Enviei hoje este e-mail:
Caro senhor provedor de leitores do "Público",
Li hoje o seu texto “Copyright na Net”, onde analisa o caso de dois jornalistas do diário “Público” que utilizaram informações de “blogues” sem os ter citado.
Reparei que o director do jornal afirmou que uma das suas jornalistas “retirou a informação do blog, desenvolveu-a (...) o texto dela era umas cinco vezes ou seis vezes maior (...) para isso teve de realizar investigação própria. Por falta de experiência, ingenuidade, má formação dada na Universidade, copia as passagens do blog tal e qual, quando este só, no fundo, lhe teria dado a ideia”.
A minha questão insere-se dentro do mesmo assunto, mas numa outra perspectiva: mais do que jornalistas que copiam informações que constam dos blogs e não os citam, o que dizer dos jornalistas do “Público” que não investigam notícias que surgem nos blogues e que eles sabem ser dignos de notícia?
Digo isto como jornalista profissional com 13 anos de experiência, responsável pelo blogue http://paramimtantofaz.blogspot.com e autor do livro “Eu Sei Que Você Sabe - Manual de Instruções para Teorias da Conspiração”, Edições Polvo.
O referido livro foi editado em Novembro do ano passado e o mesmo continha um capítulo dedicado à morte de Sá Carneiro, conhecido como caso Camarate. Enviei um exemplar para a jornalista da área de política, Ana Sá Lopes (que, por acaso, até assina hoje, na mesma página onde vem o seu texto, a crónica “Do diário da Vanessa”).
Até hoje não houve qualquer referência a esta obra nas páginas do “Público”.
Respeito os critérios jornalísticos do “Público” em não quererem noticiar o trabalho de investigação de um camarada de profissão que durante oito anos consecutivos trabalhou no semanário “Tal&Qual”. Não é sobre isso que se trata esta minha questão.
O que verdadeiramente me intriga é o facto de no início deste mês de Dezembro, o deputado Nuno Melo, presidente da VIII Comissão de Inquérito Parlamentar de Camarate, ter revelado publicamente num jantar do PP em Famalicão que o falecido ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, andava a investigar um negócio secreto de venda de armas de Portugal ao Irão em 1980.
E Nuno Melo apontou duas datas de documentos referentes a esse envio: 9 de Dezembro de 1980 e 22 de Janeiro de 1981.
Ora, isso vai ao encontro daquilo que escrevi há um ano sobre o eventual móbil de Camarate e que, inclusive, olhando para o livro do advogado Ricardo Sá Fernandes, “O Crime de Camarate” (Dezembro de 2002), poderá comprovar no capítulo dedicado à explicação do móbil que fui eu uma das pessoas que proporcionou documentos da época ao advogado das famílias das vítimas de Camarate.
O jornal “Público”, porém, apesar de todas as evidências passadas e actuais, nunca investigou estas minhas informações e nunca as citou, preferindo omitir a minha tese com claro prejuízo para os leitores do “Público”.
A jornalista Ana Sá Lopes, por exemplo, não pode negar desconhecimento do meu livro, pois falei com ela pessoalmente há um ano e confirmei que chegou a recebê-lo. Outro jornalista que tem escrito regularmente sobre Camarate e que tem acompanhado as reuniões da comissão é o João Pedro Henriques que, tal como Ana Sá Lopes, também colabora num blogue chamado “Glória Fácil”. Qualquer um deles não poderá negar, com razão de verdade, que desconhece a existência do meu blogue.
Não preciso do reconhecimento do diário “Público” para ser feliz na vida, mas não posso deixar de me sentir triste do ponto de vista profissional quando vejo um diário que se diz de referência não contar aos seus leitores factos que eu sei serem dignos de notícia.
Com os melhores cumprimentos.
Frederico Duarte Carvalho
Jornalista profissional nº 3805
Cimeira das Açores: Bush, Blair.....e......Berlusconi....?
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