No início do caso, quando Clarence Mitchell apareceu no Algarve como porta-voz dos McCann, soube-se logo que este ex-jornalista da BBC era um homem de confiança do governo britânico...
Este era também um antigo Correspondente Real, que um dia dissera que a investigação francesa à morte da Princesa Diana "has been nothing other than professional and thorough". Para mim, que tanto faz, pareceu-me então que fora uma reacção natural da parte do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que face a um caso tão mediático envolvendo cidadãos seus, especialmente no estrangeiro e num caso tão trágico e enternecedor como é o desaparecimento de uma criança, mandou um especialista dos média para ajudar aquela família inglesa.
Na altura, registei mentalmente o facto, apenas. Quando o caso começou a mudar de rumo e tudo apontava para a suspeição dos pais, já Clarence Mitchell deixara de trabalhar directamente com o casal de modo a que não parecesse que o governo britânico estivesse a tomar uma posição clara contra o trabalho da soberana polícia portuguesa. Agora, o mesmo homem do governo reapareceu, e em força, ao lado do casal. E a proferir afirmações sérias: "To suggest that they somehow harmed Madeleine accidentally or otherwise is as ludicrous as it is nonsensical. Indeed, it would be laughable if it was not so serious".
Este envolvimento (in)directo de uma figura ligada a Gordon Brown, assim como o de outras personalidades do Reino Unido, não escapou aos olhos da polícia em Portugal, que já manifestou a sua indignação: "Doesn’t Gordon Brown have a job to do? Why is he getting involved in a police investigation? We have a job to do and need space in which to do it. This pressure from politicians is not helping the case".
(Na foto: José Sócrates a trabalhar com Gordon Brown, em Londres, no dia 9 de Julho deste ano - Foto de Ricardo Oliveira, GPM)
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