Sem querer, o Daniel Oliveira, do Arrastão, abriu a porta à discussão sobre a pirataria de filmes na net. Ele confessou que já viu um filme que ainda não estreou nas salas de cinema nacionais - foi aquele filme que eu achava que não iria ganhar o Oscar.
Como o Daniel não esclareceu se o viu na inauguração do Fantasporto ou em alguma exibição à Imprensa ou no estrangeiro, supõe-se que terá visto uma cópia descarregada da Internet de forma ilegal... "Shame on you!"
Sou contra a pirataria, mas compreendo que haja quem descarregue filmes da Internet pois consideram que é maior a "pirataria" do actual modelo de comércio dos filmes. Realmente, por que ainda não se pode comprar o DVD de um filme que gostámos à saída da sala de cinema? Como nos concertos da aldeia, onde os artistas vendiam as cassetes após a actuação?
Há dias, por exemplo, fui ao Porto ver o "Sweeney Todd". A sala estava praticamente cheia. Gostei do filme, das músicas e da direcção artística. À saída, ainda mergulhado na magia da película, teria cedido ao impulso consumista e compraria de imediato o DVD do filme. Mas, para poder usufruir de uma forma pessoal do fascínio de mais uma produção de Tim Burton terei ainda de esperar cerca de seis meses.
No mundo moderno já não faz sentido esperar tanto tempo por uma edição em DVD. Não creio que o DVD venha a ser uma alternativa às salas de cinema e ambos comércios podem conviver de forma saudável dentro das regras de mercado.
Quando há dias fui ver o "Haverá Sangue" paguei 6 (seis) euros - era a sala VIP das Amoreiras. Aí está a factura do bilhete para provar...
O DVD deste filme deverá custar cerca de 20 a 25 euros daqui a uns meses. Entretanto, quem o conseguir sacar hoje na Net poupará 30 euros. Agora, pensem no seguinte: e se por metade desse valor, 15 euros, vos vendessem o DVD e oferecessem um ou dois bilhetes de cinema para verem o mesmo filme no grande ecrã, será que iriam perder tempo a descarregar cópias piratas de baixa qualidade da Net? E as salas de cinema não ficariam com mais pessoas a comer pipocas?
Outro exemplo da "pirataria" do mercado do cinema está no facto de, na apresentação de um determinado cartão de crédito de um banco, podermos ter direito a dois bilhetes pelo preço de um. Significa isto que duas pessoas podem assistir ao mesmo filme por apenas 3 (três) euros cada. No dia em que paguei 6 (seis) euros estava sozinho e comentei com a funcionária da bilheteira: "Quer dizer, se eu comprar dois bilhetes pago o mesmo e ainda tenho direito ao lugar ao meu lado livre para pousar o casaco?" Ela, claro, concordou, mas aqui o patego limitou-se a comprar apenas um bilhete... No fundo, isto revela que o preço dos bilhetes andam inflacionados porque, na realidade, podem ser vendidos a metade do actual preço. E o mesmo acontece com o mercado dos DVDs.
Acredito que mais bilhetes de cinema e mais DVDs seriam vendidos se as pessoas pudessem comprar o DVD de um filme recém-estreado com direito a ir vê-lo no grande ecrã. Ou que na apresentação do bilhete de cinema beneficiasse de um desconto na compra do DVD. Isso seria a favor do consumidor que poderia visualizar filmes com qualidade e a preços mais baixos, mas também a indústria, que fazia negócio mais depressa e com maior impacto emocional juntos dos clientes.
É apenas uma proposta, nada mais.
Ora aí está uma boa ideia. Espero que alguém a leia e a aproveite :)
ResponderEliminarOs cinemas perdem clientes porque o preço que cobram é alto relativamente À qualidade oferecida. Há poucas salas de cinema em que se possa apreciar o filme sem termos de ouvir grupos de marginais a interromper, a mandar bocas ou simplesmente a entrar sem pagar bilhete, termos de esperar que as luzes se acendam, "revistar" as pessoas e descobrir que quem não tem bilhete são mesmo aqueles que contribuem para os estereotipos dos marginais do nosso país.
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