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20080728

Fala quem não sabe, quem sabe não fala

O actual director do semanário "Expresso" assina um editorial nesta última edição onde tece considerações pouco simpáticas em relação ao ex-coordenador da PJ, Gonçalo Amaral...



"Pouco simpáticas" é uma maneira de colocar a situação, quando Henrique Monteiro, na realidade, foi autor de considerações que surpreendem pela dureza e, sobretudo, por muito daquilo que revela sobre quem as proferiu.
Contabilize-se então:

1 - Apesar de trabalhar num semanário que é propriedade de um membro da comissão permanente do grupo Bilderberg, ele ainda só sabe escrever "Bildberg"...

2 - As tais "teorias conspirativas" que Henrique Monteiro alude não existem apenas na Internet. Já foram analisadas em jornais e livros, mas são permanentemente silenciadas em publicações pertencentes a membros desses grupos como é caso do semanário dirigido por Henrique Monteiro.

3 - Gonçalo Amaral não pediu para ser "herói nacional", nem "detentor da verdade". O ex-coordenador da PJ conta no livro uma verdade sobre algo que conheceu por dentro. É um caso policial que Henrique Monteiro não pode conhecer, pois não é essa a sua profissão. A profissão de Henrique Monteiro é certificar-se de que certas verdades susceptíveis de estimular a mente de pessoas menos habituadas a elas - o vulgo leitor - não cheguem à praça pública.

4 - Quanto à "convicção" de Gonçalo Amaral, a mesma baseia-se em indícios que são do conhecimento geral e oficial do público desde que foi divulgado o relatório da PJ. Para mim, que tanto faz, os indícios mais gritantes são as indicações dadas pelos cães, os tais que nunca antes falharam e que voltaram a acertar em casos posteriores ao da Praia da Luz. É claro que há quem não queira ver isso como uma evidência que, somada a outros indícios (testemunhos contraditórios dos amigos, ausência de provas em casa de Murat, possível avistamento do pai de Madeleine a deslocar-se em direcção da praia com a filha ao colo à hora dos factos) indicavam um rumo de investigação que, frise-se, foi interrompido de forma abrupta a 2 de Outubro de 2007 - dia em que Gordon Brown telefonou a Stuart Prior, oficial de ligação entre a polícia inglesa e portuguesa, a perguntar se era mesmo verdade que Gonçalo Amaral já tinha sido afastado da investigação.

5 - Desde o afastamento de Gonçalo Amaral, pouco ou nada se fez no sentido de encontrar o corpo de Madeleine McCann, quer viva ou morta. Não há nenhuma investigação a possíveis raptores, pois o mais importante era encerrar um caso bastante pantanoso. E disso não fala Henrique Monteiro.

6 - Henrique Monteiro pede provas que sustentem a tese de Gonçalo Amaral. A Henrique Monteiro, já ninguém precisa de pedir mais provas.

2 comentários:

  1. Tás tramado... Assim, nunca irás trabalhar no "Expresso"...

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  2. Re: Fala quem não sabe, quem sabe não fala
    1: os soldaditos destas organizações nem sabem sequer que elas existem – a ignorância é uma bênção :)
    2: a mim deu-me a sensação, pelo tom e argumentação, de este senhor não ser tão imune assim a teorias da conspiração – são é outras conspirações, as que ele considera;
    3: de facto, os tiques de sobranceria de alguns senhores jornalistas dão a impressão de dominarem todo e qualquer ofício;
    4: quer dizer, quem tem convicções é Henrique Monteiro, Gonçalo Amaral tem uma tese, fundamentada em factos concretos e na sua competência e experiencia profissionais;
    5. pois não, senão lá teria de “perder a fé na humanidade”; e isso não pode ser! Curiosamente quem o lê (por exemplo, em opiniões sobre as ‘cunhas’ e a tristeza dos comentários, digamos, excessivamente optimistas do PM sobre Angola), julga que talvez não tenha assim tanta fé na humanidade e que talvez já tenha considerado “teorias conspirativas” uma vez ou outra… nesses casos, as ideias de ingerência, manipulação e corrupção não lhe parecem assim tão estranhas. Este facto apenas torna mais estranho este artigo de opinião.
    6 – pois as provas, o tal conjunto de indícios.

    PS - Pelo que tenho visto nas análises limitadas, pouco inteligentes e honestas, quer do caso quer do livro, quando estão disponíveis milhares de páginas de processo para serem estudadas, por parte de alguns dos principais meios de comunicação social portugueses, começo mesmo a considerar a possibilidade de uma espécie de “gag order” … quem sabe, se auto-imposta, para não soar muito conspirativo :)

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