Como o semanário "Expresso" publicou na sua revista deste sábado, dia 7, a notícia que eu "dei" há uns tempos sobre o cartaz de Carrilho com Lisboa invertida, e que entretanto já foi aproveitada pelo "24 Horas", "Tal&Qual", "Correio da Manhã" e "Independente", aproveito para reproduzir, também com algum atraso, um texto da última página deste número do "Expresso" sobre o encontro de Bilderberg. Uma notícia que, essa sim, não interessa para nada, uma vez que, como se viu, não teve qualquer referência em crónicas ou textos informativos da restante imprensa portuguesa...
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Bilderberg
Balsemão leva Guterres e Sarmento
O antigo primeiro-ministro António Guterres e o ex-ministro do PSD Nuno Morais Sarmento participam este fim-de-semana, em Munique, no encontro anual do grupo de Bilderberg, a convite de Francisco Pinto Balsemão - o único português com lugar na direcção deste restrito "clube" de reflexão que reúne todos os anos, debaixo de grande secretismo sobre os temas em debate, com personalidades influentes do mundo político, empresarial e financeiro.
Há um ano, o presidente da Impresa levou José Sócrates e Santana Lopes, ainda longe de imaginar que estava a convidar precisamente os dois primeiros-ministros que se seguiriam em Portugal, mas relevando a sua já adivinhável importância no futuro do país.
E esse terá voltado a ser o critério utilizado na escolha dos convidados deste ano. Morais Sarmento, durante anos o "braço-direito" de Durão Barroso, agora afastado da política activa, é um dos nomes que poderão ter um papel a médio prazo no PSD.
E António Guterres, antes de ser um forte candidato ao lugar de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, era tido como candidato do PS à Presidência da República. O também líder da Internacional Socialista, que já participou nas conferências de Bilderberg em 1990 (cinco anos antes de ser eleito primeiro-ministro), deverá, aliás, aproveitar a sua presença em Munique para tentar conseguir mais alguns apoios na sua corrida para o ACNUR.
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Deste artigo do "Expresso" destaco a passagem onde é dito que Balsemão, quando convidou Santana Lopes e José Sócrates para o encontro do ano passado, estava "ainda longe de imaginar" que eles viriam a ser os primeiros-ministros seguintes.
Este "ainda longe de imaginar" deve ter sido ali colocado pelo autor do texto apenas para a gente rir...
Só pode...
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E para quem não se recorda, não guardou, não viu ou não tem tempo para andar à procura, aqui deixo uma reprodução do tal texto de há um ano do "Expresso" (8 de Maio de 2004) e ainda o comentário que aqui escrevi a 26 de Setembro de 2004, ou seja, um dia depois de Sócrates ter sido eleito secretário-geral do PS e cerca de dois meses antes da demissão de Santana Lopes:
... no "Expresso" do dia 8 de Maio:
SANTANA E SÓCRATES NO BILDERBERG
O social-democrata Pedro Santana Lopes e o socialista José Sócrates foram os nomes indicados por Francisco Pinto Balsemão para o encontro anual do grupo Bilderberg que decorre em Itália no princípio de Junho.
Balsemão é o único português presente na direcção deste grupo que anualmente reúne influentes personalidades dos meios político e financeiro para discutirem as grandes questões da cena internacional e por onde já passaram nomes como o ex-Presidente norte-americano Bill Clinton, o ex-primeiro-ministro britânio, Tony Blair(SIC), o presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, ou o ex-secretário-geral da NATO, George Robertson.
Uma das regras de ouro destas reuniões é o secretismo absoluto e um dos critérios para a indicação dos participantes é a sua importância e influência presente... ou futura.
Entre os nomes sugeridos por Pinto Balsemão nos últimos anos estiveram, em 1989, Jorge Sampaio, actual Presidente da República; em 90, João Deus Pinheiro, futuro comissário europeu, e António Guterres, que cinco anos depois era primeiro-ministro; em 92, o ex-ministro e consultor do Banco Mundial, Roberto Carneiro e o investigador, António Barreto; em 2001, Guilherme d'Oliveira Martins, posterior ministro das Finanças e Vasco Graça Moura, eurodeputado; em 2002, António Borges e a ministra Elisa Ferreira e, em 2003, o primeiro-ministro Durão Barroso e o líder socialista, Ferro Rodrigues.
Desta vez, os "eleitos" são um candidato à liderança do PS e um potencial candidato à Presidência da República.
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Quando este artigo do "Expresso" foi escrito ainda não tinha começado o Euro2004, ainda não tinha havido as eleições europeias, ainda nenhum dos comuns mortais sonhava que o "ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair", iria convidar Durão Barroso para substituir Romano Prodi, ainda Jorge Sampaio não tinha anunciado que Santana Lopes seria primeiro-ministro de Portugal sem eleições, Ferro Rodrigues ainda não se tinha demitido e ainda Sócrates não ganhara as eleições para líder do PS. Mas já estava tudo escrito...
Caro Frederico,
ResponderEliminarAcho fascinante esta tua análise. Já sabia há alguns anos através da web que existia o grupo e fazia-me mto sentido. Agora nao sabia que tudo estava tão organizado a nível de Portugal.
Creio que estas informaçao tem que atingir bem no amago das massas do povo e as pessoas acordarem e cortarem em definitivo com isto!
Abraço e força e segurança nestas pesquisas