Primeiro, Vasco Gonçalves, depois Álvaro Cunhal e, finalmente, Eugénio de Andrade. A natural ordem das coisas levou de uma assentada três importantes vultos da nossa sociedade.
Se o primeiro era um sonhador de uma utopia bem humana, o segundo foi um político coerente - o que segundo o ensaísta Eduardo Lourenço não é um bom elogio, pois, conforme o ouvi hoje dizer, "também Hitler foi coerente"...
Uma coisa que não consigo esquecer, contudo, foi a maldade que fizeram a Álvaro Cunhal quando quiseram evocar o célebre debate televisivo entre ele e Mário Soares, apenas para permitir que Mário Soares se "vingasse" e pudesse atirar com um "Olhe que não, doutor, olhe que não"...
Foi uma armadilha programada, para no fim prevalecer o espectáculo jornalístico desse som de fundo redutor numa altura em que Álvaro Cunhal dizia coisas tão sérias e graves que, no fundo, consubstanciam certas evidências que até mesmo um reduzido sector da direita sabe e combate, ou seja, os nossos políticos mais não são do que chefes de conselhos de administração de multinacionais ao serviço dos grandes interesses bancários, desumanos e com vários rostos.
Por isso, doutor Mário Soares, olhe que sim, doutor, olhe que sim...
Sobre Eugénio de Andrade, tenho a sincera pena de que ele tenha morrido, pois sei que vai sentir saudades de viver naquela casa na Foz do Douro. Acho que não há nenhum paraíso fora desta vida o qual possa ser comparado àquela sua última morada terrena...
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