"Uma revolução não se faz sem sangue", disse-me há dias um taxista desta Lisboa.
No dia 25 de Abril de 1974 não houve mortes, execepto aquelas que se registaram à frente das instalações da PIDE, na Rua António Maria Cardoso. Mas, no geral, a revolução portuguesa até foi "exemplar".
Na onda da ideia da história alternativa que aqui enunciei, acrescento que, em Abril de 2004, esteve patente nas ruínas do Convento do Carmo uma exposição de fotos inéditas do 25 de Abril que foram tiradas por um então finalista de arquitectura, Mário Varela Gomes. A exposição, inclusive, foi patrocinada pela Fundação Mário Soares.
As imagens mostravam a tensão que se vivia em redor do Quartel do Carmo durante o cerco de Salgueiro Maia ao chefe do Governo, Marcelo Caetano. São fotos das tropas da GNR, leais ao Governo, que tomam posições e esperam ordens.
Também a foto do helicanhão que podia disparar sobre as tropas no Largo do Carmo. A tensão crescia e o Largo do Carmo era um barril de pólvora..
Os soldados da GNR ali perto, no Largo Bordalo Pinheiro, junto ao Teatro da Trindade...
A dada altura dei por mim a perguntar: "Afinal, o que teria acontecido se um soldado da GNR mais nervoso tivesse dado um tiro por engano? Será que não haveria uma troca de tiros com as tropas de Salgueiro Maia? Imaginemos que isso acontecia poucos minutos antes da chega de Spínola para receber a rendição das mãos de Marcello Caetano..."
E aquela gente toda ali amontoada, a fugir, a cair mortalmente atingida por balas perdidas, pessoas espezinhas pelo pânico instalado. Várias centenas de mortos...
Será que Portugal seria hoje muito diferente se tivesse havido uma revolução com sangue?
Como seria o Portugal de hoje resultante de um "Massacre no Carmo"?
Como seria hoje a política portuguesa se tivesse havido um "Abril Sangrento"?
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