Ontem, no debate Presidencial entre Cavaco Silva e Francisco Louçã, o antigo primeiro-ministro, mostrando que era uma pessoa independente de pressões, vangloriou-se de ter impedido o uso do aeroporto de Lisboa para o envio de armas norte-americanas de Israel para o Irão. Uma operação no âmbito do escândalo "Irangate" e que, inclusive, ele menciona no primeiro volume da sua autobiografia política.
Louçã calou-se.
Admito que Louçã não saiba que as armas não passaram em Lisboa devido ao nevoeiro que obrigou ao fecho do aeroporto da Portela no dia 22 de Novembro de 1985.
Contudo, creio que Louçã não deveria ter-se esquecido de dizer que, em Março de 1987, foi aprovado um inquérito parlamentar ao negócio do "Irangate" por Portugal que, no entanto, nunca chegou a realizar-se devido à dissolução do Parlamento por parte do Presidente Mário Soares e posterior obtenção da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva.
É pena haver políticos que sabem e calam apenas porque têm medo de deixar de comer da gamela da porca da República...
P.S. Se qualquer dia Louçã disser-vos que não sabia nada disto, então é pior. Significa que anda mal rodeado, pois um qualquer seu assessor político deveria ter-lhe feito um recorte da minha crónica da semana passada na "Focus" e não fez...
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