de Lisboa, Ana Sara Brito, apesar de ter uma reforma de 3350 euros "pagava 146 euros de renda à autarquia por uma casa de duas assoalhadas no centro da cidade, na Rua do Salitre"...
Mário Crespo lembrou que o caso não era novidade. Ele próprio levantara a questão em finais de 1989, quando moderou o debate televisivo entre os candidatos à Câmara de Lisboa. Os candidatos, para quem não sabe, eram Jorge Sampaio (agora ex-Presidente da República), Marcelo Rebelo de Sousa (ex-líder do PSD e agora putativo candidato a Presidente da República) e Hermínio Martinho (ex-líder do PRD, partido fundado por inspiração do ex-Presidente da República Ramalho Eanes e que agora é o partido de extrema-direita PNR).
Mário Crespo lembrou na crónica que "havia advogados, arquitectos, engenheiros, médicos, muitos políticos e jornalistas. Aqui aparecia o nome de personagem proeminente na altura que era chefe de redacção na RTP. A lista discriminava os montantes irrisórios que pagavam pelo arrendamento dos apartamentos topo de gama na Quinta do Lambert". E destacou ainda que "confrontados com esta prova de ilicitude, os candidatos às autárquicas de 1989 prometeram, todos, pôr fim ao abuso". E, já agora, lembre-se que quem então ganhou as eleições foi o ex-Presidente da República Jorge Sampaio.
Escreveu ainda Mário Crespo na sua crónica de 29 de Setembro de 2008: "O desaparecido semanário Tal e Qual foi o único órgão de comunicação que deu seguimento à notícia. Identificou moradores, fotografou o prédio e referiu outras situações de cedência questionável de património camarário a indivíduos que não configuravam nenhum perfil de carência especial. E durante vinte anos não houve consequência desta denúncia pública"...
Peço desculpa aos meu leitores pelo atraso, mas aqui está a cópia do artigo de duas páginas do desaparecido "Tal&Qual" - em cuja redacção aprendi muito durante os oito anos em que lá estive. E, sim, para vergonha da República, já lá então estava a história da vereadora Ana Sara Brito, a 15 de Dezembro de 1989...

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