A sentença do Supremo Tribunal de Justiça que condena o diário "Público" no pagamento de uma indemnização de 75 mil euros ao Sporting por ter publicado, em Fevereiro de 2001, uma notícia verdadeira sobre as dívidas fiscais do clube e que causaram prejuízos à imagem da instituição está, na minha modesta opinião, correctíssima.
Apesar de haver alguns jornalistas que não conseguem entender, a razão é simples: os jornalistas não podem ser desresponsabilizados do seu papel social, mesmo quando publicam notícias verdadeiras!
Concordo que qualquer pedófilo, assassino, violador de velhinhas possa um dia processar os jornais que noticiaram a sua detenção e identidade. Se a lei não atira criminosos para uma prisão perpétua nem os condena à morte (o que acho bem), a mesma lei defende o seu direito à reintegração em sociedade. Os jornalistas, sentados no seu Monte Olimpo, julgam-se senhores da verdade, mas também têm de perceber que essa verdade prejudica aqueles que prevaricaram e que, ainda assim, têm o direito a proseguir com a sua vida uma vez paga a sentença à sociedade. Um direito que a Comunicação Social, com a sua verdade de cariz financeiro, restringe.
Se o "Público" achou por bem publicar aquela verdade sobre o Sporting e nesse dia ganhou dinheiro com o negócio das notícias (sim, vejam que os gratuitos, por exemplo, não publicam notícias que abrem jornais nem incomodam), então não podem censurar a Justiça quando esta os condena no preceito da lei.
A única resposta deveria ser dada com jornalismo, em vez de se armarem em vítimas e desatarem a gritar "censura!".
Se houvesse jornalismo a sério em Portugal em vez das investigações por "encomenda" ou encobrimentos convenientes, o Sporting iria ser investigado na sua acusação. Afinal, quantos sócios abandonaram o clube após a data da publicação da notícia? E quantos novos sócios entraram logo a seguir? E quantos campeonatos conquistou pouco depois da publicação da notícia? As respostas é que deveriam marcar o valor da indemnização...
E, por outro lado, os jornais também deviam avançar com processos judiciais. Por exemplo, contra um primeiro-ministro que oculta dados sobre a sua licenciatura ou um outro que usou o nome de Portugal numa declaração de guerra baseada em mentiras...
E isso sim, é que seria inteligente.
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