Irei lembrar-me sobretudo do tom da sua voz.
O presidente-actor, que desempenhou o papel na perfeição: "Ronald Reagan, até a ler a lista telefónica soava a patriota", como me disse certa vez um norte-americano...
A história de Reagan está a ser "limpa" hoje.
Veja-se, por exemplo, o "Público", no texto de João Carlos Silva (página 28), onde ao escrever sobre as eleições de 1980, quando Reagan derrotou Jimmy Carter em Novembro, "os reféns [norte-americanos em Teerão] só foram devolvidos a casa praticamente nas últimas horas do mandato do triste Carter".
Não está errado, não senhor. No entanto, creio que estaria muito mais correcto dizer: "Os reféns foram libertados poucos minutos depois do discurso de tomada de posse de Reagan, em Janeiro de 1981, onde ele dizia que a América iria entrar numa nova era".
Quem pretender estragar as evocações honrosas em memória de Ronald Reagan com a alusão ao negócio da "October Surprise" - o suposto negócio da campanha Reagan-Bush de 1980 no sentido de negociar secretamente com os iranianos a não libertação dos reféns de modo a impedir a reeleição de Jimmy Carter, cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir no mundo (invasão do Iraque por Bush Jr., por exemplo) -, essa pessoa só pode ser desprovida de coração... Contudo, se essa pessoa é um jornalista e não mencionar a história da "October Surprise" ou o escândalo "Irangate", então é porque esse jornalista é apenas um ser desprovido de cérebro...
Com coração e com cérebro, hoje presto a minha homenagem ao presidente-actor e digo: Entre Deus e Reagan, eles lá saberão quem teve a culpa pela qualidade do guião desta série "B"...
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