Falta um mês para o 25 de Abril. O sentido da data está cada vez mais longínquo. Aliás, Alberto João Jardim deu já o tiro de partida para o lento desaparecer da memória das portas que Abril abriu ao não permitir a realização das comemorações na Assembleia Regional da Madeira.
Nada disto me surpreende, pois sempre tive a intuição de que a Revolução foi mais um Golpe de Estado embrulhado numa operação de teatro de rua onde os personagens secundários (o Povo) não faziam mínima ideia sobre o seu real papel.
Há vários anos que penso no seguinte: "Como seria hoje Portugal se o 25 de Abril tivesse sido diferente? Como seria hoje Portugal se, em vez de uma revolução exemplar, esta tivesse sido sangrenta? Como seria hoje o País se tivesse havido um massacre no Largo do Carmo? Uma revolução não se faz sem sangue, como teria sido se tivesse havido uma revolução a sério?".
Esta linha de pensamento vem na onda de alguns livros de história alternativa. Philip K. Dick, autor de ficção-científica, por exemplo, escreveu em 1962 um conto sobre como seria a América caso os Nazis tivessem ganho a Segunda Guerra Mundial - "The Man in the High Castle". O exemplo mais famoso desta última ideia é, contudo, o livro de 1992 "Fatherland", de Richard Harris. E, mais recentemente, em 2004, Philip Roth escreveu "The Plot Against America" ("A Conspiração Contra a América" - edição portuguesa da Dom Quixote), onde explora a ideia de como seria aquele país caso o herói da aviação norte-americana Charles Lindbergh tivesse sido eleito Presidente dos EUA em 1941.
O Sr. Arquitecto Mário Varela Gomes fez um excelente trabalho, trabalhou precisamente numa "fachada"!
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